As Coreias do Norte e do Sul vivem um conflito silencioso que, por vezes, dá sinais de que continua em vigor. A Coreia do Norte explodiu nesta terça-feira (15), estradas e ferrovias que ligavam os dois países, em uma represália às acusações de que a Coreia do Sul teria enviado drones para espiar a capital Pyongyang. Em resposta, o vizinho do sul disparou tiros de alerta.
Escalada nas tensões
As imagens das explosões foram captadas pelas câmeras de segurança da extremamente vigiada fronteira entre o Norte e o Sul. Desde que o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-Un declarou que a Coreia do Sul é o seu principal inimigo, notam-se mais demonstrações como essa, antagonizando o Tigre Asiático. O líder supremo da Coreia do Norte também prometeu romper relações com o país e abandonar a busca por uma unificação pacífica na Península Coreana.
O vídeo fornecido pelo Exército da Coreia do Norte mostra uma nuvem de fumaça branca e cinza provinda da explosão na estrada da cidade de Kaesong, localizada na província de Hwanghae do Norte. Outro vídeo mostra fumaça vindo de uma estrada costeira perto da fronteira leste.
Segundo a declaração feita pelo Ministério da Unificação da Coreia do Sul, responsável por tratar dos assuntos do vizinho ao norte, as detonações violam os acordos entre as duas nações e condenou as medidas “altamente anormais” e “regressivas” tomadas pelo governo norte-coreano.
As recentes demonstrações do Norte afastam a possibilidade de uma solução pacífica entre o conflito das duas Coreias (Foto: Reprodução/Jung Yeon-Je/AFP/Getty Images embed)
Segundo analistas, é improvável que Kim Jong-Un faça um ataque em larga escala como forma de prevenir uma retaliação por parte das forças armadas da Coreia do Sul, que conta com o apoio dos Estados Unidos, e possui poderio militar muito superior. A Coreia do Norte tem um histórico de realizar destruições coordenadas no próprio território como uma mensagem política. Como em 2020, quando Kim Jong-Un mandou explodir um edifício de escritórios vazio construído pela Coreia do Sul como resposta aos protestos de cidadãos sul-coreanos contra o regime no Norte.
Rússia cita acordo com a Coreia Norte
Em meio ao conflito com a Ucrânia, o presidente Vladimir Putin reservou um tempo para se envolver na tensão norte e sul-coreana. Seu ministro das Relações Exteriores, Andrey Rudenko, acusou a Coreia do Sul de fazer provocações nos últimos dias, aumentando assim a tensão entre os dois países. Ele usou da oportunidade para relembrar que a Rússia e a Coreia do Norte possuem um acordo que prevê assistência militar mútua no caso de algum dos dois países ser atacado.
Putin e Kim mantém aliança estratégica contra seus rivais (Foto: reprodução/Vladimir Smirnov/Pool/AFP/Getty Images embed)
Em visita oficial ao Irã, o diplomata enfatizou que o cenário entre as duas Coreias é “muito perigoso” e que Seul deve parar com as provocações e que levassem “muito a sério as advertências do país vizinho”. Na última sexta-feira (11), a Coreia do Norte alegou que a Coreia do Sul enviou drones para Pyongyang com folhetos de propaganda contra a ditadura comunista. De acordo com o ditador, isso aconteceu pelo menos três vezes na última semana.
O acordo entre Rússia e Coreia do Norte inclui cláusula de assistência mútua em caso de agressão, tanto que a Ucrânia afirmou que viu soldados norte-coreanos lutando no conflito que mantém desde 2022 com os russos. O regime norte-coreano afirma que o acordo com o Kremlin está em conformidade com o direito internacional, a carta fundadora da ONU e a legislação de ambas as nações. A assinatura deste documento é causa de preocupação tanto para os Estados Unidos quanto para a Coreia do Sul.