Sobre Neci Valencosta

Pós-graduada em Política e Relações Internacionais, graduada em Comunicação Institucional, e finalizando a graduação em Jornalismo pela UMESP. Assuntos relacionados à política interna e externa, relações bilaterais e multilaterais entre países, diplomacia, conflitos armados e direitos humanos despertam a minha atenção. No entanto, procuro escrever sobre assuntos diversos, por entender que vivemos em um mundo plural, onde o respeito às diferenças e o conhecimento múltiplo nos tornam mais humanos.

Irã ataca Israel após envolvimento americano no conflito 

O Irã realizou um ataque retaliatório contra Israel na madrugada deste domingo (22), horário local. De acordo com informações do Serviço Nacional de Emergência Médica e Desastres de Israel (MDA), pelo menos 23 pessoas ficaram feridas. As cidades alvos dos bombardeios foram Tel Aviv e Ness Ziona, no centro de Israel, que tiveram prédios residenciais atingidos. 

Novos alertas

No início da ofensiva, as Forças de Defesa israelenses (IDF) emitiram um alerta à população do país para se protegerem em abrigos devido ao novo ataque. Conforme declarou a IDF, a maioria dos mísseis lançados pelo Irã foram interceptados. Em resposta, as forças aéreas israelenses contra-atacaram destruindo instalações militares iranianas nas regiões de Yazd, Isfahan, Ahvaz e Bushehr.


Publicação das Forças de Defesa de Israel (IDF) sobre os últimos ataques realizados pelo Irã (Vídeo: reprodução/X/@idfonline)

Conforme informou o IDF, a Força Aérea e a Marinha israelenses estão trabalhando conjuntamente com as demais autoridades militares do país para bloquear os ataques iranianos. Segundo declaração, na última madrugada, horário local, foram interceptados “30 veículos aéreos não tripulados lançados em direção ao território israelense”. Ao todo, desde a operação conjunta entre as forças de defesa, foram interceptados 500 mísseis vindos do Irã.

Posicionamento da ONU

Após os ataques dos EUA contra instalações nucleares iranianas, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, fez um apelo para um cessar-fogo na região. Alertando que os Estados-Membros devem seguir as diretrizes estabelecidas pela Organização. Em sua fala, Guterres pede “para que reduzam a tensão e cumpram suas obrigações sob a Carta da ONU e outras normas do direito internacional.” Israel e os EUA são acusados pela comunidade internacional de promover violações das normas e por não respeitar a soberania iraniana.


Declaração de António Guterres sobre os últimos acontecimentos envolvendo o conflito entre Israel/EUA e o Irã (Foto: reprodução/X/@UN_News_Centre)

Para António Guterres a escalada do conflito no Oriente Médio entra em um momento delicado e a diplomacia deve ser utilizada para evitar uma “espiral de caos” na região. Além de Guterres, altos funcionários da ONU, demais organizações multilaterais e autoridades de grandes potências mundiais também demonstraram preocupação com o envolvimento do governo de Donald Trump no conflito entre Israel e Irã.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, disse não haver sinais de vazamentos de radiação até o momento e continuará monitorando a situação de perto.  Contudo, Grossi convocou uma reunião de emergência para a próxima segunda-feira (23), junto ao Conselho de Diretores da AIEA para realizar avaliações adicionais nas instalações. 

Casa Branca divulga imagens de Trump durante ataque dos EUA a alvos nucleares no Irã

O departamento de comunicação da Casa Branca divulgou, na noite do último sábado (21), imagens do presidente Donald Trump coordenando os ataques a três instalações nucleares iranianas. Diretamente dos EUA e sob o seu comando, as plantas nucleares nas cidades de Fordow, Isfahan e Natanz, no Irã, foram bombardeadas. 

A ação foi condenada por membros da oposição ao governo Trump. Conforme informações, a ofensiva não teve o apoio do Congresso norte-americano.  A deputada Alexandria Ocasio-Cortez e o deputado Jim McGovern declararam que Donald Trump tomou uma decisão unilateral “arrastando os EUA para uma guerra no Oriente Médio“.

Sala de situação

Na investida dos EUA contra o Irã, na sala de situação da Casa Branca, juntamente com Donald Trump, estavam presentes: o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Estado Marco Rúbio, o secretário de Defesa dos EUA Peter Hegseth, além de militares e outras autoridades estratégicas estadunidenses. 

Em declaração após os bombardeios, o presidente Trump afirmou que a ação “quebrou as pernas” do regime liderado pelo Aiatolá Ali Khamenei, líder supremo iraniano, e declarou que a ação poderá “trazer paz” ou “tragédia” para o Irã, a depender dos próximos passos dados pelo país do Oriente Médio.


