Weider Silveiro leva o balé para as ruas em coleção inspirada em “Pacarrete”

Inspirado no filme “Pacarrete” (2020), de Allan Deberton, o estilista Weider Silveiro apresentou no SPFW N60 uma coleção que transforma o balé clássico em moda urbana, sofisticada e emocional. Longe de ser literal, o desfile propõe uma leitura contemporânea da dança, unindo força e leveza, rigidez e fluidez, elementos que definem tanto o universo da bailarina quanto o olhar do criador.

A referência principal é a história real de Maria Araújo Lima (1912–2005), artista de Russas, no Ceará, cuja trajetória inspirou o longa. Considerada “louca” por sonhar com a arte em uma cidade pequena, a bailarina serve como símbolo de resistência e sensibilidade, sentimentos que atravessam toda a coleção.

Entre o palco e a cidade

Na passarela, Silveiro construiu um diálogo entre a disciplina do balé e o movimento das grandes metrópoles. Vestidos drapeados e franzidos evocam tutus e colants, enquanto blazers e casacos estruturados ganham volumes esculturais criados a partir de fitas de cetim e novos materiais, como o acetato, que substitui o couro tradicional.


Desfile de Weider Silverio no SPFW (Foto: reprodução/Instagram/@spfw)

Os decotes em U e quadrados remetem aos figurinos das bailarinas, mas surgem de forma tridimensional, destacando a modelagem precisa do estilista. Entre as peças, aparecem também trench coats, coletões, calças tipo Aladdin e moletons com frases como “He-Man”, “Paris” e “Russas”, uma ponte entre o erudito e o pop.

A cartela de cores reforça essa dualidade: tons de berinjela, mostarda, marrom, laranja queimado e roxo constroem uma atmosfera terrosa e sofisticada. Tudo em tecidos lisos de malha e viscose, pensados para o movimento e o conforto.

Um encerramento simbólico e emocionante

Encerrando o desfile, a performance de Márcia Dailyn, primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo, emocionou o público. Vestida com uma camiseta de Russas, ela trouxe à passarela a energia que conecta arte, corpo e expressão, pilares que sustentam tanto o balé quanto a moda de Weider Silveiro.


Desfile de Weider Silverio no SPFW (Foto: reprodução/Instagram/@weidersilveiro)

Com essa coleção, o estilista reafirma seu talento em equilibrar conceito e acessibilidade, criando roupas que contam histórias. O resultado é uma moda que dança entre o clássico e o contemporâneo, sem jamais perder o ritmo da emoção.

Dendezeiro traz a efervescência dos Bailes Black dos anos 1970 à passarela da SPFW

A marca baiana Dendezeiro, comandada pela dupla de estilistas Pedro Batalha e Hisan Silva, levou à passarela da São Paulo Fashion Week N60, no último sábado (18), o desfile “Brasiliano 3: Lei da Vadiagem”. A apresentação encerrou a trilogia que vem discutindo, por meio da moda, questões históricas e políticas ligadas à identidade negra e periférica no Brasil.

Desta vez com foco no impacto da legislação que criminalizava a pobreza e as manifestações culturais das periferias. A coleção traz referências dos Bailes Black dos anos 1970 e 1980.

Coleção “Brasiliano 3”

Criada em 1941, durante o Estado Novo, a chamada “Lei da Vadiagem” foi usada por décadas como instrumento de repressão. Essa lei permitia a prisão de indivíduos considerados “ociosos” ou “sem ocupação”, sendo mais aplicada a jovens negros que frequentavam espaços culturais como bailes funk, rodas de samba e blocos de carnaval.

É a partir dessa crítica que a Dendezeiro constrói sua narrativa visual. O desfile resgata e ressignifica a estética dos bailes black dos anos 1970 e 1980 e homenageia a resistência cultural que floresceu mesmo diante da criminalização imposta na época.


