Manifestantes protestam após Netanyahu bombardear Gaza e acabar com cessar-fogo

Após o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu retomar a guerra em Gaza e violar o cessar-fogo com o Hamas, manifestantes protestaram do lado de fora do Knesset, o parlamento israelense, nesta quarta-feira (19). O fim do cessar-fogo acabou com trégua que durava dois meses.

Na Rodovia 1, estrada principal que liga Tel Aviv a Jerusalém, protestantes seguravam uma faixa com a frase “O futuro da coalizão ou o futuro de Israel” em referência às acusações de Netanyahu priorizar a solidez de sua coalizão governamental em vez da segurança de Israel, além dos reféns israelenses e palestinos em Gaza.

Essas acusações foram feitas após Israel bombardear Gaza na madrugada de terça-feira (18) e matar mais de 400 pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. Esse foi um dos piores números de mortos em um único dia da guerra.


Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu bombardeou Gaza após dois meses de cessar-fogo (Foto: reprodução/Amir Levy/Getty Images Embed)


Para o primeiro-ministro, a retomada do conflito ajudou a fortalecer sua coalizão instável em meio ao andamento de seu julgamento por corrupção e antes de uma importante votação sobre o orçamento de Israel. No entanto, para muitos israelenses, a continuação da guerra traz desespero e desperta sentimentos de raiva com o governo. Para palestinos, é o fim do sossego que durou somente dois meses.

Interrupção do julgamento

Elias Shraga, o presidente do órgão de fiscalização jurídica Movimento para o Governo de Qualidade em Israel, que participou da manifestação do lado de fora do Knesset, disse que o conflito de Israel ainda acontece para que Netanyahu continue no poder. “Netanyahu queria escapar da justiça. Esta é a única razão pela qual estamos enfrentando o golpe de regime e esta guerra sangrenta. Esta é uma mistura perigosa”, disse à CNN.

Netanyahu iria testemunhar em seu julgamento de corrupção na terça-feira (18). A audiência foi cancelada por conta da retomada do conflito em Gaza, algumas horas antes do primeiro-ministro ir ao tribunal. Ele nega qualquer irregularidade.

“Uma razão pela qual ele queria escapar da justiça é porque ele quer manter sua coalizão e está pronto para sacrificar seu povo, é isso. É muito simples”, continuou Shraga, que ainda afirmou que a retomada da atividade militar mostra mais uma vez que o primeiro-ministro “não se importa com os reféns” do Hamas que seriam libertados sob o acordo de cessar-fogo.

“Estamos sacrificando nossos semelhantes neste momento, [enquanto] nosso [primeiro-ministro] vende sua alma”, declarou Shraga. Netanyahu alega que a pressão militar sobre o Hamas é necessária para o resgate de reféns.

Apoio da extrema-direita

O líder da oposição Yair Lapid também participou dos protestos de quarta-feira. Segundo ele, as manifestações tem como objetivo  “garantir que o governo entenda que não pode fazer o que quiser”

Com uma fita amarela que simboliza o apoio aos reféns em Gaza, Lapid contou à  que os manifestantes estão “tentando dizer às pessoas do mundo que Israel não ficará em silêncio quando eles estiverem tirando nossa democracia”.


Ex-primeiro-ministro e líder da oposição Yair Lapid (Foto: reprodução/Marc Israel Sellem/THE JERUSALEM POST)


O ministro de extrema direita que, contrário ao acordo de cessar-fogo, deixou o governo, parece ter retomado seu apoio a Benjamin Netanyahu. Após o bombardeio sangrento em Gaza, na terça-feira (18), seu partido Poder Judaico anunciou que se uniria novamente à coalizão do primeiro-ministro.

Yuval Yairi, um artista de Jerusalém, relatou à CNN que acredita na existência de razões políticas por trás da retomada dos combates. Ele diz que Netanyahu precisa de seus aliados de direita antes do prazo final de votação do orçamento em 31 de março. Ele crê que a guerra corrói a democracia de Israel.

