Análise do STF revela: como mais de 1.400 presos do 8 de janeiro foram liberados

Em janeiro de 2023, o Brasil viveu um dos momentos mais tensos de sua história democrática recente. Os atos de vandalismo e violência em Brasília resultaram na prisão de mais de 1.400 pessoas. Agora, mais de dois anos depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou um balanço detalhado sobre o andamento dos processos, revelando que a grande maioria dos envolvidos já não está mais na cadeia.

Dos 1.406 presos em flagrante, apenas 141 permanecem detidos, e 44 estão em prisão domiciliar, incluindo figuras notáveis com tornozeleiras eletrônicas, como o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Condenações e acordos, uma análise dos casos

A distinção entre os tipos de crime foi fundamental para o destino dos investigados. Aqueles acusados de crimes considerados menos graves, como incitação ao crime e associação criminosa, tiveram a oportunidade de firmar um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Segundo dados do STF, 552 pessoas aceitaram o acordo, assumindo a culpa e comprometendo-se a cumprir sanções como prestação de serviços à comunidade e pagamento de multas de R$ 5 mil. Esse instrumento legal, aplicável a crimes com pena mínima inferior a quatro anos, permitiu que essas pessoas evitassem o prosseguimento do processo criminal.

Por outro lado, o grupo dos que cometeram crimes mais graves, como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, enfrentou um caminho diferente. Dentre os 279 condenados por esses delitos, as penas variam e chegam a até 17 anos de prisão. É desse grupo que fazem parte os 112 indivíduos que permanecem em regime fechado. Os demais, após o cumprimento de parte da pena, progrediram de regime e deixaram as penitenciárias.


Durante homenagem, Moraes comenta sobre erros e acertos das instituições após 8 de janeiro de 2023 (Vídeo: reprodução/YouTube/UOL)

Um Debate sobre Justiça e Desencarceramento

Os números revelam que, ao todo, 638 pessoas foram condenadas (359 por crimes menos graves e 279 por mais graves), enquanto 10 foram absolvidas. O STF também informou que a arrecadação com multas e prestações pecuniárias atingiu quase R$ 3 milhões, valor destinado à reparação dos danos causados. Além disso, 61 pedidos de extradição estão em andamento para trazer de volta ao país investigados que fugiram para o exterior.

O criminalista Thiago Turbay, ao analisar os dados, considera que a abordagem do STF demonstra uma política criminal de desencarceramento, que ele classifica como um “avanço civilizatório”. Para Turbay, o grande número de ANPPs representa uma forma de responsabilização compartilhada entre o Estado e o indivíduo, diferente da anistia, que apenas isenta o anistiado de suas obrigações.

A anistia, segundo o especialista, poderia enfraquecer o sistema de justiça ao desconsiderar a cooperação necessária para a reparação dos crimes. A preferência por acordos e progressão de pena, em vez do encarceramento em massa, evidencia uma tentativa de equilibrar punição e reintegração, com o objetivo de construir um modelo de justiça mais eficaz e justo.

Oposição encerra ocupação no Senado após dois dias

Desde a última terça-feira (5), senadores da oposição organizaram um protesto contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes de decretar prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Na manhã desta quinta-feira (7), após ocuparem o Senado por dois dias, os senadores encerraram a manifestação, liberando o espaço para retorno das atividades legislativas. 

Após os senadores iniciarem a ocupação, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, do União, marcou uma reunião remota para esta terça-feira às 11h, dizendo que não aceitaria intimidações e nem tentativas de constrangimento. Ainda em sua fala, Alcolumbre falou que o Parlamento não será refém de ações que tenham como razão desestabilizar o funcionamento do Senado e que a reunião deve garantir o funcionamento da Casa e impedir o paralisamento do legislativo. 

Ocupação por mobilização política

O ato de ocupação do Senado foi organizado por parlamentares da oposição, como forma de protestar contra a prisão domiciliar de Bolsonaro, decretada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes na noite de segunda-feira (4). Além disso, os oposicionistas cobravam anistia aos envolvimentos nos atos golpistas de 8 de janeiro e também o fim do foro privilegiado, que permite que determinadas autoridades sejam julgadas por tribunais superiores e não pela justiça comum. O pedido vem diretamente com relação ao desagrado da oposição com julgamentos feitos pelo STF, como é o caso do julgamento de Bolsonaro. A oposição alega que há abuso de poder por parte do Supremo Tribunal, e em especial, por parte de Moraes.


