Nova Lei dos Estrangeiros entra em vigor em Portugal

Nesta quinta-feira, dia 23 de outubro, a nova Lei dos Estrangeiros entrou em vigor em Portugal. A lei foi aprovada pelo Parlamento Português em setembro, promulgada no dia 16 de outubro e entrou no Diário da República (o Diário Oficial português) na última quarta-feira, dia 22 de outubro. A nova Lei dos Estrangeiros fará com que as regras de imigração se tornem mais rígidas, e poderá impactar de forma direta os brasileiros que estão em Portugal. 

O que muda

As principais mudanças na Lei dos Estrangeiros são em relação à entrada temporária, vistos para familiares e vistos de trabalho. Antes, era possível entrar em Portugal usando o visto de turista – isto é, o carimbo no passaporte dado quando se entra em um país do Espaço Schengen, que permite a estadia de até 90 dias (três meses) no território – e depois pedir a regularização de imigrante. Esse ato já tinha sido limitado em 2024; com a nova Lei dos Estrangeiros, ele foi proibido. 


 

Explicação da nova Lei dos Estrangeiros (Vídeo:reprodução/Instagram/@portalg1)

As normas para os vistos para familiares e os vistos de trabalho também receberam mudanças. Para as famílias, os pedidos de reunião familiar só poderão ser feitos após dois anos de habitação legal em Portugal; os casais em união estável que não possuem filhos poderão fazer o pedido de reunião depois de 15 meses em Portugal, mediante à comprovação de terem morado juntos por um ano e meio (18 meses) antes da entrada no país português. Os vistos de trabalho para a procura de trabalho em Portugal só poderão ser solicitados por pessoas que são muito qualificadas.

Os pedidos de cidadania

As regras para fazer o pedido de cidadania também irão mudar. O anúncio de mudança do período em que um imigrante deve viver, em situação regular, em Portugal já aconteceu, e as novas normas para o pedido da cidadania irão se tornar uma lei nova. O governo português anunciou que para imigrantes que são da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) pedirem a cidadania, eles deverão morar sete anos em Portugal – um aumento de dois anos em relação à lei antiga. Para pessoas estrangeiras de outros países, o período é dez anos. 

Trump recorre à Suprema Corte e tenta alterar cidadania por nascimento nos EUA

O governo do presidente Donald Trump levou à Suprema Corte dos Estados Unidos um pedido para revisar a regra da cidadania por nascimento. A solicitação foi feita na sexta-feira (26) e busca dar validade a um decreto assinado em sua gestão.

Atualmente, a 14ª Emenda da Constituição garante que qualquer pessoa nascida em solo americano seja considerada cidadã, mesmo que os pais não tenham documentação regular. Esse entendimento existe há mais de cem anos, mas o governo Trump alega que a interpretação é incorreta e que a regra traz prejuízos ao país.

Questionamentos sobre a 14ª Emenda

No documento enviado ao tribunal, o procurador-geral D. John Sauer afirmou que decisões de instâncias inferiores derrubaram uma medida considerada essencial pela administração Trump, especialmente no controle de fronteiras. Para o governo, manter a cidadania automática significa conceder um direito que, segundo eles, não teria respaldo legal.

O recurso argumenta ainda que a atual interpretação beneficia milhares de pessoas que, de acordo com a visão da gestão Trump, não se enquadrariam nas condições para serem cidadãs americanas. Apesar de já estar em circulação, o material ainda não foi oficialmente protocolado pela Suprema Corte, segundo informações da CNN.

Esse posicionamento contrasta com o entendimento jurídico consolidado nos Estados Unidos desde o fim do século XIX, que considera a 14ª Emenda clara quanto ao direito de nacionalidade. Por isso, a tentativa do governo Trump representa um desafio direto a uma das bases do sistema constitucional do país.

Decisões recentes e novos processos

Esse debate não é inédito. Em junho, a Suprema Corte analisou um processo relacionado ao tema, mas, naquela ocasião, a discussão se concentrou nos limites do poder de tribunais inferiores de suspender medidas presidenciais. O resultado foi de seis votos a favor e três contrários, restringindo, mas não eliminando, a capacidade de barrar políticas desse tipo.


