Há três anos, Lewis Hamilton classificou 2011 como o pior período de sua carreira. Entretanto, diante do cenário vivido nesta temporada de 2025, o heptacampeão já não tem dúvidas: o atual campeonato superou todos os limites de desgaste, pressão e decepções. Mesmo após uma corrida de forte recuperação no GP de Las Vegas, no último domingo, em que saiu de 19º para terminar em oitavo, o britânico deixou claro que o resultado não amenizou a sensação de impotência que marcou seu ano ao lado da Ferrari.
Em tom abatido, Hamilton desabafou ainda no paddock. Ele afirmou que, apesar de estar tentando tudo para melhorar seu desempenho, nada parece funcionar. A frustração acumulada ao longo das 22 etapas o faz olhar para 2025 como a pior temporada de sua trajetória. O piloto, que chegou à equipe italiana com expectativas elevadas e grandes planos, enfrenta agora uma realidade totalmente diferente da imaginada no começo do ano.
Um fim de semana que resumiu o drama de Hamilton
O GP de Las Vegas simbolizou o que tem sido o campeonato do britânico. Antes mesmo da largada, Hamilton já havia deixado claro que não nutria esperanças para o encerramento da temporada, após uma classificação traumática no sábado sob chuva, em que terminou na última posição do grid. Segundo ele, esse foi apenas mais um episódio que reforçou sua percepção de que vive o pior ano de sua carreira na Fórmula 1.
Mesmo assim, o britânico protagonizou uma recuperação expressiva nas primeiras voltas. Largando com pneus duros, conseguiu ganhar sete posições rapidamente, beneficiado pelo toque entre Oscar Piastri e Liam Lawson. Apesar disso, enfrentou novos sustos: raspou no muro da curva 12 e foi atingido na traseira por Alexander Albon, que posteriormente recebeu punição de cinco segundos. Com as paradas estratégicas de Fernando Alonso e Oliver Bearman, Hamilton conseguiu aparecer entre os dez primeiros ainda na volta 18, um alívio temporário em meio ao caos que se tornou a temporada.
A Ferrari, entretanto, voltou a apresentar dificuldades já conhecidas. Os problemas com o sistema de freios, que perseguem o time ao longo de 2025, reapareceram e preocupavam Hamilton no rádio. Apesar das limitações, o britânico ultrapassou Esteban Ocon para assumir o nono lugar e, conforme pilotos à sua frente foram aos boxes, chegou a alcançar a quinta posição antes de realizar seu pit stop na volta 30.
Carro de Lewis Hamilton (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Sam Bagnall)
Estratégia contestada e desgaste emocional à flor da pele
O ritmo do carro com pneus médios, porém, caiu drasticamente. Hamilton travou uma dura disputa com Fernando Alonso, conseguindo segurar a posição, mas viu seu desempenho despencar e acabou preso em décimo lugar. Irritado com o rendimento e com a estratégia adotada, o heptacampeão questionou seu engenheiro, Riccardo Adami, sobre a decisão da equipe.
No rádio, Hamilton demonstrou incredulidade ao tentar entender como caiu posições mesmo acreditando que tinha ritmo para avançar. Adami, por sua vez, afirmou que era preciso analisar os dados antes de conclusões definitivas. O diálogo expôs o desgaste entre piloto e equipe, marcado por dúvidas, falhas de comunicação e resultados abaixo do esperado.
A corrida ainda reservou uma reviravolta após a bandeirada: as desclassificações de Lando Norris e Oscar Piastri por irregularidades na prancha do assoalho garantiram ao britânico duas posições a mais, fechando o dia em oitavo e somando quatro pontos. Contudo, o avanço discreto pouco contribuiu para alterar o desfecho da temporada. Hamilton permanece em sexto no Mundial, com 152 pontos, enquanto seu companheiro Charles Leclerc, com performance mais regular, chegou a 226 pontos, ocupando o quinto lugar.
That was a CLOSE ONE! 😱
Lewis Hamilton almost gets caught out by the slowing Liam Lawson in front! 👀#F1 #LasVegasGP pic.twitter.com/JJNlEsRjT6
— Formula 1 (@F1) November 22, 2025
Hamilton durante o GP de Las Vegas (Vídeo: reprodução/X/Formula 1)
Ferrari perde terreno e futuro do britânico segue cercado de incertezas
A temporada de estreia de Hamilton pela Ferrari ainda não teve nenhum pódio — fato que pesa emocionalmente e simboliza a distância entre o que foi prometido e o que realmente aconteceu em pista. Do outro lado da garagem, Leclerc conseguiu evoluir ao longo do ano, mas também enfrenta dificuldades em transformar boas corridas em vitórias, prolongando o jejum do time na categoria.
O pódio duplo da Mercedes em Las Vegas agravou ainda mais a situação da Ferrari no Mundial de Construtores. A equipe alemã chegou a 431 pontos, ampliando a distância para a italiana, que possui 378 e ocupa apenas a terceira colocação, atrás também da RBR.
Com apenas mais uma etapa pela frente, Hamilton chega ao fim de 2025 com um peso emocional inédito e inúmeras dúvidas sobre o que poderá recuperar sua melhor forma na próxima temporada. O heptacampeão, acostumado a quebrar recordes e disputar títulos, agora busca entender como transformar frustração em motivação — e como ajudar a Ferrari a retomar o caminho da competitividade. O futuro, por enquanto, permanece aberto. Mas a certeza de Hamilton é clara: esta foi, de fato, a pior temporada de sua vida.
