Defesa não detalha tornozeleira violada e afirma que Bolsonaro não fugiria
Advogado não esclarece dano à tornozeleira de Bolsonaro e chama versão de violação de narrativa para “justificar o injustificável” a jornalistas na PF
Detido de forma preventiva no último sábado (22) por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em operação da Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) viu sua defesa ter de justificar por que ele teria tentado violar a tornozeleira eletrônica que usa desde julho. Bolsonaro passará por audiência de custódia neste domingo (23), ao meio-dia.
Segundo os advogados, a tentativa de violar o equipamento não é motivo suficiente para a prisão. Eles argumentam que, mesmo que a tornozeleira fosse danificada, a residência do ex-presidente é vigiada 24 horas por dia, o que impediria qualquer tentativa de fuga.
Prisão preventiva
A prisão de Jair Bolsonaro foi determinada a partir de um pedido da Polícia Federal ao Supremo, no qual os investigadores apontaram risco de fuga do ex-presidente, especialmente após a vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente ao condomínio onde o pai mora. Esse entendimento foi acompanhado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, em manifestação enviada ainda na madrugada de sábado.
No mandado de prisão, o ministro Alexandre de Moraes estabeleceu condições específicas: que o ex-chefe do Planalto, em prisão domiciliar desde 4 de agosto, não fosse exposto publicamente e que não fossem usadas algemas. Os agentes da PF seguiram essas orientações.
Advogado de Jair Bolsonaro demonstra indignação com a decisão de prisão preventiva (Vídeo: reprodução/YouTube/Itatiaia)
Em conversa com jornalistas, concedida ao deixar a sede da Superintendência da Polícia Federal, o advogado Paulo Cunha Bueno disse que o episódio da tornozeleira estaria sendo usado para “tentar justificar o injustificável”. Na visão dele, Bolsonaro não teria como deixar a própria casa sem ser visto e o dispositivo eletrônico acabou se transformando, nesse caso, em uma espécie de pena infamante, servindo apenas para expô-lo à humilhação.
Tornozeleira eletrônica
Na decisão, Moraes mencionou que Bolsonaro tentou adulterar a tornozeleira eletrônica. No início da tarde, o ministro retirou o sigilo das imagens em vídeo em que o ex-presidente admite ter usado um ferro de solda para queimar o dispositivo preso ao tornozelo.
O ex-presidente relatou a uma agente que havia usado um “ferro de solda” para tentar abrir a tornozeleira eletrônica. A conversa foi registrada em vídeo e também descrita em um relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal.
“Meti um ferro quente aí… curiosidade”, disse Bolsonaro à servidora. Quando ela perguntou: “Que ferro foi? Ferro de passar?”, ele respondeu: “Ferro de soldar, solda”.
OUÇA momento em que Bolsonaro admite que tentou violar tornozeleira eletrônica com ‘ferro quente’ https://t.co/jmOcJlfBYa #g1 pic.twitter.com/8uZubWLVCb
— g1 (@g1) November 22, 2025
Bolsonaro admite ter usado um “ferro de solda” para tentar abrir a tornozeleira eletrônica (Vídeo: reprodução/X/@g1)
Segundo o documento da secretaria, o alerta de violação do equipamento foi disparado às 0h07 deste sábado, momento em que uma equipe foi imediatamente deslocada até o endereço. Inicialmente, a informação repassada à administração penitenciária era de que o ex-presidente teria batido a tornozeleira na escada. A perícia, porém, concluiu que não havia marcas de impacto ou choque em nenhuma superfície.
Bolsonaro permanece preso em um cômodo de cerca de 12 metros quadrados na Superintendência da PF, que foi recentemente adaptado para recebê-lo. O espaço conta com ar-condicionado, frigobar, cama de solteiro, televisão e banheiro privativo.