Donald Trump em coletiva de imprensa (Foto: Reprodução/Leon Neal/Getty Images Embed)


A partir dessa decisão, estados e grupos de cidadãos passaram a mover novas ações contra o decreto de Trump, incluindo processos coletivos. Na prática, esses questionamentos jurídicos mantiveram a medida suspensa, impedindo que fosse aplicada de maneira efetiva.

Agora, o pedido apresentado pelo governo busca que a Suprema Corte dê uma resposta definitiva. Caso aceite julgar o mérito, o tribunal terá de decidir se a cidadania por nascimento continuará assegurada pela Constituição ou se a interpretação poderá ser modificada para permitir mudanças na regra. Essa decisão tem potencial de encerrar uma disputa que se arrasta há anos no Judiciário americano.

Cidadania portuguesa para brasileiros tem aumento de 70% no mês

O interesse pelo reconhecimento da cidadania portuguesa para brasileiros aumenta a cada ano. Agora, com as mudanças recentes feitas pelo governo da Itália na cidadania italiana, o senso de urgência gerado pelo medo de mudanças na legislação de outros países europeus também impactou os descendentes lusitanos. Somente no último mês, verificou-se um aumento de 70% na busca pela cidadania portuguesa. 

Disparo na busca pela cidadania portuguesa nos últimos anos 

Conforme informado pelo Ministério da Justiça de Portugal, mais de 1,4 milhão de pessoas solicitaram a cidadania portuguesa entre os anos de 2019 e 2025. O aumento representa um crescimento de mais de 350% nos últimos cinco anos. Somente nos primeiros quatro meses de 2024, mais de 63 mil pedidos de cidadania foram registrados, de acordo com o Instituto dos Registos e do Notariado (IRN)

Busca atual reflete medo por aumento nas burocracias do processo 

No último mês, muitos brasileiros com ascendência portuguesa têm acelerado seus processos de cidadania com receio de possíveis alterações na legislação, como já ocorreu com a cidadania italiana. A tendência mostra que, diante de um cenário europeu incerto, famílias estão antecipando a entrada com pedidos para garantir seus direitos antes de eventuais mudanças burocráticas que possam dificultar ou encarecer o reconhecimento. 
 
Exemplos recentes reforçam essa preocupação. Na Espanha, por exemplo, já existem discussões no parlamento sobre possíveis revisões na chamada “Lei da Memória Democrática”, que tem permitido a netos de espanhóis solicitarem a cidadania. 
 
Em países como Alemanha e França, os critérios de elegibilidade para descendentes também vêm passando por ajustes nos últimos anos. Esses precedentes têm gerado apreensão entre descendentes portugueses, que temem mudanças similares em Portugal. 
 
Na Porto Cidadania Portuguesa, analisamos caso a caso, e acreditamos que o cenário atual é favorável para buscar a documentação necessária e iniciar o processo, se você é filho, neto ou cônjuge de português. É a hora ideal, considerando especialmente o tempo de análise dos pedidos e a sobrecarga nos órgãos responsáveis.

Plataforma lançada no final de 2024 vem para agilizar processos 

 Para tentar agilizar os processos de reconhecimento da cidadania portuguesa, o Instituto de Registros e Notariado (IRN) conta com uma nova ferramenta. Com ela, o instituto digitalizará as operações associadas aos processos de nacionalidade. Desde a entrada do pedido e dos respectivos documentos, análise e decisão final, tudo contará com o apoio da tecnologia. A estimativa é de reduzir 1h15 de atendimento de cada requerente. 
 
Outra facilidade da nova plataforma é a integração com o sistema de registro civil. Assim, o registro de nascimento é inscrito de forma automática com o despacho de concessão de nacionalidade.  

Por que solicitar o reconhecimento da cidadania portuguesa agora? 

