Surto de dengue atinge o Rio de Janeiro: órgãos de saúde registram 2 mil casos em 24h

O Rio de Janeiro, atualmente, enfrenta uma séria crise de saúde pública, com números alarmantes de casos de dengue registrados nas últimas 24 horas, prevendo dificuldades crescentes aos órgãos de saúde pelos próximos dias. A Secretaria Municipal de Saúde divulgou registros indicando um aumento vertiginoso de 2 mil novos casos da doença, totalizando 56.928 casos apenas neste ano.

A preocupação se estende para além dos limites da cidade, abrangendo todo o estado do Rio de Janeiro. As estatísticas mais recentes indicam que o estado já soma quase 108 mil casos de dengue em 2024.

A situação se agrava com as trágicas consequências da doença, tendo sido confirmadas 26 mortes causadas pela dengue até o momento. Um dado particularmente alarmante é que o número de óbitos praticamente dobrou em apenas uma semana.


Centro Municipal Raphael de Paula Souza atende pacientes com dengue (Foto: reprodução/Fabio Rossi)

Casos de óbito por dengue

O aumento repentino de óbitos está ligado a casos que estavam represados, aguardando análise da Comissão de Investigação de Óbitos de Dengue, responsável por verificar as informações fornecidas pelos 92 municípios.

A dispersão geográfica das fatalidades é evidente, afetando 16 cidades do estado. Rio, Volta Redonda e Resende emergem como as mais impactadas, cada uma registrando 4 mortes relacionadas à dengue. Outras 72 mortes estão sob investigação, aumentando a incerteza quanto ao real impacto da epidemia.

Alerta das autoridades

O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, alerta a população sobre a gravidade do cenário, enfatizando a importância do diagnóstico precoce.

“Qualquer pessoa que tenha sintomas de dengue, febre, dor no corpo, dor atrás dos olhos, deve procurar um polo de atendimento ou uma unidade de saúde para fazer o diagnóstico”

Daniel Soranz

Ele ressalta, ainda, que o tratamento precoce, aliado a uma boa hidratação, pode ser crucial para evitar complicações e o agravamento da doença.

Diante do cenário crítico, as autoridades de saúde reforçam alertas quanto à conscientização e cuidados preventivos para com a população, alertando sobre possíveis focos e meios eficazes de conter o avanço da doença.

Dengue: evolução do agente transmissor revela adaptação a condições desfavoráveis 

Desde que se deu início aos surtos de dengue no país, especialistas buscam explicações sobre quais seriam os motivos para chegarmos nesta nova onda. Nesse contexto, uma das explicações é a capacidade de adaptação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, a ambientes, até então, considerados inóspitos.  

Há tempos o Aedes vem se adequando ao ambiente urbano. Aos poucos, o mosquito foi se acostumando e se adaptando até a regiões que antes não tinha condições favoráveis à presença da espécie” 

Sérgio Luz, pesquisador da Fiocruz Amazônia, para o G1

Dessa forma, para os especialistas, o aumento do número de casos da doença no Brasil está relacionado às mudanças de comportamento por parte do mosquito transmissor. Para a professor de epistemologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, Maria Anice Mureb Sallum, o Aedes aegypti possui capacidade de adaptação juntamente a atuação do ser humano. “O mosquito evoluiu junto com o homem urbano. Ele foi se adaptando aos ambientes criados pelo homem de maneira muito efetiva”, afirma, também para o G1.


Agente descarta focos do mosquito Aedes aegypti no Distrito Federal. (Foto: reprodução/Gabriel Jabur/Agência Brasília)

Adaptações do mosquito

Especialistas pontuam principalmente três adaptações do Aedes aegypti que poderiam explicar o aumento do número de casos de dengue no país, são elas: a ampliação do período de circulação do mosquito, a ocupação de ambientes com clima que anteriormente eram considerados inóspitos à espécie e a capacidade de se reproduzir em água contaminada .

Sobre a ampliação do período de circulação do mosquito, anteriormente, havia uma preferência do agente transmissor pelo calor e pela luminosidade, por isso era muito comum ouvir que o mosquito só circulava durante o dia. No entanto, seu processo evolutivo permitiu que a transmissão também ocorresse à noite. Além disso, de acordo com os especialistas, o aquecimento global e a utilização de luminosidade artificial contribuíram para a adaptação da espécie. 

