Trump pressiona farmacêuticas a baixar preços e ameaça com represálias

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou nesta quinta-feira (31) que grandes empresas farmacêuticas podem enfrentar punições se não reduzirem o preço dos medicamentos. O recado foi enviado em cartas a 17 companhias do setor, divulgadas por meio da sua rede social, a Truth Social.

Segundo Trump, as farmacêuticas têm 60 dias para colaborar com o governo americano e ajudar na implementação de mudanças que reduzam os custos dos remédios para os americanos. Caso contrário, ele afirmou que vai usar todos os recursos disponíveis para proteger a população dos “abusos nos preços”.

Ameaças tem como motivação a prática de preços nos EUA

Apesar da ameaça, Trump não especificou que tipo de punição poderá aplicar. No entanto, deixou claro que não aceitará mais respostas evasivas das empresas, que, segundo ele, “tentam desviar a responsabilidade” e propor mudanças que continuam favorecendo seus próprios lucros.


Carta escrita por Trump pontuando mudanças para a indústria farmacêutica (Foto: reprodução/X/@shamrock_490)


Em maio, Trump assinou um decreto para tentar reduzir o custo dos medicamentos, que estão entre os mais caros do mundo. De acordo com dados da Casa Branca, os americanos pagam, em média, mais do que o triplo do valor cobrado em países desenvolvidos por medicamentos semelhantes.

Mercado interno americano mais acessível seria uma das justificativas de Trump

Uma das medidas defendidas pelo presidente é a política de “nação mais favorecida”, que consiste em atrelar o preço dos medicamentos no país ao valor mais baixo cobrado por eles no exterior. Agora, Trump quer que essa política também se aplique aos remédios usados por idosos atendidos pelo Medicaid e a novos medicamentos que forem lançados.

Essa postura de enfrentamento com a indústria farmacêutica se soma às recentes ações econômicas do governo, como o tarifaço imposto a países com quem os Estados Unidos têm déficits comerciais. Clima da economia interna dos Estados Unidos tem sido conturbado com os impasses sobre as sansões que Trump está aplicando aos outros países. Ambas refletem a estratégia de Trump de usar pressão econômica para tentar corrigir distorções que, segundo ele, prejudicam os americanos.

Justiça e empresários dos EUA avaliam legalidade do tarifaço de Trump

Nos Estados Unidos, um tribunal de apelações em Washington analisou nesta quinta-feira (31), se as tarifas criadas por Donald Trump são legais. A audiência durou quase duas horas e contou com a participação de representantes de cinco pequenas empresas e 12 estados americanos que contestam os impostos sobre importações.

Essas tarifas foram anunciadas em abril e afetam produtos de diversos países, incluindo China, Canadá, México e até o Brasil. Os advogados dos empresários e estados argumentam que Trump usou de forma errada a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, que não autoriza, segundo eles, a aplicação de tarifas tão amplas. Um dos juízes comentou que a lei nem sequer menciona a palavra “tarifa”.

Apesar disso, o governo defendeu que a medida foi necessária para proteger os Estados Unidos de riscos econômicos e até de segurança, como déficits comerciais e tráfico de drogas. A equipe de Trump afirmou que esses desequilíbrios prejudicam até mesmo a preparação militar do país.

A justiça americana questionou a legalidade das tarifas

Durante a audiência, uma juíza questionou a lógica do governo: ela disse que impor uma tarifa sobre o café, por exemplo, não resolveria um problema ligado às Forças Armadas.


Em discurso, Presidente da Reserva Federal Americana diz que valor dos produtos sancionados nas tarifas serão repassados ao consumidor (Foto: reprodução/X/@essenviews)


O grupo que entrou com a ação também ressaltou que o déficit comercial americano não é novidade e, por isso, não se trata de uma emergência.

A decisão final da Justiça pode levar semanas e, caso haja apelação, o caso pode chegar à Suprema Corte. Enquanto isso, Trump segue com a sua estratégia. Ele determinou que, a partir de sexta-feira (1), países com maior déficit comercial com os EUA pagarão tarifas mais altas.

Trump aplicou taxas para outros países também

O presidente também enviou cartas a quase 30 líderes de outros países avisando sobre as novas taxas, pressionando-os a fechar acordos comerciais melhores para os EUA. Até agora, nove acordos foram anunciados, mas alguns recuos também ocorreram.

