Nova tensão tarifária entre EUA e China promete estremecer o mercado

O governo chinês foi acusado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por ter violado os termos do acordo celebrado pelo país asiático com seu país, no último dia 12 de maio, em Genebra, na Suíça. O relato foi feito em um post na rede social Truth Social na manhã de hoje, sem detalhar o que de fato teria ocorrido. Ficou definido no acordo que as tarifas cobradas por ambos os países teriam uma redução de 115% em suas tarifas originais.

O Republicano destacou que somente celebrou o acordo com o intuito de ajudar a China, salvando o país de grave perigo econômico:

Há duas semanas, a China corria grave perigo econômico! As tarifas altíssimas que estabeleci tornaram praticamente impossível para a China vender no mercado dos Estados Unidos, que é, de longe, o número um do mundo. Muitas fábricas fecharam e houve, para dizer o mínimo, ‘agitação civil’. Eu vi o que estava acontecendo e não gostei. Para eles, não para nós. Fiz um acordo rápido com a China para salvá-los do que eu pensava que seria uma situação muito ruim, e eu não queria que isso acontecesse

Donald Trump

Algumas horas após a publicação de Trump, a Embaixada da China publicou um comunicado através do porta-voz Liu Pengyu, pedindo aos Estados Unidos para acabar com as restrições discriminatórias impostas ao país asiático:

Desde as negociações econômicas e comerciais entre a China e os EUA em Genebra, ambos os lados têm mantido comunicação sobre suas respectivas preocupações nos campos econômico e comercial em várias ocasiões bilaterais e multilaterais em vários níveis

Liu Pengyu

Retaliações ao governo chinês

Diante destes acontecimentos, Stephen Miller, Vice-Chefe de Gabinete de Políticas da Casa Branca, afirmou que o governo americano está preparando novas sanções contra a China: “Isso abre todo tipo de ação para os Estados Unidos garantirem conformidade futura”.


Stephen Miller (Foto: reprodução/Chip Somodevilla/Getty Images Embed)


E continuou, em fala concedida separadamente à CNN:

Há medidas que já foram tomadas, há medidas que estão sendo tomadas, há medidas que estão sendo consideradas. Seria incrivelmente imprudente da parte da China continuar nesse caminho e não buscar, em vez disso, o caminho da cooperação.”

Stephen Miller

Abalo ao mercado

Índices do mercado de ações americano recuaram nesta manhã, diante das preocupações comerciais de violação do acordo tarifário. O principal índice de desempenho do mercado de ações dos Estados Unidos, o S&P 500, caiu 0,2% e o Nasdaq Composite, índice do mercado de ações que inclui quase todas as ações listadas na bolsa de valores de mesmo nome, caiu 0,4%.


Ilustração do índice S&P 500 (Foto: reprodução/ Justin Tallis/AFP/Getty Images Embed)


Já o índice do dólar americano, que é calculado levando em consideração as taxas de câmbio de outras seis moedas estrangeiras (o euro, a libra esterlina, o iene japonês, o dólar canadense, a coroa sueca e o franco suíço) valorizou hoje, e talvez encerre o mês em alta, quebrando uma sequência de quatro meses em queda.

Índia ultrapassa China e lidera envio de estudantes aos EUA

Segundo o relatório Open Doors 2024, Índia e China lideram o envio de estudantes para instituições de ensino nos Estados Unidos. A pesquisa, realizada pelo Instituto de Educação Internacional (IIE) e financiada pelo Departamento de Estado americano, fornece dados que ajudam governos e instituições a tomar decisões sobre intercâmbio e políticas educacionais.

O levantamento mais recente mostra que os indianos lideram o ranking, com 331.602 alunos que estudaram em universidades americanas em 2024, um salto de 23,3% em relação ao ano anterior, quando o país ocupava a segunda posição.

Com esse crescimento, a Índia passou a China, que agora ocupa o segundo lugar, com 277.398 estudantes.


Estudantes nos EUA (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

O Brasil aparece no ranking e ganhou posição. Subiu da 10ª para a 9ª posição entre os países que mais enviam estudantes para os EUA, com 16.877 alunos em 2024. Assim, o top 10 é integrado por Coreia do Sul, Canadá, Taiwan, Vietnã, Nigéria, Bangladesh e Nepal.