“Estou muito preocupado com a possibilidade de uma guerra civil. Esta nação está dividida. Às vezes parece que não há saída. As pessoas não acreditam mais na democracia. Elas não acreditam na vida que tínhamos antes de tudo começar. Você vê a divisão: religião de um lado, secularismo do outro. Parece sem esperança”, contou Yairi.

Apoiadores de Netanyahu

Do lado de fora do Knesset também havia grupos apoiadores do primeiro-ministro. Na tenda do “Heroism and Hope Forum”, Margalit Yachad, uma motorista voluntária de ambulância compõe um grupo a favor da guerra contínua em Gaza. Ela acredita que Netanyahu age de acordo com o que é melhor para o interesses do país. “Não sei por que há tanto ódio sobre ele ou a direita. Devemos respeitar o líder primeiro e não dizer coisas horríveis sobre ele, porque o inimigo vê que estamos todos divididos em partes — e não podemos vencer assim”, relatou à CNN.

Israel lança grandes ataques à Gaza e quebra a trégua assinada no início do ano

Na madrugada desta terça-feira (18), foi informado pelas próprias Forças Armadas de Israel, que eles estavam realizando ataques extensivos na Faixa de Gaza, quebrando o cessar-fogo que ocorreu no meio de janeiro de 2025. Os bombardeios acabaram levando a vida de pelo menos 330 pessoas.

Os ataques de Israel

As Forças Armadas de Israel fizeram um anúncio, em seu Telegram, na madrugada desta terça-feira (18), sobre grandes ataques que estavam fazendo na região da Faixa de Gaza. Os ataques foram os maiores desde o cessar-fogo, feito no dia 19 de janeiro, em que foi proposto uma trégua temporária na região de Gaza, até o início deste mês. Os bombardeios, promovidos nas regiões da Cidade de Gaza, Khan Younis, Rafah e Deir al-Balah, deixaram pelo menos 330 mortos.


Pessoas com corpos dos mortos em Gaza, durante os ataques de Israel (Foto: reprodução/Doaa Albaz/Anadolu/Getty Images Embed)


Mais de 330 mártires, a maioria menores de idade, mulheres e idosos, são o saldo inicial da agressão”, disse Mahmoud Basal, porta-voz da Defesa Civil de Gaza.

Foi especificado por ele que mais de 82 mortes ocorreram na cidade de Khan Younis, localizada ao sul de Gaza, e as outras foram espalhadas por Nuseirat, centro do território, Cidade de Gaza e o norte da região.

O acordo de cessar-fogo, realizado em meados de janeiro, tinha como objetivo interromper os conflitos no território de Gaza até um novo acordo ser firmado no início deste mês de março. Desta vez, a proposta era de uma trégua permanente, em que haveria a libertação dos reféns em Gaza, assim como a devolução dos corpos, e a retirada completa das forças israelenses do território palestino – acordo esse que foi rejeitado por Israel.

Segundo o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ele, juntamente com o Ministro da Defesa, Israel Katz, informou às Forças Armadas para agir com força contra o Hamas, organização terrorista da Palestina, alegando que eles teriam se recusado a libertar seus reféns. Para corroborar com a informação dos ataques intensos, foram canceladas as aulas em escolas nos arredores de Gaza.

Steve Witkoff, o enviado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma proposta de estender a primeira fase da trégua até abril, porém as autoridades do Hamas rejeitaram a proposta, declarando que não teriam uma moeda de troca com Israel, caso libertassem seus reféns.

O conflito continua

Os conflitos em Gaza ainda não estão pertos do fim, muito pelo contrário, pois foi declarado por Israel que eles irão agir contra o Hamas com força militar cada vez maior.


Escombros de região atacada por Israel, em Gaza (Foto: reprodução/Hamza Z. H. Qraiqea/Anadolu/Getty Images Embed)


O Hamas, portanto, entende que ao realizar estas ações, Israel pôs um fim ao cessar-fogo, iniciado no meio de janeiro. O grupo que controla o Hamas desde 2007, cobrou os mediadores do conflito, Egito, Catar e EUA, a responsabilizarem Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, pela violação da trégua.

Segundo a Secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, que tem a função de porta-voz, o governo de Donald Trump foi consultado por Israel antes de começarem os ataques em Gaza.

