Uma nova proposta aprovada pelo gabinete de segurança de Israel possibilitaria a saída de palestinos da Faixa de Gaza em direção a países terceiros. Anunciada no último final de semana, a decisão gerou reações adversas de especialistas e organizações de direitos humanos. O ministro das finanças, Bezalel Smotrich, afirmou que a medida foi aprovada após sugestão do ministro da defesa, Israel Katz, e tem como objetivo permitir “uma transferência voluntária para moradores de Gaza que expressam interesse em se mudar”, respeitando a legislação israelense e internacional, além de alinhar-se com a visão do presidente do EUA, Donald Trump.
Riscos de deslocamento forçado
Entretanto, essa proposta levanta sérias preocupações entre especialistas. Críticos e entidades humanitárias apontam que, apesar do discurso de voluntariedade, a iniciativa pode ser vista como uma tentativa de expulsão forçada. Isso, por sua vez, poderia configurar um crime de guerra. No contexto atual de conflito, qualquer movimento que resulte em deslocamento em massa é considerado uma forma de limpeza étnica, de acordo com o direito internacional.
Ataques Israelenses em Gaza deixa ao menos 7 mortos Foto: (Reprodução/Instagram/perfilcombrasil)
As condições de vida em Gaza, que se deterioram significativamente devido aos ataques militares, reforçam essas preocupações. Organizações de ajuda relatam que a situação se tornou insustentável, e o secretário-geral adjunto da ONU para assuntos humanitários, Martin Griffths descreveu o território como “inabitável”, com civis enfrentando “ameaças diárias à sua própria existência”.
Posicionamento da autoridade Palestina oposta a Israel
Em resposta à proposta, a autoridade Palestina expressou uma firme oposição. A ministra de estado para Relações Exteriores, Varsen Aghabekian Shaheen, declarou à CNN no mês passado que os palestinos “estão firmes em permanecer em suas terras e não se mudarão”. Por outro lado, as autoridades israelenses sustentam que a adesão à proposta será inteiramente voluntária. Para isso, planejam criar uma estrutura interna que facilitará o movimento seguro de moradores que desejarem migrar, planejando rotas de saída, pontos de controle e a necessária infraestrutura para essa migração.