Universidades de destino

Com muitas instituições de renome mundial, as universidades americanas que mais recebem alunos estrangeiros são a Universidade de Nova York, Universidade Northeastern (em Boston) e Universidade de Colúmbia. É concentrado o maior número de estudantes no estados da Califórnia, Nova York, Texas e Massachusetts.

Vistos estudantis e ações controversas

Apesar do crescimento no número de estudantes no país, o Departamento de Estado ordenou a embaixadas e consulados americanos ao redor do mundo uma pausa temporária em novos agendamentos de entrevistas para vistos de estudante. Agendamentos prévios em andamento poderão ser realizados normalmente.

Além disso, ações anteriores do governo Trump, como a revogação de dezenas de vistos estudantis e tentativas de impedir estudantes estrangeiros de frequentarem universidades como Harvard, ainda repercutem. Segundo o ex-presidente dos EUA, a instituição deveria ser composta por 15% de estrangeiros, ao invés de representarem mais de um quarto dos alunos. A iniciativa do governo foi barrada judicialmente.

Governo dos EUA promete revogar vistos de estudantes chineses com laços com o partido comunista

O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, informou que o país revogará vistos de estudantes chineses. A informação foi dada ontem, quarta-feira (28), através de suas redes sociais. Segundo Rubio, a medida é direcionada a estudantes que possuem conexão com o Partido Comunista Chinês e que estudam em áreas, denominadas por ele como “críticas”. No entanto, as áreas mencionadas por ele não foram especificadas em sua publicação. 

Segundo informações do Instituto de Educação Internacional (IIE), organização sem fins lucrativos, com sede em Nova York, nos EUA, em 2024, o número de estudantes chineses matriculados nas mais diversas áreas no país ultrapassou a barreira dos 270 mil. 

Se levarmos em consideração o comunicado de Marco Rubio e conforme as políticas exercidas pelo governo Trump relacionadas à algumas universidades desde que tomou posse, estima-se que os estudantes afetados pela revogação sejam aqueles que estão em desacordo com as políticas adotadas pelo presidente americano.

Governo Trump e às universidades 

Desde que tomou posse em janeiro (2025), o presidente Donald Trump vem recebendo críticas por parte de especialistas e opositores. Muitas dessas críticas, devem-se  às medidas adotadas por ele em relação aos critérios utilizados para classificar estudantes e universidades. 

Entre assinaturas de Ordens Executivas e decisões judiciais que anulam seus atos, Trump tem travado batalhas com repercussão e impactos globais. A Universidade Harvard, em Cambridge, no Massachusetts, EUA, é uma das mais impactadas pelas medidas do presidente americano. 


Entrevista do presidente americano Donald Trump sobre medidas adotadas em relação à Harvard (Vídeo: reprodução/Instagram/@washingtonpost)


No último dia 22 de maio (2025), através do departamento de Segurança Interna dos EUA, o governo americano informou que Harvard não poderá ter matriculados estudantes que não sejam estadunidenses. A medida entraria em vigor já no início do ano letivo, 2025/2026, e afetaria, inclusive, estudantes que já fazem parte do quadro da universidade. Porém, a universidade entrou com uma ação judicial e conseguiu bloquear temporariamente esta decisão.

Reação chinesa

Após o comunicado do secretário de estado Marco Rubio, a Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, se pronunciou nas redes sociais oficiais do ministério. Para Ning, os EUA devem proteger os interesses de todos os estudantes, inclusive os chineses. 

Na publicação seguinte, Mao Ning anunciou a isenção de vistos para 47 países. Entre eles, Brasil, Argentina, Chile e Uruguai. A expansão na concessão de vistos ocorreu durante a Cúpula China-ASEAN-CCG. Uma aliança trilateral envolvendo a China, nações do Sudeste Asiático e países do Sul Global.


Publicação sobre expansão de vistos (Foto: reprodução/X/@SpoxCHN_MaoNing)

A isenção para brasileiros em visita à China entrará em vigor a partir do próximo dia 01 de junho  (2025) e terá validade até 31 de maio (2026). A entrada será concedida a cidadãos com viagens de negócios, intercâmbio, visita a familiares, trânsito pelo país e turismo. Conforme informou Ning, a medida adotada visa o fortalecimento dos laços culturais e econômicos entre os dois países. 