Não é mais aquele mosquito que pica só durante o dia. Ele se adaptou às diferenças climáticas e agora circula também em outros horários”, explica Sérgio Luz.

O fator das mudanças climáticas também contribui para a presença do mosquito em ambientes com clima que anteriormente eram considerados inóspitos à espécie. Isso porque, locais em que possuíam clima desfavorável à transmissão do mosquito ficaram mais quentes e passaram a ser favoráveis à presença do agente transmissor da dengue.

Com as alterações no clima e o aumento do período de dias mais quentes, há a presença do mosquito em áreas que antes não tinham condições ecológicas adequadas para o estabelecimento da espécie“, explica Maria Anice.

O agente transmissor da dengue também adquiriu capacidade de se reproduzir em água contaminada, o que não acontecia anteriormente, visto que a fêmea do Aedes aegypti somente colocava ovos em água limpa. Com a adaptação, já são identificados criadouros instalados em água contaminada por matéria orgânica e também em água salobra. 

Minas Gerais é o estado com maior de casos da doença

Até o fechamento desta reportagem, Minas Gerais é o estado que possui mais casos de dengue no país. Segundo o levantamento do Ministério da Saúde, são 179.334 casos confirmados da doença, 127 óbitos e 354 mortes em investigação.

No entanto, a disparidade entre os números apresentados pelo governo federal e pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais revelam uma situação problemática. De acordo com os dados apresentados pelo governo estadual, são 152.440 casos confirmados, 49 óbitos e 270 mortes em investigação. Em comparação, a discrepância entre os números apresentados é de 26.894 em casos confirmados, 78 óbitos, além de 84 mortes em investigação.

Descubra os remédios que precisam ser evitados durante a dengue

Com o Brasil vivenciando um aumento significativo de casos de dengue, é notório que, ao final de alguns comerciais de medicamentos, uma mensagem rápida é reproduzida, alertando sobre a contraindicação do medicamento em caso de suspeita da doença.

No país, onde a incidência da dengue está em alta, é crucial compreender quais medicamentos devem ser evitados durante a infecção. A doença apresenta duas formas distintas: a clássica e a hemorrágica. Os sintomas mais comuns incluem febre alta repentina, dores musculares, dor de cabeça e prostração. Entretanto, em casos mais graves, cerca de um em cada 20, a dengue pode evoluir para sua forma hemorrágica.

Na dengue hemorrágica, os sintomas se intensificam, incluindo dor abdominal intensa, sangramento nas gengivas ou nariz, vômito persistente – às vezes com sangue – e presença de sangue nas fezes.


Para saber qual remédio deve-se tomar, é preciso consultar um médico (Foto: reprodução/Freepik)

Quais remédios precisam ser evitados

De acordo com a doutora Ana Elisa Gonçalves, especialista em Ciências Farmacêuticas, os medicamentos como ibuprofeno, cetoprofeno, ácido acetilsalicílico (aspirina), naproxeno, piroxicam, diclofenaco, nimesulida e indometacina, pertencentes à classe dos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), devem ser evitados durante a dengue. Estes medicamentos podem ampliar o risco de sangramento durante uma infecção viral.

Esses medicamentos interferem no funcionamento das plaquetas, células responsáveis pela coagulação sanguínea, aumentando o risco de hemorragia durante a dengue. Além disso, corticoides e anticoagulantes também são contraindicados.

Dipirona para pessoas com dengue

Durante a dengue, recomenda-se o uso de analgésicos como dipirona e paracetamol, que não interferem no risco de sangramento. No entanto, a dipirona deve ser usada com orientação médica, pois doses elevadas podem afetar o fígado, órgão já comprometido durante a infecção.

Vacinação contra a dengue

O Brasil enfrenta uma alta expressiva nos casos de dengue, com 243.720 casos registrados nas primeiras quatro semanas de 2024, representando um aumento de 273%. Diante desse cenário, a vacinação torna-se uma estratégia crucial. O Ministério da Saúde anunciou que 521 cidades receberão a vacina Qdenga, da Takeda, para a campanha de 2024. A vacina demonstrou uma eficácia geral de 80,2% na prevenção da doença.

