Imagens de crianças publicadas online podem alimentar mercado criminoso

Mari Aldemira Por Mari Aldemira
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Foto destaque: Criança (reprodução/Wera Rodsawang/Getty Images Embed)

No programa Fantástico do último domingo (7), foi exibida uma matéria em que a equipe dp programa da rede Globo realizou uma investigação por quatro meses de salas em bate-papo e grupos de mensagens para denunciar o comércio de imagens de crianças que ocorrem livremente na internet.

As imagens, a primeiro momento inofensivas e fofas, são fotos e vídeos de crianças sorrindo, se divertindo, dançando e estão em toda parte nas redes sociais. Pais, mães, responsáveis e familiares gostam de publicar esse tipo de imagem e não há nada de errado. Entretanto, existem criminosos que buscam por esse tipo de material para então distorcer, manipular e espalhar o conteúdo no submundo da pedofilia em sites e bate papos online.

Após a investigação de quatro meses, a equipe do Fantástico se infiltrou em salas de bate-papo e grupos de mensagem. E conseguiu desvendar códigos dos abusadores, como eles se comunicam, e descobriu-se um mercado de vídeos ao vivo criminosos, que muitas vezes são negociados pela própria família da vítima. 

Códigos utilizados entre os abusadores

Um dos casos de assédio por parte de pedófilos nas redes sociais aconteceu com os filhos do influenciador digital Jonas Carvalho, que mostra a rotina de Eloá, de 3 anos, e Davi Lucca, de 2 meses, nas redes sociais. “Eu comecei a gravar a rotina (…) dando a primeira papinha, o primeiro passo, a compra do supermercado. Um conteúdo voltado à família, que para mim é tudo”, afirma o criador de conteúdo ao Fantástico.

Todavia, o influenciador também alerta sobre os perigos. “A internet é um perigo. Os comentários, às vezes, passam de ser maldade. Assédio. Essa é a palavra, assédio. Muitos comentários. ‘Perdoa minha pequena, Raulzito’, e algumas pessoas que me acompanham começaram a me mandar o significado, que eu não sabia”, conta o pai das duas crianças para o programa da rede Globo.

Os comentários que Jonas agora entende o significado são, na verdade, palavras-chave, códigos de pedófilos. Os abusadores usam certas expressões para marcarem as fotos e vídeos de crianças que chamam a atenção deles nas redes sociais. E normalmente são frases que parecem inofensivas e fora de contexto. Como, por exemplo, “perdoe, pequena“, fala de um vilão em um filme de super-herói, sem nenhuma conotação sexual. E também “errei, fui Raulzito“, expressão que faz referência a um influenciador atualmente preso por crimes sexuais contra menores de idade.

Investigação de quatro meses

A equipe do Fantástico acompanhou durante os quatro meses salas de bate-papo e grupos de trocas de mensagens buscando expor como o comércio de imagens de crianças funciona livremente na internet. As empresas responsáveis pelas redes sociais e aplicativos de mensagens, onde identificaram-se a atuação de pedófilos, também foram contatadas pelo programa.


O Fantástico entrou em contato com as empresas responsáveis pelas redes sociais (Foto: reprodução/Matt Cardy/Getty Images Embed)


O Telegram disse em nota que modera ativamente conteúdos prejudiciais em sua plataforma, incluindo materiais de abuso sexual infantil. E informou que aceita denúncias dos usuários para que o conteúdo seja removido. A empresa afirma já ter removido mais de 62 mil grupos e canais que compartilham esse tipo de conteúdo somente no mês de junho.

O TikTok informou que tem tolerância zero para conteúdo de abuso e exploração sexual infantil on-line e compartilhamento do material. Dizendo que assim que identificado, o conteúdo é imediatamente removido, as contas encerradas e os casos denunciados para os órgãos responsáveis.

A Meta, grupo responsável pelas redes sociais: Instagram, Facebook e Whatsapp, disse não tolerar conteúdos que explorem ou coloquem em risco as crianças, trabalhando para eliminar esse tipo de material de suas plataformas. Através da combinação de tecnologia e revisão humana para identificar e remover conteúdos impróprios. 

Disque 100

Para casos de abuso e/ou exploração sexual infantil é possível realizar denúncias através do disque 100 ou do site www.denuncie.org.br.

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