Na última sexta-feira (14), o Hamas fez um anúncio, citando que estaria disposto a libertar um refém israelense-americano e entregar os corpos de outras quatro pessoas com dupla nacionalidade, algo que seria parte das novas negociações sobre o cessar-fogo. O governo israelense recusou e a imprensa do país afirmou que Netanyahu não está interessado em encerrar a guerra e irá continuar firme em suas ações.

Hamas fará novas libertações, em acordo de cessar-fogo

Na manhã desta sexta-feira (14), o grupo Hamas informou que libertará o soldado israelense-americano Edan Alexander, de 21 anos, mantido como refém em Gaza e mais quatro corpos de cidadãos com dupla nacionalidade. Porém não revelou em qual data ou em quais condições fará esta libertação. 

Em comunicado, um dirigente do grupo informou que recebeu uma proposta de mediadores egípcios para retomar as negociações de paz.

“Ontem (quinta-feira), a delegação do Hamas recebeu uma proposta dos mediadores para retomar as negociações. De forma responsável, o movimento respondeu positivamente e entregou sua resposta nesta manhã, indicando seu acordo com a libertação do soldado israelense Edan Alexander, que possui cidadania americana, além dos corpos de outros quatro com dupla cidadania” (Comunicado do grupo Hamas)

Após o comunicado, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, postou em suas redes sociais que enquanto Israel aceita as condições para o acordo de paz, o grupo Hamas, “continua a travar uma guerra psicológica”.


Postagem do gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (Foto: reprodução/X/@IsraeliPM)

Acordo de Paz e cessar-fogo

O acordo de Paz e cessar-fogo entre Israel e o grupo Hamas inicialmente previa três fases e teve início em 19 de janeiro de 2025. As negociações foram uma força conjunta entre EUA, Egito, Qatar, Israel e dirigentes do grupo Hamas . 

Na primeira fase, com duração de seis semanas, foram libertados 33 refém israelenses e 2.000 palestinos.

A segunda fase, para retirada total dos soldados israelenses de Gaza, estava prevista para o início deste mês de março (2025). Porém, divergências entre Israel e o grupo Hamas não deram prosseguimento ao acordo de paz, até o momento do comunicado emitido pelo grupo nesta manhã. 

Na última segunda-feira (10), Israel informou que negociadores foram enviados à Doha, no Catar, para restabelecer as negociações do acordo.


Israel enviará delegação para negociar paz com o Hamas (Vídeo: reprodução/Youtube/@CNNbrasil)

Negociações entre os EUA e o grupo Hamas 

Nos últimos dias, o enviado especial dos EUA para “assuntos de reféns”, Adam Boehler, negociou a libertação do soldado israelense-americano Edan Alexander, conforme confirmou à Reuters, Taher Al-Nono, conselheiro político do Hamas.

“Várias reuniões já ocorreram em Doha, com foco na libertação de um dos prisioneiros de dupla nacionalidade. Lidamos de forma positiva e flexível, de uma forma que atende aos interesses do povo palestino” Taher Al-Nono

Em entrevistas a repórteres da Casa Branca, Steve Witkoff, enviado especial do governo americano para assuntos estratégicos no Oriente Médio, informou que a libertação de Alexander é uma “prioridade máxima para nós”. 

No último dia 02 de março (2025), Israel havia bloqueado a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Segundo o governo israelense, essa atitude foi necessária para pressionar o grupo Hamas para dar andamento ao acordo de paz. Devido a isto, o grupo palestino solicitou mediação do Egito e do Catar. 

Centenas de manifestantes pró-Palestina invadem a Trump Tower

Cerca de 300 manifestantes judeus pró-palestinos ocuparam o saguão da Trump Tower, em Nova York, nesta quinta-feira (13), para protestar contra a prisão do estudante ativista Mahmoud Khalil. Pelo menos 98 pessoas foram presas enquanto pediam a libertação do estudante.

No momento, a prisão de Khalil está sob custódia imigratória na Louisiana. O estudante da Universidade Columbia havia sido detido no sábado (08) e gerou indignação por parte de legisladores democratas e representantes da esfera civil.