Desfile da Dendezeiro SPFW N60 (Foto: reprodução/Instagram/Danilo Grimaldi/@agfotosite)

Com uma coleção que mistura alfaiataria com referências do streetwear, a Dendezeiro fez da passarela um palco político. Os looks exploram padronagens como xadrez e listras, associadas às festas suburbanas, com tecidos como couro de tilápia, recortes ousados e ombros estruturados que desafiam o tradicionalismo da moda. O funk, movimento marginalizado e constantemente atacado, aparece aqui como protagonista do manifesto da marca.


MC Carol e MC Cabelinho desfilam para Dendezeiro (Foto: reprodução/Instagram/Danilo Grimaldi/@agfotosite)

MC Carol e Cabelinho se uniram ao casting de modelos, reforçando a presença de vozes periféricas e populares. A trilha sonora do desfile foi composta por funks de protesto e discursos potentes, como o de Mano Brown que completaram a atmosfera do desfile.


Desfile da Dendezeiro SPFW N60 (Vídeo: reprodução/Instagram/@eucabs)


Encerramento da trilogia “Brasiliano”

Desde 2022, a Dendezeiro vem desenvolvendo a série “Brasiliano” como forma de repensar os marcos da história brasileira pela ótica de quem foi sistematicamente silenciado. O primeiro capítulo da trilogia abordou o autoritarismo do Estado Novo; o segundo, a resistência da Cabanagem no Norte do Brasil; e o último, a criminalização da cultura negra por meio da Lei da Vadiagem.

A marca, nascida em 2018, em Salvador, vem se consolidando como uma das mais relevantes da nova geração da moda nacional. Não apenas por sua estética plural, mas por usar a moda como um canal de articulação política, de denúncia e de reconstrução identitária.

Matéria por Marian Bezerra do portal LorenaR7

À La Garçonne traz intimidade urbana e ousadia conceitual ao quarto dia de SPFW

A marca À La Garçonne (@alagarconne), sob direção criativa de Fábio Souza, abriu o quarto dia da São Paulo Fashion Week, nesta quinta-feira (16), no teatro do Shopping Iguatemi (SP), com um desfile que reafirma seu DNA urbano e provocativo. Sempre conectada com os desejos mais atuais da moda global, a grife apresentou uma coleção marcada pela fusão entre intimidade e streetwear, com forte presença de referências culturais e estéticas do cotidiano contemporâneo.

O desfile começou com uma cena impactante e simbólica: um modelo surgiu na passarela apenas de cueca e camisa branca, uma exposição crua da intimidade que a marca escolheu dividir com o público. A imagem, embora ousada, dialoga diretamente com a tendência crescente do underwear como outerwear, vista nas últimas fashion weeks internacionais. Peças íntimas, lingeries e roupas de baixo ganham cada vez mais protagonismo, não apenas como detalhe, mas como peça central dos looks.

A intimidade foi para a passarela

A sensualidade da intimidade foi elevada à proposta estética central da nova coleção da À La Garçonne. Ao invés de esconder, a marca escolheu valorizar a lingerie, colocando-a em evidência na composição dos looks. Tops, cuecas, meias-calças e rendas dividem espaço com peças de sobreposição, como jaquetas oversized e camisetas desestruturadas, em uma linguagem visual que flerta com o genderless e reforça o corpo como território de expressão.


Desfile À La Garçonne (Foto: Reprodução/Instagram/@ffw)


As modelagens amplas e desconstruídas continuam sendo uma assinatura da marca, mas surgem nesta temporada com nova energia. A silhueta larga é trabalhada com transparências, sobreposições ousadas e tecidos tecnológicos, garantindo uma estética urbana e ao mesmo tempo sofisticada. O resultado são peças que equilibram conforto e personalidade, ideais para um público que busca autenticidade no vestir.

Sobre estilo

A conexão com as ruas permanece como essência da À La Garçonne. Tênis de skate, bonés, jeans lavados e grafismos remetem ao universo do streetwear, evidenciando influências do hip hop, do skate e da cultura de rua em geral. Essa fidelidade à linguagem urbana mostra a capacidade da marca de dialogar com o presente, sem perder suas raízes.