O México, por exemplo, ganhou um prazo extra de 90 dias para evitar uma tarifa de 30%, após um telefonema entre Trump e a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum. Já a Coreia do Sul fechou um acordo na quarta-feira (30) para manter a tarifa em 25%.

Um novo decreto publicado na quinta-feira formalizou o tarifaço, incluindo países que ainda não chegaram a um entendimento com os EUA. O documento também altera algumas das tarifas anunciadas anteriormente, mas ainda não diz quando todas essas mudanças vão começar a valer.

Outro decreto elevou as tarifas sobre produtos canadenses, que passarão a pagar 35% a partir de sexta-feira (1).

Trump eleva tarifas sobre produtos brasileiros e agronegócio prevê perdas bilionárias

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (30) uma nova tarifa de 40% sobre produtos brasileiros, elevando para 50% o total da taxação sobre exportações do país. O decreto, divulgado pela Casa Branca, entrará em vigor no dia 6 de agosto e atinge diretamente setores estratégicos do agronegócio nacional, como o de carnes e o cafeeiro.

Trump contra alguns países

Segundo o comunicado, a decisão busca “proteger a economia norte-americana” e se soma à série de medidas comerciais adotadas recentemente pelo governo Trump contra países com os quais mantém disputas políticas ou comerciais.

A nova tarifa, no entanto, não será aplicada a todos os produtos agrícolas brasileiros. Ficaram de fora itens como castanhas-do-Brasil com casca, polpa de laranja e suco de laranja congelado. De acordo com estimativa da CitrusBR (Associação Nacional das Indústrias Exportadoras de Sucos Cítricos), a exceção para o suco de laranja evita que o país perca até US$ 792 milhões por safra — cerca de R$ 4,3 bilhões — com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

O setor florestal, que inclui madeira, papel e celulose, também não foi afetado pela nova taxação. Até o momento, representantes do segmento não se manifestaram publicamente sobre a decisão.

Café vai sofrer um prejuízo

Por outro lado, os impactos para carnes e café devem ser significativos. A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), que reúne empresas como JBS e Marfrig, estima perdas de aproximadamente US$ 1 bilhão com a medida. Já o setor cafeeiro pode sofrer um prejuízo de US$ 481 milhões, segundo projeção da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).


Fernando Haddad ministro da Fazendo (Foto: Reprodução/Arthur Menescal/Bloomberg via Getty Images)


A imposição das tarifas aumenta a tensão comercial entre Brasília e Washington em um momento de instabilidade nas relações diplomáticas. Para analistas do setor, a medida deve forçar o Brasil a intensificar a busca por novos mercados compradores, com destaque para a China, que já é o principal parceiro comercial do país.

Lula critica tarifas de Trump e diz que Brasil buscará novos mercados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, em entrevista publicada nesta quarta-feira (30) pelo jornal norte-americano The New York Times, as tarifas comerciais de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O governo de Donald Trump anunciou a medida no início de julho, com previsão de entrada em vigor nesta sexta-feira (2).

Trump anunciou Tarifas

Lula afirmou que o líder norte-americano “não pode confundir briga política com negociação comercial” e sugeriu que está aberto ao diálogo, desde que seja no campo econômico. “Se ele quer uma briga política, vamos tratar como briga política. Se ele quiser falar sobre comércio, vamos sentar e discutir comércio”, disse o presidente brasileiro.


Donald Trump Presidente do EUA (Foto: reprodução/Chip Somodevilla/Getty Images Embed)


Trump havia anunciado as tarifas em carta enviada a Lula e publicada em sua própria rede social em 9 de julho. Na mensagem, o republicano justificou as medidas citando um suposto déficit comercial dos EUA com o Brasil – que, na realidade, têm superávit na balança –, decisões judiciais consideradas desfavoráveis às big techs e o que chamou de “perseguição política” ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O norte-americano chegou a afirmar que a situação de Bolsonaro precisa ser revertida “imediatamente”.

Questionado sobre as críticas, Lula disse não saber “o que Trump ouviu” sobre ele, mas garantiu que, caso os dois se encontrem, o republicano perceberá que ele é “20 vezes melhor” que Bolsonaro. O presidente brasileiro também afirmou que não vai “chorar sobre o leite derramado” caso as tarifas entrem em vigor.

Brasil vai buscar alternativas

Segundo Lula, o Brasil buscará alternativas para escoar seus produtos em outros mercados, destacando a China como principal parceiro comercial do país. “Se os Estados Unidos e a China querem ter uma guerra fria, não vamos aceitar isso. Não tenho preferência. Quero vender para quem quiser comprar e pagar mais”, declarou.