Vídeo do protesto realizado pelos ativistas pró-Palestina (Reprodução/X/@taliaotg)

Organização responsável pelo protesto

O protesto foi realizado pelo Jewish Voice for Peace, uma organização judaica progressista antissionista. De acordo com o grupo, eles estão “tomando a Trump Tower para registrar nossa rejeição em massa”.

Não vamos ficar de braços cruzados enquanto este governo tenta criminalizar os palestinos e todos aqueles que pedem o fim do genocídio financiado pelos EUA contra o povo palestino perpetrado pelo governo israelense

Jewish Voice for Peace via X (Antigo Twitter).

Apesar das prisões, o vice-prefeito da segurança pública de Nova York, Kaz Daughtry, garantiu à Fox News que não houve feridos e que todos os manifestantes foram retirados do prédio.

Trump quer usar Khalil como exemplo

Uma das promessas de campanha da campanha presidencial de Donald Trump foi a deportação em massa de ativistas estrangeiros que participaram da onda de protestos ativistas palestinos que ocorreram nas universidades americanas em 2024.

Assim, Trump afirmou que a prisão de Khalil foi a “primeira de muitas que virão”.

Os protestos criticam as medidas violentas que o exército de Israel usou na faixa de Gaza durante a guerra com a Palestina.

O estudante Mahmoud Khalil, que é residente legal dos EUA, tem sido o principal símbolo dos protestos pró-Palestina no país. As manifestações estiveram presentes em dezenas de universidades americanas durante o ano passado.

ONU denuncia violência sexual e genocídio de Israel em Gaza

Especialistas das Nações Unidas afirmam, em um relatório divulgado nesta quinta-feira, que Israel cometeu ‘atos genocidas’ na Faixa de Gaza, destruindo sistematicamente instalações de saúde sexual e reprodutiva e utilizando a violência sexual como estratégia de guerra.

Além disso, a Comissão de Investigação da ONU declarou que o Estado judeu ‘atacou e destruiu intencionalmente’ o principal centro de fertilidade palestino.

No mesmo documento, a comissão confirmou que ‘mulheres e adolescentes morreram devido a complicações durante a gravidez ou parto, devido às restrições impostas pelas autoridades israelenses‘.

Abusos e destruição

A ONU afirma que a recente destruição foi uma medida direcionada a impedir os nascimentos de palestinos em Gaza, configurando assim um ato genocida. Em seu relatório, documentou abusos como estupro de detentos, tratamento humilhante em centros de detenção e a forçação de vítimas a se despirem ou serem fotografadas e filmadas em circunstâncias degradantes.

Apesar da possibilidade de um cessar-fogo, o relatório destaca que esse tipo de violência passou a ser uma estratégia de guerra de Israel para destruir o povo palestino.


Mulheres palestinas em luto (Foto: reprodução/Omar AL-QATTAA/AFP/O Globo)

Israel rebate

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, criticou o relatório, chamando-o de ‘absurdo’. Em um comunicado divulgado por seu gabinete, Netanyahu acusou o Conselho de Direitos Humanos da ONU de atacar Israel com acusações falsas.

Assim, Netanyahu, recentemente apoiado por Trump, afirmou que a comissão optou mais uma vez por atacar Israel com acusações infundadas. Por fim, o governo israelense acusou a comissão de ter uma agenda política tendenciosa e pré-determinada, tentando incriminar as Forças de Defesa de Israel.

Em conclusão, as autoridades do Estado judeu tentam argumentar que o país não está sujeito à jurisdição do TPI. No entanto, como os palestinos são signatários, isso significa que os crimes cometidos em seu território estão sob a competência do tribunal.

Entenda as tentativas de avanços no cessar-fogo entre Israel e Hamas

O ministro da Energia de Israel, Eli Cohen, anunciou neste domingo (9) o corte imediato do fornecimento de eletricidade para a Faixa de Gaza. Segundo ele, a medida tem como objetivo pressionar pela libertação dos reféns ainda mantidos pelo Hamas. Além disso, Cohen reforçou que Israel fará tudo ao seu alcance para eliminar o grupo da região.  

