Lula evita comentar tornozeleira eletrônica imposta a Bolsonaro

Durante visita ao Chile, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que a determinação judicial que impôs tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro não é assunto do Executivo. “É um problema da Justiça. Eu não vou dar palpite sobre a questão da justiça”, afirmou. Lula respondeu aos questionamentos de jornalistas em Santiago, pouco antes de retornar a Brasília na segunda-feira (22), destacando que não interfere em processos judiciais.

Orientação do Planalto é não tratar do tema publicamente

Essa foi a primeira ocasião em que o presidente Lula abordou publicamente as medidas judiciais impostas a Jair Bolsonaro. Conforme indicam assessores do Planalto, a orientação é manter discrição: nem o presidente nem integrantes do governo devem se pronunciar sobre decisões que envolvam o ex-mandatário. A avaliação interna é que, sendo um caso em tramitação judicial, qualquer posicionamento do governo poderia ser interpretado como interferência institucional.

Na sexta-feira (18), Jair Bolsonaro passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Além da tornozeleira eletrônica, a determinação judicial estabelece outras limitações, como a proibição de acessar redes sociais, de visitar embaixadas e de manter contato com diplomatas ou com Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente. Este último, que está nos Estados Unidos, é investigado por articulações internacionais contra ministros do STF.


Lula fala sobre a tornozeleira de Bolsonaro (Foto: reprodução/X/@jornaloglobo)


Lula participa de cúpula pela democracia em Santiago

A declaração ocorreu após a participação de Lula em uma reunião de líderes latino-americanos e europeus em defesa da democracia e contra os extremismos. O encontro é parte de uma iniciativa conjunta entre Brasil e Espanha lançada em 2023. Além de Lula, estiveram presentes o presidente chileno Gabriel Boric, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, o presidente colombiano Gustavo Petro e o novo mandatário uruguaio Yamandú Orsi.

Em sua fala, Lula reforçou que o julgamento de Bolsonaro é responsabilidade do Judiciário. “Ele está sendo julgado, está sendo denunciado, ele pode ser absolvido, ele pode ser culpado. É um problema da justiça. Eu não me meto nisso”, concluiu. A escolha por manter distância do caso reforça o posicionamento institucional do governo de não se envolver diretamente em temas que envolvam investigações criminais em curso, sobretudo as que tocam figuras políticas adversárias.

Fux vota contra uso de tornozeleira eletrônica para Bolsonaro

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi o único a se posicionar contra as medidas restritivas impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. No julgamento da Primeira Turma, Fux discordou do relator Alexandre de Moraes, que determinou ações como tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e bloqueio do uso de redes sociais. O magistrado argumentou que as restrições seriam desproporcionais e que “não se vislumbra nesse momento a necessidade das medidas cautelares impostas”.

Placar foi de 4 a 1 pela manutenção das restrições

O julgamento realizado no plenário virtual foi encerrado na noite de segunda-feira (21), com quatro votos favoráveis à manutenção das restrições. Além do relator Alexandre de Moraes, acompanharam esse entendimento os ministros Cármen Lúcia, Flávio Dino e Cristiano Zanin. As sanções impõem limitações como recolhimento entre 19h e 6h, proibição de contato com investigados e diplomatas estrangeiros, e monitoramento eletrônico.

Segundo Moraes, Jair Bolsonaro oferece risco concreto de interferência no andamento das investigações, além de indícios de tentativa de obstrução à Justiça. Ao discordar do relator, Fux ressaltou que Bolsonaro possui domicílio conhecido e já teve seu passaporte apreendido, não havendo indícios de que tenha tentado fugir. Ele ainda pontuou que “a extensão das medidas adotadas compromete de forma desproporcional direitos fundamentais”, como o direito de se expressar livremente e o de ir e vir.


Fux vota em desacordo com Alexandre de Moraes (Vídeo: reprodução/x/@jornaldaglobo)


Voto destaca soberania nacional e independência judicial

No voto de cinco páginas, Fux reforçou a “relevância da soberania nacional” e sublinhou que o Supremo Tribunal Federal deve preservar sua autonomia, mesmo diante de pressões externas de natureza política. Ele ressaltou ainda que, em um país plural e complexo, os fundamentos jurídicos devem prevalecer sobre conjunturas políticas passageiras. Fux reafirmou a necessidade de decisões fundamentadas na legalidade, e não em climas de comoção.