Por fim, a coleção apresenta uma paleta sóbria, dominada por preto, branco, cinza e tons terrosos, pontuada por cores vibrantes e detalhes metálicos. Esse contraste entre o básico e o ousado adiciona dinamismo e contemporaneidade aos looks, criando composições visuais que equilibram sofisticação e rebeldia, traços sempre presentes no universo criativo da grife.

A moda caiu do céu: desfile da Forca teve paraquedistas pousando na passarela

Ontem (12), a grife Forca fechou o segundo dia da São Paulo Fashion Week com um espetáculo diferente de tudo. Sob o comando de Vivian Rivaben e Silvio De Marchi, o aeródromo do Campo de Marte, em São Paulo, se transformou em passarela.

A nova coleção outono-inverno, inspirada em esportes radicais, foi nomeada  HELYX e trouxe uma estética ousada e cheia de energia. Para abrir o desfile, quatro paraquedistas pousaram ao vivo em meio à passarela, roubando a cena antes mesmo da entrada da primeira modelo.

A atriz Alinne Moraes surgiu abrindo o desfile que também contou com a participação da modelo e atriz Vitória Strada, do cantor mexicano Christian Chávez e outros nomes conhecidos. 

Sobre a coleção HLYX

Composta por 50 looks, a coleção HELYX traduz a nova fase da Forca com peças que equilibram força e leveza. A marca apostou em tecidos técnicos, couros com acabamento polido, jacquards e materiais emborrachados para criar silhuetas marcantes e modernas. 

Na cartela de cores, predominam tons terrosos como verde oliva e off-white, combinados a toques vibrantes de vermelho e preto. As misturas de texturas de tule, chiffon, jeans, látex e superfícies plásticas criaram sobreposições marcantes, que ressaltam o contraste entre fluidez e estrutura.


Vídeo com trechos do desfile (Vídeo: Reproduçção/Instagram/@alinemiduoti)

Os acessórios reforçaram a narrativa da coleção e ampliaram sua ligação com os esportes radicais. Luvas em versões exageradas, bodies ajustados, braçadeiras e referências visuais ao paraquedismo completaram os visuais, ressaltando o espírito desafiador que define esta temporada da Forca.

Famosos que estavam no desfile

O desfile contou com a presença de alguns rostos conhecidos que deram ainda mais brilho ao evento. A atriz Alinne Moraes teve a honra de abrir a passarela, trazendo elegância e presença que estabeleceram o ritmo da coleção HELYX.


Vitória Strada posta momentos nos bastidores do desfile (Foto: Reprodução/Instagram/@vitoriastrada_)

Vitória Strada também marcou presença na passarela, combinando charme e atitude, enquanto o cantor mexicano Christian Chávez acrescentou um toque internacional ao desfile. Jessica Córes brilhou com sua personalidade marcante durante o desfile, conquistando olhares com seu andar impactante. Entre os convidados, o ator Daniel Rocha esteve presente, reafirmando o prestígio e o alcance da Forca no universo da moda e do entretenimento.

Day Molina estreia em Paris com coleção que homenageia Chico Mendes e exalta a floresta

Na última segunda-feira (29), a estilista e ativista Day Molina, descendente dos povos Aymara e Fulni-ô, fez sua aguardada estreia em Paris, com sua marca Nalimo. A apresentação integrou a agenda do Runway Vision, plataforma que faz parte do calendário independente da Paris Fashion Week (PFW) e que se dedica a dar visibilidade a vozes emergentes, diversas e comprometidas com novas narrativas da moda.

Uma passarela em defesa da floresta

A coleção foi construída como uma homenagem a Chico Mendes, líder seringueiro e ambientalista assassinado em 1988, cuja luta permanece símbolo de resistência na Amazônia. Em cada look, Molina traduziu a força da floresta em matérias-primas sustentáveis e volumetrias impactantes, sem abrir mão do refinamento estético. A estética mistura espiritualidade, resistência política e sofisticação internacional, reafirmando que a moda indígena brasileira é também uma voz global.