Solicitar o reconhecimento da cidadania portuguesa agora pode ser uma decisão estratégica. Assim, o descendente tem mais chances de garantir os benefícios de ser cidadão europeu antes de possíveis mudanças legislativas entrarem em vigor. Quanto antes o pedido for iniciado, maiores as chances de concluir todo o trâmite dentro das regras atuais e com prazos mais previsíveis. 
 
Além disso, ter a cidadania portuguesa garante não apenas o direito de viver em Portugal, em qualquer país da União Europeia. Isso abre portas para educação de qualidade, oportunidades de carreira internacional, mobilidade facilitada e acesso a serviços públicos em diversos países europeus. 



Principais motivos para solicitar cidadania portuguesa agora: 

Evitar impactos de possíveis mudanças nas leis de nacionalidade; 
Antecipar-se ao aumento da fila de espera para análise dos processos; 
Garantir acesso à União Europeia enquanto as regras atuais estão vigentes; 
Aproveitar o cenário político português, ainda favorável aos descendentes; 
Ampliar oportunidades de trabalho, estudo e qualidade de vida na Europa. 
 
Entre em contato com a Porto Cidadania Portuguesa e dê entrada no seu pedido de reconhecimento da cidadania portuguesa.

 
 

Itália aprova lei que limita cidadania para brasileiros descendentes

A nova lei sobre cidadania italiana foi aprovada nesta terça-feira (20), na Câmara dos Deputados da Itália, em Roma, e passa a restringir o reconhecimento da cidadania por descendência para quem nasceu fora do país, como no caso de muitos brasileiros. A medida, que havia sido decretada no final de março, foi convertida em lei com votação de urgência e já está em vigor. A mudança foi feita, segundo o governo italiano, para conter o alto número de solicitações, consideradas um “fluxo descontrolado”.

Nova regra afeta descendentes de italianos no Brasil

A cidadania italiana, que antes podia ser transmitida sem limite de gerações, agora é limitada apenas a filhos e netos de cidadãos italianos. A exceção é válida para processos iniciados antes da publicação do decreto, em 28 de março, que não serão afetados. Ou seja, bisnetos, trinetos e gerações mais distantes poderão perder o direito ao reconhecimento.


Passaporte italiano (Foto: reprodução/Marco Palumbo/unsplash)

Nos consulados italianos, os agendamentos para novos pedidos de cidadania foram suspensos. A partir de agora, quem não iniciou o processo antes da mudança só poderá fazer o pedido por meio da Justiça italiana.

Ainda que a lei já esteja valendo, ela poderá ser judicializada. Especialistas preveem que o caso seja levado à Suprema Corte da Itália, já que o tema tem gerado grande debate entre parlamentares e a sociedade.

Impacto entre os brasileiros pode ser grande

O Brasil está entre os países mais afetados pela nova lei. Conforme o consulado da Itália no Rio de Janeiro, mais de 20 mil brasileiros tiveram a cidadania reconhecida só em 2023. A Embaixada da Itália informou que, entre 2023 e 2024, cerca de 38 mil reconhecimentos foram feitos, embora não tenha detalhado os números de cada ano.

Com base no princípio do jus sanguinis — o direito de sangue — a cidadania italiana vinha sendo solicitada por milhares de brasileiros descendentes de imigrantes, principalmente do Sul e sudeste do país. Agora, com a mudança na legislação, a busca pela cidadania italiana tende a ser dificultada para quem não possui laços diretos com cidadãos italianos.

Suprema Corte dos EUA analisa tentativa de Trump de restringir cidadania por nascimento

Nesta quinta-feira (15), a Suprema Corte dos Estados Unidos avalia um recurso do governo de Donald Trump que tenta derrubar decisões judiciais que suspenderam a aplicação de uma ordem executiva assinada pelo presidente. A medida visa restringir o direito à cidadania automática para crianças nascidas no país. A análise do caso reacende o debate sobre a 14ª Emenda da Constituição dos EUA, que garante esse direito há mais de 150 anos, e pode ter implicações significativas para milhares de famílias imigrantes no país.

Recursos gera controvérsias

A medida foi barrada por juízes federais em Maryland, Washington e Massachusetts, que consideraram a ação inconstitucional.