Enquanto isso, as negociações de cessar-fogo continuam. O Hamas busca iniciar conversas sobre a segunda fase do plano de trégua, mas Israel se opõe à ideia e mantém o foco exclusivo na troca de reféns, sem intenção de encerrar a guerra. Na última semana, o governo israelense interrompeu o envio de ajuda humanitária ao enclave, tentando pressionar o Hamas a seguir seus termos para a continuidade das negociações.  

Possíveis negociações entre Israel e o Hamas

Neste sábado (7), uma delegação do Hamas chegou ao Cairo para discutir os próximos passos do acordo. Após conversas com os Estados Unidos, Israel decidiu enviar representantes para participar das negociações nesta segunda-feira (10). Segundo autoridades israelenses, o país estaria se esforçando para avançar no diálogo. A guerra entre Israel e o Hamas, iniciada em 7 de outubro de 2023, começou após um ataque do Hamas que matou mais de 1.200 israelenses e levou à captura de centenas de reféns. Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza, resultando em uma devastação sem precedentes e um alto número de mortos, a maioria civis palestinos. A crise humanitária se agravou rapidamente, com falta de alimentos, água, eletricidade e assistência médica.

Mais sobre o cessar-fogo

Após meses de combates intensos, houve tentativas de mediação para um cessar-fogo, principalmente por parte dos Estados Unidos, Egito e Catar. Alguns acordos temporários permitiram pausas nos ataques e a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, mas a violência continuou em diversos momentos.


Cidade de Gaza sendo reconstruída após intensos bombardeios (foto: reprodução/x/@Al_kuran)

O impacto foi profundo para ambos os lados: milhares de vidas foram perdidas, famílias foram destruídas e cidades foram reduzidas a escombros. Além disso, a guerra aumentou a polarização no cenário internacional, gerando protestos e debates sobre os direitos humanos e a legitimidade das ações militares.

Apesar dos esforços diplomáticos, um cessar-fogo duradouro ainda enfrenta desafios, pois as demandas de ambos os lados continuam distantes. O conflito reforçou um ciclo de violência que, sem soluções políticas e humanitárias concretas, ameaça se repetir no futuro.

“Haverá um inferno”, diz Donald Trump caso os reféns sejam mantidos em Gaza

O presidente Donald Trump, na data de ontem, quarta-feira (05), utilizou suas redes sociais para enviar um recado ao Hamas, quebrando um protocolo antigo de Washington de não negociar com grupos considerados terroristas pelos EUA. Trump inicia a mensagem informando que trata-se de um  “Olá ou um Adeus”, a depender das atitudes que o grupo islâmico terá daqui por diante. A postagem do presidente estadunidense é referente a situação dos reféns mantidos em Gaza e sua libertação.

Trump informa, ainda, que “um belo futuro aguarda Gaza”, porém caso o grupo Hamas não liberte os reféns, “haverá um inferno para pagar mais tarde” e que “está enviando a Israel tudo o que precisar para terminar o trabalho”. 

Segundo informações das Forças de Defesa de Israel, ao todo são 59 pessoas mantidas em cativeiro, das quais 35 estariam mortas. Cinco desses reféns são israelenses com cidadania americana. O Mossad, inteligência israelense, tem motivos para acreditar que 22 reféns ainda estão vivos e que o paradeiro de outras duas pessoas é desconhecido


Postagem do presidente Donald Trump para o Hamas (Foto: Reprodução/ Instagram/ @potus)


Contato direto entre EUA e Hamas 

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, não confirmou o contato entre EUA e Hamas, porém, em entrevista informou que Adam Boehler, um enviado especial dos EUA para assuntos estratégicos “tem autoridade para falar com qualquer um”. O que vai de encontro com informações publicadas pelo site Axio de que o governo de Donald Trump tem mantido conversas secretas com o grupo islâmico para a libertação dos reféns americanos em Gaza. 


Karoline Leavitt – porta-voz da Casa Branca (Foto: Reprodução/ Andrew Harnik/ Getty Images embed)


O gabinete do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu disse estar a par das negociações e que Israel “expressou a sua opinião sobre a questão das negociações com o Hamas”. Os EUA, também,  confirmaram que Israel foi consultado.