Oposição protesta com faixas nas bocas (Foto: reprodução/Evaristo Sa/Getty Images embed)


Além da liberação do plenário, a oposição usou o protesto como forma de articular um suposto impeachment de Alexandre de Moraes. Segundo o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição, foram reunidas 41 assinaturas de senadores para protocolar o pedido, número que representa maioria na Casa. Apesar de terem conseguido as assinaturas, isso não permite que o pedido seja acatado. A decisão final cabe a Alcolumbre, como presidente do Senado, caso ele paute um dos pedidos contra Moraes. 

Retorno das atividades na Casa

Com a desocupação do espaço, a presidência do Senado confirmou a convocação para uma sessão deliberativa às 11h desta quinta-feira. Inicialmente marcada para ocorrer de forma virtual, a reunião poderá ser convertida ao formato presencial caso Alcolumbre prefira assim, de acordo com o senador Rogério Marinho. 

A liberação do plenário sinaliza, por ora, um retorno às atividades da Casa. Segundo o líder da oposição, Marinho, o principal objetivo agora é retomar “as pautas que interessam a todos”. Entretanto, o episódio marca mais um momento de tensão entre o Congresso Nacional – em especial a bancada dos senadores de direita e da extrema-direita – e o Supremo Tribunal Federal, com possíveis desdobramentos nas próximas semanas, a depender da resposta do Senado às pautas articuladas pela oposição.

Prisão de Bolsonaro: Moraes encaminha recurso à Primeira Turma do Supremo

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu levar à Primeira Turma o recurso da defesa de Jair Bolsonaro contra sua prisão domiciliar. A medida foi determinada após Moraes considerar que o ex-presidente violou restrições judiciais ao usar redes sociais, direta ou indiretamente, durante manifestações em Copacabana.

A defesa apresentou o agravo dois dias após a decisão. Os advogados do ex-presidente alegaram que ele não desrespeitou a ordem judicial do ministro. Mesmo assim, eles sustentam que a saudação de Bolsonaro aos apoiadores não configurou crime. Por isso, pedem que Moraes reveja a decisão ou leve o caso ao colegiado com urgência, como tem ocorrido.

Ministros mantêm prisão, mas PGR será ouvida

Antes da análise pela Primeira Turma da Corte, a Procuradoria-Geral da República (PGR) precisa se manifestar a respeito das decisões dadas pelo STF. Apesar disso, há uma certa expectativa de que os cinco ministros a analisarem o caso — Cármen Lúcia, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e o próprio Alexandre de Moraes — rejeitem o recurso.

A decisão de Moraes visa um regime de reclusão integral, inclusive nos fins de semana. Bolsonaro também está proibido de ter contatos presenciais com terceiros, salvo autorização judicial. Contudo, na última quarta-feira, Moraes liberou o ex-presidente para que receba visitas de familiares próximos, como filhos e netos, sem ter que pedir autorização da Corte.


— Ministros da Primeira Turma: Carmen Lúcia, Luiz Fux e Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/Ton Molina/Bloomberg/Getty Images Embed)


Família Bolsonaro x STF

Diante da decisão do STF, Flávio Bolsonaro assumiu a autoria da postagem polêmica e negou que tenha tentado burlar a Justiça ou desafiar Moraes. Após orientação da defesa, ele removeu a publicação. Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente, compartilhou um versículo bíblico no Instagram e afirmou que os “céus anunciarão a sua justiça; pois Deus mesmo é o Juiz”.

A defesa de Jair Bolsonaro afirma que ele não pode responder por atos de terceiros, pois seu filho assumiu a autoria da postagem. Os advogados também sustentam que não há provas de que Bolsonaro tenha agido com intenção deliberada de violar medidas. Após as decisões mais recentes, Flávio Bolsonaro pediu o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Este já é o 28º pedido protocolado contra o magistrado.

A decisão de Moraes também repercutiu no exterior. O Departamento de Estado dos EUA criticou a prisão domiciliar e alertou que qualquer interferência no processo judicial poderá ter consequências diplomáticas. Agora, a defesa aguarda as análises da PGR e da Corte que poderão definir o caso de Jair Bolsonaro.

Advogados de Bolsonaro pede revogação da prisão domiciliar

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a revogação da prisão domiciliar imposta a ele. Os advogados buscam não apenas reverter a medida, mas também que a decisão seja avaliada com urgência pelo plenário da Primeira Turma do tribunal. A prisão domiciliar foi decretada na última segunda-feira (4), e a defesa argumenta que as restrições são excessivas e de difícil cumprimento.