Com isso, a suspensão passou a valer em todo o território americano. O procurador-geral D. John Sauer defendeu o governo perante os ministros da Suprema Corte, argumentando que magistrados federais não deveriam ter poder para emitir liminares com alcance nacional.

Segundo Sauer, essas decisões causam desequilíbrio entre os poderes e impedem que o Executivo implemente políticas presidenciais. Ele chegou a comparar a frequência das liminares universais a um “tsunami” que comprometeria a separação dos poderes.

Organizações como CASA e ASAP, que contestam a medida, argumentam que limitar o alcance das decisões judiciais causaria desigualdade no reconhecimento da cidadania.

Para os grupos, o direito a ser cidadão dos EUA não deveria variar conforme o estado onde a criança nasce. Caso a liminar nacional seja derrubada, uma criança nascida em Nova Jersey teria direitos diferentes de outra nascida no Tennessee.


Suprema Corte dos Estados Unidos (Foto: reprodução/BackyardProduction/Freepik)

Ordem assinada por Trump

A ordem executiva, assinada por Trump no dia de sua posse, 20 de janeiro, determina que filhos de imigrantes nascidos nos Estados Unidos só sejam considerados cidadãos se pelo menos um dos pais for cidadão americano ou residente permanente legal (portador do “green card”).

Os opositores da medida alegam que ela viola a 14ª Emenda da Constituição dos EUA, em vigor há mais de 150 anos, que estabelece que qualquer pessoa nascida ou naturalizada no país, e sujeita à jurisdição americana, é cidadã dos Estados Unidos e do estado onde reside.

Estima-se que mais de 150 mil recém-nascidos poderiam deixar de ter a cidadania reconhecida anualmente, caso a medida fosse mantida.

Procuradores-gerais democratas de 22 estados, além de imigrantes grávidas e entidades defensoras dos direitos dos migrantes, também se posicionaram contra a ordem.

Durante seu mandato, Trump frequentemente criticou juízes que barravam suas políticas, especialmente na área de imigração. Em sua plataforma Truth Social, ele classificou esses magistrados como “juízes de esquerda radical” e afirmou que tais decisões colocam em risco o país e usurpam os poderes presidenciais.

Susana Vieira inicia processo para obter Green Card e viver nos EUA

A atriz Susana Vieira, de 82 anos, iniciou o processo para conquistar o Green Card, documento que garante residência permanente nos Estados Unidos. A decisão foi tomada visando ficar mais próxima do filho e do neto, que vivem no país. Mesmo com contrato vitalício com a TV Globo, a artista afirma que quer explorar novas possibilidades e priorizar a família.

Atriz reforça laços familiares e projeta nova fase

A mudança, segundo Susana, não significa um afastamento definitivo do Brasil. Sua carreira artística é considerada por ela como uma parte essencial da vida, mas, neste momento, o desejo de viver mais perto dos familiares tem falado mais alto. Com o apoio da empresa D4U Immigration, o processo para a obtenção do Green Card já foi iniciado.


Susana Vieira e família (Foto: reprodução/Instagram/@susanavieiraoficial)

Em declaração pública, a atriz demonstrou entusiasmo com os próximos passos: “Minha carreira artística no Brasil sempre foi e continuará sendo uma parte fundamental da minha vida, mas sinto que também é hora de priorizar mais tempo com minha família e explorar novas possibilidades”, afirmou. A decisão foi bem recebida pelos fãs nas redes sociais, onde Susana costuma compartilhar momentos pessoais e profissionais.

Green Card permite residência permanente nos EUA

O Green Card pode ser concedido por diferentes vias, como patrocínio familiar, contratação por empresa americana, pedidos de refúgio ou asilo, além da loteria de diversidade (Diversity Visa Lottery). Segundo a empresa que acompanha o caso, o processo exige paciência, mas oferece diversas oportunidades para quem deseja viver legalmente nos Estados Unidos.