Após a confirmação das medidas, Bolsonaro manifestou indignação em entrevista no Congresso. “Isso aqui é um símbolo da máxima humilhação em nosso país”, disse, referindo-se à tornozeleira. O ex-presidente afirmou ser alvo de perseguição e defendeu sua inocência: “Não roubei os cofres públicos, não desviei recurso público, não matei ninguém”. A reação ocorre em meio a pressões da base bolsonarista, que intensifica críticas a Moraes e articula ofensivas políticas no Legislativo.

Moraes mantém veto a redes sociais e alerta para risco de prisão de Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reforçou nesta segunda-feira (21) a proibição do uso de redes sociais pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o ministro, a medida inclui também transmissões, retransmissões e qualquer veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas nas redes sociais de terceiros.

Nova decisão detalha restrições

Na última sexta-feira (18), Moraes impôs restrições ao ex-presidente, a pedido da Polícia Federal (PF) e com aval da Procuradoria-Geral da República (PGR). A nova decisão complementa as medidas e reforça que qualquer tentativa de contornar o bloqueio pode levar à prisão.

A medida cautelar de proibição de utilização de redes sociais, diretamente ou por intermédio de terceiros, imposta a Jair Messias Bolsonaro inclui, obviamente, as transmissões, retransmissões ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas das redes sociais de terceiro.” escreveu o ministro.

O documento também alerta: “Não podendo o investigado se valer desses meios para burlar a medida, sob pena de imediata revogação e decretação da prisão”.


Ministro do STF, Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/Arthur Menescal/Bloomberg/Getty Images Embed)


Medidas cautelares e investigações

As medidas impostas a Bolsonaro se baseiam em indícios reunidos pela Polícia Federal que apontam crimes de coação, obstrução e atentado à soberania nacional.

Moraes afirma ainda que o ex-presidente confessou “de forma consciente e voluntária” uma tentativa de extorsão contra a Justiça brasileira, ao condicionar a própria anistia ao fim de uma tarifa imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros.

Entrevista cancelada e repercussão

O Partido Liberal (PL), ao qual Bolsonaro é filiado, havia anunciado uma entrevista coletiva com o ex-presidente na Câmara dos Deputados nesta segunda-feira. No entanto, após a nova decisão, a participação dele foi cancelada.

Entre as medidas cautelares já impostas a Bolsonaro estão:

  • Uso de tornozeleira eletrônica
  • Proibição de uso de redes sociais
  • Toque de recolher noturno e nos fins de semana
  • Restrições de contato com filhos, diplomatas e outros investigados

Segundo a PF, Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro atuaram junto a autoridades dos Estados Unidos, visando interferir no julgamento da trama golpista no Brasil. A polícia afirma que a intenção era submeter decisões do Supremo Tribunal Federal ao crivo de um Estado estrangeiro.

Pen drive apreendido por PF na residência de Bolsonaro contém conteúdo irrelevante, segundo laudo

O conteúdo encontrado no interior do pen drive é “irrelevante” para dar mais subsídios às acusações que pairam sobre Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado, segundo apurou o laudo da Polícia Federal. Este foi o resultado apresentado na data de hoje (21/7), após uma perícia realizada no dispositivo, apreendido na última sexta-feira (18/7), na residência do ex-presidente, durante uma operação para atender um mandado de busca e apreensão expedido pelo Ministro do STF, Alexandre de Moraes, nos autos da ação que tramita perante a Suprema Corte.

Resultado da perícia

A Polícia Federal se limitou a divulgar que o conteúdo do pen drive apreendido no banheiro da residência do ex-presidente Jair Bolsonaro, durante uma operação realizada na última sexta-feira, dia 18/7, é “irrelevante” para dar mais subsídios às acusações que pairam sobre Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado, mantendo em sigilo o teor deste conteúdo.

Segundo o ex-presidente declarou aos jornalistas, em entrevista concedida após colocar a tornozeleira eletrônica na sede da PF, em Brasília, o dispositivo foi encontrado nas seguintes circunstâncias:

“Uma pessoa pediu para usar o banheiro, quando voltou, estava com o pen drive na mão. Eu nunca abri um pen drive na minha vida. Eu nem tenho laptop em casa para mexer com isso. A gente fica preocupado”.