A atitude do governo americano, em Relações Internacionais, é chamada de “Diplomacia Secreta”. Utilizada para resolver conflitos e negociações sensíveis. Acontecem sem que o grande público ou até mesmo outros governos tenham ciência disso. No caso das reuniões entre EUA e Hamas, estas teriam acontecido em Doha, no Catar, nas últimas semanas. 

Um dirigente do grupo Hamas, em condição de anonimato, também confirmou o contato e que a comunicação foi feita por diferentes canais. 

Outro enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, viajaria esta semana para se encontrar com o Primeiro-Ministro do Catar e continuar com as tratativas para a libertação dos reféns em Gaza. No entanto, a reunião foi cancelada pois, segundo informações, não houve avanço nas negociações por para do Hamas.

Israel  e a suspensão de ajuda para Gaza

No último domingo (02), o governo de Israel informou que suspendeu toda ajuda humanitária para Gaza com fechamento de fronteiras. Contudo, as autoridades israelenses pontuaram que os suprimentos enviados a Gaza nos últimos meses são suficientes para um período de quatro a seis meses. 


Discurso do Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu suspendendo a ajuda humanitária em Gaza ( Vídeo: reprodução/ X/ @netanyahu)

A decisão da suspensão ocorreu após o grupo Hamas rejeitar a proposta de libertação de reféns, estendendo o cessar-fogo, apresentado pelos EUA. 

Por outro lado, o grupo Hamas disse que a proposta é uma forma de “evitar a implementação do acordo de reféns e cessar-fogo e negociar a segunda fase”. O grupo informa, ainda, que interromper a ajuda humanitária é “chantagem e crime de guerra”. Sendo uma violação do acordo anterior.

Ataque em Israel deixa uma pessoa morta e três gravemente feridos

Houve o primeiro ataque com morte em Israel desde a trégua. Uma pessoa morreu e várias ficaram feridas. As agressões com arma branca ocorreram nesta segunda, dia 3 de março em Haifa.

As autoridades locais informaram que o ocorrido trata-se de um “atentado terrorista” e que o responsável pelo ataque foi morto pelos policiais. O homem é druso israelense, que ficou por algum tempo no exterior e voltou recentemente à cidade. Ele agiu no terminal de trens e ônibus de Hamifratz, no centro da cidade de Haifa.


Imagem do assassino abatido (Foto: reprodução/x/g1)

Sobre a trégua

A trégua entre Israel e o Hamas começou em 19 de janeiro de 2025, depois de mais de um ano de intensa guerra, iniciada pelo ataque do Hamas a Israel em outubro de 2023. Foi negociada com a ajuda de países como Egito e Qatar, e apoiada pelos EUA. O principal objetivo era garantir a troca de reféns e prisioneiros, além de permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

Por um tempo, houve esperança de que o cessar-fogo pudesse levar a um acordo mais duradouro, mas as negociações travaram. Israel queria uma trégua temporária de 50 dias, enquanto o Hamas exigiu um cessar-fogo permanente e a retirada das tropas israelenses de Gaza. Com o impasse, Israel bloqueou a entrada de suprimentos na região, para pressionar o Hamas, deixando a população ainda mais vulnerável.

Agora, o futuro da trégua está incerto. Pequenos confrontos já começaram a surgir, e o medo de uma retomada da guerra cresce. Enquanto líderes negociam, civis dos dois lados continuam vivendo na incerteza, esperando que, de alguma forma, a paz se torne mais do que apenas uma pausa temporária.

Sobre os feridos

O equivalente a Cruz Vermelha de Israel, Magen David Adom, relatou que um homem de 70 anos morreu; uma mulher e um homem de aproximadamente 30 e um adolescente de 15 anos estão em estado grave, além de uma senhora de 70 anos que está ferida, mas fora de risco.