Donald Trump e demais autoridades dos EUA monitorando o ataque ao Irã (Foto: reprodução/Instagram/@whitehouse)


Em seu discurso, Donald Trump declarou, ainda, que caso haja uma retaliação por parte do Irã contra os EUA, a resposta “virá com muito mais força” do que foi nesta ofensiva. No entanto, autoridades iranianas, entre elas o próprio aiatolá Ali Khamenei, informaram que não se renderão e não farão acordos mediante “coerção”.  

O ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, publicou em suas redes sociais que os ataques “terão consequências duradouras” e que o Irã utilizará “todas as opções” para contra-atacar. Na madrugada deste domingo (22), horário local, o Irã bombardeou cidades israelenses, incluindo a cidade de Tel Aviv.

Reação mundial

Após os ataques dos EUA contra instalações nucleares iranianas, líderes de grandes potências mundiais condenaram a ofensiva realizada pela Casa Branca. Tanto autoridades da China quanto da Rússia criticaram a ação dos EUA, uma vez que, segundo informaram, a ofensiva agrava a situação no Oriente Médio.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da China declarou que “as ações dos EUA violam gravemente os propósitos e princípios da Carta da ONU e do direito internacional, e exacerbaram as tensões no Oriente Médio”. Informando ainda que o país está pronto para trabalhar pela paz na região. 


Publicação do Ministério das Relações Exteriores da China sobre a ofensiva dos EUA contra o Irã (Foto: reprodução/X/@MFA_China)

Kaja Kallas, vice-presidente da União Europeia, pede que as negociações sejam retomadas para um cessar-fogo entre Israel e Irã. Jean-Noel Barrot, ministro das Relações Exteriores francês, solicita que o conflito seja resolvido dentro dos termos do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). A Alemanha se mantém cautelosa e informa que o chanceler do país, Friedrich Merz, avalia a situação. Já o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, declara apoio aos EUA, informando que a ação foi necessária para barrar a ascensão do programa nuclear iraniano.

Irã cobra ação da ONU após ataques à instalação nuclear

Em carta aberta direcionada à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o chefe da Organização de Energia Atômica do Irã (AEOI), Mohammad Eslami, informou ontem, quinta-feira (19), que tomará medidas legais contra a agência. A ação, segundo informou, deve-se à inação do órgão em fiscalizar os ataques realizados por Israel às instalações nucleares iranianas nas regiões de Arak e Khondab.

Críticas à AIEA

Em comunicado, Eslami critica o diretor-geral da agência, Rafael Grossi, acusando-o de trair o regime de não proliferação nuclear, informando que Grossi precisa “cumprir seus deveres constitucionais, encerrando imediatamente essa inação”. As falas seguem condenando as ações realizadas por Israel, alegando serem “contrárias às regulamentações internacionais”.


Críticas feitas pelo Irã à AIEA (Foto: reprodução/X@EnglishFars)

 O ministro das Relações Exteriores do Irã, Esmaeil Baqaei, também utilizou suas redes sociais para criticar e acusar Rafael Grossi de traição ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Em suas falas, Baqaei declara que Grossi “transformou a AIEA em uma ferramenta de conveniência para que membros não pertencentes ao TNP” fossem privados de direitos básicos.


Declaração de Esmaeil Baqaei, em relação ao diretor geral da AIEA, Rafael Grossi (Vídeo: reprodução/X/@IRIMFA_SPOXa)

Conforme publicação, autoridades iranianas acusam Grossi de elaborar um relatório tendencioso e instrumentalizado pelos EUA, referente a investigações por parte da AIEA, sobre armamento nuclear desenvolvido pelo Irã ou não. Esmaeil Baqaei alerta que as ações de Grossi tiveram consequências terríveis à população iraniana, exigindo que o diretor da agência seja responsabilizado.

Resposta da AIEA

Em discursos publicados em suas redes sociais, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informa realizar o monitoramento de instalações nucleares iranianas constantemente. Declara, ainda, que técnicos da Agência estão no país para avaliar a situação de perto assim que possível. Grossi declara, inclusive, que viajará ao Irã para avaliar as instalações nucleares e confirmar se estão sendo utilizadas para fins não armamentistas.


Discurso do diretor diretor-geral da AIEA perante o Conselho de Governadores da ONU (Vídeo: reprodução/Instagram/@grossirafaelmariano)


Desde o início da ofensiva de Israel contra o Irã, e ataques mútuos, a AIEA se diz apreensiva com uma possível radiação nuclear afetando o meio ambiente e a população local. Em nota, a Organização das Nações Unidas (ONU) informa que outras instalações nas cidades iranianas de Tesa Karaj e Teerã, atingidas por Israel, já haviam sido monitoradas pelo órgão como parte do Plano de Ação Conjunta Global (Jcpoa). 

