Gaza: Relatórios palestinos indicam que número de mortos supera 70 mil

Neste sábado (29), o número de mortos na Faixa de Gaza superou 70 mil, conforme dados das autoridades palestinas. Ao mesmo tempo, equipes de emergência continuam removendo destroços acumulados após meses de ofensivas contínuas. Além disso, representantes locais afirmam que muitos corpos ainda não foram localizados nem registrados oficialmente.

Desde a implementação do cessar-fogo, há aproximadamente seis semanas, equipes de resgate localizaram mais de 600 corpos. Entretanto, profissionais envolvidos nas buscas relatam entraves operacionais que dificultam a retirada integral dos escombros. Por esse motivo, analistas avaliam que o total de vítimas ainda deve aumentar de maneira significativa.

Resgates continuam e desaparecidos preocupam autoridades

No cenário atual, a Defesa Civil de Gaza estima que cerca de dez mil pessoas permanecem soterradas no território. Ainda segundo o órgão, essas vítimas morreram durante bombardeios realizados ao longo do conflito. Diante disso, equipes mantêm buscas mesmo diante da falta de maquinário e combustível.


Ataque retaliatório de Israel a Gaza (Foto: reprodução/Omar AL-QATTAA/AFP/Getty Images Embed)


Além disso, o Ministério da Saúde informou a morte de mais de 350 palestinos após o início da trégua. De acordo com o comunicado, os óbitos ocorreram durante ações das forças israelenses. Ainda assim, o cessar-fogo segue oficialmente válido, apesar das denúncias frequentes.

Mortes de civis alimentam divergências e críticas

As autoridades da Faixa de Gaza divulgam os dados sem separar civis de integrantes do Hamas. Ainda assim, o Ministério da Saúde local sustenta que mulheres e crianças formam a maior parte das vítimas. Conforme o levantamento, mais de dez mil mulheres e aproximadamente 20 mil crianças morreram ao longo de dois anos de conflito.

Assim também, Israel reconhece a morte de civis palestinos durante o conflito armado. Porém, o governo israelense questiona a confiabilidade dos números apresentados pelo ministério local. Além disso, acusa o Hamas de operar em áreas civis e usar moradores como proteção estratégica.

Acordos recentes ampliam expectativas e tensões

No início de outubro, o Hamas libertou os últimos 20 reféns israelenses que permaneciam em poder do grupo. A medida integrou o acordo de cessar-fogo firmado com mediação internacional. Durante as negociações, o presidente dos Estados Unidos classificou o gesto como um marco simbólico. Paralelamente, Israel deu início à liberação de cerca de 1.968 prisioneiros palestinos, o que renovou expectativas de redução das tensões na região.


Israel anunciou ataques aéreos após o cessar-fogo (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)


Posteriormente, Hamas e Israel anunciaram um acordo de paz referente à primeira fase da trégua. Dias depois, Trump alertou que Israel poderá retomar a região se houver descumprimento do acordo. Segundo ele, a Casa Branca apoiará ações severas diante de novas mortes em Gaza. Por fim, o presidente reforçou a exigência de cumprimento rigoroso dos termos acertados.

Após Catar garantir vaga na Copa do Mundo, jogador faz promessa de ajuda a Gaza

Na última terça-feira, dia 14 de outubro, o atacante catari Hassan Al-Haydos fez a promessa de ajudar na reconstrução da Faixa de Gaza, que está devastada após passar por dois anos de guerra. A declaração aconteceu depois da vitória da Seleção Masculina de Futebol do Catar sobre a Seleção dos Emirados Árabes Unidos, nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026: a conquista da Seleção do Catar garantiu a classificação direta da delegação para o torneio mundial. Essa será a segunda participação do país na Copa do Mundo – a primeira vez que o Catar disputou a competição foi na edição de 2022, quando era o país-sede da Copa do Mundo. 

As promessas de Hassan Al-Haydos

Hassan Al-Haydos, depois do Catar ganhar dos Emirados Árabes Unidos, prometeu que ajudaria financeiramente na reconstrução de Gaza. As promessas giraram em torno de um financiamento para construir uma escola e um ginásio. Hassan Al-Haydos é o jogador que esteve em mais jogos defendendo a camisa da Seleção do Catar. 


