Lula clama por ação imediata contra a crise climática no BRICS

Lula aborda a questão da mudança climática, critica os conflitos armados e defende a taxação dos extremamente ricos

Ana Carolina Piragibe Por Ana Carolina Piragibe
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Foto Destaque: Presidente do Brasil (Reprodução/Ricardo Stuckert/g1.globo.com)

Nesta quarta-feira(23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, por meio de videoconferência, da importante reunião presidencial da Cúpula do Brics, que aconteceu em Kazan, na Rússia. Lula tinha a intenção de comparecer ao evento presencialmente, no entanto, ele foi forçado a cancelar a viagem internacional no último sábado (19), após sofrer uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada. Esse incidente resultou em um ferimento em sua nuca, necessitando de cinco pontos para a sutura.

Durante a cúpula, o presidente brasileiro fez um discurso breve, com uma duração de pouco mais de sete minutos, dirigindo-se aos líderes dos países membros do Brics. Seu discurso foi precedido pela fala do presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, e seguido pelo presidente da Etiópia, Taye Atske Seto. A reunião foi coordenada pelo presidente russo, Vladimir Putin, que atualmente ocupa a presidência rotativa do bloco.


Presidente Lula
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Reprodução/Hugo Barreto/metrópoles)

Discurso

Lula enfatizou que o Brics é um “ator incontornável” na realização das metas globais estabelecidas pelo Acordo de Paris, que visam limitar o aumento da temperatura média global a, no máximo, 1,5 ºC em comparação com os níveis pré-industriais.

O presidente ressaltou que a maior responsabilidade recai sobre os países desenvolvidos, cujas emissões históricas desencadearam a crise climática que enfrentamos atualmente. Ele destacou a necessidade de ir além dos 100 bilhões de dólares anuais que foram prometidos e não cumpridos, além de reforçar as medidas de monitoramento dos compromissos assumidos nessa área.

Lula também declarou que, durante a presidência do Brasil no Brics, buscará reforçar o papel do bloco na promoção de um mundo multipolar e na redução das assimetrias nas relações entre os países. Ele defendeu a ampliação do acesso a tecnologias, como vacinas e inteligência artificial, para nações mais pobres.

Ele também elogiou o trabalho do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), atualmente liderado por Dilma Rousseff, e enfatizou a importância de discutir, com seriedade e solidez técnica, a criação de métodos alternativos de pagamento para transações entre os países do bloco.

Negociação de paz

O presidente brasileiro reiterou suas críticas à resposta militar de Israel nos confrontos contra o Hamas e o Hezbollah, enfatizando que é “crucial” o início de negociações de paz. Em sua intervenção diante do presidente russo Vladimir Putin, Lula também mencionou o conflito entre a Ucrânia e a Rússia, mas não condenou a invasão de maneira tão enfática quanto o fez ao descrever a Faixa de Gaza como o “maior cemitério de crianças e mulheres do mundo”.