Os advogados de Bolsonaro criticam a forma como as medidas cautelares foram interpretadas. Segundo eles, o ex-presidente está sendo responsabilizado por ações de terceiros, o que torna quase impossível seguir as determinações judiciais à risca. Foi mencionado a participação de Bolsonaro em uma videochamada durante manifestações realizadas em São Paulo e no Rio de Janeiro no último domingo. Para a defesa, essa participação não configura uma violação das proibições, já que a divulgação do vídeo nas redes sociais foi feita por outras pessoas.

A Defesa argumenta que a responsabilidade é subjetiva e exige provas

Os advogados afirmam que é natural que o conteúdo de um ato público seja gravado e compartilhado por terceiros nas redes sociais, e que isso não pode ser atribuído diretamente a Bolsonaro como um ato voluntário para desobedecer à Justiça. A defesa reforça que, no direito penal e processual penal, a responsabilidade é subjetiva, o que exige provas concretas de que o indivíduo teve a intenção de desrespeitar uma ordem judicial. Eles enfatizam que, sem evidências claras, a medida cautelar se baseia em uma presunção, e não em fatos comprovados.


Matéria sobre a defesa de Bolsonaro que recorreu para a revogação da prisão domiciliar. (Vídeo: reprodução/YouTube/Band Jornalismo)

As restrições e o pedido de revogação da defesa

Desde segunda-feira, Bolsonaro está em prisão domiciliar. As restrições incluem a impossibilidade de deixar sua residência, a apreensão de um de seus celulares e a proibição de usar outros aparelhos. As visitas que ele pode receber também são limitadas e precisam de autorização do STF. Inclusive, na quarta-feira, o ministro Alexandre de Moraes permitiu que familiares, como os filhos e a nora do ex-presidente, pudessem visitá-lo. O pedido da defesa de Bolsonaro, portanto, busca aliviar essas restrições, alegando que a Justiça está sendo excessivamente rigorosa e que a decisão, na visão dos advogados, carece de fundamentos sólidos para a manutenção da prisão domiciliar.

Ao cumprir primeiro dia de prisão domiciliar, Ciro Nogueira visita Bolsonaro sob rígidas regras

O ex-presidente Jair Bolsonaro completou seu primeiro dia em prisão domiciliar, seguindo também outras restrições impostas por Alexandre de Moraes. O ex-presidente está Brasília e tem seus passos monitorados por tornozeleira eletrônica. As redes sociais de Jair Bolsonaro estão sob monitoramento da Polícia Federal.

No meio desta tarde de terça-feira (5), o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu a visita do senador Ciro Nogueira, do Progressistas. O senador disse ter sido autorizado pelo relator, ministro Alexandre de Moraes e ter seguido todas as normas, que como a imprensa podia ver, estava saindo.

Outros pedidos de visita

Já existe uma lista de pedidos para serem analisados pelo relator, Alexandre de Moraes. São pedidos de visita dos deputados Marcelo Moraes, Sóstenes Cavalcante, Eros Ferreira Biondini, Luciano Zucco e Junio Amaral, todos do PL. Na lista de pedidos de visita também está o nome do empresário e amigo pessoal Renato de Araújo Corrêa.


Ex-presidente Jair Bolsonaro cumpriu seu primeiro dia de prisão domiciliar (Foto: reprodução/Instagram/@portalg1)


Na decisão a qual determinou a prisão domiciliar, Moraes informou que apenas os advogados e pessoas autorizadas pelo Supremo podem visitar o ex-presidente Bolsonaro, sendo todos informados que não poderão utilizar celular, tirar fotos ou gravar imagens. O ex-presidente não pode usar o celular, seja o dele ou de outra pessoa.

Restrições

A orientação do ministro Alexandre de Moraes é a de que o ex-presidente Jair Bolsonaro não deve entrar em contato com autoridades estrangeiras em geral.


Ciro Nogueira visitou Jair Bolsonaro em sua casa, onde cumpre prisão domiciliar determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/Instagram/@cironogueira)


Entretanto, tais restrições impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, não visam atingir os outros moradores da casa – a mulher, Michelle, a filha e os empregados de Bolsonaro. Todas essas pessoas podem entrar e sair quando quiser, não sendo vedada a utilização do celular e suas respectivas redes sociais.

Os advogados do ex-presidente não informaram quando vão recorrer da ordem de prisão domiciliar.