 

Catar se classifica para a Copa do Mundo 2026 (Foto: reprodução/Instagram/@tntnsportsbr)

O atacante Hassan Al-Haydos disse: “Em momentos de alegria, continua sendo nossa responsabilidade lembrar o sofrimento de nossos irmãos e irmãs ao redor do mundo e fazer do nosso sucesso uma motivação para doar. É maravilhoso que esta classificação coincida com a cúpula de paz e o sucesso do acordo de cessar-fogo em Gaza”. Hassan Al-Haydos ainda falou que o caminho para uma nova vida é constituído pela educação e pelo esporte.

A guerra na Palestina

O conflito mais recente nos territórios palestinos, onde a Faixa de Gaza está localizada, durou mais de dois anos. A paisagem de Gaza, que antes era povoada, cheia de vida e repleta de construções, se tornou um emaranhado de destroços, causados pelo conflito armado e pelos bombardeios advindos de Israel. 

A reconstrução tem sido debatida após o cessar-fogo entrar em vigor na última sexta-feira, dia 10 de outubro. A violência foi imensa: pessoas foram sequestradas e mantidas como reféns; na Palestina, quase 70 mil pessoas perderam a vida, segundo órgãos governamentais palestinos. 

Lula afirma que desnutrição tem sido usada como arma de guerra na Palestina

Na última segunda-feira, dia 13 de outubro, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso na reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, do Fórum Mundial da Alimentação, que acontece em Roma, capital da Itália. Durante o discurso, o líder do Planalto afirmou que a desnutrição tem sido usada como arma de guerra durante os conflitos na Palestina. Lula também falou da inclusão dos mais pobres na economia. 

O discurso de Lula

Durante sua fala no Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, o presidente Lula comentou a respeito dos projetos-piloto desenvolvidos pela organização, e como eles são importantes. Além disso, o brasileiro ainda falou da Palestina, e como os conflitos têm impactado na vida e na nutrição dos palestinos. Na Palestina, onde a desnutrição tem sido cruelmente usada como arma de guerra, vamos apoiar programas de atenção especial voltados às mulheres e crianças”, disse Lula.


Lula discursa a respeito da fome (Vídeo:reprodução/YouTube/@CNN Brasil)

O presidente do Brasil ainda falou de Gaza em seu discurso de abertura do Fórum Mundial da Alimentação: “da tragédia em Gaza à paralisia da Organização Mundial do Comércio, a fome tornou-se sintoma do abandono das regras e instituições multilaterais”.

Inclusão dos mais pobres

Durante os dois discursos, feitos durante os eventos em Roma, Lula chamou atenção para a inclusão alimentar das pessoas menos favorecidas. O presidente do Brasil também citou a reforma do Imposto de Renda. 

É preciso que cada governante assuma responsabilidade. Na hora de fazer o orçamento de seu país, de discutir quanto vai para as forças armadas, para a diplomacia, para isenção a empresários, que benefício vai fazer, é importante lembrar que os pobres não são invisíveis e é preciso enxergá-los, porque eles um dia nos enxergarão, e a gente vai pagar o preço da irresponsabilidade de não cuidar dos pobres em igualdade de condições de como se cuida do rico”, disse Lula em seu discurso.

Segundo o mandatário brasileiro, os pobres devem ser incluídos nos orçamentos dos países. A declaração é reflexo da saída do Brasil do Mapa da Fome, que só foi possível por causa de programas de distribuição de renda e outras medidas governamentais. A agenda do presidente no solo italiano ainda incluiu uma visita ao Papa XIV. 

Guerra em Gaza: Hamas pede por libertação de Marwan Barghouti em acordo com Israel

Marwan Barghouti, ex-líder do partido Fatah na Cisjordânia, tem grande prestígio entre os políticos palestinos. Atualmente, o político é prisioneiro palestino em cárcere israelense, cumprindo cinco penas de prisão perpétua.

Em 2002, foi preso durante a Segunda Intifada Palestina, acusado de planejar ataques que resultaram na morte de cinco civis israelenses. Quando foi acusado, ele negou os crimes e contestou a jurisdição e legitimidade do tribunal que o julgou. Aos 66 anos, o líder, que é ativista desde a adolescência, é visto por seus apoiadores como um “Nelson Mandela palestino, que é capaz de liderar seu povo à independência. Para Israel, no entanto, é considerado um dos terroristas mais perigosos.

Hamas faz proposta de cessar-fogo

Devido à grande popularidade de Barghouti, o Hamas passou a exigir sua libertação através de uma possível negociação de cessar-fogo na Faixa de Gaza. O acordo, se for aceito, poderia reconfigurar o cenário político palestino.