O Jcpoa é um acordo firmado em 2015 com o Irã, a fim de retirar as sanções impostas ao país em troca da não proliferação de armas nucleares, que limita a capacidade para enriquecimento de urânio, além do monitoramento por vários órgãos internacionais às suas instalações nucleares.

A preocupação tanto do Conselho de Segurança da ONU quanto da AIEA é a de que haja vazamento radioativo nos locais atingidos pela ofensiva israelense. A vice-comissária do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Nada Al-Nashif, solicitou negociações urgentes para acabar com os ataques, evitando uma escalada militar a nível global e danos irreversíveis às pessoas e ao meio ambiente.

Irã responde com novos ataques a Israel após instalações nucleares serem alvejadas

Em resposta aos últimos ataques realizados por Israel, as forças aéreas iranianas realizaram nesta sexta-feira (20), uma nova ofensiva contra o território israelense. A ação fez com que autoridades do governo de Benjamin Netanyahu emitissem um alerta à população para buscarem abrigos até o final desta ofensiva.

Em nota, as Forças de Defesa de Israel (IDF) informam que diversas áreas do país estão sob ataque iraniano. Solicitando para a população obedecer às instruções do Comando Interno até que a Força Aérea de Israel possa eliminar por completo a ameaça.

Novo comunicado

Agora há pouco, as Forças de Defesa de Israel (IDF) emitiram um novo comunicado para a população deixar as áreas protegidas nos locais que estiveram sob o ataque iraniano. Conforme informado, a situação já está controlada e, no momento, o Comando da Frente Interna avalia a situação. 

Em sua página oficial de notícias, o Mossad, Serviço de Inteligência de Israel, informa que há 17 feridos, sendo que 3 deles possuem ferimentos graves. Contudo, não há informações de quais cidades foram atingidas nessa nova ofensiva iraniana. Estima-se que Haifa, cidade israelense ao norte do país, foi alvo de mísseis lançados pelo Irã.


Relato de feridos em Israel após novo ataque iraniano (Vídeo: reprodução/X/@MOSSADil)

Antes do ataque, o presidente iraniano Masoud Pezeshkian declarou que o Irã tem buscado a paz, no entanto, informou que “a única maneira de acabar com a guerra imposta é parar incondicionalmente a agressão inimiga e fornecer uma garantia definitiva para acabar com as aventuras dos terroristas sionistas para sempre”. Pezeshkian acrescenta que haverá respostas mais duras, caso os ataques israelenses continuem contra a população iraniana.

Início e desdobramentos do conflito

Na madrugada de 13 de junho (2025), horário local, iniciou-se o conflito armado entre Israel e Irã com o governo israelense de Benjamin Netanyahu, utilizando mais de 200 caças para atacar alvos estratégicos iranianos. Ao todo, mais de 100 locais foram alvejados. Incluindo instalações nucleares nas cidades de Fordow, Natanz e Isfahan. 

Militares e funcionários do alto-escalão iraniano foram mortos. Entre eles, Mohammad Bagheri, Hossein Salami, Amir Ali Hajizadeh e Gholam-Ali Rashid, generais com posições estratégicas dentro das forças armadas do país. Cientistas nucleares também foram alvejados, além de centenas de civis.

Antes da ofensiva, o Mossad, Serviço de Inteligência de Israel, sabotou o sistema de defesa aéreo iraniano, fazendo com que a capacidade do país em se defender fosse reduzida. Abrindo espaço para o ataque coordenado israelense, inclusive contra a capital Teerã e contra a TV estatal iraniana.  Segundo Netanyahu, o ataque ocorreu para impedir a expansão nuclear do Irã, o qual é acusado pelo governo israelense de desenvolver meios para obtenção de armamento nuclear.  


Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel informando sobre o início do conflito armado contra o Irã (Vídeo: reprodução/Instagram/@israelipm)


O Irã revidou o ataque contra Israel no dia seguinte, 14 de junho (2025), utilizando drones, mísseis balísticos e hipersônicos. As principais cidades israelenses alvos foram Bat Yam, Ramat Gan, Rehovot, Haifa, além de Tel Aviv. O “Domo de Ferro”, sistema de defesa de Israel, conseguiu interceptar em torno de 90% dos ataques iranianos. 

O contra-ataque israelense foi direcionado às cidades iranianas de Kermanshah, Abadan, Piranshahr e Teerã. A ofensiva deixou mortos, feridos e destruição de edificações e instalações dos dois lados, pesando mais para o lado do Irã, até o momento.