Couro certificado de pirarucu e tilápia, látex da seringueira, folhas de vitória-régia e pigmentos vegetais foram aplicados em peças que unem tradição artesanal e design contemporâneo. Silhuetas amplas, bordados manuais e a manipulação cuidadosa das fibras reafirmaram o compromisso da estilista com a valorização do trabalho comunitário e com uma moda que respeita o território.


Roupa usada no desfile da marca Nalimo (Foto: reprodução/Instagram/@molina.ela)


Representatividade na Paris Fashion Week

A presença de Day Molina na PFW é histórica. A estilista, que também atua como ativista pela representatividade indígena, reforça em seu trabalho a ideia de que a moda pode ser uma plataforma de afirmação identitária e de denúncia socioambiental.

No casting, modelos indígenas desfilaram com pinturas corporais inspiradas em tradições ancestrais, ampliando a potência do discurso apresentado na passarela. O desfile foi recebido com entusiasmo pelo público internacional, que reconheceu na coleção não apenas inovação estética, mas também relevância política.

Em entrevista para a Glamour Brasil, Day falou: “Queria falar de justiça climática, sobre aqueles que têm suas vidas ceifadas, suas vozes silenciadas. A Nalimo cumpriu um lindo papel trazendo beleza, mas também a voz de ativismo da natureza e das pessoas que a protegem”.


Roupa usada no desfile da marca Nalimo (Foto: reprodução/Instagram/@molina.ela)


Um novo capítulo para a moda brasileira

A estreia da Nalimo em Paris acontece em um momento em que o mercado global discute sustentabilidade, diversidade e inclusão com cada vez mais força. A coleção se coloca como um manifesto: é possível fazer alta moda com responsabilidade, ética e identidade.

Mais do que roupas, Molina apresentou uma narrativa: a de que o Brasil indígena e amazônico tem lugar central no futuro da moda. Ao homenagear Chico Mendes, ela atualiza sua luta e lembra que a moda pode ser também ferramenta de resistência.


Matières Fécales faz seu debut na Semana de Moda de Paris

Ontem, 30 de setembro, a marca canadense Matières Fécales fez sua estreia na Semana de Moda de Paris com um desfile. O cenário era tomado por rosas em um delicado tom rosa bebê, criando um contraste com as criações ousadas da dupla Hannah Rose Dalton e Steven Raj Bhaskaran, fundadores da marca. 

Em vez de modelos tradicionais, a marca convocou amigos e colaboradores para ocupar a passarela, celebrando a diversidade de corpos, gêneros e expressões. A escolha reforça o compromisso da Matières Fécales com uma moda verdadeiramente inclusiva e que, não apenas acomoda diferenças, mas as coloca no centro da criação.

Sobre a coleção para 2026

A coleção apresentada uniu elementos do ultrarromantismo com a estética gótica, criando um contraste visual. Tons suaves de rosa e branco foram usados, mas também teve a presença do preto profundo. Algumas peças em jeans trouxeram um toque de irreverência e casualidade à narrativa visual.


Modelos desfilam a coleção em tons de preto e rosa (Foto: Reprodução/Instagram/@matieresfecalesparis)


Com saltos-agulha em plataformas imponentes, as modelos surgem com maquiagem que remete a bonecas de porcelana. Os fundadores da marca, Hannah Rose Dalton, de 29 anos, que abre e encerra o desfile, e Steven Raj Bhaskaran, de 31, deixam claro que fugir do convencional é claramente a sua proposta.

Semana da Moda em Paris

A Semana de Moda de Paris é um dos eventos mais prestigiados da indústria fashion. O evento reúne as coleções das principais grifes do mundo, durante cerca de nove dias. Marcas consagradas como Chanel, Dior, Saint Laurent e Balmain apresentam suas apostas para as próximas estações, mas o evento vai além dos desfiles: é um encontro global de criadores, compradores, celebridades e jornalistas, onde tendências são lançadas e discursos estéticos e sociais ganham forma nas passarelas.


