China critica interceptação de navios pelos EUA e defende Venezuela

Nesta segunda-feira (22), a China afirmou que a apreensão de navios de outros países pelos Estados Unidos é uma grave violação do direito internacional. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês fez a declaração durante uma coletiva de imprensa diária. Segundo o ministro, Pequim se mantém firme em sua oposição a sanções unilaterais consideradas “ilegais”.

China alerta sobre tensões diplomáticas

Em posicionamento oficial, a China classifica as ações de apreensão dos Estados Unidos como arbitrárias, destacando que tais medidas não podem ser constatadas como respaldadas por organismos multilaterais e que desrespeitam normas de navegação internacional e também de comércio. O ministro ressaltou ainda que práticas desse tipo agravam as tensões diplomáticas entre os países e comprometem a estabilidade das relações de interesse.


Cargas com bandeira dos EUA e China (Foto: reprodução/Yaorusheng/Getty Images Embed)


Ainda durante a coletiva, o representante do governo chinês afirmou que a Venezuela possui pleno direito de manter relações políticas, comerciais e econômicas com qualquer outro país.

A China, até então, é um dos maiores aliados do governo venezuelano, que há alguns dias saiu em defesa de Nicolás Maduro diante das críticas que o regime vem enfrentando por parte dos Estados Unidos, atualmente sob a administração de Donald Trump.

Cenário geopolítico

Informações divulgadas neste último domingo (21) indicam a terceira interceptação, por parte dos Estados Unidos, de um navio petroleiro nas proximidades da costa da Venezuela. Tal fato culminou no posicionamento chinês referente a essas atitudes. Contudo, a ação foi noticiada por duas agências distintas, Bloomberg e Reuters, que apresentaram versões diferentes sobre o ocorrido.

Segundo a Bloomberg, o navio seria o petroleiro Bella 1 e forças norte-americanas já teriam embarcado na embarcação. Já a Reuters informou que o navio interceptado estaria sendo perseguido, mas que a abordagem ainda não teria sido concluída até o momento da publicação.

O episódio coloca em foco o cenário de tensão geopolítica envolvendo, mais uma vez, os Estados Unidos, a Venezuela e seus aliados, além de trazer novamente ao debate o uso de sanções econômicas como instrumento de pressão política no cenário internacional.

TikTok avança em acordo para vender operação nos EUA

A venda da operação do TikTok nos Estados Unidos entrou na fase decisiva. A plataforma aprovou um acordo parcial com investidores americanos e tenta evitar um banimento iminente no país, após meses de negociações marcadas por pressão política e disputas regulatórias.

O negócio precisa ser concluído até 22 de janeiro, véspera da data que pode tirar o aplicativo do ar em território americano. Caso o acordo não avance dentro do prazo, a plataforma corre o risco de ser bloqueada no maior mercado publicitário do mundo, onde concentra parte relevante de sua base de usuários e receitas.

Acordo avançado

Segundo o Axios, a negociação prevê a venda de 45% da operação americana a um grupo formado pela Oracle, pela gestora de private equity Silver Lake e pela empresa de investimentos MGX. O arranjo busca atender às exigências impostas pelo governo dos Estados Unidos, mantendo a plataforma em funcionamento no país.


TikTok: acordo deve ser concretizado até 22 de janeiro (Foto: reprodução/X/@tribunadonorte)


As informações aparecem em um memorando interno enviado pelo CEO do TikTok, Shou Chew, no qual o executivo confirma o avanço das conversas e classifica o acordo como um passo relevante no processo. No mesmo documento, ele ressalta que ainda há pontos a serem ajustados e etapas regulatórias a cumprir antes da formalização definitiva da venda.

Pressão política

A negociação tenta encerrar uma disputa iniciada após o então presidente Joe Biden sancionar uma lei que previa a proibição do TikTok caso a empresa não encontrasse um comprador aprovado pelo governo dos Estados Unidos. Em setembro, o prazo foi prorrogado por Donald Trump, estendendo a data final para 23 de janeiro. A legislação exige a venda de 80% dos ativos do TikTok nos EUA a uma entidade considerada segura pelas autoridades.

A controladora chinesa ByteDance é alvo de críticas de parlamentares e agências de inteligência americanas, que apontam riscos à segurança nacional. No memorando, Chew afirmou que tanto o TikTok quanto a ByteDance concordaram com os termos em negociação. O desfecho, porém, segue condicionado aos ajustes finais e ao cumprimento do cronograma.