Israel cessará fogo em Gaza por conta dos feriados de Ramadã e da Páscoa

Neste domingo(02), o gabinete do primeiro-ministro de Israel, comunicou que irá adotar a proposta feita pelos Estados Unidos da América, de cessar-fogo durante os feriados de Ramadã e da Páscoa. Conforme divulgado, o país do ministro Benjamin Netanyahu, isso ocorrerá apenas durante esses feriados e após a guerra continuará. A informação é de que as negociações a respeito do plano de Witkoff irão começar imediatamente, mediante a concordância do Hamas.

Acordo

Segundo o que foi divulgado a respeito dessa negociação, Israel poderia voltar aos combates após o 42° dia, se perceber que as conversas foram ineficazes, informou o país, após efetuarem a acusação de que o Hamas estaria violando a trégua. Tanto Israel quanto o Hamas vêm trocando acusações, ambos estão batendo de frente em relação as questões voltadas para a violação do acordo.


Palestinos lamentam a morte de mais dois compatriotas em meio à guerra entre Israel e Palestina (Foto: reprodução/Anadolu Abdul Hakum Abu Riash Anadolu/Getty Images Embed)


Conflito

O conflito que ocorre entre o Hamas e o país de Israel, iniciou em 2023 e se estende a um pouco mais de 1 ano, tendo em vista que a situação entre Israel e Palestina, de maneira geral, vêm acontecendo há mais de 40 anos. Esse problema começou devido à disputa pela posse de um território localizado na Palestina, sobre o qual ambos os países não chegaram a um acordo.

Cessar-fogo

No início deste ano, ocorreu um cessar-fogo entre Israel e a Palestina, aparentemente durante esse momento, houve uma troca de 33 reféns, contando com 5 tailandeses junto. O governo de Benjamin Netanyahu libertou 2 mil palestinos como parte de um esforço para encerrar a guerra, adotando um processo gradual para alcançar uma solução.

O conflito teve início em 2023, e novas negociações estão em andamento para um novo cessar-fogo

Israel recebe corpos de reféns em meio a tensão no Oriente Médio

Os caixões pretos chegaram nesta quinta-feira (20). Dentro deles, estavam os corpos de quatro reféns israelenses, incluindo um bebê de apenas oito meses. A cena, carregada de luto e indignação, marcou um dos momentos mais dolorosos desse conflito.

Entre as vítimas estavam Shiri Bibas, de origem argentina, seus filhos Kfir, de oito meses, e Ariel, de quatro anos, e o idoso Oded Lifschitz, de 83 anos. A família Bibas tornou-se um símbolo do sofrimento dos reféns em Gaza, e a confirmação de suas mortes destruiu as esperanças de quem ainda sonhava com um final diferente.

Indignação global e apelos por dignidade

A ONU condenou a maneira como os corpos foram devolvidos. Volker Turk, chefe de Direitos Humanos da organização, chamou o ato de “abominável” e ressaltou a necessidade de respeito à dignidade das vítimas e suas famílias.

O Hamas alegou que os reféns faleceram em ataques aéreos israelenses e, durante a entrega dos corpos, exibiu um cartaz com a imagem do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu retratado como um vampiro. O gesto provocou revolta e reforçou as tensões entre os dois lados.


Ataque aéreo israelense no campo de refugiados palestinos de Bureij (Foto: reprodução/Eyad Baba/Getty Images Embed)


O luto em Israel e o peso da culpa

Em Israel, o choque se transformou em luto nacional. O presidente Isaac Herzog expressou sua dor e pediu desculpas às famílias. “Não há palavras. Apenas agonia. Perdão por não termos conseguido trazê-los de volta com vida”, declarou.

Enquanto isso, o primeiro-ministro Netanyahu foi alvo de protestos. Familiares dos reféns que ainda permanecem em Gaza marcharam exigindo respostas.

Até agora, 19 reféns israelenses foram libertos em um acordo de cessar-fogo que também resultou na liberação de mais de 1,1 mil palestinos presos. Agora, as negociações para uma nova fase do acordo seguem indefinidas.

O Hamas declarou estar disposto a libertar os reféns restantes, mas as condições para um novo entendimento seguem nebulosas. Enquanto isso, para as famílias que ainda esperam por respostas, o tempo passa cruelmente, entre a esperança e o medo de um desfecho semelhante ao da família Bibas.