A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro entregou nesta sexta-feira (22) sua resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o suposto plano de fuga encontrado em seu celular. O ministro Alexandre de Moraes havia dado prazo de 48 horas, encerrado às 20h34 de hoje, para que a equipe jurídica do réu apresentasse explicações sobre os documentos que pediam asilo político na Argentina e sobre o desrespeito às medidas cautelares impostas.
Plano de fuga e medidas cautelares
Os arquivos encontrados pela Polícia Federal no celular de Bolsonaro revelaram dois documentos. Um deles, endereçado à própria corporação, trazia como argumentos perseguição política e riscos à integridade física como justificativa para solicitar asilo. O outro era direcionado ao presidente argentino, Javier Milei, e incluía trechos bíblicos e citações ao Pacto de São José da Costa Rica, reiterando máximas dos direitos humanos.
A revelação intensificou a pressão sobre Bolsonaro, que já havia sido advertido anteriormente por Alexandre de Moraes pelo descumprimento de medidas cautelares. Em episódio recente, quando falou à imprensa na Câmara dos Deputados, a defesa alegou que os limites impostos não estavam claros. O ministro tratou o caso como pontual, mas reforçou que novas violações não seriam toleradas.
Bolsonaro fala à imprensa na Camara dos Deputados (Foto: reprodução/Arthur Menescal/Getty Images Embed)
Argumentos da defesa
Na resposta protocolada hoje, os advogados de Bolsonaro alegaram que o documento encontrado é anacrônico e teria sido escrito um ano antes do avanço das investigações. Também classificaram as acusações de tentativa de fuga como parte de uma estratégia de “lawfare”, termo usado para descrever perseguição política por meio do sistema judicial.
A defesa afirmou ainda que Bolsonaro vem cumprindo integralmente as medidas cautelares determinadas pelo STF e que não há indícios de descumprimento recente. O texto também ressalta que os pedidos de asilo citados nos documentos não refletem a posição atual do ex-presidente, que teria colaborado com todas as fases da investigação.
Próximos passos no processo
Com a entrega da resposta, caberá ao ministro Alexandre de Moraes analisar os argumentos e decidir se haverá novas medidas contra Bolsonaro. O ex-presidente é indiciado por liderar uma trama golpista após as eleições de 2022, o que já lhe rendeu restrições como proibição de contato com outros investigados, obrigação de entregar o passaporte, prisão domiciliar e proibição do uso de redes sociais.
A expectativa agora é que o STF avalie se os documentos encontrados configuram de fato uma tentativa de descumprimento das medidas impostas. Caso contrário, a corte deve manter o andamento normal do processo.