Post da PF, relatando o cumprimento ao mandado de busca e apreensão, expedido pelo STF (Foto: reprodução/X/@policiafederal)

Bolsonaro completou a declaração, dizendo que iria perguntar para sua esposa, Michelle Bolsonaro, se o dispositivo era dela.

STF vai analisar

Não obstante o teor tenha constatado a irrelevância do conteúdo para embasar e/ou servir de prova para o julgamento do ex-presidente em relação às acusações que pairam sobre sua pessoa, por lei, o resultado da perícia deve ser juntado aos autos da Ação Penal 2668, que tramita perante a Suprema Corte do Brasil, para análise do relato, o Ministro Alexandre de Moraes.

Além da busca e apreensão domiciliar, outras medidas cautelares foram impostas a Bolsonaro, como: (i) recolhimento domiciliar no período noturno (entre 19h até 6h), de segunda a sexta-feira, e período integral aos finais de semana; (ii) proibição de aproximação e acesso a Embaixadas e Consulados de países estrangeiros; (iii) proibição de manter contato com Embaixadas e demais réus e investigados nas ações penais interligadas à Ação penal 2668, e (iv) proibição de uso das redes sociais.

Lula sinaliza candidatura em 2026 e dispara contra adversários: “Não vou entregar o país a um bando de malucos”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou, nesta sexta-feira (18), sua intenção de disputar a Presidência da República nas eleições de 2026. Durante um evento de anúncio de recursos para a ferrovia Transnordestina, em Missão Velha (CE), Lula afirmou que, se mantiver a saúde e a disposição atuais, será novamente candidato ao Planalto. “Se eu estiver com a saúde que estou hoje, com a disposição que estou hoje, vocês podem ter certeza que serei candidato outra vez para ganhar as eleições nesse país”, declarou, aos 79 anos.

Além de confirmar a possibilidade de uma nova candidatura, Lula fez duras críticas a adversários políticos, sem citar nomes, mas claramente se referindo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Eu não vou entregar esse país de volta àquele bando de malucos que quase destrói esse país nos últimos anos”, afirmou. A declaração foi recebida com entusiasmo por apoiadores presentes à cerimônia.

Operação contra Bolsonaro e tornozeleira eletrônica

No mesmo dia da intenção da candidatura de Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de uma nova medida judicial no âmbito da investigação sobre tentativa de golpe após as eleições de 2022. Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica e teve diversas restrições impostas, como a proibição de sair à noite e de se aproximar de embaixadas. Segundo o STF, as medidas visam evitar uma possível fuga do ex-mandatário.

A Polícia Federal investiga a articulação de uma trama golpista por parte de aliados de Bolsonaro. Por conta do julgamento, Eduardo Bolsonaro, deputado licenciado e filho de Jair, teria viajado aos Estados Unidos para buscar apoio do ex-presidente Donald Trump. A tentativa de interferência no processo judicial brasileiro teria gerado mal-estar diplomático e represálias por parte do governo norte-americano.


Presidente Lula em pronunciamento sobre recente interferência dos Estados Unidos na política do Brasil (Vídeo: reprodução/X/@Lulaoficial)

Clima eleitoral antecipado e embates políticos

As declarações de Lula, combinadas com o endurecimento do cerco judicial a Jair Bolsonaro, reforçam o clima de antecipação das disputas eleitorais de 2026. O embate entre as duas principais figuras políticas do país se intensifica mesmo antes do início oficial da corrida presidencial. Lula adota tom de campanha ao defender os feitos de seu governo e atacar a gestão anterior, enquanto Bolsonaro tenta manter sua base mobilizada em meio aos crescentes problemas jurídicos.

Com a fala, Lula inaugura publicamente a prévia da campanha de 2026, deixando claro que, se depender de sua saúde e vontade política, o embate contra o “bando de malucos” está apenas começando.

Bolsonaro culpa Lula e Moraes por tensão com EUA

As críticas do ex-presidente em meio a medidas judiciais inéditas como o uso de tornozeleira eletrônica, mostram um ambiente político cada vez mais polarizado e ao envolver os Estados Unidos na questão, transformam uma investigação interna em um potencial conflito diplomático.   