Após 31 óbitos, São Paulo decreta estado de emergência contra a dengue

Na manhã desta terça-feira (05) o estado de São Paulo teve, por meio do decreto, estado de emergência para a dengue confirmado. As informações e também a decisão foram tomadas pelo Centro de Operações de Emergências (COE), órgão coordenado pela Secretaria Estadual da Saúde. O Diário Oficial deve oficializar o decreto ainda nesta terça-feira. 

Conforme informações do painel de monitoramento da Secretaria de saúde de São Paulo, são 300 casos confirmados da doença para cada 100 mil habitantes. Regiane de Paula, coordenadora de Controle de Doenças do Estado de São Paulo, afirmou que o estado enfrenta uma epidemia. “A gente trabalhou com os dados do painel de monitoramento: 311 casos por 100 mil habitantes. A gente está em epidemia, segundo o que a OMS (Organização Mundial da Saúde) determina dos casos confirmados.” 

Sobre o decreto

Com o decreto, a autonomia dos gestores públicos para o combate à dengue aumenta, conseguindo dispor de recursos e destiná-los para o combate à doença com maior agilidade e sem a necessidade de licitação, assim como subsídio do Ministério da Saúde. O decreto, conforme o COE, ainda prevê uma distribuição de recursos do governo federal para estados e municípios. 

“O que muda agora com decreto é que a gente pode ter um pouco mais de agilidade para adquirir insumos, contratar pessoas, aumentar a nossa rede de atenção. E os municípios podem usar o nosso decreto como justificativa para decretar estado de emergência também nos seus municípios”, disse a secretária da Saúde em exercício, Priscilla Perdicaris. Ela também explicou a cerca da liberação de recursos por parte do governo federal para o combate à dengue e afirmou não saber a estimativa do valor global e que o recurso será limitado. 

O Governo ainda pretende aumentar o número de equipamentos fumacê – pulverizador de inseticida por meio de veículos, pulverizando ruas e áreas abertas públicas. Comum para contenção de epidemias arboviroses. Atualmente são cerca de 600 equipamentos de pulverização de inseticidas. Para seguir com o plano de ação supracitado é necessário aprovação do Ministério da Saúde, que já está em negociação. 

Em meio aos 645 municípios do estado de São Paulo, 22 já acataram o decreto e confirmaram estado de emergência: Bariri, Bertioga, Boracéia, Botucatu, Getulina, Guararema, Guaratinguetá, Jacareí, Jandira, Mairiporã, Marília, Mauá, Pederneiras, Pindamonhangaba, Registro, Santa Branca, São Manuel, Sorocaba, Suzano, Taubaté, Votorantim e Votuporanga.

Incidências de casos e mortes

A circulação dos sorotipos da dengue é monitorada pelo estado de São Paulo. Conforme a coordenadora de Controle de Doenças, a incidência é maior de dengue 1 e 2, a qual a taxa de positividade está em 40%. O aquecimento global e as chuvas constantes se tornaram a conjuntura perfeita para a proliferação do mosquito da dengue, assim como o aumento dos casos, isso de acordo com o diretor técnico do Instituto Butantã e também Membro do COE, Esper Georges Kallás. 

“Os casos continuam crescendo, a gente ainda não sabe quando será o pico. Não dá para dar a previsão exata (…). Como existem estados que estão em uma situação bem pior que São Paulo, a gente tem que se preparar”

Kallás

Entretanto, as mortes pela doença no estado continuam crescendo. 31 óbitos já eram confirmados nesta segunda-feira (4), conforme dados do painel de controle da doença da Secretaria Estadual de Saúde (SES). De acordo com os dados, outras 122 mortes estão sendo investigadas. Já o número de casos chegou a 138.259, 169 considerados em estado grave. 