A crise comercial adiciona tensão às já delicadas relações diplomáticas entre Brasília e Washington. Enquanto Lula tenta preservar o diálogo, Trump endurece o discurso em ano eleitoral nos EUA, aproximando política externa de disputas ideológicas internas.

EUA e Coreia do Sul fecham acordo e reduzem tarifa para 15% após investimento bilionário

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (30) a redução da tarifa sobre produtos importados da Coreia do Sul para 15%. À primeira vista, o ajuste acontece após um acordo em que a capital Seul se compromete a investir US$350 bilhões (R$1,93 trilhão) na economia americana, incluindo US$100 bilhões em compras de gás natural e outros produtos energéticos.

Portanto, a nova tarifa é menor que a alíquota inicial de 25% cogitada pela Casa Branca. Ainda assim, o acordo mantém a pressão comercial de Washington sobre parceiros estratégicos, mas busca contrapartidas financeiras expressivas para os Estados Unidos.

Setores beneficiados e impacto no Brasil

Além do pacto com a Coreia do Sul, os EUA divulgaram uma lista de exceções para o tarifaço aplicado a outros países. Então, no caso brasileiro, cerca de 700 itens foram isentos da nova taxa de 50%. Entre eles estão aeronaves da Embraer, produtos do setor agrícola e parte dos itens energéticos. A fabricante brasileira de aeronaves, que tem 45% de suas vendas de jatos comerciais para os EUA, registrou alta de 10% em suas ações após o anúncio.

Apesar das isenções, alguns especialistas avaliam que a tarifa impactará as exportações brasileiras de aço, alumínio e automóveis. Simultaneamente, o governo americano justifica a medida como parte da estratégia para fortalecer a indústria nacional e reduzir o déficit comercial, ampliando negociações bilaterais.


Coreia do Sul já se preparava para lidar com tarifas (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Tensões comerciais globais

Ainda assim, Trump tem enviado cartas a 25 países alertando sobre tarifas que podem variar entre 20% e 50%, caso não sejam firmados novos acordos até 1º de agosto. Anteriormente, a China chegou a anunciar o aumento das tarifas para 125% em produtos americanos, em resposta às tarifas impostas por Donald Trump. Já a União Europeia e a Coreia do Sul já conseguiram reduzir suas alíquotas com contrapartidas bilionárias.

O Itamaraty já levou o assunto das tarifas de Trump à reunião do Conselho Geral da Organização Mundial de Comércio (OMC) a fim de mudar a situação. Agora, o Brasil segue negociando para minimizar danos econômicos, enquanto a tensão tarifária traz à tona debates sobre protecionismo e cadeias globais de suprimentos.

Trump ameaça impor tarifas de até 20% a países

O presidente Donald Trump declarou durante visita à Escócia, que os Estados Unidos poderão impor uma tarifa global entre 15% a 20% sobre importações feitas por países que não fecharem acordos comerciais com o país. A medida deve atingir até 200 países, em uma estratégia forçada do governo norte-americano para forçar negociações até o prazo final, que é 1º de agosto.

O anúncio foi feito nesta segunda-feira (28) durante coletiva de imprensa realizada em Turnberry, na Escócia. Trump fez esta declaração ao repórteres em seu resort de golfe, ao lado do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer. Ainda em seu discurso, Trump afirmou que “só quer ser gentil” com relação às tarifas globais impostas e que logo enviará cartas informando cerca de 200 países sobre a taxa prevista para aqueles que não estabelecerem acordos comerciais com os EUA. 

Foi mencionado pelo presidente norte-americano que ele espera que a tarifa fique entre 15% a 20%, o que representa um aumento em relação a tarifa adicional de 10% aplicada em abril. Embora essa tarifa já tenha sido aplicada a potências como Japão e a União Europeia – esta última fechou um acordo com os EUA para que a tarifa seja estabelecida em 15% sobre exportações -, o Brasil ainda enfrenta uma situação diferente. O país ainda está sujeito ao tarifaço de 50% e segue em busca de negociações com Washington. 