Mesmo com toda a pressão internacional e as tentativas anteriores de negociação, Israel tem se recusado sistematicamente a considerar a libertação do líder. O filho de Marwan, Arab Barghouti, afirmou em entrevista à CNN que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não quer libertar seu pai porque “não deseja um parceiro para a paz”.

Popularidade intacta após duas décadas

Mesmo preso há mais de 20 anos, Marwan Barghouti ainda é visto como o único capaz de unir as facções palestinas e consolidar a independência do território. Sua popularidade supera a do atual presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que está cargo há duas décadas e é frequentemente acusado de falta de legitimidade democrática.

A Autoridade Palestina (AP) passa por crises financeiras graves e sofreu denúncias de corrupção que, unidas às restrições impostas por Israel, enfraqueceram o governo na Cisjordânia. Críticos analisaram que a libertação de Barghouti poderia fortalecer a AP, cenário que não é conveniente para Netanyahu, já que vai contra à criação de um Estado palestino independente.


Líder palestino (Foto: reprodução/Uriel Sinai /Getty images embed )


O histórico de Barghouti

Ingressante do Fatah aos 15 anos, quando o partido era proibido por Israel, Marwan passou quatro anos encarcerado. Após ganhar sua liberdade, se tornou estudante de História e Ciência Política e ocupou o cargo de secretário-geral do partido na Cisjordânia, além de ser eleito membro do Conselho Legislativo Palestino.

Com os Acordos de Oslo, selados em 1994, o líder pôde retornar a Ramallah, sua cidade natal. A detenção acabou aumentando sua popularidade, reforçando sua imagem de líder carismático disposto a dialogar com diferentes correntes políticas palestinas. A última vez que foi visto publicamente, foi em um vídeo divulgado pelo ministro israelense de extrema-direita Itamar Ben Gvir, que o filmou dentro da prisão. Com uma aparência debilitada, a filmagem causou preocupação entre os apoiadores e familiares. Atualmente, Barghouti vive em confinamento solitário desde o início da guerra em Gaza, segundo familiares e organizações de direitos humanos.

Neatnyahu critica países que reconhecem o Estado da Palestina

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez um discurso duro na ONU nesta sexta-feira (26), criticando países ocidentais que decidiram reconhecer o Estado da Palestina. Para ele, essa atitude equivale a transmitir a mensagem de que “matar judeus compensa”. A fala foi uma reação direta ao movimento diplomático de nações como França, Reino Unido, Austrália e Canadá, que optaram por apoiar oficialmente a independência palestina em meio à guerra prolongada em Gaza.

Netanyahu afirmou que não haverá reconhecimento de um Estado palestino por parte de Israel, reforçando a posição de seu governo após os ataques de 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas em território israelense. A ofensiva de resposta já deixou mais de 65 mil mortos em Gaza, segundo autoridades locais.

Diplomatas de outros países saíram antes do discurso de Netanyahu

O clima na Assembleia Geral foi tenso. Vários delegados deixaram o salão quando Netanyahu subiu ao palco, enquanto outros o aplaudiram de pé. O premiê acusou líderes mundiais de cederem à pressão de uma mídia parcial e de grupos extremistas, mas afirmou que, nos bastidores, muitos agradecem aos serviços de inteligência de Israel.

Durante seu discurso, Netanyahu também enviou uma mensagem direta aos reféns ainda mantidos em Gaza, garantindo que Israel não os esqueceu e que continuará tentando trazê-los de volta. Ele contou que instalou alto-falantes na fronteira para que suas palavras pudessem ser ouvidas dentro do enclave palestino.


Antes de Netanyahu começar o discurso, diversas delegações saíram do salão da ONU (Vídeo: Reprodução/X/@siteptbr)


Prometeu reforçar a guerra no Oriente Médio

O primeiro-ministro disse estar comprometido em manter a guerra até a destruição completa do Hamas, mas enfrenta críticas internas de famílias dos reféns e de parte da opinião pública israelense, cansada do conflito. Mesmo assim, segue contando com o apoio dos Estados Unidos, que reforçam o veto a uma adesão plena da Palestina à ONU.

Paralelamente, o presidente palestino Mahmoud Abbas agradeceu aos países que reconheceram o Estado palestino e defendeu que sua autoridade assuma o controle de Gaza no pós-guerra, sem a presença do Hamas. Já Donald Trump, aliado de Netanyahu, declarou que não permitirá a anexação da Cisjordânia, sinalizando possíveis tensões no próximo encontro entre os dois líderes.