Susana Vieira e seu filho Rodrigo Otávio (Foto: reprodução/Instagram/@susanavieiraoficial)


Susana revelou confiança na mudança e reforçou o desejo de ter liberdade para passar mais tempo com os familiares em Miami. A atriz é mãe de Rodrigo Otávio Vieira Cardoso, que trabalha como vice-presidente da Sony na cidade americana. O nome do filho já viralizou anteriormente nas redes por conta de uma entrevista divertida concedida por ela, em que mencionou o cargo do herdeiro com orgulho.

Apesar da nova etapa, a atriz reforça que o Brasil continuará sendo seu lar artístico. A decisão, segundo ela, não significa um adeus, mas sim um novo capítulo.

Justiça bloqueia ordem de Trump e mantém cidadania para filhos de imigrantes

Na tarde da última quinta-feira (23), a Justiça Federal dos Estados Unidos emitiu uma suspensão temporária para a ordem executiva de Donald Trump que visava revogar o direito à cidadania automática para filhos de imigrantes ilegais e de turistas nascidos nos Estados Unidos, que constituia uma de suas medidas mais controversas e suscitou um intenso temporal de críticas e um major capítulo no debate em torno da imigração e dos direitos humanos nos Estados Unidos

A ordem de Trump

Assim que tomou posse para seu segundo mandato em 2025, Trump estava determinado a dar um novo ímpeto à sua agenda de combate à imigração irregular e determinou a edição de uma série de ordens executivas mudando as bases de funcionamento do sistema legal americano, dentre as quais estava àquela que revogava a cidadania americana para crianças nascidas nos Estados Unidos de pais ilegais ou pais temporários, que fossem turistas ou estudantes com um visto limitado.

A proposta não era apenas simbólica e, caso fosse colocada em prática, ela atingiria qualquer criança nascida depois do dia 19 de fevereiro de 2025, subtraindo-lhes do nascimento as suas líneas fundamentais tais como o acesso à escola pública, programas sociais e o direito de ter um trabalho legal ao atingir a maioridade.

Reação da sociedade

A resposta à ordem executiva foi rápida e decidida. Grupos civis, organizações de direitos humanos e procuradores-gerais de 22 estados, com maior participação dos democratas, se juntaram para contestá-la judicialmente.

O principal argumento é que a ordem viola a 14ª Emenda da Constituição americana, que garante a cidadania de todas as pessoas nascidas em território nacional, independentemente da situação aproximada de seus pais.

Um dos momentos mais importantes desse conflito aconteceu em Seattle, na corte do juiz John Coughenour. Ele não apenas suspendeu a ordem de Trump, mas também criticou duramente sua constitucionalidade.

“Estou tendo dificuldade para compreender como isso poderia ser considerado legal. Esta ordem é flagrantemente inconstitucional”, afirmou o juiz, em um tom que refletiu a gravidade da situação.


Posse de Donald Trump (Foto: reprodução/Instagram/@realdonaldrump)

Impactos para brasileiros e outras comunidades

Entre os atingidos pela norma estariam milhares de brasileiros residentes nos Estados Unidos, seja ilegalmente ou com visto temporário.

Segundo dados de 2023 do Ministério das Relações Exteriores, mais de dois milhões de brasileiros vivem legalmente no país, no entanto, uma pesquisa do Pew Research Center estima que cerca de 230 mil brasileiros vivem ilegalmente, os quais seriam provavelmente os maiores afetados pelas consequências desta ordem.

Muitos destes imigrantes, incluindo as famílias que viajam aos EUA para dar à luz visando dar cidadania aos seus filhos, estão vivendo certo misto de alívio e preocupação.

“Eu vim para os Estados Unidos esperando um futuro melhor para minha filha. Saber que esse direito pode ser retirado é devastador”, declarou Ana, brasileira residindo em Miami, que deu à luz nos Estados Unidos recentemente.

O que é o direito de solo

Lus soli, ou direito do solo, é um princípio segundo o qual qualquer pessoa nascida em território estadunidense adquire automaticamente a cidadania dos Estados Unidos da América, isto é, independente da nacionalidade dos seus progenitores e independente da sua posição legal.

