O presidente Donald Trump protocolou um pedido formal junto à Suprema Corte dos EUA visando reverter o veredito civil que obrigou a pagar US$ 5 milhões em indenização à escritora E. Jean Carroll, acusada de abuso sexual e difamação.
O caso começou no início dos anos 1990 e foi levado a julgamento nos últimos anos, e já foi passado por cortes inferiores, que recusaram os argumentos de imunidade presidencial apresentados pela defesa. O Tribunal de Apelações dos EUA em Manhattan rejeitou o argumento de Trump de que o veredito de janeiro de 2024 deveria ser anulado porque ele merecia imunidade presidencial.
Trump alega erro durante processo e sobre as alegações tardias da autora, afirmando que não há testemunhas, vídeo ou relatório policial nos autos. Agora, a ofensiva deposita sua esperança na aceitação do recurso pela Suprema Corte, um passo incomum em litígios civis envolvendo ex-chefes de Estado.
O histórico do processo e os termos da disputa
Jean Carroll acusou Trump de agressão sexual em meados da década de 1990, ação que evoluiu para processo civil por agressão e difamação quando ele a chamou de mentirosa em 2019. Em 2023, um júri concluiu que Trump era responsável por abuso sexual e difamação, concedendo a Carroll a quantia de US$ 5 milhões.
Escritora E. Jean Carroll (Foto: reprodução/Steven Ferdman/Getty Images Embed)
A escritora teve recurso rejeitado pela 2ª instância em 8 de setembro de 2025 manteve a condenação de US$ 83,3 milhões (em dano moral e punitivo) ao caso relacionado. A nova petição à Suprema Corte representa uma tentativa de Trump de usar sua imunidade presidencial, reconhecida em outro julgamento, para escapar das consequências civis. Se o tribunal concordar em julgar o caso, isso abrirá precedente raro sobre o alcance da imunidade presidencial em processos civis por conduta extra constitucional.
Consequências políticas e jurídicas
Independentemente da decisão da Suprema Corte, o recurso de Trump acende debate sobre a imunidade de ex-chefes de governo e a extensão da imunidade por atos oficiais. O caso atrai atenção global e engloba temas como poder político, gênero, litígios de alto perfil e estratégias processuais.
Se acolhido, o recurso pode reverter decisões que tiveram forte repercussão pública. Se rejeitado, reforçará a jurisprudência de que figuras públicas — ainda que ex-presidentes — podem ser responsabilizadas civilmente por condutas privadas injuriosas.
Para E. Jean Carroll, que viu o tribunal reconhecer sua versão dos fatos, o recurso representa um desafio para a durabilidade da vitória legal. Para Trump — em meio a múltiplas batalhas jurídicas —, é mais uma tentativa de mitigar os danos a sua agenda e imagem. O resultado pode repercutir não só em sua vida pessoal ou política, mas na forma como o sistema americano encara a intersecção entre litígios civis, imunidade e responsabilidade de ex-líderes.