Entrevista e Investigação 

Nesta Sexta-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro concedeu uma entrevista à Reuters, nela Bolsonaro afirmou que quem está estimulando as tensões entre Brasil e Estados Unidos é o atual presidente do país, Lula, e o ministro Alexandre de Moraes, ele ainda afirmou que a Suprema Corte tem “poder demais’ e “perdeu a mão”.

Já o Ministro Alexandre de Moraes afirmou que o ex-presidente está “atuando dolosa e conscientemente de forma ilícita, conjuntamente com o seu filho, Eduardo Bolsonaro, com a finalidade de tentar submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado estrangeiro”

Com tudo também nesta Sexta (18), Moraes enquanto ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a operação da Polícia Federal após parecer favorável da PGR (procuradoria-Geral da República) em que Bolsonaro é acusado dos crimes de coação no curso do processo, obstrução à Justiça e ataque à soberania nacional.

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Bolsonaro em depoimento no STF (Foto: Reprodução/Arthur Menescal/Getty imagens Embed)

Repercussão interna e externa

 Após operação da PF que cumpriu mandados de busca e apreensão  na casa de Bolsonaro e na sede do PL, o então ex-presidente acabou com uma tornozeleira eletrônica, com base em uma decisão do STF que também proíbe o contato com autoridades estrangeiras, outros investigados na operação e o uso de redes sociais. 

No cenário internacional Trump, atual presidente dos Estados Unidos, promoveu uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros como suposta resposta ao tratamento judicial que Bolsonaro está recebendo em processo que é réu, em carta o presidente americano diz que o aliado é alvo de ataques de um sistema injusto e que o julgamento precisa parar.

Já em resposta a Donald Trump, Lula classificou a atitude do presidente americano como “chantagem inaceitável” e afirmou ainda que “o Brasil é soberano e não aceitará interferência de nenhum país”. Ele ressaltou também que o Poder Judiciário é um órgão independente.

Apesar do governo tentar preservar a soberania nacional, a repercussão internacional e os reflexos econômicos – como a ameaça de tarifas de Trump – evidenciam que esse processo vai muito além da política nacional e atinge diretamente os interesses do país no cenário global.  

Polícia Federal encontra pen drive em banheiro de Bolsonaro

A Polícia Federal (PF), em cumprimento ao Mandado de Busca e Apreensão no dia de hoje (18/7), expedido pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, encontrou um pen drive no banheiro da residência do ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília. Em coletiva realizada após colocar a tornozeleira eletrônica na sede da PF, Bolsonaro comentou que desconhece o dispositivo, mas vai questionar a esposa Michelle Bolsonaro se seria dela.

Operação da PF

O ex-presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, esteve na manhã de hoje, (18/7), na sede da Polícia Federal, para colocar a tornozeleira eletrônica, sendo esta, uma dentre a série de determinações estabelecidas pelo Ministro do STF, Alexandre de Moraes, a ele. Além disso, Bolsonaro deve ficar recolhido em seu domicílio, durante o período noturno, está proibido de falar com seu filho, Eduardo, e não poder utilizar redes sociais.

A polícia federal realizou, também na manhã de hoje, uma operação na residência do ex-presidente, e apreendeu um dispositivo pen drive, encontrado no banheiro, além de 14 mil dólares. Bolsonaro se diz surpreso com o fato, e afirma que nunca abriu um pen drive na vida, pois não tem nem lap top em sua residência, desconhecendo, portanto, o dispositivo eletrônico encontrado. Comentou, ainda, que está preocupado com essa situação: “(…) uma pessoa pediu para ir ao banheiro, e voltou com o pen drive na mão”.


Entrevista de Bolsonaro falando que desconhece o pen drive (vídeo: reprodução/X/@ValeriaBnews)

Defesa de Bolsonaro

Advogados de Bolsonaro consideram as medidas cautelares impostas a seu cliente severas, e se dizem surpresos e indignados, uma vez que Bolsonaro, até o presente momento, não se recusou a cumprir nenhuma ordem expedida pela justiça contra ele.