Paris Fashion Week 2025 (Foto: Reprodução/Geoffroy Van Der Hasselt/Getty Imagens Embed)


Sua origem remonta ao início do século XX, quando os ateliês parisienses começaram a apresentar suas peças em eventos exclusivos para clientes e imprensa. No entanto, foi a partir da década de 1970 que a Semana de Moda de Paris passou a fazer parte do calendário oficial da moda internacional, ao lado de Nova York, Londres e Milão. Desde então, tornou-se referência em inovação, luxo e tradição, mantendo Paris como epicentro da alta-costura e da criatividade no universo da moda.

Minimalismo em queda: a temporada de Milão consagra o maximalismo como a nova linguagem da moda

A Semana de Moda de Milão deixou claro: o minimalismo perdeu espaço. Em seu lugar, uma explosão de cores, brilhos e formas maximalistas tomou conta das passarelas, sinalizando não apenas uma tendência estética, mas também um posicionamento político e cultural. Se antes a sobriedade era associada ao bom gosto, agora ocupar espaço com intensidade parece ser o recado da temporada primavera/verão 2026.

Cores como resistência

Desde a pandemia, quando coleções luminosas simbolizavam um respiro em meio ao caos, não se via tantas cores reunidas em Milão. Quatro anos depois, a moda responde a um mundo mais conservador com a contramão do excesso. Gucci, Fendi e Prada foram algumas das marcas que transformaram suas passarelas em manifestos visuais, onde a liberdade cromática virou linguagem de resistência.

Maximalismo em alta

Na Gucci, Demna apostou em referências à história da maison, misturando storytelling com cinema em sua pré-estreia criativa. A coleção “La Famiglia” trouxe símbolos da família Gucci, acessórios icônicos repaginados e até um curta-metragem estrelado por Demi Moore para traduzir a nova fase da grife.


Coleção primavera/verão 2026 da Gucci (Foto: reprodução/Instagram/@gucci)


Na Fendi, Silvia Venturini Fendi levou leveza às peças urbanas e florais, explorando estampas botânicas, conjuntinhos lúdicos e acessórios que mais pareciam brinquedos. A proposta foi criar uma moda descontraída, colorida e fresca, em sintonia com um novo ciclo da marca.


Coleção primavera/verão 2026 da Fendi (Foto: reprodução/Instagram/@fendi)


Já a Prada assinou um desfile que questionou a rigidez da moda tradicional, propondo roupas mutáveis, quase vivas. Com Miuccia Prada e Raf Simons à frente, a coleção “Body of Composition” apostou em cores vibrantes, silhuetas em constante transformação e um manifesto visual sobre liberdade estética e expressão pessoal.


Coleção primavera/verão 2026 da Prada (Foto: reprodução/Instagram/@prada)


Na Bottega Veneta, Louise Trotter estreou como diretora criativa com uma coleção que uniu quiet luxury, tradição artesanal e frescor contemporâneo. Alfaiataria moderna, couro intrecciato reinterpretado e acessórios icônicos repaginados marcaram uma estreia sofisticada e funcional, voltada para a mulher real.


Coleção primavera/verão 2026 da Bottega Veneta (Vídeo: reprodução/Instagram/@newbottega)


Na Roberto Cavalli, Fausto Puglisi apresentou uma coleção inteiramente dourada, inspirada no ouro e na Antiguidade. Tecidos preciosos, efeitos espelhados e silhuetas fluidas transformaram a passarela em um espetáculo cintilante, vibrante e maximalista.


Coleção primavera/verão 2026 da Roberto Cavalli (Foto: reprodução/Instagram/@roberto_cavalli)


Já a Versace, sob o comando de Dario Vitale, trouxe de volta o maximalismo oitentista em um desfile ousado e sensual. Peças coloridas, cintilantes e cheias de sobreposições resgataram o espírito de Gianni Versace, mostrando que a marca mantém sua identidade vibrante mesmo em novas mãos.