Emmanuel Macron viaja a Pequim e costura acordos comerciais 

Na quarta-feira (3), o presidente da França, Emmanuel Macron, chegou a Pequim, na China. Durante sua quarta visita oficial ao Estado Chinês, Macron encontrou-se com o líder chinês, Xi Jinping, ocasião em que abordou diversos assuntos comerciais e econômicos.

O presidente francês quer intensificar a cooperação em assuntos geopolíticos por parte da China; ele também busca manter empregos industriais no país para fortalecer o seu legado com o povo francês. Entretanto, busca não criar uma rivalidade direta com a segunda maior economia do mundo.

Ao mesmo tempo, a União Europeia busca a ajuda da China para pôr fim à guerra na Ucrânia. Por outro lado, Pequim busca amenizar as fricções comerciais com a União Europeia, que tem uma composição de 27 membros. A China busca se consolidar ainda mais no mercado europeu, após as tarifas dos Estados Unidos a esses países.

Conversa entre Emmanuel Macron e Xi Jinping

Nesta quinta-feira (4), Emmanuel Macron se reuniu com Xi Jinping no Grande Salão do Povo, em Pequim. No local, eles discutiram sobre, na visão do presidente francês, os desequilíbrios no mercado não serem sustentáveis, o que representaria um grande risco de desencadear uma crise financeira mundial e, assim, ameaçaria a boa relação entre os países. Além disso, o presidente da França cita que existem soluções para essa diferença — defendendo regras mais justas e rigorosas, em vez de regras baseadas na força dos EUA e da China.


Post do presidente da França, Emmanuel Macron, na chegada a China (Vídeo: reprodução/Instagram/@emmanuelmacron)


Já o líder da China, Xi Jinping, disse ao presidente francês que seus países deveriam seguir seus próprios caminhos geopolíticos. Ou seja, que a China manteria sua posição de grande força comercial, ao mesmo tempo em que buscaria a parceria com esses países da União Europeia.

Após as conversas, os dois líderes assinaram 12 acordos de cooperação que abrangem muitos temas, como, por exemplo, envelhecimento populacional, energia nuclear e conservação de pandas, mas sem especificar o valor monetário total.

Guerra na Ucrânia

O presidente da França, Emmanuel Macron, nesse encontro, reforçou o pedido da União Europeia para que a China pressionasse Moscou a pôr fim à guerra na Ucrânia; porém, aparentemente, mais um pedido em vão ao líder de Pequim. O país comandado por Xi Jinping ofereceu garantias à Rússia de que continuará apoiando-a. Essa conversa ocorreu em um encontro no mês de novembro, na Rússia.

Nesse encontro, Rússia e China conversaram sobre defesa antimísseis e estabilidade estratégica, e concordaram em fortalecer sua cooperação nessas áreas, isto é, por conta da retomada do programa nuclear dos Estados Unidos.


Encontro dos representates da França e China (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Ludovic Marin)


Em contrapartida, o líder chinês diz permanecer comprometido com a busca pela paz na Ucrânia. Em conclusão, o chefe de Estado da França permanecerá na China até sexta-feira (5) e procura firmar novos tratados entre seu país, a União Europeia e a China. Como, por exemplo, o pacote de encomendas da Airbus (AIR.PA); espera-se que a China encomende 500 jatos da Airbus, porém nenhum acordo foi assinado ainda. 

 

Shenzhou-20, primeira espaçonave da China, retorna vazia após falhas técnicas

A Shenzhou-20, primeira espaçonave chinesa, considerada incapaz de retornar astronautas à Terra, deve voltar vazia após os tripulantes identificarem uma rachadura em uma de suas janelas, de acordo com informações divulgadas pela emissora CCTV nesta segunda-feira (1).

Programada para retornar com os tripulantes após estadia de 6 meses na estação espacial Tiangong em 5 de novembro, a cápsula demonstrou uma falha técnica, o que levou a China a recorrer ao adiantamento da missão de retorno dos astronautas.

Danos causados a espaçonave

De acordo com a CMSA (Agência Espacial Tripulada da China), há suspeita de que os danos foram causados por minúsculos detritos espaciais à Shenzhou-20. De acordo com Jia Qiming, porta-voz da CMSA, foi analisado que o pedaço de detrito espacial tinha menos de 1 milímetro, mas estava viajando em uma velocidade considerada muito rápida, o que causou o dano à janela da cápsula.