Negociações com o mundo

Os Estados Unidos já fecharam acordos com parceiros-chaves como Japão e União Europeia, com tarifas estabelecidas em torno de 15% para produtos exportados ao país, após uma intensa e longa negociação. A negociação com a União Europeia foi essencial para os EUA, para que se evitasse uma guerra comercial entre os países do bloco e eles. Esse possível embate iria afetar duramente a economia global, já que a União Europeia reúne algumas das maiores potências mundiais. O pacto inclui um compromisso de compra de US$ 750 bilhões em energia e US$ 600 bilhões em investimentos nos EUA.


Donald Trump e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia em reunião na Escócia (Foto: reprodução/Andrew Harnik/Getty Images Embed)


Paralelamente aos acordos fechados, os Estados Unidos retomaram as negociações com a China, sendo estabelecida uma trégua tarifária temporária até 12 de agosto, após Pequim e Washington realizarem um acordo preliminar. Entretanto, as negociações com a potência asiática são sensíveis devido ao embate econômico entre os dois países.

Negociação com o Brasil

Enquanto isso, o Brasil continua tentando uma possível negociação com o governo norte-americano. Contudo, o país continua sem resposta de Washington e está sob ameaça direta das tarifas que entram em vigor a partir de 1º de agosto. As razões para o tarifaço excedem os motivos somente econômicos, e entra na inadequada interferência política de Trump no caso do ex-presidente, Jair Bolsonaro. 

O governo brasileiro entrou com um recurso formal na OMC, e na quarta-feira passada (23) realizou um discurso no Conselho Geral da OMC. Foi reiterado na declaração que o Brasil condena o uso do tarifaço como meio de interferência em assuntos internos do país – fazendo referência direta a carta de Trump ao Brasil, onde o presidente norte-americano condenou o julgamento de Bolsonaro.

Brasil leva tarifas de Trump à Organização Mundial do Comércio

Nesta quarta-feira (23), ocorreu a reunião do Conselho Geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), onde foi levado pelo Itamaraty a questão das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump. A reunião aconteceu em Genebra, na Suíça, e quem discursou em nome do governo brasileiro foi o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Philip Gough.

O encontro marcou o início do recurso oficial registrado pelo governo brasileiro na OMC,  contra o tarifaço anunciado por Trump, no dia 9 de julho, por meio de uma carta enviada ao presidente Lula e, respectivamente, ao Brasil. O governo também informou que a abertura do recurso junto ao órgão internacional foi solicitada formalmente por Lula.

Recurso à OMC e Lei da Reciprocidade

Em Genebra, o embaixador Philip Gough apresentou ao órgão internacional o protesto formal contra as tarifas anunciadas neste mês pelos Estados Unidos. Ele classificou as taxas como “arbitrárias” e “implementadas de forma caótica”, numa denúncia direta ao pacote de taxas de 50% aplicado sobre produtos brasileiros. O tarifaço está programado para entrar em vigor em 1º de agosto. 

De acordo com o discurso, as sanções unilaterais configuram uma “violação flagrante dos princípios fundamentais que sustentam a OMC”, sendo fundamentais para o bom funcionamento do mercado de comércio mundial. Não foi citado diretamente o presidente Donald Trump na manifestação, mas o governo brasileiro permanece na posição de negociações das tarifas. Entretanto, até o momento não houve resposta das autoridades norte-americanas e Cough afirmou que caso não aconteça uma negociação, o país irá recorrer a medidas legais e ao sistema de solução de controvérsias da OMC.

De forma paralela ao recurso enviado, o governo avalia a adoção da Lei da Reciprocidade. A lei foi aprovada pelo Congresso e tem como objetivo, caso implementada, retaliar os Estados Unidos com medidas igualitárias, caso as negociações não avancem, visando manter a soberania brasileira. Já foi dito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que o governo não pretende utilizar a lei de forma abrasiva. 

Interferência na política interna

Na fala incisiva na reunião, Gough acusou os EUA de usarem o tarifaço como forma de “pressão política”, interferindo nos assuntos internos do país. O embaixador faz referência a carta escrita por Trump, onde o presidente norte-americano diz estar acompanhando de perto o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Trump ainda disse que está acontecendo uma “caça às bruxas” no Brasil, pressionando indiretamente o governo brasileiro.


Donald Trump e Jair Bolsonaro juntos em 2020 (Foto: reprodução/JIM WATSON/Getty Images Embed)


Segundo Gough, tarifas com motivação política são “atalhos perigosos” em um contexto de instabilidade e guerra, já que corroem a estabilidade do sistema multilateral e ameaçam a soberania das democracias. Outros países foram tarifados pelos Estados Unidos, incluindo Japão, Reino Unido e Filipinas, que já firmaram acordos para reduzir as tarifas. Já a União Europeia e o Canadá, além do Brasil, ameaçam retaliação das taxas. 