Conforme analisado pela mídia internacional, enquanto os EUA adotam medidas voltadas para o isolacionismo e protecionismo, com políticas públicas e tarifárias contundentes, vários países entre eles a China, procuram fazer alianças bilaterais e multilaterais, visando o fortalecimento comercial, econômico, cultural e político interno e externo.

Moody’s mantém perspectiva negativa para China, citando tensões comerciais como novo risco principal

A agência de classificação de risco Moody’s manteve nesta segunda-feira (26) a perspectiva negativa para a economia da China, mantendo sua nota A1, mas alertando para riscos relacionados às crescentes tensões comerciais com países parceiros.

A justificativa para a manutenção da perspectiva negativa mudou desde a última revisão, realizada em dezembro de 2023, quando as preocupações estavam centradas na dívida dos governos locais e na fragilidade das estatais chinesas.

Segundo a Moody’s, esses riscos internos foram parcialmente controlados graças a ações coordenadas de política econômica por parte do governo chinês. “Esses fatores agora recuaram após uma política governamental conjunta e não pesam mais de forma significativa sobre a recomendação A1 da China”, afirmou a agência em comunicado.

No entanto, os novos focos de preocupação se voltam para o cenário internacional, especialmente as incertezas em relação a futuras restrições comerciais e à evolução dos fluxos globais de comércio.

Um acordo tarifária entre China e EUA

A agência destacou que, mesmo com o recente acordo de trégua tarifária entre China e Estados Unidos, a perspectiva de que tarifas mais elevadas permaneçam em vigor sobre exportações chinesas representa um desafio para a estabilidade econômica do país. “Como cenário base, prevemos que as tarifas sobre as exportações chinesas para os principais mercados permanecerão mais altas do que no início do ano”, destacou a Moody’s.


Presidente do EUA e da China(Foto: reprodução Matinez,Casares Saul Loebpool/AFP)

Liderança do atual presidente dos EUA Donald Trump

No mês passado, o governo dos Estados Unidos, sob a liderança do do Presidente Donald Trump, chegou a impor tarifas de até 145% sobre produtos chineses. As medidas foram posteriormente suavizadas, mas o episódio acentuou a tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo e aumentou a percepção de risco entre investidores.

Em resposta ao relatório da Moody’s, o Ministério das Finanças da China afirmou que a manutenção da nota A1 foi “um reflexo positivo das perspectivas da economia chinesa”. Ainda assim, o mercado segue atento aos próximos movimentos de outras agências de classificação de risco e instituições financeiras internacionais. Em abril, a Fitch já havia rebaixado a nota de crédito soberano da China de A+ para A, citando o aumento acelerado da dívida e o enfraquecimento das finanças públicas.

Diante do cenário externo incerto e das políticas protecionistas em expansão, o desafio do governo chinês será manter a confiança dos mercados sem comprometer o crescimento econômico.

China lança drone “nave-mãe” que dispara 100 drones kamikazes

A nova aeronave militar não tripulada da China, conhecida como Jiu Tian ou “High Sky“, foi apresentada no Salão Aeroespacial de Zhuhai em novembro de 2024 e deve realizar sua primeira missão até o fim de junho deste ano. O drone é desenvolvido pela estatal AVIC e fabricado pela Xian Chida Aircraft Parts Manufacturing. A inovação foi criada com o objetivo de reforçar o poder militar chinês e atraiu atenção global por ser capaz de lançar até 100 drones kamikazes em uma única operação, sendo considerada uma resposta direta ao avanço tecnológico dos Estados Unidos na área.

De acordo com a emissora estatal chinesa CCTV, o veículo aéreo será testado em breve antes de ser oficialmente integrado às forças armadas. Especialistas apontam que o modelo representa um marco na corrida por supremacia tecnológica e militar, sobretudo na região da Ásia-Pacífico, onde a disputa entre China e EUA se intensifica.

Drone chinês carrega até seis toneladas de munição

Com uma envergadura de 25 metros e autonomia de voo de até 7 mil quilômetros, o Jiu Tian impressiona não apenas pelo alcance, mas também pela capacidade de carga. Até 16 toneladas podem ser transportadas — seis delas destinadas exclusivamente aos drones menores, que são lançados de compartimentos laterais na fuselagem da aeronave.