Hoje, sexta-feira (20), o conflito entra em seu oitavo dia com ataques de ambos os países. A ofensiva, que estava restrita a algumas áreas específicas, agora se alastra para diversos novos pontos. Tanto Israel quanto o Irã têm lançado sucessivos ataques mútuos, colocando o mundo em alerta para uma possível desestabilização geopolítica no Oriente Médio, em uma possível escalada envolvendo vários países aliados, com desdobramentos globais.

Israel inicia novos ataques contra o Irã e emite ordem de retirada

As Forças de Defesa de Israel (IDF) emitiram comunicado sobre novos ataques contra várias cidades do Irã, nesta quinta-feira (19). Em declaração, as autoridades informam que um reator nuclear inativo na região iraniana de Arak foi alvejado. Nesta nova operação, foram utilizados 40 caças da Força Aérea israelense, atingindo também a capital Teerã. 

A nota informa que a construção do reator, iniciada em 1997, somente não foi concluída por pressão da comunidade internacional, que se posicionou contra a produção de armamento nuclear iraniana. A instalação em Arak, segundo declarou, foi projetada para produzir plutônio de alto rendimento, um dos componentes utilizados a fim de desenvolver armas nucleares. 

Nesse tipo de armamento, o plutônio age para a liberação de grande quantidade de energia, ocasionando uma reação em cadeia com explosões sucessivas. Na região, além de plutônio, havia também óxido de deutério, popularmente conhecido como “água pesada”, outro componente utilizado na produção de armamento nuclear, servindo como base para geração de energia. 

Segundo informações, muitos acordos foram feitos para que os reatores das instalações nucleares na região de Arak fossem convertidos para a produção de plutônio de baixo rendimento, impedindo assim que o componente pudesse ser utilizado para o desenvolvimento de armas nucleares. A nota, emitida pelo IDF, informa que o Irã rejeitou essa proposta.


Comunicado das Forças de Defesa Israelenses sobre ataques contra a região de Arak (Vídeo: reprodução/X/@idfonline)

Na noite de ontem, quarta-feira (18), horário de Brasília, as Forças de Defesa de Israel (IDF) emitiram um comunicado para que a população iraniana nas cidades de Arak e Khondab deixasse os locais, informando que as vidas delas estariam em risco caso não saíssem da região. Outras regiões, como as cidades de Natanz e Teerã, também foram atingidas.

Ataques mútuos

Desde o início do conflito, os dias estão marcados por ataques dos dois lados, com promessas de eliminação e destruição em massa. Tanto o governo israelense quanto o governo iraniano têm realizado várias publicações com a cronologia dos fatos, cada um com sua versão. O fato é que o número de mortos e feridos é alto. Segundo informações, estima-se que no Irã, as vítimas estejam entre 500 e 600 mortos. Em Israel, calcula-se entre 20 e 24. Autoridades do Irã falam em mais de 200 mortos israelenses. 


Publicação sobre feridos em um prédio atingido na cidade israelense de Haifa (Foto: reprodução/X/@MOSSADil)

O número de feridos pelos bombardeios faz com que hospitais iranianos e israelenses trabalhem em sua capacidade máxima. Nas cidades de Teerã e Isfahan, no Irã, os hospitais estão sobrecarregados. Estima-se que mais de 1.300 pessoas foram gravemente feridas no país desde o início da ofensiva. Em Israel, o número de pessoas feridas está em torno de 600. As cidades de Haifa, Tel Aviv e Bat Yam concentram o maior número de casos. 

Novos militares iranianos foram nomeados para ocupar o lugar dos generais mortos no início do conflito. Entre eles, o brigadeiro general Sayyid Majid Mousavi, para a posição de Comandante da Força Aeroespacial do IRGC. A nomeação foi feita pelo líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, que prometeu “desferir duros golpes” contra Israel, a quem ele chama de regime sionista.

Pressão internacional e diplomacia

A comunidade internacional tem se posicionado de maneira estratégica para a resolução do conflito entre Israel e Irã, visando um cessar-fogo imediato, evitando uma escalada no Oriente Médio. Países como China, Rússia, Egito, França, Turquia e os EUA têm procurado intermediar as negociações com os dois países envolvidos. A região é conhecida pela grande produção de petróleo e a oscilação no preço do produto pode desestabilizar a economia global, causando impacto direto nos países exportadores e compradores.