Mahmoud Abbas pede Estado Palestino e condena Hamas em discurso na ONU

Nesta quinta-feira (25), Mahmoud Abbas, então presidente da Autoridade Palestina, discursou por videoconferência na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (AGNU). De antemão, Abbas não recebeu visto para entrar nos Estados Unidos da América, decisão tomada pelo governo de Donald Trump.

Assim, o político palestino afirmou que não haverá paz sem a criação de um Estado da Palestina. Ele também condenou o grupo Hamas e declarou disposição para dialogar com Trump, mesmo reconhecendo a aliança norte-americana com Israel.

Defesa da Palestina e reconhecimento internacional

A princípio, o líder palestino reforçou que a convivência pacífica entre Palestina e Israel só será possível com justiça. Além disso, destacou a necessidade de instituições modernas, capazes de garantir segurança e estabilidade. Abbas agradeceu o apoio dos 149 países que já reconheceram a Palestina como Estado, incluindo Canadá, França, Portugal e Reino Unido.


Mahmoud Abbas discursa virtualmente durante a AGNU em Nova York, EUA (Foto: reprodução/David Dee Delgado/Bloomberg/Getty Images embed)


Apesar do avanço, Donald Trump criticou esses reconhecimentos em seu discurso na ONU. Sendo assim, o republicano reiterou sua oposição à legitimidade internacional da Palestina e cobrou a libertação imediata de reféns israelenses mantidos pelo Hamas.

Condenação ao Hamas e promessa de governo sem armas

Ainda, Abbas fez duras críticas ao ataque do Hamas contra Israel em outubro de 2023. Ele afirmou que as ações não representam o povo palestino. Além disso, assegurou que o grupo não terá papel em um eventual novo governo de Gaza.

O presidente também pediu que as facções armadas entreguem suas armas à Autoridade Palestina. Segundo ele, o objetivo é criar um Estado estruturado, com forças legais e seguras. Abbas classificou os ataques israelenses em Gaza como “crimes de guerra” e acusou Netanyahu de usar a fome como arma.

Relação com Trump e críticas a Israel


Donald Trump discursa durante a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) (Foto: reprodução/Michael M. Santiago/Getty Images embed)


Apesar das divergências, Abbas disse estar pronto para trabalhar com Donald Trump no plano de paz aprovado em setembro. Ele acusou Israel de descumprir os Acordos de Oslo e de prolongar o conflito. Segundo Abbas, apenas o fim da ocupação militar pode abrir caminho para a paz duradoura.

Ao passo que o conflito israelense-palestino continua como um dos maiores impasses do século XXI. Com a guerra em Gaza e as negociações paralisadas, consequentemente o discurso do presidente da Autoridade Nacional Palestiniana traz novamente à tona o debate sobre a criação de um Estado Palestino no centro da Assembleia Geral da ONU.

Reconhecimento da Palestina cresce com apoio de mais de 140 países

Mais de 140 países já reconhecem oficialmente a Palestina como Estado, entre eles Brasil, Espanha e Noruega, em decisões recentes que ampliam a pressão diplomática no Oriente Médio. O movimento ocorre em meio à escalada dos conflitos na região, com governos buscando fortalecer a representatividade palestina e apoiar uma solução de dois Estados, vista como caminho para a paz duradoura.

Quais países já reconhecem a Palestina como Estado

O movimento internacional de reconhecimento da Palestina como Estado vem se ampliando ao longo das últimas décadas. Atualmente, mais de 140 países já oficializaram essa posição, segundo dados da ONU e de agências diplomáticas. Entre eles estão potências populacionais como Índia, China e Indonésia, além de diversas nações da América Latina, incluindo Brasil, Argentina e Chile. No continente africano, a maioria dos países apoia a causa palestina, reforçando a busca por equilíbrio nas relações internacionais.

Na Europa, o processo ganhou força recentemente com decisões de países como Reino Unido, Espanha, Irlanda e Noruega, que anunciaram formalmente o reconhecimento. Essas adesões representaram um marco importante, pois pressionaram outras nações do bloco europeu a reavaliar sua postura diante do conflito.

Apesar do avanço, países centrais no cenário global, como Estados Unidos, Alemanha e outros, ainda não reconhecem oficialmente a Palestina, o que mantém a questão em aberto nos principais fóruns internacionais. Mesmo assim, cada novo apoio reforça a legitimidade palestina no cenário diplomático.