Diante do risco de que a rachadura na janela poderia se espalhar, quebrando o isolamento térmico e causando a despressurização da cabine, a CMSA decidiu por atrasar a missão de retorno da Shenzhou-20, retornando somente os tripulantes em outra espaçonave. Caso esse cenário ocorresse, as consequências poderiam ser fatais para os astronautas.

Qiming também disse à CCTV que a espaçonave deve retornar, portanto, sem a tripulação, e que após sua volta, a agência chinesa deve estudar e analisar a espaçonave.

Resgate dos tripulantes

Nove dias depois da data em que a Shenzhou-20 deveria retornar com os astronautas à Terra, uma outra espaçonave foi enviada pela China para realizar o resgate dos mesmos. De acordo com a CMSA, os três astronautas chineses Wang Jie, Chen Dong e Chen Zhongrui pousaram em uma cápsula em Dongfeng, na região da Mongólia Interior, no norte da China, às 5h40 (horário de Brasília).


Tripulantes retornam à Terra em 14 de novembro (Foto: reprodução/Getty Images Embed/STR)


A tripulação foi enviada ao espaço no dia 24 de abril de 2025, e permaneceu em órbita por 204 dias, estabelecendo um novo recorde de permanência de astronautas chineses na órbita, segundo a CMSA.

State Grid compra linha de transmissão Mantiqueira por R$ 7 bilhões

A estatal chinesa State Grid firmou a compra da linha de transmissão Mantiqueira, até então operada pela Quantum Participações – que é controlada pela empresa canadense Brookfield. A transação, avaliada em cerca de R$ 7 bilhões, reforça o crescimento da gigante chinesa no setor energético do Brasil.

A linha Mantiqueira, localizada em Minas Gerais, é responsável por operar 1.204 quilômetros de linhas de transmissão no estado, atravessando cerca de 50 municípios. Além disso, a linha conta com 18 subestações. A venda foi realizada entre a State Grid e a Quantum Participações – que detém a Pampa Transmissão e Energia e os projetos Sertaneja e Chimarrão -, estando alinhada à política global de reciclagem da Brookfield.

Expansão chinesa

A aquisição da Mantiqueira representa mais um passo importante da State Grid para consolidar sua presença no território brasileiro, em especial no mercado elétrico. A companhia veio para o Brasil em 2010 por meio da State Grid Brazil Holding S.A, e atualmente controla cerca de 24 concessionárias de transmissão, espalhadas por 14 estados.

As linhas sob seu controle representam 10% de toda a rede de transmissão elétrica em alta tensão no Brasil, com o grupo administrando 16 mil quilômetros de linhas brasileiras. De acordo com a State Grid, já foram investidos R$ 30 bilhões em projetos desde de sua chegada no país.

Leilão de transmissão no Brasil

Além da nova aquisição bilionária da State Grid, a gigante chinesa também foi responsável por adquirir o lote de leilão de linhas de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2023. Por meio da compra, a empresa obteve um lote de 1.468 quilômetros entre Maranhão e Goiás.


Leilão de linhas de transmissão de energia elétrica da Aneel em 2023 (Foto: reprodução/Agência Brasil/Rovena Rosa)


Mediante a aquisição, a State Grid anunciou no fim do ano passado um empreendimento que deve ligar Maranhão e Goiás, tendo previsão de investimentos de R$ 18 bilhões até 2030. Paralelamente, a empresa também mantém participação no Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE), e também controla 83,7% da CPFL Energia – que conta com ativos de geração, transmissão e distribuição de energia.

Ponte recém-inaugurada na China desaba após deslizamento de terra

Uma parte da ponte Hongqi, recém-inaugurada na província de Sichuan, na China, desabou nesta terça-feira (11), segundo autoridades locais. O incidente ocorreu após deslizamentos de terra provocados pela instabilidade do solo. Apesar do incidente com a ponte, não há registros de vítimas.

A ponte, com 758 metros de extensão, faz parte da rodovia Nacional 317, uma rota estratégica que conecta o centro da China ao Tibete. A estrutura havia sido interditada na tarde de segunda-feira (10), depois que equipes de monitoramento identificaram rachaduras nas encostas e movimentações de terreno em uma montanha próxima, informou o governo da cidade de Maerkang.