No entanto, os EUA, por meio de seus interlocutores, têm feito declarações de apoio a seu aliado no Oriente Médio. O presidente estadunidense Donald Trump tem declarado por meio de suas redes sociais apoio incondicional a Israel. Em uma das postagens, Trump exige a rendição do líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, e a evacuação em massa da capital iraniana, Teerã. 


Publicação sobre evacuação em massa da capital iraniana, Teerã (Vídeo: reprodução/X/@MOSSADil)

Após as falas de Donald Trump, até o momento, milhares de pessoas deixaram a cidade de Teerã temendo um ataque estadunidense em apoio a Israel. A evacuação em massa gerou caos em redes de supermercados, postos de gasolinas, causando quilômetros de congestionamento, implementando abrigos improvisados e lotação nos transportes públicos. Os destinos mais acessados, segundo informações das mídias locais, são cidades iranianas ao norte do país, entre elas Alborz, Gilan e Mazandaran.

O conflito armado entre Israel e Irã, iniciado na madrugada, horário local, do dia 13 de junho (2025), entra hoje em seu sétimo dia e, apesar da pressão de grandes potências mundiais e organizações multilaterais, não dá sinais de que haverá um cessar-fogo em breve. Com a possível entrada dos EUA no conflito, lutando ao lado de Israel e demais aliados, o líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, informa que lutará até o fim e a entrada dos estadunidenses na ofensiva “causará danos irreparáveis”, afirmando que a nação iraniana não se renderá.

Itamaraty denuncia “clara violação à soberania” iraniana por Israel em bombardeio

O Itamaraty, por meio de nota enviada à imprensa nesta tarde de sexta-feira (13), criticou os ataques feitos por Israel às instalações iranianas na última madrugada. Conforme a declaração, a ofensiva demonstra uma “clara violação à soberania” do Irã e ao “direito internacional”. Ainda, segundo o ministério, o conflito configura-se como um risco elevado para a “paz, segurança e economia mundial” e, por isso, solicita o fim imediato das hostilidades.

ONU se manifesta

Na mesma linha do Itamaraty, a Organização das Nações Unidas (ONU) também demonstrou preocupação com a ofensiva israelense contra o Irã e um possível revide. Em comunicado, o secretário-geral, António Guterres, pediu “contenção máxima” aos envolvidos, demonstrando preocupação com uma escalada do conflito na região.


Declaração do Secretário-Geral da ONU sobre os ataques de Israel contro o Irã (Foto: reprodução/X/@UN_News_Centre) 



A preocupação da ONU, deve-se não só ao fato de ocorrer uma maior desestabilização no Oriente Médio, como a um possível envolvimento de países aliados dos dois lados, onde o conflito assumirá proporções consideráveis, afetando tanto a segurança e a economia destes países quanto de países não participantes. 

Instalações nucleares 


Os ataques israelenses ao Irã geraram grande preocupação, também, por parte da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O diretor-geral da Agência, Rafael Mariano Grossi, informou que mantém contato com líderes iranianos a fim de verificar se as instalações nucleares do país foram afetadas. 

Conforme relatou Grossi, o governo do Irã informou que a usina de enriquecimento de urânio, na cidade de Natanz, “não apresenta níveis elevados de radiação”. Segundo a declaração, as instalações na cidade de Esfahan e a instalação subterrânea de Fordow, não foram afetadas.

Para o diretor-geral da AIEA, independente do contexto, jamais instalações nucleares devem ser atacadas, uma vez que uma possível contaminação por radiação nuclear afeta pessoas e meio ambiente, colocando em risco a segurança local e internacional.


Discurso de Rafael Mariano Grossi, diretor geral da AIEA (Vídeo: reprodução/X/@UN_News_Centre)

Nas últimas horas, o Irã tem investido contra o Estado de Israel como represália aos ataques sofridos nesta madrugada. As Forças de Defesa de Israel (IDF), juntamente com o Mossad, Serviço de Inteligência israelense, têm monitorado essa ofensiva interceptando drones e mísseis iranianos e realizando novos ataques ao país.

Apesar dos pedidos de trégua e acordos, por parte de vários líderes e organizações multilaterais, tanto Israel quanto o Irã, até o momento, não demonstram interesse em um cessar-fogo. Fazendo com que a comunidade internacional fique em alerta e volte suas atenções ao Oriente Médio, importante região geopolítica dentro do contexto global. 

Morte do líder Hossein Salami abala liderança militar do Irã

 O ataque surpresa de Israel contra o Irã, na madrugada desta sexta-feira (13), horário local, resultou na morte do comandante-chefe da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC), major-general Hossein Salami. Além de Salami, outros líderes das mais altas patentes militares iranianas, dezenas de civis e cientistas nucleares, também foram mortos na ofensiva.