Quais países reconhecem a Palestina como Estado (Vídeo: Reprodução/Youtube/@CNN Brasil)

Impactos diplomáticos e perspectivas para o futuro

O reconhecimento da Palestina como Estado gera efeitos práticos: amplia sua participação em negociações internacionais, abre portas para acordos comerciais e fortalece sua legitimidade em organismos multilaterais. Esse processo pressiona Israel e seus aliados a lidarem com uma realidade cada vez mais consolidada no cenário global.

A recente decisão do Reino Unido, do Canadá e da Austrália em 2025 representou um ponto de inflexão, sinalizando que a adesão de grandes potências ocidentais pode estimular outros países a seguirem o mesmo caminho. Especialistas em relações internacionais avaliam que esse movimento fortalece a busca por uma solução de dois Estados, considerada essencial para encerrar décadas de instabilidade no Oriente Médio.

Ainda assim, obstáculos permanecem. A falta de consenso entre as principais potências, em especial os Estados Unidos, dificulta avanços concretos. Mesmo assim, o aumento expressivo de nações pró-Palestina pode acelerar pressões dentro da ONU e influenciar futuras negociações de paz. O cenário aponta que o reconhecimento da Palestina tende a se expandir nos próximos anos, redesenhando os rumos da diplomacia no Oriente Médio.

EUA e Reino Unido comentam roteiro de paz entre Israel e Palestina

Nesta quinta-feira (18/09), O presidente dos EUA Donald Trump, ao lado do Primeiro-Ministro do Reino Unido Keir Starmer, concederam uma coletiva de imprensa para falar sobre alguns tópicos das suas conversas, entre eles foi focado o assunto sobre a guerra entre Israel e Palestina.

O presidente Trump lembrou sobre o ataque do Hamas a Israel em outubro de 2023, 1.200 pessoas foram mortas e 251 foram levadas para o território palestino. Além disso, voltou a exigir a libertação dos reféns israelenses mantidos pelos terroristas do Hamas. O presidente dos EUA também afirmou que discorda da decisão de Starmer de reconhecer o Estado Palestino. Na época, o premiê do Reino Unido e outros países como França, Austrália, Espanha e Portugal falaram que iriam reconhecer a Palestina como Estado soberano.

Presidente Trump e Primeiro-Ministro Starmer falam de roteiro de paz

Apesar de algumas discordâncias entre o premiê britânico e o presidente dos EUA, os dois concordam totalmente sobre a necessidade de um roteiro de paz entre Israel e Palestina. Os dois, sobretudo, concordam que já passou do momento de um verdadeiro acordo de paz ser concretizado.


Presidente Donald Trump e o Primeiro-Ministro Keir Starmer em encontro no Reino Unido (Foto: reprodução/Anna Moneymaker/Getty Images Embed)


Portanto, o plano de paz entre Israel e Palestina seria roteirizado pelos EUA e Reino Unido. O Primeiro-Ministro acredita, quanto antes a Palestina for reconhecida como Estado, irá viabilizar uma solução, o que está alinhado com a postura de resolução pacífica. O presidente Trump enfatizou que o reconhecimento deveria ocorrer apenas após a libertação dos reféns israelenses pelo Hamas e a implementação de um cessar-fogo. Trump também sugeriu um plano para Gaza, que inclui a reconstrução da região sob supervisão internacional, sem a presença do Hamas.

Guerra entre Israel e Palestina 

Como dito anteriormente, o ataque surpresa do grupo terrorista Hamas a Israel em 2023 matou 1.200 pessoas e 251 foram sequestradas para o território palestino. Em seguida, Israel declarou estado de guerra e iniciou uma ofensiva militar em Gaza. Já a Palestina contabilizou mais de 65.000 palestinos mortos, com centenas de milhares feridos e deslocados.


Soldados de Israel, tanques e carros em meio ao conflito (Foto: reprodução/Amir Levy/Getty Images Embed)


O caminho da paz ainda é incerto, porém muitos países membros da ONU procuram formas para ocorrer. Israel busca desmantelar o Hamas, eliminar a liderança e infraestrutura do grupo militar, recuperar seus reféns mantidos na faixa de Gaza e estabelecer zonas de segurança, como o Corredor Morag, para prevenir ataques futuros. Logo, a Palestina busca formas de ser reconhecida como Estado soberano, cessar-fogo duradouro, libertação de presos, reconstrução de infraestrutura destruída pelos ataques israelenses e garantia de entrada de ajudas humanitárias de alimentos, remédios, água e combustível.

Unicef emite alerta para nível de desnutrição aguda na Faixa de Gaza

A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) emitiu alerta para o nível de desnutrição no território da Palestina nesta terça-feira (16), onde dados levantados pela organização revelou que mais de 26 mil crianças precisam de tratamento para desnutrição aguda.