A operação da PF foi iniciada após o parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR), no curso da ação penal que está em trâmite na Suprema Corte Brasileira, em que o ex-presidente está sendo acusado da prática de alguns crimes contra a soberania nacional, como a tentativa de golpe de estado.

Jair Bolsonaro é alvo de medidas do STF e recebe apoio de Trump em meio a investigações por tentativa de golpe

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se tornou alvo de novas ações da Justiça. Na última sexta-feira (12), a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em locais ligados a ele, como sua casa e o escritório político na sede do PL, em Brasília. Além disso, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou três medidas restritivas: Bolsonaro deve usar tornozeleira eletrônica, está proibido de usar redes sociais e também de ter contato com o filho Eduardo Bolsonaro.

PF cumpriu ordens de mandado na casa de Bolsonaro e na sede do PL

Essas decisões fazem parte do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Segundo o STF, há suspeitas de que Bolsonaro e seus aliados tenham planejado um movimento para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Conversas, documentos e ações que indicariam uma estratégia para desacreditar o sistema eleitoral e convocar as Forças Armadas estão entre as provas analisadas pela Corte.

Na manhã de sexta-feira, a Polícia Federal realizou buscas em locais ligados a Jair Bolsonaro. Entre os alvos estavam a residência do ex-presidente e seu escritório político, que funciona na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília.

Logo após as medidas, Bolsonaro foi levado para instalar a tornozeleira eletrônica. A decisão de Moraes causou forte reação política e movimentou os bastidores em Brasília. Muitos aliados do ex-presidente classificaram as medidas como exageradas.

Trump acusa de “caça as bruxas” condenação de Bolsonaro

Em meio à repercussão, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saiu em defesa de Bolsonaro. Em uma postagem nas redes sociais, Trump criticou a atuação da Justiça brasileira e disse que Bolsonaro está sendo perseguido por motivos políticos. Para o republicano, seu aliado brasileiro está sendo alvo de um sistema que quer calar vozes conservadoras.


Trump publicou na noite de ontem (17) uma carta em apoio a Bolsonaro (Foto: reprodução/X/@TrumpDailyPosts)

As falas de Trump reforçam a ligação entre os dois políticos, que já haviam se apoiado mutuamente em outros momentos. Ambos enfrentam acusações relacionadas a ataques contra a democracia: Trump por sua tentativa de reverter o resultado das eleições de 2020 nos EUA, e Bolsonaro por suspeita de tentar impedir a posse de Lula em 2023.

Bolsonaro recebe carta com apoio de Trump e críticas ao governo brasileiro

O Presidente dos EUA, Donald Trump, enviou, ontem (17/7), uma carta endereçada ao ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, cujos dizeres vão além de apoio e elogios. O texto veio explicitar a desaprovação do homem que preside o país mais poderoso do mundo, em relação ao tratamento injusto a que Bolsonaro vem sendo submetido aqui no Brasil, bem como às políticas adotadas pelo atual governo brasileiro. Críticas ao ataque que o livre discurso vem sofrendo, seja no Brasil, como nos Estados Unidos, dizendo, por fim, que tudo isso resultou em sua desaprovação pública, manifestada nos últimos dias, bem como na imposição das altas tarifas para o comércio entre os dois países.

Tratamento “terrível”

A carta, que tem o timbre da Casa Branca, é clara ao mencionar que Trump desaprova o comportamento do atual governo brasileiro, utilizando palavras como “terrível”, “injusto” e “ridículo” no texto, expressando indignação em relação ao tratamento que vem sofrendo Bolsonaro aqui no Brasil, recomendando, fortemente, o encerramento imediato do julgamento que está em vias de ocorrer perante o Supremo Tribunal Federal, que envolve o ex-presidente brasileiro.

Além disso, há expressa desaprovação no texto em relação aos ataques praticados pelo atual governo brasileiro contra o livre discurso, tanto dentro do Brasil, como se referindo àqueles dirigidos aos EUA.  


Carta de Trump à Bolsonaro (foto: reprodução/Thuth Social/@realDonaldTrump)


Acusações contra Bolsonaro

A Procuradoria-Geral da República (PGR) ajuizou ação penal contra Bolsonaro, denunciando-o pela prática de 5 (cinco) crimes: (i) organização criminosa; (ii) Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; (iii) Golpe de Estado; (iv) Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo à vítima e (v) deterioração de patrimônio tombado.