Tensão diplomática entre Brasil e EUA expõe divergências comerciais e políticas

Relações entre Brasil e Estados Unidos ganharam novos contornos nesta quinta-feira (17) após declarações cruzadas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. O episódio começou com a divulgação de uma entrevista concedida por Lula à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, na qual o presidente brasileiro afirmou que Trump não foi eleito para ser “imperador do mundo” e que o Brasil busca independência nas relações comerciais

Pronunciamento da Casa Branca

Horas depois, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, respondeu às declarações durante coletiva com jornalistas em Washington. Segundo ela, Trump exerce uma liderança forte e de alcance global, mas não pretende impor sua vontade sobre outras nações. A representante reforçou que o atual governo americano age em defesa dos interesses da população dos Estados Unidos, especialmente no que diz respeito à economia e à proteção de suas empresas.

“O presidente certamente não está tentando ser o imperador do mundo. Ele é um presidente forte dos Estados Unidos da América e também é o líder do mundo livre. E vimos uma grande mudança em todo o globo por causa da liderança firme deste presidente”

Karoline Leavitt, disse

No mesmo pronunciamento, Leavitt comentou sobre a carta enviada recentemente por Trump ao presidente Lula, que comunicava a imposição de tarifas de 50% sobre determinados produtos brasileiros. A medida foi justificada por alegadas práticas que, segundo os norte-americanos, estariam prejudicando a competitividade das empresas dos EUA. Entre os pontos levantados estão a baixa proteção à propriedade intelectual, a regulação digital brasileira considerada desfavorável e a tolerância com o desmatamento ilegal na Amazônia.

Além das tarifas, Leavitt confirmou a existência de uma investigação comercial em andamento contra o Brasil, conduzida por um órgão do governo americano. A iniciativa visa avaliar se o país adota políticas que comprometem a equidade no comércio bilateral.


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemora Dia Internacional da Floresta Amazônica no Salão Nobre do Palácio do Planalto em Brasília (Foto: reprodução/Andressa Anholete/Getty Images Embed)


Declarações do Presidente Lula

Em resposta à carta, Lula declarou que inicialmente pensou se tratar de uma “fake news”, mas ressaltou que o governo brasileiro dará uma resposta “no momento certo”. Apesar da tensão, o presidente negou a existência de uma crise diplomática e destacou a tradição de diálogo entre as duas nações. Reforçou ainda que o Brasil valoriza negociações pacíficas e espera o mesmo comportamento por parte dos Estados Unidos.

“O Brasil valoriza as relações econômicas que tem com os EUA, mas o Brasil não aceitará nada imposto a ele de outro país. Aceitamos negociação, e não imposição.”

Presidente Lula, disse

O episódio marca mais um capítulo na complexa relação entre os dois países, que tentam equilibrar divergências políticas com interesses econômicos estratégicos.

EUA justificam inquérito para investigação formal contra o Brasil

Nesta terça-feira (15), o governo dos Estados Unidos anunciou a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil. A motivação do inquérito seriam as práticas comerciais brasileiras, consideradas pelo país, como desleais. O inquérito está sendo conduzido pelo USTR (Representante de Comércio dos Estados Unidos), mas foi iniciado por orientação direta do presidente em exercício, Donald Trump. 

As principais áreas a serem investigadas são: comércio digital e serviços de pagamentos eletrônicos; tarifa preferencial aplicada a outros países (como México e índia); fortalecimento a anticorrupção no Brasil; proteção à propriedade intelectual; acesso ao mercado de etanol; e desmatamento ilegal. 

Setores investigados

Motivados pelas leis brasileiras impostas a plataformas digitais – que responsabilizam as redes pelos conteúdos postados nelas -, os EUA apontam que essas políticas atrapalham operações de empresas americanas no Brasil. De acordo com o USTR, existem ordens judiciais secretas para bloqueio de contas e remoção de conteúdos que afetam cidadãos americanos.

No âmbito das tarifas preferenciais, os norte-americanos dizem que o Brasil estaria dando vantagem nas tarifas de importação a parceiros estratégicos, como o México e a índia, o que também atrapalharia a economia americana. Segundo os agentes americanos, a tarifa média imposta sobre produtos vendidos por eles chega a ser de até 100%.

