Rodrigo Paz assume presidência da Bolívia

Após duas décadas de domínio da esquerda, o país vive nova fase política com a eleição do novo presidente; Evo Morales fica fora do segundo turno

20 out, 2025
O presidente eleito Rodrigo Paz após o anúncio da vitória | Reprodução/Getty Images Embed/ Gaston Brito Miserocchi
O presidente eleito Rodrigo Paz após o anúncio da vitória | Reprodução/Getty Images Embed/ Gaston Brito Miserocchi

O presidente eleito Rodrigo Paz foi escolhido no último domingo (19) pelo povo boliviano, em um segundo turno acirrado e histórico para o país. A vitória marca o fim de duas décadas de hegemonia da esquerda e inaugura uma nova fase na política nacional.

O segundo turno, inédito na Bolívia, foi marcado pela disputa entre dois candidatos de direita. Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), enfrentou o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, da Aliança Liberdade e Democracia (Libre). A esquerda foi derrotada ainda no primeiro turno, e Evo Morales não teve chances na corrida eleitoral.


Principais propostas do novo presidente

O novo presidente propõe um modelo econômico que chama de “capitalismo para todos”, combinando estímulo à iniciativa privada com a manutenção dos programas sociais. Entre as medidas anunciadas estão a redução de impostos, facilitação do crédito produtivo e a descentralização do orçamento nacional, com maior repasse de recursos às regiões. Paz também defende o controle dos gastos públicos, o combate à corrupção e a modernização do Estado por meio da digitalização de serviços e das compras governamentais.

No campo energético e produtivo, o presidente eleito pretende reformar o sistema de subsídios aos combustíveis e incentivar investimentos privados em setores como gás, mineração e lítio, mantendo o compromisso com o meio ambiente e o desenvolvimento regional. Suas propostas ainda incluem melhorias na educação, com ênfase em tecnologia e ensino trilingue, modernização da saúde pública e fortalecimento das instituições de justiça e segurança. O plano de governo marca uma ruptura com o modelo centralizador das últimas décadas e busca impulsionar uma nova etapa de crescimento e estabilidade para o país.


Povo nas ruas comemorando o resultado das eleições (Foto:reprodução/Getty Images Embed/ Gaston Brito Miserocchi)

Novo governo enfrenta o desafio da estabilidade econômica

A nova gestão assume o país em meio a uma das fases econômicas mais delicadas das últimas décadas. A Bolívia enfrenta uma inflação anual estimada entre 20% e 25%, além da escassez de dólares e das dificuldades para importar combustíveis e bens essenciais. A queda na produção de gás, principal fonte de receita externa agravou o déficit fiscal e reduziu as reservas internacionais. Esse cenário pressiona o governo a equilibrar as contas públicas sem comprometer os programas sociais e a confiança da população.


Detalhes sobre a vitória de Rodrigo Paz (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Diante desse quadro, Rodrigo Paz promete promover um modelo econômico voltado ao crescimento sustentável, com estímulo à iniciativa privada, controle de gastos e descentralização dos recursos públicos. No entanto, o desafio será colocar essas medidas em prática sem provocar novos desequilíbrios ou tensões sociais. O sucesso do governo dependerá da capacidade de restaurar a confiança interna e externa, atrair investimentos e conduzir reformas que garantam estabilidade e retomada do desenvolvimento.

Em discurso após o resultado de sua vitória nas urnas, Rodrigo Paz declarou que a Bolívia “respira ventos de mudança”. O novo presidente afirmou que sua gestão será marcada pelo diálogo e pela reconstrução da confiança entre governo e sociedade. Paz também reiterou o compromisso com a estabilidade econômica, o fortalecimento das instituições democráticas e a busca por um futuro de união nacional.

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