Conforme informou as Forças de Defesa de Israel (IDF), os ataques foram realizados visando a destruição da expansão do programa nuclear iraniano. Salami e outros  funcionários do alto escalão do governo do Irã estavam reunidos em uma base militar quando foram surpreendidos pelos ataques israelenses.

Hossein Salami

Um dos mais influentes líderes iranianos, o major-general Hossein Salami comandava a Guarda Revolucionária iraniana desde 2019. Nomeado pelo líder supremo Ali Khamenei, tinha sob seu comando mais de 120 mil militares. Era responsável pelas forças aéreas, terrestres e marítimas do Irã. 

Salami entrou para a carreira militar na década de 1980, durante a guerra Irã-Iraque. Ao final do conflito, ocupou vários cargos de liderança até se tornar o chefe da IRGC. Era conhecido por seu discurso anti-EUA e seus aliados. Em abril e em outubro de 2024, sob seu comando, as forças militares iranianas atacaram Israel. Estes ataques contaram com o lançamento de mísseis balísticos, inclusive mísseis de cruzeiro e drones. 

Em suas falas, Hossein Salami, não escondia que um dos objetivos da Guarda Revolucionária iraniana era acabar com o “regime sionista”, que defende a autodeterminação do povo judeu. Por esse motivo, alguns países, entre eles EUA e Canadá, consideram a  IRGC como um grupo terrorista armado. 


Guarda Revolucionária do Irã e manifestantes iranianos na capital Teerã em 2017 (Fotos: reprodução/ HOSSEIN MERSADI/ATTA KENARE/AFP/Getty Images Embed)


A Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Europeia (UE) impuseram sanções contra Salami, nos anos de 2007 e 2021, respectivamente. Segundo essas organizações, as sanções foram necessárias devido ao envolvimento do major-general com o programa balístico do Irã e pelos seus atos repressivos contra civis iranianos durante as manifestações. Estas sanções incluíram desde congelamentos financeiros até a proibição de viagens e acessos a países europeus. 

Morte

A morte de um dos mais graduados militares das Forças Armadas iranianas significa a perda de uma liderança estratégica para o Irã, além do impacto moral causado na Guarda Revolucionária, que foi atacada de surpresa em seu território expondo a vulnerabilidade existente em seus sistemas de defesa. 


Confirmação da morte de Hossein Salami pela mídia estatal iraniana (Foto: reprodução/X/@IrnaEnglish)

Para os líderes iranianos, Hossein Salami, possuía uma grande influência regional, no chamado “Eixo da Resistência”, formado por países e lideranças do Oriente Médio que se opõem a Israel, EUA e demais aliados. Com a sua morte, as tensões geopolíticas aumentam, favorecendo disputas internas e podendo ser utilizada como justificativa para intensificação de ataques contra os responsáveis. Fragilizando a segurança e a diplomacia interna e externa, não só do Irã, mas, também, de países fronteiriços a ele e da região como um todo. 

Oriente Médio: Israel ataca o Irã e elimina os principais chefes militares

As Forças de Defesa de Israel (IDF) atingiram alvos militares iranianos em ataques surpresa realizados na madrugada desta sexta-feira (13), horário local, matando comandantes da alta patente das Forças Armadas do Irã. A ação ocorreu enquanto líderes iranianos realizavam uma reunião de contenção de crise para discutir questões ligadas à expansão do programa nuclear iraniano.

Conforme informou o IDF, diferentes áreas do Irã, incluindo alvos nucleares, foram atingidos por “representarem uma ameaça ao Estado de Israel e ao mundo em geral”.  Segundo Eyal Zamir, chefe das forças armadas israelense, o país está preparado para qualquer contra-ataque e, quem desafiar Israel, “pagará um preço alto”. 

Logo após os ataques, Effie Defrin, porta-voz do IDF, fez um pronunciamento nas redes sociais. Segundo informou, Israel não teve escolha e realizou os ataques a fim de proteger seus cidadãos. Uma vez que, o Irã está trabalhando na produção de armamento nuclear, enriquecendo milhares de quilos de urânio em suas instalações subterrâneas.


Pronunciamento de Effie Defrin, logo após os ataques contra o Irã (Vídeo: reprodução/X/@IDF)



Sabotagem do Mossad

Antes e durante o ataque, o Serviço de Inteligência de Israel, Mossad, realizou uma série de sabotagens desativando o sistema de defesa iraniano. O que permitiu acessar o espaço aéreo do Irã. Várias cidades do país foram atingidas, no entanto, o alvo principal foi a  instalação de enriquecimento iraniana, na cidade de Natanz, a cerca de 225 km ao sul da capital Teerã.