 

Ponte desaba na China após deslizamento de terra (Vídeo: reprodução/YouTube/@otimesbrasil)


A região de Sichuan é conhecida por sua atividade tectônica intensa. Em 2008, um forte terremoto de magnitude 7,9 na cidade de Wenchuan, a cerca de 200 quilômetros de Maerkang, deixou mais de 80 mil mortos e devastou a infraestrutura local. Desde então, o governo chinês tem reforçado protocolos de segurança e monitoramento geológico em obras de grande porte.

Deslizamentos agravaram a situação

Durante a tarde de terça, as condições do terreno pioraram. O governo local relatou que a encosta da montanha cedeu, provocando novos deslizamentos de terra que destruíram parte do leito da estrada e a ponte de acesso. Técnicos e equipes de emergência foram mobilizados para conter os danos e investigar as causas do desabamento.

A região de Sichuan é conhecida por sua forte atividade sísmica, devido à proximidade com a cordilheira do Himalaia. Deslizamentos e tremores de terra são comuns na área, o que aumenta os desafios para grandes obras de infraestrutura.

Construtora ainda não se pronunciou

A Sichuan Road & Bridge Group, responsável pela construção, havia anunciado a conclusão da ponte no início deste ano. Em vídeos publicados nas redes sociais, a empresa destacava a obra como um marco de engenharia para o transporte na região. Até o momento, a construtora não se manifestou publicamente sobre o incidente.

Recentemente, a China também inaugurou outra estrutura impressionante: a ponte mais alta do mundo, construída a 625 metros do chão, com 1.420 metros de extensão. A obra reforça o investimento do país em infraestrutura de transporte em áreas montanhosas e de difícil acesso.

Depois das ameaças de Trump, Maduro recorre a Rússia e China para reforçar defesa

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou cartas aos governos da Rússia e da China, além de buscar apoio junto ao Irã, para reforçar sua defesa militar diante de uma presença crescente das forças dos Estados Unidos no Caribe. Segundo documentos internos norte-americanos obtidos pelo jornal “The Washington Post”, Maduro requisitou equipamentos como radares, reparos de aviões e até mísseis.

A iniciativa ocorre em um momento de forte tensão entre Caracas e Washington, com o governo dos Estados Unidos justificando sua operação na região como combate ao narcotráfico. Já o governo venezuelano entende a manobra como uma ameaça direta à sua soberania.

Pressão dos Estados Unidos e resposta venezuelana

Nos últimos meses, os Estados Unidos aumentaram a presença de navios de guerra e aviões militares perto da costa da Venezuela, no mar do Caribe. O governo do presidente Nicolás Maduro acredita que essa movimentação não é apenas uma operação comum, mas uma forma de pressão para tentar enfraquecer ou derrubar seu governo. Por isso, Caracas vê essa ação como uma ameaça direta e um risco para a segurança do país.

Diante dessa situação, Maduro decidiu reagir. Ele ordenou exercícios militares na região e afirmou publicamente que a Venezuela não aceitará ser atacada ou intimidada. Mesmo enfrentando dificuldades econômicas e com seu exército precisando de mais estrutura, Maduro diz que o país está se defendendo de um “cerco” internacional e, por isso, busca apoio de aliados para tentar se proteger.

Além das medidas internas, o governo venezuelano também tem usado discursos e transmissões oficiais para reforçar a narrativa de que o país está sendo ameaçado. Maduro afirma que sua intenção é garantir a segurança da população e evitar conflitos, mas também acusa os Estados Unidos de tentar interferir em assuntos internos da Venezuela. Esse posicionamento busca fortalecer o apoio interno e legitimar a cooperação com outros países, mostrando que o governo está preparado para reagir a qualquer tentativa de pressão externa.


O presidente venezuelano Nicolás Maduro (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Frederico Parra)


Aliança estratégica com Rússia, China e Irã

A Venezuela mantém uma parceria antiga com Rússia e China em áreas como comércio, energia e defesa. Agora, com a tensão crescente com os Estados Unidos, Maduro pediu apoio militar direto a esses países, incluindo equipamentos e suporte técnico. “Os pedidos a Moscou foram feitos por meio de uma carta destinada ao presidente russo Vladimir Putin e que deveria ser entregue durante uma visita de um assessor sênior à capital russa neste mês”, diz o “The Washington Post”. Essa movimentação reforça a tentativa do governo venezuelano de mostrar que não está isolado internacionalmente.