21 municípios registraram óbitos entre 1° de janeiro e 4 de março (segunda-feira):

  1. Bebedouro: 1 morte
  2. Bariri: 2 mortes
  3. Bauru: 1 morte
  4. Pederneiras: 2 mortes
  5. Bragança Paulista: 1 morte
  6. Campinas: 1 morte
  7. São Paulo: 2 mortes
  8. Franca: 1 morte
  9. Restinga: 1 morte
  10. Marília: 3 mortes
  11. Guarulhos: 3 mortes
  12. Suzano: 1 morte
  13. Batatais: 1 morte
  14. Ribeirão Preto: 2 mortes
  15. Serrana: 1 morte
  16. Mauá: 1 morte
  17. Parisi: 1 morte
  18. Votuporanga: 1 morte
  19. Pindamonhangaba: 2 mortes
  20. Taubaté: 2 mortes
  21. Tremembé: 1 morte

Ministério da Saúde já disponibilizou doses de imunizantes contra a dengue para 500 municípios (reprodução/Freepik)

Imunização

Uma lista do Ministério da Saúde foi divulgada em 25 de janeiro com cerca dos 500 municípios que receberam a vacina contra a dengue. Primeiramente, o público alvo seriam jovens entre dez e 14 anos. 

Entre os municípios citados na lista, onze pertencem ao estado paulista Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema,Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano. A capital de São Paulo não foi incluída. A vacinação nos municípios da terra da garoa deu-se início a partir de 19 de fevereiro.

Redução de procura por vacina da dengue faz estados ampliarem público-alvo

Assim que o Brasil chegou ao número de um milhão de casos de dengue, em dois meses, estados afirmam que houve uma redução da busca de vacinas para a doença. Além disso, alguns estados não seguem a recomendação do Ministério da Saúde de implantar o cronograma de faixa etária para a vacinação e tentam ampliar o público alvo.

Descumprimento do cronograma de vacinas

Segundo apuração do O Globo, os estados do Acre, Mato Grosso do Sul e Goiás foram os que já disponibilizaram para os adolescentes de 14 anos a vacina da dengue, enquanto o Distrito Federal ainda analisa ampliar para o público de 12 anos. 

A ministra da saúde, Nísia Trindade, solicitou aos municípios dos estados, que anteciparam o cronograma, para que não continuem com a ação. Além disso, Nísia, afirmou que a estratégia do governo é manter com a restrição de idade para garantir a possibilidade de uma segunda dose. Durante entrevista, a ministra disse que as cidades que tomam decisões precipitadas e imediatas podem comprometer a vacinação de milhares de crianças e adolescentes. “Se cada município tomar uma decisão descoordenada, a gente pode deixar crianças e adolescentes sem proteção. Todas as nossas ações são decididas por um comitê técnico com especialistas e também há escassez de doses de vacina”, afirmou.


Frascos de vacinas Qdenga, aprovada pela Anvisa (foto: reprodução/ Rogério Vidmantas/ Prefeitura de Dourados/ Agência Brasil)

Estados que descumpriram o cronograma

No Acre, seis das 11 cidades já disponibilizavam vacinas para os adolescentes de 14 anos desde o dia 26 de fevereiro, uma semana após o início da campanha de vacinação. O Globo verificou a última atualização de vacinados da secretaria de saúde do Acre e foi constatado que 770 jovens entre 10 a 11 anos foram vacinados, sendo que a meta seguindo o cronograma seria de 17.810 crianças nessa idade.

Na última sexta-feira (1), 134 cidades de Goiás disponibilizaram vacinas para adolescentes de até 14 anos. O secretário estadual de saúde, Rasível dos Santos, justificou ampliar o público a ser vacinado por conta de uma baixa na procura para vacinar jovens entre 10 a 11 anos e afirmou que foi algo discutido com o Ministério da Saúde. 

A secretaria de saúde do Mato Grosso do Sul também explicou que elevar a idade para vacinar foi a estratégia adotada por causa da baixa procura de vacina da dengue. 

Rio de Janeiro tem primeiro caso confirmado de Febre Oropouche 

Nesta quinta-feira (29), a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) confirmou o primeiro registro no estado. Um homem de 42 anos residente do bairro Humaitá, zona sul carioca. Segundo o SES, o homem viajou recentemente para Amazonas e está sendo acompanhado por uma equipe de saúde e vigilância sanitária do Rio. 


Mosquitos da espécie Culicoides são menores que o Aedes aegypti (Foto: reprodução/Elena Goosen/istock/catraca livre)

Como se trata do primeiro caso isolado, a suspeita seria que o paciente tenha “importado” a doença, ou seja, contraiu a doença enquanto estava no Norte do País, já que na última terça-feira (27) o estado de Amazonas emitiu alerta epidemiológico para a febre, o estado já registrou quase 1.400 casos da doença somente este ano. Conforme o SES, o diagnóstico foi feito pelo Instituto Nacional de Infectologia Evando Chagas (INI), da Fiocruz através de exames laboratoriais reagentes a doença. 

