O anúncio veio numa sexta à tarde, em Buenos Aires. A OpenAI e a Sur Energy assinaram uma carta de intenções que mudaria o mapa digital da América Latina. O primeiro Stargate do continente, um megadata center de até 500 MW e avaliado em US$ 25 bilhões, terá endereço na Argentina, marcando um passo gigante na infraestrutura digital da região.
O Brasil parecia o destino óbvio. Centros de inovação consolidados, startups maduras. Ainda assim, não foi escolhido. Custos altos de energia, processos burocráticos lentos e incentivos incertos pesaram contra.
Investimento bilionário e energia competitiva
A Sur Energy ficará à frente do projeto, e a OpenAI será a principal compradora da capacidade do centro. O Stargate Argentina coloca o país como hub digital e mostra que regras claras e previsibilidade contam muito. O RIGI, regime de incentivos fiscais, simplifica licenças, reduz impostos e garante estabilidade por até 30 anos.
OpenAI investe US$ 25 bilhões na região da Patagônia Argentina (Foto: reprodução/X/Argentina's Milei News @ArgMilei)
No Brasil, esse tipo de benefício é limitado e sujeito a mudanças, dificultando grandes investimentos. Além disso, a Argentina tem energia renovável abundante e barata, com contratos de longo prazo que mantêm um data center desse porte funcionando sem interrupções. O Brasil, em comparação, ainda lida com tarifas elevadas e uma matriz tributária complexa, o que encarece operações de grande escala.
Burocracia, oportunidade perdida e um espelho para o Brasil
Aqui, qualquer licença pode levar meses, e consultas públicas frequentemente se arrastam. A insegurança jurídica é rotina. Um ex-consultor do BNDES resume: “É difícil negociar um projeto desse tamanho num país onde o atraso custa caro, mesmo que ninguém veja.”
O país não perde apenas dinheiro. Em Buenos Aires, o Stargate já começa a ser usado pelo governo argentino. Cada experiência, cada teste de IA, dá à Argentina uma vantagem de aprendizado que o Brasil terá de alcançar. A decisão deixa claro o que o Brasil ainda precisa: infraestrutura confiável, energia competitiva e um ambiente político e fiscal estável. Enquanto a Argentina comemora e avança na corrida tecnológica, o Brasil vê o trem da inovação partir.
