Neste domingo (22), o Ministério da Saúde anunciou que estuda acelerar um edital do Programa Mais Médicos para recrutar profissionais para atuação nos Distritos Sanitários Indígenas (Dsei), por causa da desassistência sanitária dos Yanomamis.
Segundo a pasta, o recrutamento de médicos seria feito da seguinte maneira: profissionais da área formados no Brasil e no exterior, que atuariam de maneira permanente, inclusive no Dsei Yanomami, onde quase 100 crianças morreram no ano passado, de acordo com o Ministério dos Povos Indígenas.
Os Dsei
Unidades de responsabilidade sanitária federal que correspondem a uma ou mais terras indígenas.
“Tínhamos um edital só para brasileiros. Só em seguida que faríamos um edital para brasileiros formados no exterior e, depois, para estrangeiros. Frente à necessidade de levarmos assistência à população dos distritos indígenas, especialmente aos Yanomami, queremos fazer um edital em que todos se inscrevam de uma única vez”, explica o secretário de Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes.
Comitiva presidencial durante anúncio de ações emergenciais para a população Yanomami (Foto: Reprodução/Presidência da República)
Fernandes complementa que tendo o edital único, quando esgotarem as vagas para brasileiros, aquelas remanescentes automaticamente irão para os médicos brasileiros formados no exterior. Caso a vacância persistir, as vagas irão para estrangeiros que queiram participar, de maneira que haja um processo mais rápido. O objetivo é otimizar o trabalho e suprir o atendimento nos distritos indígenas.
“A Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) está garantindo recursos para um edital em andamento, em que há 77 médicos alocados em Dsei. O Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami é um dos que mais carece de profissionais entre os territórios, com apenas 5% das vagas ocupadas. Por isso, a necessidade de um novo edital formulado já a partir desta semana, contemplando a necessidade da saúde indígena”, informou o ministério.
O programa Mais Médicos, criado na gestão de Dilma Rousseff (PT) em 2013, sofreu resistências do governo do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que decidiu criar um novo programa em 2019, o Médicos pelo Brasil, para substituir o programa do partido petista.
Os dois programas estavam existindo de forma simultânea. Ademais, de acordo com o secretário do Ministério da Saúde, ambos não foram suficientes para preencher as vagas no interior e em periferias, onde as pessoas mais sofrem com a falta de médicos na atenção básica.
Foto Destaque: População Yanomami. (Reprodução/Agência Brasil)