Ataques israelenses a diversos alvos iranianos (Vídeo: reprodução/X/@GeopolPt)

De acordo com informações, Israel atingiu o complexo de segurança onde militares estavam abrigados, além de seis bases militares e prédios residenciais em diversos pontos de Teerã, capital do Irã, incluindo alvos estratégicos nas cidades próximas à capital. Essa ofensiva causou dezenas de mortes e foi chamada por funcionários iranianos de “ataque seletivo”.

Mortes de militares

Em uma sequência de postagens em suas redes sociais, o IDF vem relatando detalhes sobre o ataque. Em uma das publicações confirmou que o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Iranianas, o Comandante do IRGC e o Comandante do Comando de Emergência do Irã foram mortos na ofensiva.


Confirmação das mortes de militares de alta patente do Irã (Foto: reprodução/X/@IDF)

As mortes do general Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã; do general Hossein Salami, comandante-chefe do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC) e do major-general Gholam-Ali Rashid, chefe do Comando de Emergência do Irã, também foram confirmadas pela mídia estatal iraniana. Além da morte de dois cientistas nucleares, Fereydoun Abbasi-Davani e Mohammad Mehdi Tehranchi.

Promessa de revide

O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, informou que a ofensiva de Israel contra alvos militares iranianos causando a morte de seus principais chefes foi uma “declaração de guerra” por parte de Israel, prometendo vingança.

“A mão poderosa das Forças Armadas da República Islâmica não os deixará impunes, se Deus quiser. Com esse crime, o regime sionista preparou um destino amargo e doloroso para si mesmo e certamente o receberá”.

Em um comunicado enviado à Organização das Nações Unidas (ONU), Araghchi pede intervenção imediata do Conselho de Segurança da ONU para a resolução dessa questão. Já o general Abolfazl Shekarchi, porta-voz das Forças Armadas iranianas, incluiu os EUA como alvo nesse contra-ataque, acusando o país norte-americano de apoiar a ofensiva realizada por Israel. Em sua fala Shekarchi afirma que “americanos e israelenses vão pagar um preço alto pelos bombardeios”.

Marco Rubio, Secretário de Estado dos EUA, declarou que  “Israel tomou uma ação unilateral” e que a Casa Branca foi informada sobre os planos de ataque israelense contra o Irão, porém, não participou da ação. Conforme Rubio,a prioridade dos EUA, agora, é proteger suas tropas no Oriente Médio devido à tensão que os ataques causaram na região. 

Trump anuncia aplicação de novas tarifas comerciais a diversos países nos próximos dias

O presidente dos EUA Donald Trump informou ontem, quarta-feira (11), que enviará aos parceiros comerciais nas próximas semanas um comunicado referente à aplicação das tarifas sobre produtos, prometidas por ele em abril (2025). A declaração de Trump foi feita a jornalistas durante uma coletiva de imprensa no Kennedy Center, em Washington D.C. O presidente compareceu ao local para assistir ao espetáculo francês, “Os Miseráveis”, um dos mais prestigiados do mundo. 

Reciprocidade tarifária

As tarifas impostas por Donald Trump atingem desde grandes potências econômicas a países em desenvolvimento. Entre diversos estabelecimentos e cancelamentos de prazo, a última data determinada pelo mandatário estadunidense para aplicação da “reciprocidade tarifária” estava marcada para 09 de julho (2025). No entanto, ontem, Trump informou que: “em determinado momento, vamos simplesmente enviar as cartas e  acho que vocês entendem o que isso significa, esse é o acordo, aceitem ou deixem’”.


Donald Trump, presidente dos EUA, apresentando a “reciprocidade tarifária” a jornalistas em abril deste ano (2025) (Foto: reprodução/Instagram/@whitehouse)


Apesar de declarar que aplicará as medidas nas próximas duas semanas, o presidente norte-americano, disse estar aberto às negociações quanto à extensão do prazo. Na data de ontem, Trump informou que houve acordo comercial com a China e com as políticas tarifárias aplicadas, antecipando as negociações com o país asiático.

Mercado em alerta

A declaração de Donald Trump causou uma nova tensão no mercado financeiro. A incerteza sobre a aplicação ou não das tarifas a países parceiros dos EUA, comercialmente, fez com que o mercado de ações operasse em queda na manhã desta quinta-feira (12). 

Conforme indicadores econômicos, a Nasdaq, segunda maior bolsa de valores do mundo, está operando com queda de -0.50% e o dólar americano enfrenta grande oscilação, com recuo de -0.08%, até o momento. Bolsas europeias e asiáticas, também, fecharam em baixa e o mercado financeiro prepara-se para a possibilidade de uma nova guerra comercial travada pelo governo dos EUA contra diversos países.