Representação visual de como vai funcionar os drones foram publicadas nas redes sociais (Vídeo: reprodução/X/@xinfolive)

Além do potencial de realizar ataques coordenados, o drone é projetado para escapar de sistemas tradicionais de defesa aérea, o que levanta alertas no cenário geopolítico internacional. Comparações têm sido feitas com modelos como o RQ-4 Global Hawk e o MQ-9 Reaper, ambos fabricados pelos EUA.

Tecnologia também será usada para fins civis

Apesar de seu foco militar, o governo chinês informou que o Jiu Tian poderá ser utilizado em ações de controle de fronteiras, resgates em áreas de risco, vigilância ambiental e monitoramento marítimo. Com isso, o país amplia não só sua presença estratégica em zonas sensíveis, mas também sua capacidade de resposta em emergências civis.

O drone Jiu Tian se junta a uma frota crescente de veículos não tripulados da China, que inclui modelos como o CH-7 e o Wing Loong-X. A expectativa é que a aeronave fortaleça ainda mais a posição chinesa no cenário de defesa global, ao mesmo tempo, em que amplia o uso de tecnologias autônomas em operações militares e civis.

Bactéria desconhecida é encontrada na estação espacial chinesa

Durante uma inspeção de rotina na estação espacial Tiangong, uma equipe chinesa identificou uma bactéria até então desconhecida na Terra. Batizada de Niallia tiangongensis, a cepa foi encontrada em uma das cabines da estação, despertando preocupações e curiosidade sobre sua origem e comportamento em ambientes extremos.

A bactéria foi detectada inicialmente pelos astronautas da missão Shenzhou-15, que participaram da fase final da montagem da estação chinesa. Durante um dos monitoramentos do Programa de Microbioma da Área de Habitação da Estação Espacial, a presença do microrganismo foi registrada como potencial risco biológico.

Identificação e análise da nova espécie foram realizadas por cientistas do Shenzhou Space Biotechnology Group em parceria com o Instituto de Engenharia de Sistemas Espaciais de Pequim.

Microrganismo surpreende pela adaptação ao espaço

O estudo, revisado por especialistas, foi publicado em março de 2025 na revista International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology.

Segundo o artigo, a presença de microrganismos em ambientes orbitais é comum, mas encontrar uma espécie sem registro prévio na Terra é raro.

A Niallia tiangongensis apresenta propriedades biológicas e metabólicas incomuns, o que pode explicar a capacidade de resistir às duras condições espaciais, como microgravidade, radiação e escassez de nutrientes.


Niallia circulans pode causar infeccções em pacientes imunocomprometidos (Foto: reprodução/Freepik)

Possível origem terrestre e implicações para futuras missões

Embora a espécie seja nova, a estrutura genética mostra semelhanças com a Niallia circulans, uma bactéria terrestre resistente, encontrada no solo.

Conhecida por formar esporos, a N. circulans pode causar infecções em pacientes com baixa imunidade. A hipótese mais aceita é que a N. tiangongensis tenha sido transportada inadvertidamente da Terra, em suprimentos, dispositivos ou até mesmo na pele dos astronautas, sobrevivendo a rigorosos processos de esterilização.

Curiosamente, os pesquisadores identificaram que a nova cepa consegue digerir gelatina como fonte de carbono e nitrogênio, mas perdeu a capacidade de metabolizar outras substâncias comuns entre os “parentes” terrestres. Essa rápida adaptação sugere uma evolução direcionada ao ambiente da estação espacial.

Diante da inevitável presença de microrganismos em missões espaciais — como mostram estudos da Nasa, que encontrou dezenas de espécies desconhecidas mesmo em ambientes ultraesterilizados —, especialistas ressaltam a importância de investigar profundamente o comportamento dessas formas de vida.

Lula solicitou consultoria a Xi Jinping para debate sobre regulação das redes sociais no Brasil

Em entrevista à CNN, o diretor do ITS falou sobre a possibilidade de um enviado da China vir ao Brasil para a discussão da regulação de plataformas digitais e redes sociais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mencionou a ideia em uma coletiva de imprensa que ocorreu durante sua visita à China, na última terça-feira (13).