Coleção primavera/verão 2026 da Versace (Foto: reprodução/Instagram/@versace)


Uma moda que reage

Milão decretou o fim do minimalismo com um recado claro: a moda não é apenas sobre roupas, mas sobre a forma como nos posicionamos no mundo. Se o contexto pede contenção, os desfiles respondem com intensidade. Brilho, cor e excesso não são apenas tendências passageiras, mas expressões de liberdade e resistência diante de tempos em que tudo parece querer ser reduzido ao preto e branco.

Prada Primavera/Verão 2026: Uma coreografia de texturas, formas e ideias

Na passarela da Milan Fashion Week, a Prada sempre hábil em cruzar moda com pensamento crítico, apresentou sua coleção Primavera/Verão 2026 como quem lança um manifesto silencioso. Intitulada “Body of Composition”, a nova proposta de Miuccia Prada e Raf Simons dialoga diretamente com a era do excesso e da reinvenção constante.

Desde os primeiros looks, um detalhe era evidente: tudo estava em fluxo. Calças amplas com cortes de macacão, luvas coloridas que pareciam moldar gestos e saias compostas por camadas assimétricas criavam uma ilusão de movimento contínuo. As peças, propositalmente desestruturadas, não buscavam formar silhuetas tradicionais, mas sugerir uma transformação constante como se cada modelo levasse em si uma performance em andamento.


Desfile Prada (Vídeo: Reprodução/Instagram/@Prada)


Estética em movimento

Nas palavras da própria grife, a coleção visa ser uma resposta à “sobrecarga da cultura contemporânea”, questionando o que é realmente necessário quando tudo parece demais. A “estética em movimento”, não se limita ao dinamismo físico das peças no corpo das modelos, ela se manifesta como um princípio central da criação. As roupas parecem vivas, instáveis, em constante mutação, como se respondessem aos passos, ao vento, ao instante.

Além disso, a Prada desafia a funcionalidade tradicional das roupas ao permitir que cada peça revele diferentes formas a cada olhar ou gesto. Tops que se soltam dos ombros, tecidos que se deslocam e estruturas que se dobram sobre si mesmas criam uma nova relação entre corpo e vestuário. O resultado é uma moda que não busca aprisionar ou moldar o corpo, mas sim acompanhá-lo em sua trajetória instável, mutável, humana.


Desfile Prada (Vídeo: Reprodução/Instagram/@Prada)


Moda como reflexo da sociedade

Mais do que um exercício estético, a coleção Primavera/Verão 2026 da Prada é uma proposta de leitura do presente. Suas roupas refletem a volatilidade emocional e a maleabilidade do indivíduo diante de um mundo em mutação constante. A ideia de peças que “flutuam” e se transformam ainda no corpo é uma poderosa metáfora da capacidade humana de adaptação e, talvez, um convite à autenticidade radical.

Em um mundo que exige respostas rápidas e reinvenções diárias, a Prada não oferece soluções, mas perguntas.

Boss Verão 2026: Quando a razão encontra a emoção na passarela de Milão

Na passarela da Boss para o verão 2026, apresentada durante a Semana de Moda de Milão, a moda não apenas vestiu o corpo, ela refletiu um diálogo profundo entre opostos. À frente da direção criativa da grife, Marco Falcioni revelou uma coleção que mergulha no espírito da dualidade, guiado por duas referências icônicas da cultura alemã: o designer industrial Dieter Rams, mestre da funcionalidade e do minimalismo, e a coreógrafa Pina Bausch, cujo trabalho expressa emoção e liberdade corporal em estado puro.