Vista da sede da Nasdaq na Times Square, em Nova York, EUA (Foto: reprodução/ BRYAN R. SMITH/AFP/Getty Images Embed)


Esses números são importantes, uma vez que o dólar americano é a moeda mais utilizada no comércio global e serve como base para cotações dentro do sistema financeiro mundial. Quando há esse tipo de oscilação, ocorre o que especialistas chamam de “efeito cascata”, onde o evento principal desencadeia sucessivos eventos posteriores e, nesse caso, afetando a economia de diversos países ao redor do mundo.  

Ainda não está claro se o presidente Donald Trump, de fato, aplicará as tarifas impostas conforme informado. Porém, cada declaração feita por ele agita o mercado financeiro. Desde que assumiu o seu segundo mandato à frente da Casa Branca, Trump vem tentando implementar suas políticas fiscais, comerciais e orçamentárias, enfrentando grandes resistências dentro e fora dos EUA. Contribuindo, muitas vezes, para o enfraquecimento e desestabilização das relações diplomáticas estadunidenses com países e organizações ao nível mundial. 

Zambelli: Ministério da Justiça pede extradição e aciona Itamaraty

O Ministério da Justiça solicitou formalmente o pedido de extradição da deputada federal licenciada, Carla Zambelli, às autoridades italianas. A solicitação feita ontem, quarta-feira (11), será encaminhada ao país europeu por meio do Itamaraty, apto a realizar este tipo de procedimento devido aos trâmites diplomáticos necessários à situação. 

Carla Zambelli, que teve sua prisão preventiva decretada em 04 de junho (2025), devido à sua saída do Brasil sem comunicar às autoridades, é considerada foragida pela justiça brasileira. Por esse motivo, o ministro Alexandre de Moraes, no último sábado (07), converteu a prisão da parlamentar em definitiva. 

Em maio (2025), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), condenou a deputada por unanimidade no processo relacionado à invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), juntamente com o hacker Walter Delgatti. A condenação prevê multa, perda de mandato e 10 anos de prisão, inicialmente em regime fechado.

Tratado de Extradição 

Em 1989, o Brasil e a Itália firmaram acordo de extradição que entrou em vigor através do Decreto nº 863/93. Conforme o Tratado, os países têm obrigação de entregar à parte requerente “pessoas que se encontrem em seu território e que sejam procuradas pelas autoridades judiciárias”. No entanto, a recusa da extradição pode ocorrer se o país entender que o condenado sofre perseguição e discriminação, inclusive política. 

Importante ressaltar que Zambelli, ao sair do país, declarou ser inocente dos crimes imputados a ela e é  perseguida devido à sua posição política. Esta perseguição, segundo a deputada, é tanto por parte da oposição quanto das autoridades brasileiras. Discurso respaldado por seus advogados de defesa, familiares e apoiadores parlamentares. 


João Zambelli, filho da deputada federal licenciada Carla Zambelli, em declaração a favor da parlamentar e contra a condenação (Vídeo: reprodução/Instagram/@gustavo.gayer)


Zambelli, que possui dupla cidadania, busca, junto à extrema-direita italiana, não ser extraditada e, se necessário o cumprimento da pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro, que seja cumprida no país europeu. De acordo com declarações da parlamentar, ela não conseguiria cumprir a pena no Brasil, se fizer, “morreria na prisão”.

Outros casos de extradição

O deputado italiano Angelo Bonelli, desde que soube que Carla Zambelli buscaria refúgio na Itália para o não cumprimento da pena a que foi imposta pela Primeira Turma do STF, tem recorrido ao governo e autoridades italianas solicitando a extradição da deputada para o Brasil. Em suas falas, Bonelli, declara que a Itália não pode ser refúgio para condenados de outros países sob o argumento de perseguição política.


Declaração do deputado italiano Angelo Bonelli, sobre Carla Zambelli (Vídeo: reprodução/X/@AngeloBonelli1)

Nas últimas décadas, a Itália acatou pedidos de extradição feitos pelo Itamaraty às autoridades italianas. Em 2015, Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, envolvido em casos de corrupção, mesmo tendo dupla cidadania foi extraditado para o Brasil, onde cumpriu pena em regime fechado por dois anos. 

Outro caso de extradição foi de Salvatore Cacciola, italiano condenado no Brasil por crimes de desvio de recursos públicos e fraude financeira em 2008. Cacciola foi extraditado para o Brasil e por três anos cumpriu pena no Instituto Penal Plácido Sá Carvalho, em Gericinó, na cidade do Rio de Janeiro.