Na coletiva, Lula foi questionado sobre a reunião que teve com Xi Jinping, presidente chinês, na qual a primeira-dama, Janja da Silva, perguntou ao líder sobre o TikTok, que tem origem chinesa. O presidente brasileiro revelou ter solicitado a Jinping uma consultoria sobre a regulação das redes sociais no Brasil, o que desencadeou um debate sobre liberdade de expressão e censura.

A regulação das redes no Brasil

Lula afirmou que pediu para Xi Jinping enviar um especialista de sua confiança para auxiliar o Brasil nesse tema. A declaração do presidente gerou preocupação sobre a suposta adoção de práticas de controle de conteúdo semelhantes às utilizadas na China.

Segundo o professor de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), Carlos Affonso Souza, a visita não se limitaria a tratar de questões que envolvem uma empresa específica como o TikTok. Também abordaria o aconselhamento sobre a regulação de tecnologias e redes sociais.


Discussão não envolve apenas regulação do TikTok (Foto: reprodução/Meta)

Souza questionou a participação de um especialista chinês no debate brasileiro, que possui muitas particularidades. Ele argumenta que seria uma prioridade explicar a situação brasileira ao visitante chinês antes de compreender como funciona o sistema de regulação das redes sociais na China.

Complexidade do cenário brasileiro

O professor, que é um dos autores da proposta do Marco Civil da Internet, enfatizou que o debate da regulação das redes no Brasil enfrenta um “congelamento”. Ele afirmou que o Congresso Nacional não conseguiu chegar a um acordo sobre o projeto de lei que aborda o tema, e o Supremo Tribunal Federal (STF) começou um julgamento de uma ação relacionada, mas ainda não tem decisão final.


Professor Carlos Affonso Souza fala sobre regulação das redes sociais à CNN (Foto: reprodução/CNN Brasil/YouTube)


Souza afirmou que o processo iniciou no Congresso, pulou para o Judiciário e agora está no executivo, o que aponta para uma falta de coordenação institucional.

China reduz taxas sobre produtos dos EUA e impulsiona relação comercial

O Ministério das Finanças da China anunciou nesta terça-feira (13) que reduzirá as tarifas de importação sobre os produtos dos EUA de 34% para 10% a partir desta quarta-feira (14). Além disso, cancelará a taxa adicional de 91% que havia sido imposta em duas rodadas de medidas ao longo da guerra tarifária. 

O acordo que, a princípio, durará por um período de 90 dias foi anunciado na madrugada desta segunda-feira (12). A decisão é fruto das negociações comerciais que aconteceram no último fim de semana em Genebra, na Suíça, entre os representantes das duas maiores economias do mundo e levaram à trégua temporária da guerra comercial.  

Um comunicado oficial de Pequim diz que “a redução significativa das tarifas bilaterais entre a China e os EUA está alinhada com as expectativas dos produtores e consumidores de ambos os países e favorece as trocas econômicas e comerciais entre a China e os EUA e a economia global”


Representantes chineses e norte-americanos anunciam a trégua comercial de 90 dias (Reprodução/X/@jornal_cultura)

Os Estados Unidos reduzirão as tarifas extras impostas à China de 145% para 30%. 

Em entrevista concedida nesta terça-feira, o presidente Donald Trump disse que conseguia se ver negociando os detalhes finais de um acordo comercial entre os dois países diretamente com o presidente chinês Xi Jinping. 

Trump afirmou que as taxas de importação dos produtos chineses não devem retornar ao índice de 145% ao fim dos três meses de trégua. 

Análise do momento

Especialistas do mercado financeiro receberam muito bem o anúncio do hiato das tarifas recíprocas entre China e EUA. Contudo, economistas e analistas acreditam que o acordo deve ter efeitos ainda limitados para alavancar investimentos e o comércio internacional.

De acordo com o g1, especialistas dizem que a trégua não é uma questão definitiva e pode mudar ao fim dos 90 dias. 

Welber Barral, ex-secretário do comércio exterior e sócio-fundador da BMJ Consultores Associados, diz que “é um prazo relativamente curto”. Barral afirma que, por enquanto, não haverá grandes efeitos nos mercados ou nos negócios; é um período para que China e EUA tentem um acordo mais amplo, que envolva o acesso a mercados e outros temas, além da redução da tarifa propriamente dita. 

