Polícias matam uma pessoa preta cada a quatro horas no Brasil

Malu Corecha Por Malu Corecha
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Estudo realizado pela Rede de Observatórios, nesta quinta-feira (16), concluiu que intervenções policiais matam uma pessoa negra a cada quatro horas no Brasil. Os dados coletados foram recolhidos nos oito estados onde a Rede possui escritórios, sendo eles: Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.

O estudo, chamado “Pele Alvo: a bala não erra o negro”, constatou que das 3.171 mortes com declaração de raça da vítima analisadas, 87,35% eram de pessoas negras, o que corresponde a 2.770 pessoas.


Policial militar segurando fuzil durante incursão

Policial em invasão ao morro do Jacarezinho, RJ, que terminou com mais de 30 mortos (foto: reprodução/Reginaldo Pimenta/Estadão Conteúdo)


Liderança das duas ex-capitais

Antes o estado com maior proporção de assassinatos de pessoas pretas por intervenções policiais, o Rio de Janeiro ocupa a segunda posição do ranking desde 2021, tendo sido ultrapassado pela Bahia, que teve um crescimento de 300% nos dados entre 2015 e 2022.

Das 2.770 pessoas pretas vítimas de operações policiais nos estados analisados, a Bahia possui 1.121. Destes, aproximadamente 75% possuíam entre 18 e 29 anos, uma tendência vista em todo o território nacional. A região do estado com maior incidência de homicídios de pessoas pretas é a capital, Salvador.

O Rio de Janeiro, que segue a Bahia na lista, tem 1.042 mortos. Os dois estados somados ultrapassam 65% das mortes analisadas. Um caso recente no Rio de Janeiro foi do jovem Ruan do Nascimento, que foi assassinado enquanto ia a uma barbearia próxima de casa, na Barreira do Vasco. O jovem possuía deficiências intelectuais, e foi atingido por um tiro de fuzil.

São Paulo, terceiro colocado do ranking, ainda carrega um alto número de mortos, apesar de uma queda de quase 50% em relação a 2021. Dos 419 mortos em 2022, 64% eram pretas. Acredita-se que a queda se deu pelo uso de câmeras corporais nas fardas dos policiais.


Manifestação em velório

Amigos e parentes de Ruan Nascimento fazem protesto durante velório (foto: reprodução/Sandro Vox/Estadão Conteúdo)


Número pode ser maior

Ainda que 3.171 mortes tenham sido analisadas com base na raça das vítimas, o total de dados era de 4.219, porém 25% dos boletins de ocorrência não possuíam o dado de raça da vítima. Essas ocorrências foram maiores no Maranhão, no Ceará e no Pará.

O caso mais chamativo é o do Maranhão, que não inclui tais dados nas ocorrências desde 2020.

Foto destaque: policial em operação no Fallet, RJ, em 2019, utilizando um fuzil na presença de civis (Reprodução/Betinho Casas Novas/Estadão Conteúdo)

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