Essa fusão entre razão e emoção foi traduzida visualmente em peças que surpreendem por sua construção inteligente e ao mesmo tempo sensível. A tradicional alfaiataria elemento central do DNA da Boss apareceu desconstruída por materiais fluidos e inesperados. Blazers de corte preciso ganharam movimento com tecidos leves; calças e saias brincaram com proporções, equilibrando silhuetas marcadas dos anos 1980 com cinturas mais baixas e relaxadas, ecoando os anos 1970.


Coleção da Boss Verão 2026 (Foto: Reprodução/Instagram/@voguebrasil)

Entre o controle e a espontaneidade, nasce uma nova elegância

A Boss reforça, sua nova fase: menos previsível, mais conceitual mas ainda fiel à sofisticação que consagrou a marca. A coleção é um convite à reflexão sobre a complexidade do ser contemporâneo, que vive entre extremos e busca harmonia justamente no meio do contraste.


Coleção da Boss 2026 (Foto: Reprodução/Instagram/@voguebrasil)

A beleza do contraste em movimento

Para quem busca moda com propósito, narrativa e estética apurada, a Boss de Falcioni oferece não apenas roupas, mas um manifesto visual onde cada peça carrega a intenção de provocar, questionar e, sobretudo, emocionar.


Desfile da Boss (Foto: Reprodução/Instagram/@Boss)

Com essa coleção, a Boss reafirma seu gesto de identidade, de expressão e, sobretudo, de equilíbrio entre mundos aparentemente opostos. Em tempos de extremos, a sofisticação está justamente no meio-termo: onde a razão inspira a forma e a emoção guia o movimento.

Palco vira passarela: Post Malone estreia como designer em Paris

Post Malone está pronto para conquistar um novo território criativo. O rapper americano, conhecido por unir gêneros musicais e uma estética ousada, lança sua própria marca de moda: Austin Post. A estreia acontece em grande estilo, com um desfile ao pôr do sol em Paris, transformando a capital da moda no cenário ideal para essa nova fase. O evento promete ser mais do que uma simples apresentação: será uma fusão de música, estilo e espetáculo.

A coleção de abertura, intitulada Season One, nasce sob grandes expectativas. A proposta é revelar um guarda-roupa que traduz a essência de Malone, um encontro entre o streetwear urbano, referências do country americano e acabamentos sofisticados. Paris, conhecida por abrigar nomes que revolucionaram a moda, agora será palco para um artista que sempre se destacou por não seguir convenções.

O DNA estético de um ícone

Ao longo de sua carreira, Post Malone construiu uma imagem inconfundível. Seus ternos bordados, chapéus de cowboy, jaquetas jeans e o icônico “Canadian tuxedo” se tornaram símbolos de sua autenticidade, sempre acompanhados das tatuagens que já fazem parte de seu estilo de vida. Essa identidade visual forte agora se transforma no principal fio condutor da Austin Post, traduzindo sua personalidade em peças que unem ousadia e originalidade.


Ícone que transita entre o hip hop, o trap e o country, Post Malone estreia como designer e prova que moda também é música em movimento (Foto: reprodução/Instagram/@postmalone)


A estreia não significa apenas uma mudança de palco, mas a consolidação de Malone como trendsetter. Sua presença no mundo fashion é, na verdade, um desdobramento natural de sua trajetória: uma extensão da forma como sempre usou a moda para comunicar quem é.

O início fashion de Post Malone

Antes de oficializar sua marca, Post Malone já havia testado seu impacto no mercado com colaborações de sucesso. Entre elas, projetos com Crocs, Stanley 1913, Skims e Ugg, todos esgotados em tempo recorde. Essas parcerias mostraram não apenas sua versatilidade, mas também a força de sua conexão com diferentes públicos e estilos.


Post Malone estreia como designer com a marca Austin Post (Foto: reprodução/instagram/@postmalone)


Agora, com a Austin Post, o artista dá um passo decisivo. Mais do que roupas, ele apresenta uma visão: moda como expressão de identidade. O desfile parisiense será apenas o começo de uma trajetória que promete agitar o calendário fashion e consolidar Post Malone como um nome influente também fora da música.