Para o diretor de investimentos da Azimut Brasil Wealth Management, Leonardo Monoli, a trégua é um teste decisivo para o futuro das relações comerciais entre China e EUA, enquanto o mercado observa os efeitos da decisão na economia do mercado internacional. 

Parece que evitaram o pior cenário, de fracasso nas negociações. Com isso, abrem um caminho para tentar algo positivo.

Leonardo Monoli

Efeitos imediatos da trégua

O mercado financeiro reagiu positivamente ao acordo entre Pequim e Washington e o dólar voltou a ganhar força. Os riscos da economia reduziram após análise dos investidores. 

Os títulos públicos dos EUA, as Treasuries, subiram com otimismo e houve valorização das commodities nas bolsas de valores ao redor do mundo.

André Valério, economista sênior do Inter, avalia que “é um acordo ainda recheado de detalhes a serem explicados, mas já é um avanço considerável e os mercados se mostram bastante aliviados desde o anúncio”

Como a trégua diminui as incertezas acerca do crescimento da economia global, os riscos de uma recessão e de uma estagflação (inflação alta e crescimento econômico baixo) diminuíram bastante. Essa era uma das grandes preocupações do banco central dos EUA (Fed) na última decisão sobre os juros. 

Ao g1, a analista de renda variável da Rico, Bruna Sene, afirma que “o movimento pode ser visto como uma correção do mercado, ajustando os excessos após reagir a uma desaceleração mais pronunciada do dólar”. Para ela, a recuperação da moeda ainda não significa uma retomada mais estrutural, o que leva à cautela dos investidores nas negociações. 

Os analistas ainda observam o desenrolar do acordo definitivo entre China e EUA. Qualquer desavença pode desestabilizar o mercado nos próximos três meses e provocar o aumento da volatilidade dos investimentos. 


Impacto da guerra comercial no mercado de exportação brasileiro (Reprodução/YouTube/Band Jornalismo)

Segundo Hudson Bessa, economista e professor da Fipecafi, o anúncio do acordo melhorou o humor dos empresários e do mercado, mas isso não significa um aumento dos investimentos ou de compras internacionais a longo prazo. 

Do lado da China

De acordo com a InfoMoney, os futuros contratos de minério de ferro atingiram uma máxima em mais de cinco semanas nesta quarta-feira, graças ao acordo entre China e EUA para reduzir as tarifas. A ação aumentou as esperanças de uma solução mais definitiva para a disputa comercial. 

O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE), da China, fechou o dia com alta de 2,43%, a 737 iuanes (US$ 102,16) a tonelada, o maior valor desde 7 de abril. 

O minério de ferro de referência para junho na Bolsa de Singapura subiu 2,3% para US$101,8 a tonelada, o maior valor desde 3 de abril. 

Brasil e China emitem declaração em acordo com proposta de Putin

Nesta terça-feira (13), foi emitida uma declaração conjunta, entre os governos do Brasil e da China. Isso ocorreu após uma reunião entre o presidente Lula e Xi Jinping, presidente chinês, em Pequim, com o objetivo de discutir sobre a proposta de Putin sobre manter uma comunicação mais direta com Kiev. Os dois países concordaram com a proposta do governo russo.

A reunião entre Brasil e China

O governo do Brasil, juntamente com o governo da China, emitiram um documento com uma declaração onde eles se posicionam sobre uma declaração do presidente da Rússia, Vladimir Putin, em relação à Guerra da Ucrânia, nesta terça-feira(13). Putin disse que queria manter uma comunicação mais transparente e direta com Kiev.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente da China, Xi Jinping, se reuniram em Pequim, para discutir sobre as palavras de Putin, as quais ambos os políticos concordam. Além de emitir a declaração, os presidentes fizeram depoimentos sobre o assunto.


Lula e Xi Jinping se cumprimentando durante cerimônia de assinatura (Foto: reprodução/Tingshu Wang – Pool/Getty Images Embed)


Superar a insensatez dos conflitos armados também é pré-condição para o desenvolvimento. Os ‘Entendimentos Comuns entre o Brasil e a China para uma Resolução Política para a Crise na Ucrânia’ oferecem base para um diálogo abrangente que permita o retorno da paz à Europa”, declarou Lula, que também citou uma proposta do Brasil e China, divulgada no ano passado.