O direito do solo está consagrado na 14ª Emenda da Constituição dos EUA (1868), sendo um dos fundamentos do sistema de direitos humanos nos EUA. A ordem do presidente Trump teria limitado o direito do solo para as crianças de seus progenitores serem cidadãos dos EUA ou imigrantes permanentes legais.

Como será o futuro

Com a ordem temporariamente suspensa, o caso seguirá para instâncias superiores, e Trump já sinalizou que vai recorrer. Enquanto isso, a luta pela manutenção do direito de solo continua mobilizando ativistas, políticos e comunidades imigrantes.

“Estamos aqui para lutar pelo que é justo. Os Estados Unidos sempre foram um lugar de esperança e oportunidade. Não podemos permitir que isso mude”, afirmou Maria Gonzalez, uma ativista que lidera campanhas de conscientização em Nova Jersey.

Independentemente do resultado, no entanto, esta discussão é um poderoso lembrete de que a questão da imigração não é apenas uma questão política, mas uma história de vidas, sonhos e direitos humanos em risco.

Cada instância uma decisão é tomada por um juiz, a impactar famílias que conheceram os Estados Unidos como seu lar e que agora enfrentam um futuro incerto, no entanto, não necessariamente sem esperança.

Trump encerra opções para o “turismo de nascimento” utilizado por brasileiros nos EUA

A arquiteta brasileira Lavínia Naue, de 26 anos, está ansiosa para receber sua primeira filha, Lívia, que deve nascer no próximo dia 20 de fevereiro, nos Estados Unidos. Natural de Santa Catarina, a gaúcha fez uma longa viagem até a Flórida com um propósito claro: assegurar que sua filha retorne ao Brasil com um passaporte americano.

A gente gosta de morar no Brasil, mas queremos garantir que ela tenha dupla cidadania, para poder estudar nos EUA, ter mais portas abertas para ela e os filhos dela no futuro”, disse Lavínia.


Donald Trump (Foto: Reprodução/Instagram/@realdonaldtrump)


Turismo de nascimento

Lavínia integra um grupo crescente de famílias que optam por viajar até os Estados Unidos com o objetivo de participar do que é popularmente conhecido como “turismo de nascimento” ou “turismo de parto”. Essa prática se acentua pelo fato de que, nos Estados Unidos, qualquer bebê que nasce em solo americano automaticamente adquire a cidadania, independentemente da situação migratória de seus pais ou se a família se encontra no país com um visto temporário, como o visto de turismo.

Contudo, a recente decisão do recém-empossado presidente Donald Trump de acabar com essa possibilidade gerou uma onda de apreensão e desilusão entre muitas mães que alimentavam o desejo de garantir um futuro melhor para seus filhos.

Ordem executiva de Trump

No primeiro dia de sua presidência, em 20 de janeiro, Donald Trump assinou uma ordem executiva que acaba com o direito à cidadania automática para filhos de estrangeiros nascidos nos Estados Unidos. A nova regra afetará turistas, imigrantes indocumentados e aqueles com vistos temporários, como estudantes, e entrará em vigor em um mês, coincidentemente no dia previsto para o nascimento de Lívia, filha de Lavínia, na Flórida. Apesar da apreensão, Lavínia está confiante de que a medida será revertida na Justiça antes de sua implementação.

A família de Santa Catarina contratou a empresa “Ser Mamãe em Miami”, fundada pelo pediatra brasileiro Wladimir Lorentz, que atende cerca de 250 grávidas por ano, sendo a maioria brasileira. As clientes investem em média R$ 100 mil para garantir a cidadania americana para seus bebês. Lorentz, que já atendeu celebridades, tenta tranquilizar seus clientes, acreditando que a nova regra não será aplicada. Especialistas em imigração afirmam que, atualmente, o “turismo de nascimento” é legal, mas com a nova ordem, essa prática pode se tornar inviável. Os apoiadores de Trump argumentam que a cidadania automática incentiva a imigração ilegal, enquanto opositores defendem que é um direito constitucional num país de imigrantes.

