O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reagiu a comentários de preocupação em relação a suas falas sobre o processo eleitoral venezuelano. “Que tome um chá de camomila”, declarou o candidato à reeleição nesta terça-feira (23). Maduro não citou nenhum líder ao expressar suas opiniões.
Ele disse que não falou nenhuma mentira e que apenas fez uma reflexão. “O povo da Venezuela já passou por muita coisa e sabe o que eu estou dizendo. E na Venezuela, vai trunfar a paz”, falou.
As declarações de Maduro são feitas após o presidente Lula ter demonstrado preocupações, na segunda (22), sobre recentes declarações de Maduro que diziam que ocorrerá um “banho de sangue” caso não vença as eleições.
O presidente brasileiro disse que se assustou com as falas do venezuelano: “Quem perde as eleições toma um banho de voto, não de sangue” declarou Lula. Ele também afirmou que Maduro precisa aprender como funciona um processo eleitoral. “Quando você ganha, você fica, quando você perde, você vai embora. Vai embora e se prepara para disputar outra eleição”, afirmou o presidente do Brasil.
Nicolás Maduro é candidato à presidência da Venezuela junto com o adversário Edmundo González, ex-diplomata escolhido por uma coalizão de opositores. O processo eleitoral é visto com desconfiança pela comunidade internacional por suspeitas de que Maduro não assegura que a votação seja livre e democrática. O pleito está marcado para domingo (28).
A antiga opositora favorita, María Corina Machado, foi afastada pelo Supremo Tribunal de Justiça alinhado ao governo. A outra opositora, Corina Yoris, foi impedida, em março, de concorrer devido ao seu acesso ao sistema de inscrição não ter sido permitido.
Eleições na Venezuela tem sido vistas com preocupação pela comunidade internacional (Foto: reprodução/AFP/Frederico Parra/Getty Images Embed)
As falas de Maduro
As farpas são referentes a um discurso feito pelo candidato venezuelano na semana passada. Maduro citou que caso não ganhasse poderia haver “banho de sangue” ou uma “guerra civil”. “No dia 28 de julho, se não querem que a Venezuela caia num banho de sangue, numa guerra civil fratricida como resultado dos fascistas, garantamos o maior sucesso, a maior vitória na história eleitoral do nosso povo”, falou.
Para tentar justificar a fala sobre sangue, Maduro disse que fez uma referência a Revolta Popular de 1989 conhecida como “Caracaço”. Nesse movimento, dezenas de pessoas morreram, o que ocasionou uma virada política no país nos anos seguintes e também a ascensão de Hugo Chávez. “Não é que eu esteja inventando, é que já vivemos um banho de sangue”, esclareceu.
Ataques ao sistema eleitoral brasileiro
Maduro também atacou o sistema eleitoral brasileiro. Ele declarou, sem provas, que nem um único boletim das urnas eletrônicas brasileiras são auditáveis. O venezuelano também disse que o sistema da Venezuela é o melhor do mundo com 16 auditorias.
Além disso, argumentou que o país faz uma auditoria em tempo real de 54% das urnas. “Em que outra parte do mundo se faz isso?”, declarou. O candidato também criticou o sistema eleitoral de outros países como os EUA e a Colômbia. Segundo ele, nesses países os votos também não são auditáveis.