Os EUA apontam um retrocesso no combate à corrupção no Brasil, citando acordos judiciais pouco transparentes e intervenções que anulam condenações importantes por suborno. Segundo o USTR, a percepção do retrocesso cria uma insegurança para empresas norte-americanas.

Também é apontado pela investigação, falhas na proteção e fiscalização de direitos de propriedade intelectual no Brasil. Entre os problemas citados por eles, estão a demora na concessão de patentes, a ampla circulação de produtos piratas no país e uma falta de resposta considerada por eles suficiente à pirataria digital.

A tarifa brasileira para o etanol americano é de 18% e isso foi um dos motivos citados na investigação. Segundo o inquérito, houve uma queda de US$ 761 milhões para US$ 53 milhões nas exportações do etanol americano, decorrente do fim de um acordo bilateral entre os EUA e o Brasil.

O desmatamento ilegal também é citado no inquérito como um dos alvos da abertura. O governo Trump diz que 91% do desmatamento registrado no ano de 2024 ocorreu de forma ilegal, favorecido por falhas na fiscalização ambiental e sugestões de corrupção no setor madeireiro. A justificativa da investigação dessa área é de que a competitividade dos produtos de madeira e agrícolas podem ser prejudicados.


Publicação no perfil da USTR na rede X sobre o inquérito contra o Brasil (Foto: reprodução/X/USTradeRep)


Tarifas impostas pelo governo americano

O presidente norte-americano, Donald Trump, publicou na Truth Social – sua rede social – no dia 9, uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, onde ele anuncia que a partir de 1º de agosto, tarifas de 50% serão impostas às exportações brasileiras.

No documento, Trump diz que os números de trocas comerciais estão “longe” de serem recíprocas, acusando de haver um défice na economia americana. Ainda no documento, é citado o ex-presidente Jair Bolsonaro, onde Trump diz que a investigação contra ele é uma “caça às bruxas”.

Durante reunião nesta terça-feira com empresários, o governo Lula disse que não pretende aplicar a Lei de Reciprocidade em resposta às tarifas, mesmo que não haja negociação com os EUA até agosto.

Trump ameaça Rússia com tarifa de 100% e pressiona por acordo de paz

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feiraa (14) que dará 50 dias para a Rússia aceitar um cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia. Caso Moscou não aceite os termos, ele promete taxar em 100% todas as exportações russas, além de impor tarifas secundárias a países que continuarem comprando produtos russos — como China e Índia.

“Vamos adotar tarifas secundárias”, afirmou Trump. “Se não chegarmos a um acordo em 50 dias, é muito simples, elas serão de 100%.” A estratégia visa pressionar financeiramente Moscou e acelerar uma solução diplomática para o conflito. Trump também prometeu apoio militar reforçado à Ucrânia, com o envio de armamentos de alta tecnologia, caso Vladimir Putin recuse o acordo proposto.

Efeitos colaterais: Brasil e aliados também na mira

Essa postura agressiva não se limita à Rússia. O Brasil, por exemplo, foi diretamente afetado. Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com início em 1º de agosto, em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado político. A medida é vista como uma retaliação simbólica ao atual governo brasileiro e considerada uma forma de apoio indireto ao julgamento de Bolsonaro por participação na tentativa de golpe após as eleições de 2022.

Além disso, Trump sinalizou tarifas de 70% para produtos chineses e 60% para exportações europeias. A nova política tarifária busca reposicionar os EUA como potência dominante nas relações comerciais e diplomáticas, retomando o lema “America First” com força total.

Guerra se arrasta e Rússia intensifica ataques

A guerra entre Rússia e Ucrânia já dura mais de três anos e está longe de um desfecho. Nos últimos dias, a Rússia intensificou seus ataques com drones, atingindo cidades ucranianas e mantendo o controle de aproximadamente 20% do território da Ucrânia. Apesar de discursos diplomáticos por parte de Moscou, os ataques continuam diários, e Putin ainda não respondeu positivamente ao cessar-fogo proposto por Trump, já endossado por Kiev.


Resultado de recente ataque russo em Lviv, Ucrânia (reprodução/Ukrinform/NurPhoto/Getty Images embed)


Redefinição do equilíbrio global

Com sua nova abordagem geopolítica, Trump aposta no uso da força econômica para influenciar o cenário global. O ultimato à Rússia e as tarifas impostas a países como Brasil e China indicam uma postura mais direta e conflituosa, que pode redefinir o equilíbrio diplomático nos próximos meses.