Um estudo publicado na renomada revista científica Academy of Management Annals revelou que três em cada quatro trabalhadores apresentam pelo menos um sintoma de doença mental, como depressão e ansiedade. Estima-se que as organizações percam aproximadamente 200 milhões de dias de trabalho por ano, juntamente com um prejuízo financeiro de até US$16,8 bilhões, devido às dificuldades enfrentadas devido à saúde mental debilitada no local de trabalho.
A médica psiquiatra Karine Cunha confirma que muitos pacientes que buscam ajuda no consultório relatam que o ambiente de trabalho é um dos principais fatores que contribuem para o desenvolvimento dos sintomas. “Exigências excessivas de desempenho, jornadas extenuantes, poucas pausas para descanso, ambiente competitivo e falta de reconhecimento são alguns dos fatores que podem predispor tanto à ansiedade quanto aos quadros depressivos”, ressalta.
Os prejuízos decorrentes das doenças mentais relacionadas ao trabalho são significativos tanto para o indivíduo quanto para a empresa. “A falta de concentração e a queda na produtividade são prejuízos comuns causados pelas doenças mentais relacionadas ao trabalho. O colaborador adoece e passa a produzir menos do que antes. Além disso, ocorrem longos períodos de afastamento, sendo que as doenças mentais ocupam a terceira causa de incapacidade para o trabalho no Brasil”, explica a médica.
A especialista também destaca a importância da prevenção: “Realizar atividades físicas regulares, adotar hábitos alimentares saudáveis e evitar o uso de álcool, cigarro e drogas são medidas essenciais para a prevenção das doenças mentais relacionadas ao trabalho”. Ela ressalta que a prática de exercícios físicos previne tanto as doenças físicas quanto as mentais.
Sinais de alerta devem estar no foco da atenção dos funcionários, segundo a especialista, entre eles a oscilação de humor sem motivo aparente, irritabilidade, desânimo, dores constantes no corpo, alterações de sono e apetite, além da queda na produtividade.
Quando questionada sobre as políticas que os empreendedores podem implementar, a médica destaca a importância da psicoeducação. “As pessoas precisam ser conscientizadas de que essas doenças são mais comuns do que se imagina e que buscar ajuda é fundamental”, ressalta Cunha. Ela sugere a contratação de especialistas para palestras e workshops, além de criar espaços para que os colaboradores possam expressar seus sentimentos e conflitos.
“A saúde dos trabalhadores deve ser estimulada de forma geral, tanto física quanto mental. É importante evitar o excesso de trabalho, conciliar melhor o trabalho com o lazer e o descanso, além de passar mais tempo com a família”, enfatiza a dra. Karine Cunha.
Em suma, a prevalência das doenças mentais no ambiente de trabalho é um desafio sério e complexo. No entanto, ao adotar uma abordagem proativa e centrada no bem-estar, as empresas podem criar um ambiente corporativo saudável e inclusivo, onde todos os colaboradores se sintam valorizados e apoiados em sua jornada de saúde mental.
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