Alerta máximo

O porta-voz da Unicef, Tess Ingram, afirmou que das 26 mil crianças que precisam de tratamento, 10 mil delas estão concentradas na Faixa de Gaza, área bastante afetada pelos bombardeios e pela falta de suprimentos básicos para a população. No mês de agosto, especialistas em insegurança alimentar da ONU (Organização das Nações Unidas) afirmaram que a região da Faixa de Gaza estavam em situação de fome. 

Com os bombardeios intensificando na região, muitos palestinos, incluindo crianças em situação de desnutrição, estão sendo obrigados a se deslocarem para a região Sul, e para Ingram, isso representa uma “ameaça mortal” para os mais vulneráveis, que não têm forças e suporte para realizarem o deslocamento de forma segura. 

Deslocamento de civis

Os bombardeios na Faixa de Gaza estão obrigando civis a se deslocarem para a região Sul da Faixa de Gaza. De acordo com dados da Ocha (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários) ocorreram mais de 70 mil deslocamentos para a região sul nos últimos dias. No mês passado, foram mais de 150 mil deslocamentos para a mesma região.


Civis palestinos se deslocando em meio aos ataques israelenses (Foto: reprodução/Hassan Jedi/Anadolu via Getty Images Embed)


Com os deslocamentos em massa, grandes estradas que fazem ligações importantes entre regiões se encontram congestionadas, como a Estrada Al Rashid, que estava com uma grande concentração de pessoas, segundo Tess Ingram, que esteve no local na última segunda-feira (15). 

A região em que os palestinos estão se deslocando não tem estrutura e suprimentos suficientes para abrigar os refugiados. Israel enviou diversos panfletos recomendando o deslocamento de civis para “zonas humanitárias” na região sul. Apesar da recomendação de deslocamento para essa região, as tropas israelenses vêm realizando bombardeios nesses locais onde há grandes deslocamentos, ocasionando em mortes e deixando muitos civis feridos.

Chefe de Direitos Humanos da ONU implora pelo fim do ataque de Israel à Gaza

Volker Turk, Alto Comissário para os Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), suplicou pelo fim da invasão terrestre de Israel à Gaza. Após o início da ocupação, nesta terça-feira (16), o exército israelense declarou que a ofensiva deve durar meses. A ação, que tem como objetivo a tomada do controle da região, já matou mais de 100 palestinos, de acordo com lideranças locais. 

Expansão dos ataques 

O exército israelense iniciou uma ofensiva terrestre na Cidade de Gaza, que, segundo eles, tem como objetivo destruir a infraestrutura do Hamas. O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou que as forças do país só vão recuar quando a missão for concluída. O chefe dos Direitos Humanos da ONU apelou à comunidade pelo fim da “carnificina”. Volker questionou os bombardeios a abrigos e áreas residenciais, os definindo como uma expansão dos ataques. 


Postagem de Volken Turk condenando o ataque de Israel a membros do Hamas em Doha na semana passada (Foto: reprodução/X/volker_turk)

Cerca de 100 mil habitantes deixaram a região após pedido de Israel, que anunciou um novo corredor de fuga para acelerar a saída dos moradores para a região sul. A ONU alertou que a ocupação terrestre de Gaza pode levar ao deslocamento forçado de 1 milhão de palestinos. A União Europeia anunciou que planeja sanções e rompimento de acordos comerciais com o governo de Benjamin Netanyahu.  

Histórico do conflito e genocídio

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada após o ataque do Hamas a Israel, que matou cerca de 1200 pessoas em outubro de 2023. De acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, assegurados pela ONU, até agosto deste ano, mais de 61 mil palestinos já haviam morrido em decorrência da ofensiva. Uma investigação do jornal britânico, The Guardian, identificou que 42 mil dos mortos eram civis. 


Ataque israelense a prédio de Gaza nesta semana (Vídeo: reprodução/YouTube/folha de s. paulo)

A Comissão Internacional Independente de Inquérito das Nações Unidas constatou que Israel cometeu genocídio em Gaza. O texto conclui que o governo israelense executou 4 das 5 práticas genocidas definidas pelo Direito Internacional, que são: assassinato de um grupo nacional, étnico, racial ou religioso; consumação de danos físicos e mentais; imposição condições de vida calculadas para provocar destruição física total ou parcial; imposição medidas destinadas a impedir nascimentos.