Sintomas parecidos com dengue 

A Febre Oropouche tem como seu principal transmissor os mosquitos. Após picarem uma pessoa ou animal infectado, o mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, mantém o vírus da doença em seu sangue por um tempo e podem passar adiante picando uma pessoa saudável. Os sintomas da febre são bem parecidos com os da dengue e chikungunya, náuseas; dor muscular; dor de cabeça; nas articulações; tontura; dor atrás dos olhos e diarreia. Desta forma, para melhor diagnóstico, a pessoa deve informar sobre viagens recentes logo no primeiro atendimento, segundo secretária do estado de saúde, Cláudia Mello. 

O que é a Febre Oropouche 

A febre é causada por um arbovírus e podem ser transmitidos pelos animais como macacos e bichos-preguiças como pelos humanos além de ser transmitido pelo mosquito maruim, o Coquilletti diavenezuelensis, o Aedes serratus e o Culex quinquefasciatus conhecido como pernilongo ou muriçoca, podem eventualmente transmitir o vírus. A doença não possui tratamento específico, mas não é tão grave, em casos mais raros pode causar algumas complicações como meningite ou encefalite. O Ministério da Saúde recomenda repouso e acompanhamento médico para quem tiver a Febre e para prevenção é aconselhável a aplicação de repelentes no corpo e eliminar possíveis focos de mosquitos. 

São Paulo registra aumento de casos de dengue com 92 mil confirmações

São Paulo enfrenta surto de dengue em 2024, com mais de 92,6 mil casos confirmados até o momento, conforme dados divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde. O número representa o dobro do registrado no mesmo período do ano anterior, evidenciando um aumento alarmante da doença.

Apenas nos últimos 10 dias, o estado registrou mais de 41,4 mil casos. Além disso, foram confirmadas 17 mortes pela doença, enquanto outros 90 óbitos estão sob investigação.

Urgência na Distribuição da Vacina

De acordo com o G1, um óbito já foi confirmado, e outros 19 estão sendo investigados. A cidade concentra 21,6% dos casos registrados no estado. Apesar da gravidade da situação, São Paulo enfrenta dificuldades na distribuição da vacina contra a dengue.

Dos cerca de 500 municípios brasileiros inicialmente selecionados para receber as doses, apenas 11 estão no estado, excluindo a capital. Os municípios paulistas iniciaram a vacinação gradual contra a dengue a partir de 19 de fevereiro.


Governo do Estado de São Paulo se reuniu para definir próximas medidas de combate à dengue (foto: reprodução/governodoestadodesãopaulo)

Medidas preventivas

Para combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, é fundamental que a população adote medidas preventivas, como eliminar qualquer reservatório de água parada sem proteção, incluindo caixas d’água e piscinas, pequenos objetos como tampas de garrafa e vasos de planta.

Além disso, pneus velhos devem ser furados e guardados com cobertura, recipientes vazios entregues à limpeza pública, e vasos e baldes vazios devem ser colocados de boca para baixo. Medidas simples como essas ajudam a evitar a reprodução do mosquito e, consequentemente, a propagação da dengue.

Reconhecimento precoce dos sinais da dengue

O Ministério da Saúde destacou a importância do reconhecimento precoce dos sinais e sintomas da dengue, uma doença febril aguda que pode progredir para formas graves, resultando em complicações sérias e até mesmo óbito.

De acordo com as orientações do Ministério, qualquer pessoa que apresente febre súbita acompanhada por pelo menos duas das seguintes manifestações – dor de cabeça, prostração, dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos – deve buscar imediatamente atendimento médico.

Embora a maioria dos pacientes se recupere, a dengue pode evoluir para formas graves, especialmente em indivíduos com condições preexistentes, mulheres grávidas, lactentes, crianças (até 2 anos) e pessoas com mais de 65 anos, que estão em maior risco de complicações.

