É fato que a luta das favelas finalmente está ganhando visibilidade. Seja na música ou na moda, o sucesso da sua trajetória já é certeiro. E uma das novas vozes que representam a quebrada na indústria da moda nacional é o Gabriel Alves, mais conhecido como Da Silva, nascido e criado em São Paulo, na zona norte da cidade.
Com uma estética personalizada, inspirada totalmente na periferia, Da Silva passou a despertar olhares em novembro do ano passado, quando foi ganhador do reality show de moda sustentável, Design Vision, uma parceria entre o canal Fashion TV e o Instituto Focus Têxtil.
Peça “Da Silva”. (Reprodução: Foto/Caodenado).
Em conversa com o site FFW, Da Silva conta como foi a experiência de participar (e ganhar) do programa: “Então (risos) eu não ia entrar no programa, nem achei que eu iria passar da primeira fase. Ganhei três provas, sem entender direito, fiz a coleção e levei todo mundo junto comigo. O cabeleireiro que faz meu cabelo e do meu irmão tava lá junto, os muleques que faz a trilha tavam junto(sic), os MCs, Rony e RD5 na hora abraçaram e toparam a ideia (…) O programa terminou em novembro do ano passado, eu só fui me tocar que ganhei em fevereiro desse ano, quando caiu a ficha. Nunca achei que meu trabalho iria se conectar com tantas pessoas com quem eu queria conectar.”
Gabriel se interessou pelo mundo da moda com apenas 9 anos, mas não tinha nenhum conhecimento fashion, até completar 18 e entrar para faculdade, onde surgiu o projeto Da Silva: “Ninguém me explicou nada até os 18 anos, fiz tudo sozinho. Aos 18 eu estudei para ingressar na Santa Marcelina com bolsa pelo ProUni e me formei em 2019 em estilismo. A Da Silva surgiu como meu projeto de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), inspirado no meu irmão, a partir de uma experiência que ele teve com a polícia, que me fez perceber que a moda era muito além daquela minha bolha da faculdade.”
Por fim, o jovem de 25 anos, conta quais são os planos futuros para o projeto Da Silva: “Eu quero fazer a Da Silva acontecer mesmo [como marca], provavelmente no próximo ano. E eu quero que as pessoas para quem eu faço roupa [a quebrada] vistam a roupa, possam comprar essa roupa, não quero que a pessoa da Paulista compre minha roupa, mas a galera da quebrada não consiga.”
Foto destaque: Peça “Da Silva”. Reprodução/Caodenado.