Bolsonaro gravou um vídeo agradecendo Trump pela carta, mencionando que a acusação pela prática do crime de tentativa de golpe de estado, sem tropas, sem armas, estando ele (Bolsonaro) nos Estados Unidos não poderia subsistir, por se tratar de um crime inexistente, pois, na realidade, querem o alijar do processo político.


Agradecimento de Bolsonaro à Trump (vídeo: reprodução/X/@jairbolsonaro)

Resposta do governo brasileiro

Gleisi Hoffmann, Ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais e Deputada Federal, rebateu a carta enviada pela Casa Branca em sua rede social X, dizendo, numa primeira postagem, que Jair Bolsonaro expôs o Brasil a uma chantagem. E continua, numa segunda, elogiando a resposta do Presidente Lula da Silva, na qual ele atribui as sanções impostas pelos Estados Unidos como “ameaça às instituições do Brasil e um atentado à soberania nacional”.


Postagem de Gleisi Hoffmann (reprodução/X/@gleisi)

No último dia 9 de julho, Trump anunciou que, a partir do próximo dia 1º de agosto, novas tarifas de 50% passarão a incidir sobre os produtos importados pelo Brasil dos Estados Unidos. Desde então, o Brasil vem se articulando para verificar qual será a melhor forma de tratar o tema. Uma possível negociação vem sendo ventilada, mas também a aplicação da reciprocidade, ou seja, alíquotas no mesmo patamar serão impostas aos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros importados pelo país.

Bolsonaro se defende no Senado e critica ação da PGR e STF

Na manhã desta quinta-feira (17), Jair Bolsonaro participou de uma coletiva de imprensa no Senado. Durante conversas com jornalistas, o ex-presidente alegou não ser culpado e disse que está sofrendo uma injustiça.

Jair Bolsonaro comenta sobre a decisão favorável feita na segunda-feira (14) pela Procuradoria-Geral da República (PGR) à sua condenação por tentativa de golpe. A PGR, reiterou o pedido de condenação do ex-presidente pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.

Caso seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro pode pegar mais de 40 anos de prisão. Em coletiva, o ex-presidente afirmou que a ideia de ser preso não passa pela sua cabeça.

Preocupado com o filho

Eduardo Bolsonaro (PL-SP), investigado por tentar atrapalhar as investigações, voltou a ocupar espaço na mídia. O deputado licenciado, morando nos Estados Unidos atualmente, tenta, segundo ele e a própria família, influenciar a interferência do governo Donald Trump nos processos judiciais de seu pai, Jair Bolsonaro.


Eduardo Bolsonaro defende nova tarifa de exportação imposta por Trump (Vídeo: reprodução/Youtube/G1)

A licença de Eduardo vence no domingo (20), caso ele não volte e atinja um terço de faltas nas sessões da Câmara, poderá perder o mandato. Segundo o ex-presidente, o filho não irá voltar porque também é alvo de perseguição no Brasil, e, por causa disso, pode ser preso pela Polícia Federal assim que chegar no aeroporto.

Parlamentares adversários já fizeram pedidos ao STF nesse sentido, entretanto as solicitações não avançaram na justiça, ou seja, não há nenhuma ordem de prisão contra Eduardo no Brasil.

A tarifa de Trump

O estado de São Paulo será um dos mais afetados, caso a tarifa imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, não seja reduzida. Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador do estado e aliado de Bolsonaro, escolheu não apoiar o tarifaço, o que rendeu atritos com Eduardo Bolsonaro, que é a favor.

Para reduzir os impactos negativos no setor do agronegócio no estado, Tarcísio procurou o corpo diplomático norte-americano para tentar negociar as tarifas impostas. Entretanto, a ação dificultaria a conquista de anistia que Jair Bolsonaro busca como moeda de troca para revogação do aumento de tarifa. 

A ação de Tarcísio causou mal-estar em Eduardo que mandou um recado ao governador de São Paulo pelas redes sociais, dizendo que o mesmo agia com “subserviência servil” ao empresariado brasileiro. Com a intervenção de Bolsonaro, o tom mudou e a paz entre o governador e o deputado voltou. “Visões de mundo diferentes são normais”, publicou Eduardo no X (antigo Twitter).