O ex-presidente Jair Bolsonaro responde por cinco crimes:

  • Abolição violenta do estado Democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Participação em organização criminosa armada;
  • Dano qualificado;
  • E deterioração de patrimônio tombado.

O processo avança pela fase das alegações finais da defesa, sendo essa a última etapa, anterior ao julgamento, que deve ocorrer em setembro.

Moraes permite visita de familiares a Bolsonaro, em prisão domiciliar

O ministro do STF Alexandre de Moraes autorizou, nesta quarta-feira (6), que filhos, cunhadas, netas e netos compareçam à residência do ex-presidente Jair Bolsonaro sem a necessidade de autorização prévia. Bolsonaro está submetido a prisão domiciliar desde segunda por supostamente descumprir medidas cautelares aplicadas a ele no dia 18 de julho.

Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva do réu por tentativa de golpe de Estado após o senador Flávio Bolsonaro publicar no Instagram, e logo depois apagar, uma filmagem de um discurso do pai, proferido durante uma manifestação bolsonarista na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro.

Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”

Disse Jair Bolsonaro a milhares de apoiadores, que pediam a anistia do suposto crime de tentativa de golpe de Estado (ainda não julgado) e o impeachment de Alexandre de Moraes.

A ação foi considerada pelo ministro do STF “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro”.

Bolsonaro é preso frente à polêmica proibição de utilização de redes sociais

A prisão de Bolsonaro se deu num cenário de escalada de tensões entre o ministro do STF e o ex-presidente da República.

Em 18 de julho, Moraes autorizou a aplicação de medidas cautelares contra Bolsonaro, como as imposições do uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar noturno e as proibições de se aproximar de embaixadas e usar redes sociais. A permissão se deu a partir da solicitação da Procuradoria Geral da República, que, após pedir sua condenação por 5 crimes no dia 14, identificou “concreta possibilidade de fuga” do réu.

Três dias depois, o antigo chefe do Executivo Federal foi à Câmara de Deputados, onde, na frente de jornalistas, criticou as restrições a que fora submetido. Na ocasião, Moraes advertiu Bolsonaro sobre o descumprimento das medidas restritivas, defendendo que a proibição de uso das redes sociais também valia para falas do ex-presidente publicadas por terceiros. Por tratar-se de uma “irregularidade isolada”, no entanto, Moraes não converteu as medidas cautelares em prisão.


SBT Brasil explica a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (reprodução/Youtube/SBT News)


Em decisão do dia 24 de julho, o jurista esclareceu que Bolsonaro não estava proibido de conceder entrevistas nem de aparecer em eventos públicos ou privados (respeitando a obrigatoriedade de recolhimento domiciliar noturno). O integrante do Supremo argumentou, no entanto, contra a  “instrumentalização dessas entrevistas ou discursos para posterior divulgação nas redes sociais, especialmente por meio da atuação de milícias digitais”

Na prática, a decisão, por ser pouco clara, gerava insegurança jurídica. Tal era a situação que Moraes, diante do pedido do youtuber Marcelo Suave para que sua entrevista com Bolsonaro fosse autorizada, precisou reforçar a inexistência de qualquer vedação. Novamente, contudo, o professor da USP colocou que “não será admitida a utilização de subterfúgios para a manutenção da prática de atividades criminosas, com a instrumentalização de entrevistas ou discursos públicos como ‘material pré-fabricado’ para posterior postagens nas redes sociais de terceiros previamente coordenados”.

Trump critica e oposição bolsonarista ocupa Congresso

O Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos se manifestou no X de forma a reprovar a decisão judicial brasileira. Cabe lembrar que Jair Bolsonaro e o presidente estadunidense, Donald Trump, são aliados políticos e, inclusive, a suposta perseguição política ao ex-governante brasileiro foi levantada por Trump como uma das justificativas para a imposição de tarifas de 50% às exportações brasileiras.

“Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar!”, compartilhou o órgão público na rede social de Elon Musk.

No Congresso Brasileiro, deputados e senadores da base aliada de Bolsonaro vêm se revezando para ocupar as mesas diretoras e o plenário das respectivas casas, impedindo o prosseguimento das atividades parlamentares. 

Em coletiva de imprensa na manhã de terça-feira, os bolsonaristas disseram que dificultariam o trabalho do Congresso até que se discutissem “caminhos para a pacificação”.

