Segundo uma análise feita pela revista The Lancet Healthy Longevity, publicada nesta quarta-feira (8), é seguro fazer uma terapia de reposição de testosterona em curto e médio prazos no tratamento de uma condição causada pela deficiência do hormônio sexual masculino.
O estudo sugere que homens que sofrem com hipogonadismo, que é um mau funcionamento dos testículos, podem receber doses de testosterona para tratar a doença sem correr um risco elevado de ter um ataque cardíaco, derrame ou qualquer outro problema cardiovascular do que comparado com homens que não fazem esse tratamento.
Essa terapia é padrão para o tratamento da doença, causadora da disfunção sexual, enfraquecimento dos ossos e músculos e a redução da qualidade de vida. O que também pode indicar que o homem sofre com o hipogonadismo é o envelhecimento, já que com a idade avançada a produção de testosterona diminui, a obesidade e o diabetes.
Mesmo que essa terapia seja muito utilizada, a segurança cardiovascular durante a reposição era incerta, já que não havia dados concretos até agora. Isso aconteceu porque até os antigos ensaios clínicos somente se baseavam em dados agregados ao invés dos dados de participantes individuais e também porque não havia a publicação dos detalhes dos eventos adversos individuais.
“A prescrição de testosterona para o hipogonadismo está aumentando no mundo todo, mas como antes havia mensagens conflitantes sobre sua segurança, pode ser que muitos pacientes não tenham recebido o tratamento correto. Mas agora nossos estudos, fornecem a garantia necessária sobre sua segurança em curto e médio prazos”, contou a autora principal da pesquisa, Jemma Hudson, da Universidade de Aberdeen, na Escócia.
Foto: Representação do hipogonadismo/Reprodução: PAULO MEIRA Endocrinologia e Metabologia
A análise em si
Um estudo feito por dois médicos independentes permitiu a classificação de cada evento cardiovascular, ajudando na investigação sobre a segurança dessa região no tratamento com testosterona. Aqui essa análise se baseou em dados de participantes individuais de 17 estudos anteriores integrando as informações de outros 18 estudos que não disponibilizaram os dados individuais dos participantes.
Dos 17 estudos com dados individuais, cerca de 1.750 participantes receberam testosterona e 1.681 receberam placebo. A média de idade dos participantes era de 65 anos, a maioria eram brancos e fumantes. O Índice de Massa Corporal (IMC) era de 30,2 kg/m2, ou seja, eram obesos. Cerca de 7,5%( do total) do grupo com testosterona tiveram algum evento cardiovascular e do grupo de placebo o índice foi de 7,2% (do total) do grupo.
Também não foi notada uma alta taxa de mortalidade em ambos grupos, o de testosterona chegou em 0,4% e o de placebo 0,8%. Porém, o grupo do hormônio masculino teve uma ligeira redução no colesterol total sérico, na lipoproteína de alta densidade (HDL) e nos triglicerídeos do que comparado com o grupo do placebo. Mesmo que haja algumas limitações nos estudos, os autores afirmam que a segurança a longo prazo do tratamento com testosterona está sendo vista em outro ensaio clínico..
Foto de Destaque: Médico medindo a pressão arterial de um homem/Reprodução