Os presidentes afirmaram que desejam que a situação se resolva o mais rápido possível e que se tenha uma boa resposta e cooperação da Ucrânia e de Volodymyr Zelensky.

A declaração conjunta Brasil-China

A declaração foi divulgada nesta terça-feira (13), e possui 5 pontos chave sobre a visão do Brasil e da China, sobre o comunicado de Putin.


Lula e Xi Jinping sendo recebidos por apoiadores (Foto: reprodução/TINGSHU WANG/POOL/AFP/Getty Images Embed)


Esses pontos são:

  1. O Brasil e a China acolhem a proposta feita pelo presidente Vladimir Putin no dia 10 de maio de abrir negociações para a paz, bem como a manifestação positiva de Volodymyr Zelensky no mesmo sentido.
  2. Os governos do Brasil e da China esperam que se inicie, no menor prazo possível, um diálogo direto entre as partes, única forma de pôr fim ao conflito.
  3. O Brasil e a China avaliam positivamente os recentes sinais de disposição ao diálogo e manifestam sua expectativa de que as partes possam alcançar um entendimento que viabilize o início de negociações frutíferas, que contemplem as preocupações legítimas de todas as partes. Eles consideram necessário encontrar uma solução política para a crise na Ucrânia em suas raízes com vistas a um acordo de paz duradouro e justo, que seja vinculante para todas as partes no final.
  4. Comprometidos com esse objetivo, em maio de 2024 o Brasil e a China conclamaram todas as partes a criar condições para a retomada do diálogo e, em setembro, lançaram nas Nações Unidas o Grupo de Amigos da Paz, que congrega países do Sul Global.
  5. O Brasil e a China seguem à disposição, junto com o Sul Global, para continuar apoiando os esforços para pôr fim ao conflito.

Esses pontos expõem a visam das duas nações sobre a declaração de Putin e visam auxiliar nesta possível resolução do conflito.

EUA e China fazem acordo para reduzir tarifas por 90 dias

Após meses de tensões comerciais, os Estados Unidos e a China chegaram a um acordo temporário para aliviar as tarifas que vinham impondo um ao outro. As negociações ocorreram durante o fim de semana em Genebra, na Suíça, e resultaram em uma redução significativa das tarifas recíprocas por um período de 90 dias. O objetivo é criar um ambiente mais favorável para futuras tratativas comerciais entre os dois países.

Sobre a possível trégua

De acordo com o que foi divulgado, os Estados Unidos vão diminuir suas tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%. A China, por sua vez, reduzirá suas taxas sobre mercadorias americanas de 125% para 10%. A medida deve entrar em vigor até quarta-feira (14), mas ainda sem uma data exata anunciada. O acordo é visto como uma tentativa de evitar um colapso comercial e restaurar parte da confiança mútua.


Presidente chinês Xi Jinping (reprodução/x/@g1)

Mesmo com a trégua, as negociações ainda não abordam temas setoriais específicos. Os Estados Unidos continuam a revisar suas cadeias de suprimento em áreas consideradas estratégicas, como saúde, tecnologia e indústria pesada. A expectativa é que representantes dos dois países voltem a se reunir em breve para discutir um acordo mais amplo e detalhado.

Existe um prazo para volta das tarifas

O presidente americano afirmou que não acredita em uma volta às tarifas mais altas após o prazo de 90 dias e demonstrou otimismo em relação a um entendimento duradouro com a China. Ele também mencionou que o mercado chinês deverá se abrir ainda mais para os produtos americanos, embora esse processo leve tempo para ser formalizado.

A reação do mercado internacional foi imediata. As bolsas asiáticas e americanas registraram altas expressivas, impulsionadas pela perspectiva de melhora nas relações comerciais. O dólar se valorizou frente a outras moedas, e o yuan atingiu seu maior patamar em seis meses. Analistas ficaram surpresos com a magnitude das reduções tarifárias, que superaram as previsões iniciais.

A guerra comercial entre os dois países vinha se intensificando desde abril, com aumentos sucessivos de tarifas de ambos os lados. A trégua, embora temporária, representa um avanço importante nas negociações e indica a possibilidade de um entendimento mais estável no futuro.