Patrícia Poeta relata ter ficado 15 dias hospitalizada após erro em diagnóstico de dengue

A apresentadora Patrícia Poeta usou o quadro “Bem Estar”, no programa “Encontro”, nesta quarta-feira (21), para compartilhar que já foi vítima de erro médico. Durante a participação de Valéria Almeida, jornalista que fica a frente do quadro do programa matinal, Patrícia, através das orientações de Valéria, relatou que por um erro de diagnóstico médico contraiu uma inflamação no fígado, em razão da má administração de remédio receitado. 

Os relatos da apresentadora

A atual apresentadora do “Encontro” com Patrícia Poeta – ex Encontro com Fátima Bernardes – recordou os momentos de sufoco que passou em virtude do diagnóstico incorreto:

“Eu passei por isso quando tive dengue há alguns anos. Procurei um médico enquanto visitava a minha família no Sul, mas na época não tinha muitos casos de dengue. Então, esse médico me diagnosticou com uma virose e pediu para eu tomar paracetamol de quatro em quatro horas”, contou Patrícia. 

Patrícia continua, e relata que, após retornar ao Rio de Janeiro e os sintomas persistirem, ela foi em busca de um segundo diagnóstico médico na cidade carioca e confirmou o erro do profissional sulista?

“Quando eu cheguei no Rio de Janeiro, na época eu morava lá, fui diagnosticada com dengue. No entanto, nessa altura, eu já estava com hepatite medicamentosa em função do remédio”, explicitou a apresentadora, tomando a atenção do público para seu relato. 

A apresentadora, de 47 anos, declarou que, em função do erro médico, ela enfrentou a doença de uma forma bem mais desagradável que o necessário. Ela conta que precisou lidar com a dengue por 15 dias no hospital, tomando pouco remédio, uma vez que seu fígado já estava afetado. Patrícia pontua que sentia dor. A apresentadora concluiu com um alerta: “isso realmente é algo muito importante”, enfatizou. 

Aumento nos casos de dengue 

O aumento dos casos de dengue é algo que vem preocupando o governo e especialistas, uma vez que a doença está entre as mais mapeadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que destaca seu potencial para se tornar uma epidemia global. Com aumento de 26,7% no número de casos com relação ao mesmo período do ano passado, a dengue já representa uma grande ameaça à saúde pública no estado de São Paulo. 


Aumento nos casos de dengue gera preocupação em especialistas (Foto: reprodução/Freepik)

Mais de dez mil casos da doença já foram confirmados no estado de São Paulo, até a terceira semana epidemiológica de 2024, dados confirmados pelo Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do estado de São Paulo. Sete mortes também foram confirmadas em 2024 até o dia 20 de janeiro.

Com consequências graves e até fatais, é recomendado atenção aos sintomas da doença: febre (39°c a 40°c), dor de cabeça, dores no corpo, dores nas articulações, dor atrás dos olhos, prostração, fraqueza, náuseas e vômitos e até mesmo hemorragias. Os sintomas podem não se manifestar por inteiro ou de forma cumulativa. Em caso de suspeita, a recomendação é sempre consulta médica imediata e jamais automedicação.

Dengue ultrapassa 650 mil casos no Brasil em 2024

Nesta segunda-feira (19), o Ministério da Saúde divulgou que já são mais de 653 mil casos de dengue no país, e ao menos 113 mortes confirmadas, com 438 óbitos adicionais em investigação. Os dados são do dia 1º de janeiro até 17 de fevereiro, e em relação com o mesmo período no ano passado, representam uma alta de quase 300%.

O que especialistas apontam como grave é que 2023 já foi um ano atipicamente alarmante, com um recorde histórico de 1.094 óbitos, e continuando uma tendência de crescimento iniciada em 2022. Caso esse ano continue com o número elevadíssimo de casos de dengue, o Ministério da Saúde projeta que o Brasil possa chegar até 4,2 milhões de casos até o fim do ano.

Para fins de comparação, o número total de casos no ano passado foi de aproximadamente 1,6 milhões. No entanto, tudo indica que o número de falecimentos decorrentes pode ser multiplicado por um fator igual ou até ainda maior, devido à superlotação nas unidades prestando serviços de saúde, como foi observado durante a pandemia da Covid-19 nos lugares mais gravemente afetados.