A atitude gerou críticas do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que a classificou como arbitrária. Por outro lado, o líder da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), aceitou receber em sua casa os parlamentares oposicionistas, para discutirem a pauta “com base no diálogo e no respeito institucional”.

Flávio assume autoria de vídeo e nega que Bolsonaro quis burlar restrições

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta terça-feira (5) que a publicação de um vídeo do ex-presidente Jair Bolsonaro em suas redes sociais partiu exclusivamente dele e que não houve qualquer intenção de burlar as medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Consequentemente, a declaração ocorre no contexto da prisão domiciliar de Bolsonaro, determinada após o ministro Alexandre de Moraes considerar que o ex-presidente descumpriu restrições, inclusive por meio de terceiros.

Dessa forma, Flávio removeu a postagem após receber pedido dos advogados de Bolsonaro, que teria sido surpreendido com a decisão enquanto cumpria uma das determinações judiciais: o toque de recolher.

Senador defende direito de se manifestar

Durante entrevista coletiva no Congresso Nacional, Flávio Bolsonaro se defendeu, afirmando que exerceu seu direito como cidadão ao divulgar o vídeo de seu pai: “Fui eu que postei. Não foi o presidente Jair Bolsonaro que me pediu para fazer isso, nem houve intenção de usar terceiros para contornar a decisão judicial”, declarou o senador.

No vídeo, Bolsonaro aparece agradecendo apoiadores pelas manifestações em Copacabana. Ainda assim, para o ministro Moraes, a divulgação configura um descumprimento direto das restrições impostas ao ex-presidente, que está proibido de se manifestar nas redes, mesmo de forma indireta.

A medida cautelar dizia respeito ao presidente, não a mim. Na minha cabeça, isso não traria problema algum”, argumentou Flávio.

STF impõe prisão domiciliar a Bolsonaro após descumprimento

A decisão do STF sobre a prisão domiciliar de Bolsonaro gerou reações. O Congresso se dividiu diante da medida. O ministro entendeu que o ex-presidente voltou a descumprir medidas ao preparar conteúdos que foram publicados por filhos e apoiadores nas redes sociais.

O ministro classificou a medida como “flagrante desrespeito”, apontando tentativa de mascarar o descumprimento da ordem judicial. A postagem de Flávio foi citada como um dos principais exemplos dessa prática.


Flávio Bolsonaro discursa no Congresso após decisão de prisão domiciliar imposta ao pai (Reprodução/YouTube/CNN Brasil)

“Pacote da paz” e reação no Congresso

Com o avanço das tensões, a prisão domiciliar de Bolsonaro, determinada pelo STF, levou Flávio Bolsonaro a anunciar a proposta de um “pacote da paz”. O conjunto de medidas inclui anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e o fim do foro privilegiado. Segundo o senador, a proposta representa uma resposta concreta às recentes decisões do Supremo.

Não podemos mais adiar a votação da anistia. O Congresso precisa fazer valer sua prerrogativa”, disse o senador.

Parlamentares aliados ao ex-presidente também anunciaram que vão obstruir os trabalhos da Câmara e do Senado em protesto contra a prisão domiciliar.

Prisão domiciliar imposta pelo STF restringe contato com Bolsonaro

A decisão de Moraes proíbe visitas ao ex-presidente e também o uso de aparelhos eletrônicos, diretos ou por terceiros. No momento, Flávio afirmou que apenas a filha mais nova, Laura, tem contato com o pai por residir na mesma casa. Ele também disse que pretende pedir autorização judicial, junto com o irmão Carlos, para visitar Bolsonaro. A decisão que impôs prisão domiciliar a Bolsonaro pelo STF continua repercutindo entre parlamentares e familiares.

Não há motivo para que filhos sejam impedidos de visitar o pai. Isso ultrapassa o limite do razoável”, concluiu.

A medida imposta pelo STF tem gerado críticas de aliados e familiares do ex-presidente, que consideram a decisão excessiva, especialmente por restringir visitas dos filhos. Além disso, o caso tem ampliado o debate sobre os limites das decisões judiciais envolvendo figuras públicas. Enquanto a defesa de Bolsonaro busca recursos para flexibilizar a ordem, o clima entre seus apoiadores segue de indignação e mobilização. Por isso, espera-se que novos desdobramentos ocorram nos próximos dias.

Governo Trump reprova prisão domiciliar de Bolsonaro e critica Alexandre de Moraes

Nesta segunda-feira (4), o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos fez um post na rede social X (antigo Twitter), criticando a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em decretar prisão domiciliar ao ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

Além de criticar a postura do juiz, foram também feitas ameaças a outras autoridades que interferissem no processo, apoiando a decisão de Alexandre.

