Incerteza e divisão assolam Israel após a aprovação parcial da reforma do Judiciário, desencadeando uma onda inédita de protestos que já se estende por quase sete meses nas principais cidades do país.
Apesar da intensa pressão popular, o parlamento ratificou, em 24 de julho, uma parte da reforma do poder judiciário. Essa medida tornará mais desafiador para os juízes anularem decisões do governo. A aprovação da reforma ocorre em meio a uma atmosfera de polarização política e social, gerando ainda mais incertezas sobre o futuro do sistema judicial e exacerbando as divisões no país.
Uma nova aprovação
A recente aprovação desta reforma representa um sinal verde que gera discussões acaloradas entre os israelenses, abrindo espaço para uma maior liberdade em questões como a ocupação de territórios palestinos. Esse movimento ganha relevância considerando que, em decisões recentes, os juízes da Suprema Corte haviam proibido a construção de novos assentamentos, o que contrariou os interesses da base do governo liderado por Benjamin Netanyahu.
As opiniões sobre a reforma se dividem: para Netanyahu e seus apoiadores, o Supremo israelense se tornou elitista e desconectado das preocupações do povo israelense, enquanto a oposição teme que o país esteja trilhando um caminho perigoso rumo ao autoritarismo.
Democracia ameaçada
A situação chegou a um ponto em que os jornais exibiam capas negras, declarando que ser um dia de luto pela democracia israelense. A insatisfação também se manifesta entre os profissionais da saúde, que decidiram entrar em greve por 24 horas em protesto contra o esvaziamento do poder judiciário, resultando em atendimentos restritos apenas para emergências.
Povo de Israel nas ruas contra o movimento do governo (Foto:Reprodução/Folha de São Paulo/Ronen Zvulun)
Até mesmo os aliados históricos do governo israelense, como os Estados Unidos, estão expressando descontentamento com a decisão. O presidente Joe Biden classificou a votação como lamentável, demonstrando a repercussão global desfavorável da situação.
No âmbito da justiça israelense, surge a dúvida sobre como resistir à decisão do parlamento. A Procuradoria-Geral, por sua vez, já se posicionou a favor da derrubada da medida junto à Suprema Corte, em uma tentativa de reverter a situação.
Foto Destaque: Binyamin Netanyu pode ser um gope falata a democracia de Israel.Reprodução.Folha de São Paulo/Ronen Zvulun