Estados movem ação judicial contra ordem de Trump sobre cidadania

Pouco depois de assumir a presidência, Donald Trump emitiu uma ordem executiva que causou uma verdadeira tempestade política e judicial nos Estados Unidos. A medida, intitulada “Protegendo o Significado e o Valor da Cidadania Americana”, busca restringir a cidadania automática para filhos de imigrantes indocumentados ou com vistos temporários nascidos no país.

Com uma canetada, Trump reviveu um dos debates mais polêmicos da história americana: quem realmente pode ser considerado cidadão dos Estados Unidos?

A decisão não tardou a gerar reações. Governos estaduais, associações civis e cidadãos preocupados com os impactos desse decreto se uniram para lutar contra o que muitos chamam de ataque direto à Constituição.

A reação imediata: uma avalanche de processos

Na manhã seguinte à publicação do decreto, 18 estados, o Distrito de Colúmbia e a cidade de São Francisco ingressaram com ações judiciais para impedir a aplicação da ordem.

Procuradores-gerais estaduais, muitos filhos ou netos de imigrantes, se manifestaram veementemente contra a proposta, argumentando que ela é inconstitucional e viola os valores fundamentais da democracia americana.

Matthew Platkin, procurador-geral de Nova Jersey, foi um dos primeiros a se pronunciar:
“Presidentes têm poder, mas não são reis. A Constituição é clara: qualquer pessoa nascida em solo americano é cidadã deste país. Não permitiremos que Trump reescreva a história e prive centenas de milhares de crianças de seu direito à cidadania.”

William Tong, procurador-geral de Connecticut e filho de imigrantes chineses, fez um relato emocional durante uma coletiva de imprensa. “A 14ª Emenda não é ambígua. Ela é a garantia de que os Estados Unidos são uma terra de oportunidades. Eu mesmo sou um cidadão americano por direito de nascimento, e não vou assistir calado enquanto tentam apagar essa conquista de tantas famílias como a minha”, declarou.

O que a medida propõe

O decreto executivo busca reinterpretar a Cláusula de Cidadania da 14ª Emenda, que desde 1868 garante que todas as pessoas nascidas nos Estados Unidos sejam reconhecidas como cidadãs, independentemente do status imigratório de seus pais. Segundo a ordem, a cidadania não será mais automática em duas situações específicas:

  1. Quando a mãe da criança está nos Estados Unidos de forma irregular e o pai não é cidadão americano nem residente permanente legal.
  2. Quando a mãe está nos EUA com um visto temporário (como de estudante, turista ou trabalho) e o pai também não é cidadão ou residente permanente.

A regra se aplica apenas a crianças nascidas a partir de 30 dias após a emissão do decreto, ou seja, a partir de 19 de fevereiro de 2025.


A polêmica em torno da 14ª emenda e o futuro de crianças nascidas nos EUA (Vídeo: reprodução/YouTube/Metrópoles)

Uma geração sem direitos

Se mantida, a ordem de Trump pode afetar mais de 150 mil crianças que nascem anualmente nos Estados Unidos nessas condições. Na prática, essas crianças seriam privadas não apenas de um documento de cidadania, mas também de direitos fundamentais, como acesso à educação, saúde e oportunidades de emprego no futuro.

Para as organizações de direitos civis, como a ACLU (American Civil Liberties Union), a medida cria uma subclasse de pessoas nascidas nos EUA, mas tratadas como estrangeiras em sua própria terra.

“Negar cidadania a recém-nascidos não é apenas inconstitucional; é desumano. Isso contraria os valores que tornaram os Estados Unidos uma nação forte e diversa”, declarou Ant.

A Cláusula de Cidadania da 14ª Emenda foi criada na esteira da Guerra Civil Americana como parte do esforço para garantir direitos aos afro-americanos libertados da escravidão. Antes disso, decisões como Dred Scott v. Sandford negaram cidadania para americanos afrodescendentes.

O que a 14ª Emenda fez foi corrigir essas injustiças históricas e reafirmar que o lugar de nascimento determina o pertencimento à nação.