Tenda de atendimento para dengue no Distrito Federal (reprodução/O Globo/Brenno Carvalho)

Casos nos Estados

As diferentes unidades federativas estão sendo afetadas em graus distintos. Atualmente, maiores números de casos se concentram nos seguintes estados:

  • Minas Gerais (192 mil casos)
  • São Paulo (90 mil casos)
  • Distrito Federal (67 mil casos)
  • Paraná (58 mil casos)
  • Rio de Janeiro (41 mil casos)

Ainda de acordo com a análise do Ministério da Saúde, tão importante quanto o número de casos absolutos é o nível de incidência da doença. Nesse quesito, o Distrito Federal lidera com 2.405 casos por 100 mil habitantes, seguido de Minas Gerais, com 936 casos na mesma amostra. Ou seja, praticamente quase uma em cada cem pessoas em Minas Gerais registrou um caso de dengue.

Clima como agravante

A hipótese mais discutida entre especialistas atualmente é a de que o clima atual no país esteja agravando a situação da dengue, permitindo que o seu mosquito vetor, Aedes aegypti, se alastre por regiões que antes não ocupava.

Observamos expansão recente do vetor para áreas geográficas que não tinham o mosquito, como Rio Grande do Sul, ou até a cidade de São Paulo,” afirma Julio Croda, infectologista pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e professor da UFMS. “Quando você tem mais calor, o ciclo do mosquito diminui. Normalmente ele leva uns 10 dias para se desenvolver depois da eclosão do ovo. Quando faz mais calor, o ciclo é encurtado para até cinco dias.

Além disso, outros pesquisadores afirmam que os casos devem continuar aumentando no Brasil com a continuidade das chuvas. Ao todo, os sinais indicam que o fenômeno El Niño, responsável pelas ondas de calor ao fim do ano passado e ainda afetando este, pode ter agravado consideravelmente a epidemia de dengue de 2024, que deve registrar dados nunca antes vistos na história do país.

Saiba como identificar e prevenir a dengue em período de aumento de casos pelo Brasil

Os casos de dengue no Brasil estão atingindo números preocupantes, com o número ultrapassando a marca de meio milhão, e já tendo 75 mortes confirmadas pela doença. A melhor forma de combater a doença é a prevenção e o conhecimento dos sintomas.

Números preocupantes

De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, durante as seis primeiras semanas epidemiológicas do ano foram registrados um total de 512.353 casos. Esse número é alarmante quando comparado ao mesmo período do ano anterior, quando houve um número quatro vezes menor de casos.

A dengue tem duas formas bastante conhecidas: a clássica, mais comum entre os casos, e o tipo mais grave conhecido como dengue hemorrágica. Na forma clássica, o controle é mais fácil com tratamentos já amplamente conhecidos e distribuídos para alívio dos sintomas. Já na forma hemorrágica, requer intervenção médica imediata, monitoramento rigoroso e cuidados intensivos para prevenir casos potencialmente fatais.

Durante os primeiros dias, ambas as formas da doença se assemelham bastante, com a distinção dos sintomas começando a aparecer entre o terceiro e o sétimo dia, momento em que a febre diminui.

Uma possível dica de como identificar a forma mais grave da doença é quando o médico aperta o braço de uma pessoa com um torniquete e surgem pequenas manchas avermelhadas na pele, sendo este um possível sinal de hemorragia.

A hemorragia também pode se manifestar de outras formas, como sangramentos espontâneos na gengiva, boca, nariz, ouvidos ou intestino. Além disso, deve-se estar atento a outros sintomas, como dor abdominal intensa e contínua, náuseas e vômitos persistentes. A dengue hemorrágica é mais rara, mas se não tratada corretamente, pode ser fatal.

Prevenção pode ser a melhor arma

A principal e mais conhecida maneira de prevenir a transmissão da doença é evitar o acúmulo de água em locais como dentro de casa, no quintal, ou em qualquer recipiente com água, pois é nesses lugares onde a fêmea do mosquito deposita seus ovos.


Campanha de vacinação do Ministério da Saúde (reprodução/X/@minsaude)

Outra forma de prevenção é a vacina Qdenga, disponível atualmente no SUS, porém, até o momento, apenas em alguns municípios e apenas para crianças de dez a 14 anos. No entanto, ela pode ser encontrada para uma faixa etária mais ampla no sistema privado.

Usando essas formas de prevenção, é possível diminuir as suas chances e as chances das pessoas ao seu redor de contrair a doença.