Apesar dessa aproximação, especialistas afirmam que ainda não se sabe se Rússia e China vão fornecer todo o apoio solicitado, já que ambos também enfrentam desafios e prioridades em outras regiões. Mesmo assim, o pedido de Maduro mostra que ele aposta nessas alianças para tentar proteger a Venezuela e evitar um conflito maior na América do Sul. O movimento também serve como sinal para outros países da região de que a Venezuela pretende resistir a pressões externas e buscar respaldo diplomático, mostrando que possui parceiros capazes de equilibrar a influência dos Estados Unidos na América Latina.

A situação deixa claro que a Venezuela está tentando se posicionar como um país que não será pressionado, reforçando suas defesas e suas alianças estratégicas. Ao mesmo tempo, o cenário evidencia como a tensão entre os Estados Unidos e aliados da Venezuela pode impactar a estabilidade política e a segurança em toda a América do Sul nos próximos meses. O desfecho dessa negociação ainda é incerto, mas demonstra que Caracas está determinada a buscar apoio internacional para se proteger e fortalecer sua posição no continente.

 

Tensão global no setor automotivo: crise de chips gera incerteza e paralisações

A indústria automobilística mundial enfrenta um novo e grave revés em sua já frágil cadeia de suprimentos. Uma escalada nas tensões geopolíticas, centrada na empresa holandesa de semicondutores Nexperia, acendeu um alerta vermelho entre as gigantes do setor. Com a proibição de exportações de componentes da Nexperia a partir da China, montadoras globais, como a Nissan e a Mercedes-Benz, correm contra o tempo para garantir estoques e explorar rotas de fornecimento alternativas.

A situação se tornou crítica após o governo holandês assumir o controle operacional da Nexperia, citando preocupações relativas à transferência de tecnologia para sua controladora chinesa, a Wingtech, um movimento que Washington classificou como um potencial risco à segurança nacional. Em retaliação, Pequim impôs a restrição de exportação, mergulhando o setor automotivo em um mar de incerteza.

Crise de semicondutores expõe vulnerabilidade das montadoras

A Nissan, uma das afetadas, admitiu estar em uma posição delicada. Guillaume Cartier, diretor de Desempenho da empresa, em declarações no Japan Mobility Show, afirmou que a montadora possuía suprimento garantido apenas “até a primeira semana de novembro”, um prazo apertado que sublinha a urgência do momento. Cartier ressaltou que, mesmo após aprenderem com a escassez da pandemia de Covid-19 e buscarem estocar componentes, as fabricantes permanecem reféns da saúde de seus fornecedores, especialmente os de escalões inferiores na complexa pirâmide de suprimentos. A dificuldade em mapear a disponibilidade de chips avança conforme se desce na cadeia, além dos fornecedores de “nível 1”.


Matéria sobre o governo da Holanda assumir o controle da fabricante Nexperia (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)


Na prática, os impactos já são tangíveis. A Honda suspendeu a produção em uma de suas fábricas no México na terça-feira e já iniciou ajustes fabris nos Estados Unidos e Canadá. No Brasil, a preocupação é palpável: um funcionário do governo local advertiu que, se a crise persistir, algumas plantas fabris podem ser forçadas a interromper as operações em um horizonte de duas a três semanas.

Os semicondutores da Nexperia são cruciais para diversos componentes automotivos, e esta crise se soma aos desafios pré-existentes do setor, como tarifas americanas e restrições chinesas sobre terras raras.

Crise nas cadeias globais exige soluções diplomáticas

O CEO da Mercedes-Benz, Ola Källenius, confirmou que a busca por soluções está em pleno andamento: “É evidente que estamos vasculhando o mundo em busca de alternativas”, disse, embora a empresa alemã esteja “preparada” para o curto prazo. Källenius diferenciou claramente este cenário da última crise de chips, enfatizando que a nova ameaça possui raízes políticas e, portanto, demandará uma solução diplomática.

A vulnerabilidade das cadeias de suprimentos globais diante de atritos comerciais ficou mais uma vez exposta. Como pontuou Källenius, “em um carro moderno de alta tecnologia, você tem praticamente os cinco continentes dentro dele”. Especialistas avaliam que, embora paralisações e o uso de peças alternativas sejam medidas de curto prazo, a solução definitiva passará, inevitavelmente, por negociações diretas entre empresas e governos, especialmente com a China. Klaus Schmitz, sócio da consultoria Arthur D. Little, prevê que o impacto real ainda está por vir, mas aponta para uma “situação bastante crítica”.

