Sarkozy inicia cumprimento de pena e afirma ser vítima de “escândalo judiciário”

Ex-presidente francês cumpre pena em prisão de segurança máxima em Paris, reafirma inocência e promete escrever sobre sua experiência

21 out, 2025
Ex-presidente francês é preso | Reprodução/Instagram/@nicolassarkozy
Ex-presidente francês é preso | Reprodução/Instagram/@nicolassarkozy

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy iniciou nesta terça-feira (21) o cumprimento de sua pena de cinco anos de prisão por conspiração para arrecadar fundos ilegais da Líbia. Condenado no fim de setembro, o ex-líder conservador chegou à penitenciária de La Santé, em Paris, acompanhado de sua esposa, Carla Bruni. O local, de segurança máxima, já abrigou nomes como Manuel Noriega e Carlos, o Chacal.

Cela individual e rotina em isolamento

Em declaração ao jornal La Tribune Dimanche, Sarkozy afirmou: “Não tenho medo da prisão. Vou manter minha cabeça erguida, inclusive nos portões da prisão”. Antes de ser detido, ele publicou no X que “não é um ex-presidente da República que está sendo preso esta manhã, é um inocente”. O ex-líder também prometeu continuar denunciando o que chama de “escândalo judiciário” que o persegue há mais de uma década.

De acordo com o chefe do sistema prisional francês, Sebastien Cauwel, Sarkozy ficará em uma cela individual, entre 9 e 12 metros quadrados, com chuveiro privativo, televisão e telefone fixo. Ele poderá sair duas vezes ao dia para o pátio, sempre sozinho, por motivos de segurança. Seu advogado, Jean-Michel Darrois, informou que já apresentou um pedido de liberdade e que o ex-presidente pretende escrever durante o tempo em que estiver preso.


Nicolas Sarkozy é preso na França (Vídeo: reprodução/YouTube/@cbnrede)

Condenação marca virada no combate à corrupção política

A sentença contra Sarkozy encerra anos de investigações sobre o suposto financiamento líbio de sua campanha presidencial de 2007, que teria recebido milhões de euros do regime de Muammar Kadhafi. Embora absolvido de uso direto dos fundos, foi condenado por conspirar para obtê-los. O caso representa um marco na postura da Justiça francesa, que tem adotado medidas mais duras contra crimes de colarinho branco, exigindo o cumprimento imediato de penas, mesmo com recursos pendentes.

Segundo o advogado Darrois, Sarkozy levou suéteres, protetores auriculares e três livros para sua primeira semana, entre eles O Conde de Monte Cristo, clássico sobre injustiça e vingança. A prisão do ex-presidente dividiu a opinião pública: enquanto aliados classificam a decisão como “política”, pesquisa da Elabe indica que 61% dos franceses apoiam a execução imediata da pena. O presidente Emmanuel Macron, que manteve boa relação com Sarkozy, confirmou ter se encontrado com ele antes da detenção.

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