Desde então, a cidadania ao abrigo do jus soli tem sido defendida por juristas e confirmada pela Suprema Corte em vários precedentes, um dos quais é Wong Kim Ark, em 1898, filho de imigrantes chineses, que lutou para garantir a cidadania ao abrigo do jus soli, apesar de seus pais não serem cidadãos americanos.

Especialistas afirmam que a tentativa de Trump de reinterpretar a 14ª Emenda ignora não apenas essa história, mas também os valores centrais da sociedade americana.

“O princípio do jus soli – cidadania pelo local de nascimento – não é apenas uma cláusula jurídica, é o nosso compromisso moral, de todos, com a igualdade e a inclusão”, observou um recente documento do American Immigration Council.

Outros ataques aos direitos civis

A polêmica ordem de Trump é apenas uma das várias medidas anunciadas em seus primeiros dias de governo. Outra proposta controversa envolve a criação do Departamento de Eficiência Governamental, liderado por Elon Musk, e mudanças que enfraquecem proteções trabalhistas para servidores públicos. Para críticos, essas medidas representam uma agenda agressiva e autoritária, destinada a concentrar poder no Executivo.

O decreto de Trump já enfrenta desafios legais e é quase certo que o caso chegue à Suprema Corte, onde os juízes decidirão se a medida pode ou não entrar em vigor. Até lá, a luta judicial promete ser intensa, com mobilizações de estados, organizações de direitos civis e cidadãos.

Para muitas famílias de imigrantes, esta batalha é pessoal. É uma luta não apenas por documentos, mas pela dignidade e pela garantia de que seus filhos terão o mesmo direito de sonhar e prosperar que gerações anteriores tiveram. “Estamos defendendo não apenas nossos filhos, mas o futuro deste país”, disse uma mãe de origem mexicana em um protesto realizado em Nova York.

Enquanto o debate segue nos tribunais e nas ruas, uma coisa é clara: a questão da cidadania por nascimento vai além da política. É uma conversa sobre o que significa ser americano, e sobre o compromisso com os valores de igualdade, inclusão e justiça que moldaram os Estados Unidos.

Donald Trump afirma que pretende acabar com a cidadania dos nascidos nos Estados Unidos

No domingo, dia 8 de dezembro, Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, reforçou que pretende cumprir uma promessa feita desde seu mandato anterior: acabar com o direito de cidadania para crianças que nascem dentro do território americano. Ele também afirmou que essa medida faz parte dos planos para o primeiro dia de mandato. Caso cumprida, a ordem pode enfrentar resistência judicial e no congresso. A ideia faz parte dos planos anti-imigração defendidos por Donald Trump desde a campanha para o primeiro mandato, juntando-se aos planos de reforçar a fronteira do país com o México, pela construção de um muro.

O que há por trás da ideia

Ao defender a ideia, Donald Trump afirmou os Estados Unidos são o único país que concede a cidadania para nascidos dentro do território, independentemente da origem. Especialistas contrariaram a afirmação indicando que outros países aplicam o mesmo direito, incluindo o Brasil. A afirmação de Trump foi realizada em uma entrevista à rede NBC no domingo (8).


Donald Trump pretende seguir com medidas anti-imigração, prometidas para o primeiro mandato. (Foto: reprodução/ X/ @BlogdoBG)

Trump referiu-se aos nascidos com o direito à cidadania, como “bebês-âncora”, pois aos 21 anos é possível que o cidadão americano por nascimento possa estender o direito à cidadania também aos pais.

A prática é comumente utilizada por pessoas que procuraram entrar nos Estados Unidos, partindo de países menos desenvolvidos, chegando a gastar cifras em torno de 200 mil reais, para que seja possível dar à luz no território dos Estados Unidos. A medida pode chegar a dobrar o número de pessoas vivendo ilegalmente nos Estados Unidos até 2050, aponta o Migration Policy Institute.

Possíveis desdobramentos

Os planos de Donald Trump podem enfrentar resistência ou até mesmo não serem concretizados. A medida, de acordo com especialistas, pode ser barrada na 14ª Emenda da Constituição Americana. A emenda assegura o direito à cidadania aos nascidos em solo americano. A emenda não pode ser alterada por uma ordem executiva presidencial.