O primeiro caso que foi a público em que isso aconteceu foi no ano de 2017 em que um juiz de Minnesota pediu ao Google informações sobre quem procurou o nome de uma vítima de fraude. O segundo a ser divulgado foi em 2020, onde foi procurado quem pesquisou o endereço de uma testemunha no caso do cantor R Kelly que logo depois foi vítima de incêndio criminoso.
O caso mais recente divulgado começou em 2019, quando investigadores federais de Wisconsin pediram ao Google informações sobre qualquer pessoa que pesquisou o endereço e nomes da vítima de tráfico e abuso sexual de menores e de sua mãe. Somente em 2020 os dados da pesquisa foram revelados sendo de um período de 16 dias mas nunca foi divulgado quantas pessoas foram expostas.
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“Temos um processo rigoroso para proteger a privacidade dos usuários ao mesmo tempo em que apoiamos o importante trabalho de aplicação da lei”, diz um porta-voz do Google. O problema na obtenção de dados de pesquisa de termos-chave é a possibilidade de alguém inocente ser envolvido por coincidência.
Outro problema, como aponta Jennifer Granick, consultora de vigilância e segurança cibernética da ACLU (União Norte-Americana pelas Liberdades Civis), é a violação da Primeira Emenda dos Estados Unidos que visa proteger a liberdade de expressão. “Essa técnica ameaça os interesses da Primeira Emenda e prejudicará pessoas inocentes, principalmente se as palavras-chave e o prazo não forem específicos. Para piorar as coisas, a polícia está fazendo isso em segredo, sem debate público e regulamentação.”
O caso de Wisconsin continuaria em segredo caso não fosse aberto acidentalmente pelo Departamento de Justiça. Nele havia o nome, perfil do Facebook, número de telefone e endereço da vítima configurando uma violação de privacidade de um menor. O governo além de identidade e endereço IP, esperava receber também os CookieIDs dos possíveis criminosos.
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CookieIDs “são identificadores que servem para agrupar todas as pesquisas realizadas a partir de uma determinada máquina, por um determinado período de tempo. Essas informações permitem aos investigadores verificar, mesmo quando o usuário não está conectado a uma conta do Google, se o mesmo indivíduo pode ter conduzido várias pesquisas pertinentes”, escreveu o governo.
Logo após a publicação dessas informações, Jennifer Lynch, diretora de litígios de vigilância da Electronic Frontier Foundation, chamou atenção para outros três mandados de palavras-chave do Google para investigar os bombardeios em Austin em 2018 que resultou na morte de duas pessoas.
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