As críticas à prisão

Na publicação do X, o órgão do governo do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desaprovou a restrição imposta sobre a liberdade de expressão de Bolsonaro, dizendo como não lhe estão dando chance de se defender e declarou que Alexandre de Moraes é um violador dos direitos humanos, que utiliza as instituições brasileiras para silenciar aqueles que se opõem, sendo assim, um perigo para a democracia.

“Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impôs prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que colaborarem ou facilitarem condutas sancionadas.”, afirmou o órgão, em post.


Post do Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos em oposição à Alexandre de Moraes (Reprodução/X/@WHAAsstSecty)

O governo americano ainda impôs de maneira firme que qualquer autoridade que interferir no processo do STF, a favor de Moraes, serão responsabilizados.

As punições a Alexandre de Moraes

As críticas ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, ocorrem após ele ser colocado na lista de sanções da Lei Magnitsky. Essa lei é utilizada para punir figuras do exterior dos Estados Unidos, que violam os direitos humanos, ou praticam corrupção em larga escala, bloqueando seus bens no país e determinando que sejam impedidos de adentrá-lo.

Especialistas afirmam que essa lei é uma espécie de “pena de morte financeira”. Empresas e cidadãos americanos também estão proibidos de realizar transações com o juiz brasileiro e serão punidos, caso violem as sanções.

Prisão de Bolsonaro gera divisão política e repercussão internacional

A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), gerou intensa repercussão tanto no cenário político nacional quanto internacional. A medida foi tomada após Bolsonaro descumprir determinações judiciais que o proibiam de publicar conteúdos em redes sociais, além de impor restrições como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição do uso de celulares.

No Brasil, a decisão provocou reações polarizadas. Aliados de Bolsonaro, como o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), classificou a prisão como uma “vingança política”, enquanto o senador Ciro Nogueira (PP-PI) lamentou o ocorrido, afirmando que ainda acredita na prevalência da Justiça. Já opositores, como o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), elogiaram a medida, considerando-a proporcional à gravidade dos atos atribuídos ao ex-presidente. A deputada Duda Salabert (PDT-MG) destacou que Bolsonaro começa a pagar por seus ataques à democracia, e o presidente do PT, Edinho Silva, relembrou o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa atentados contra autoridades como Lula, Alckmin e o próprio Moraes.

Mídia Global Destaca Acusações Contra Bolsonaro

A repercussão internacional também foi significativa. Veículos como o Washington PostReutersAssociated Press e Al Jazeera noticiaram amplamente a prisão, destacando que Bolsonaro é acusado de liderar uma organização criminosa que tentou anular o resultado das eleições de 2022 e planejou atentados contra figuras públicas

O jornal espanhol El País e o argentino Todo Notícias também deram destaque à decisão, ressaltando o contexto das investigações e as restrições impostas ao ex-presidente.


Visitas dos filhos de Bolsonaro a prisão domiciliar precisa ser autorizada pelo STF (Foto: reprodução/Instagram/@portalg1)


Crise institucional e economia

Além do impacto político, a medida teve reflexos econômicos. O ETF brasileiro EWZ caiu após o anúncio da prisão, refletindo preocupações do mercado sobre o agravamento das tensões políticas internas e externas, especialmente com o governo dos Estados Unidos 

A prisão domiciliar de Bolsonaro marca um novo capítulo na crise institucional brasileira, evidenciando o embate entre o Judiciário e setores da extrema-direita, e reacendendo debates sobre os limites da liberdade de expressão, responsabilidade política e respeito às instituições democráticas.

Moraes agrava punição e manda Bolsonaro cumprir prisão domiciliar por violar redes

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (4) a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL). A medida foi tomada após o ex-presidente descumprir restrições judiciais ao usar redes sociais de aliados para se manifestar publicamente.

A decisão impõe tornozeleira eletrônica, proibição de visitas, exceto de familiares e advogados, e recolhimento de celulares. Moraes afirma que Bolsonaro atuou de forma “dissimulada” para manter influência digital.

O caso faz parte do processo em que Bolsonaro está sendo investigado por “tentativa de golpe de Estado”.


Trecho de decisão do ministro Alexandre de Moraes reafirma que não há proibição a entrevistas públicas ou privadas por parte de Bolsonaro (Reprodução/STF)