Disputa comercial: Trump pressiona China com novas tarifas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a ameaçar a China nesta segunda (20) e anunciou uma escalada significada das tarifas sobre os produtos chineses. Numa estratégia de pressão comercial, a partir do dia 1º de novembro, se Pequim não ceder às ações que Washington considera satisfatórias, poderá haver aplicação de tarifas adicionais de até 100% sobre importações chinesas.

Motivações

A motivação dos EUA está diretamente conectada ao uso que a China faz de terras raras e à percepção americana de que o país asiático adota práticas comerciais consideradas desleais. Com isso, Trump combina retórica de proteção da indústria nacional com contenção da dependência americana de cadeias de valor estratégicas, apontando a China como alvo central dessa política.

O presidente, Donald Trump, declarou hoje em entrevista na Casa Branca, que pretende retornar a Pequim no início de 2026 a convite do próprio país, até lá, representantes dos dois países irão se encontrar na Coreia do Sul para novas negociações.


Presidente Donald Trump e presidente Xi Jinping, da China (Foto: reprodução/Kevin Lamarque/G1)


Causas e consequências

Pequim, por sua vez, reagiu com vigor. O governo chinês classificou as ameaças tarifárias como “hipócritas” e reafirmou que não teme entrar em uma guerra comercial com os EUA, mantendo a via de retaliações. Essa dinâmica de escalada traz implicações globais. Analistas destacam que a disputa pode afetar cadeias de suprimentos, elevar custos para consumidores e exportadores, e gerar instabilidade no comércio internacional.

Para o Brasil, o novo capítulo da disputa comercial entre EUA e China representa um jogo de ganhos e perdas. A menor presença chinesa no mercado americano pode abrir espaço para o agronegócio e a mineração brasileiras, mas o aumento do fluxo de produtos chineses em direção à América Latina tende a acirrar a concorrência e ameaçar a produção local. Tudo dependerá das negociações entre Trump e Xi Jinping e de como o comércio global reagirá a mais essa rodada de tarifas

Bateria de lítio pega fogo e avião da Air China desvia para Xangai

Uma bateria de lítio pegou fogo na bagagem de mão de um passageiro durante o voo CA139, da Air China, realizado neste sábado, que partia de Hangzhou (China) com destino a Incheon, na Coreia do Sul. A mala estava no compartimento superior quando o incêndio começou, e a tripulação interveio prontamente. Ainda não está claro se a bateria fazia parte de um dispositivo eletrônico ou se era uma unidade reserva.

Fogo no bagageiro e pouso de emergência

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o bagageiro superior em chamas, com fumaça tomando a cabine e deixando os passageiros apreensivos. A aeronave desviou e realizou um pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Pudong, em Xangai. Não houve feridos, informou a companhia.


 

Momento do acidente no avião (Vídeo: reprodução/X/@aviationbrk)

O incidente ocorreu poucos meses depois de a China impor, em caráter emergencial, restrições a determinados tipos de baterias portáteis em voos. A medida, em vigor desde junho, foi adotada após o órgão regulador alertar para o aumento do risco associado a essas baterias durante o transporte aéreo.

Baterias de lítio na aviação

Nos últimos anos, milhões de baterias de lítio presentes em celulares, notebooks, carregadores portáteis e cigarros eletrônicos foram alvo de recalls por risco de incêndio. A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) ressalta que esses componentes podem entrar em combustão espontânea quando danificados ou submetidos a curto-circuito.

Até 30 de junho deste ano, a FAA contabilizou 38 ocorrências em voos de passageiros e de carga envolvendo baterias de lítio que resultaram em fumaça, fogo ou superaquecimento; no ano anterior, foram 89 registros.

Diante disso, governos e companhias aéreas apertaram as regras de transporte, definindo onde essas baterias podem ser acomodadas nas aeronaves. Nos Estados Unidos, por exemplo, elas são proibidas na bagagem despachada, salvo quando os dispositivos que as contêm estão completamente desligados.

Na China, após o governo classificar as baterias como risco à segurança, passou a ser proibido que passageiros levem em voos domésticos baterias portáteis sem a marcação visível de certificação de segurança chinesa. A regra, porém, não se estende às baterias removíveis. De acordo com a companhia aérea, o incêndio deste sábado teve origem justamente em uma bateria desse tipo.