Avanço científico sem óvulos ou espermatozoides, o futuro da pesquisa com embriões

Cientistas de todo o mundo estão se dedicando à criação de modelos de embriões humanos a partir de células-tronco, sem o uso de óvulos ou espermatozoides. Esses modelos, embora ainda não sejam réplicas perfeitas, estão se tornando cada vez mais complexos e podem revolucionar a pesquisa sobre o desenvolvimento humano e as causas da infertilidade. No entanto, o rápido avanço da ciência nessa área levanta sérias questões éticas, legais e regulatórias.

A professora Amander Clark, da UCLA, copresidente do Grupo de Trabalho sobre Modelos de Embriões da Sociedade Internacional para Pesquisa com Células-Tronco (ISSCR), ressalta que é crucial que a pesquisa ocorra dentro de um quadro que equilibre o progresso científico com considerações éticas e sociais. A ISSCR está revisando suas diretrizes para abordar os novos desafios, sugerindo uma supervisão mais rigorosa para todas as pesquisas envolvendo modelos de embriões.

Limites Éticos e o Futuro da Pesquisa com Modelos de Embriões

Atualmente, nenhum modelo consegue imitar completamente o desenvolvimento de um embrião humano nem tem potencial para se tornar um feto. Contudo, modelos criados com células de camundongos já evoluíram para ter um cérebro e coração em formação. A meta principal é usar esses modelos como ferramentas de pesquisa para desvendar os mistérios da divisão celular e reprodução humana, não para criar vida viável.

O Grupo de Trabalho da ISSCR propôs duas “linhas vermelhas” claras. A primeira é a proibição da transferência de modelos de embriões humanos para um útero. A segunda é evitar o uso desses modelos para buscar a ectogênese, ou seja, o desenvolvimento de um embrião fora do corpo humano em úteros artificiais. A intenção é não criar vida do zero.


Matéria sobre embrião humano criado em laboratório (Vídeo: reprodução/YouTube/Olhar Digital)

O Desafio da Regulamentação Global

A regulamentação desses modelos varia globalmente. A Austrália, por exemplo, os trata da mesma forma que embriões humanos, enquanto outros países como os EUA ainda não têm uma estrutura legal específica. Essa lacuna faz com que as diretrizes voluntárias da ISSCR se tornem uma referência global para pesquisadores.

Em um relatório de 2024, o Nuffield Council on Bioethics destacou a importância de diretrizes internacionais para evitar pesquisas antiéticas. Os pesquisadores Naomi Moris e Jacob Hanna propuseram “testes de Turing” para determinar se um modelo de embrião se aproxima de um organismo humano viável. Um desses testes seria observar se modelos de embriões de macacos se tornam animais vivos e férteis, o que indicaria que o mesmo poderia ser possível com modelos humanos.

Benefícios e o Equilíbrio Delicado da Pesquisa

Defensores da pesquisa argumentam que os modelos de embriões oferecem uma alternativa mais ética e acessível aos embriões doados. Eles podem ser usados para testes de toxicidade de medicamentos e para estudar as causas da infertilidade. A professora Magdalena Zernicka-Goetz e sua equipe, por exemplo, conseguiram cultivar modelos até o estágio de 14 dias, um período crítico de implantação no útero, que é difícil de estudar em embriões humanos vivos.

O uso dos modelos de embriões abre uma janela de oportunidade para entender a “grande caixa preta” do desenvolvimento humano. No entanto, o desafio é encontrar o equilíbrio certo para que os modelos sejam parecidos o suficiente com embriões reais para fornecer conhecimento valioso, mas não tanto a ponto de confundir os limites entre a pesquisa em laboratório e a criação de vida.

Fóssil raro de dinossauro é vendido por cerca de R$ 170 milhões em leilão nos EUA

Um raro fóssil de Ceratosaurus nasicornis foi vendido por US$ 30,5 milhões, aproximadamente R$ 170 milhões, em um leilão realizado pela casa Sotheby’s, em Nova York. A peça, que representa o único exemplar juvenil conhecido da espécie, foi adquirida após intensa disputa entre colecionadores e superou a estimativa inicial de preço.

O anúncio da venda movimentou o mercado de fósseis e reacendeu debates sobre o destino de exemplares paleontológicos raros. A Sotheby’s declarou que o comprador pretende emprestar o fóssil a uma instituição, mas não revelou sua identidade, o que levanta questionamentos sobre o acesso público ao esqueleto, considerado um dos mais completos já encontrados.

Um predador pré-histórico de valor inestimável

Com cerca de 150 milhões de anos, o fóssil do Ceratossauro foi descoberto em 1996 na Pedreira Bone Cabin, em Wyoming, nos Estados Unidos. O espécime mede pouco mais de 3 metros de comprimento e tem quase 2 metros de altura. Composto por 139 ossos, inclui um crânio praticamente intacto com características impressionantes: um chifre nasal proeminente, dentes longos e vestígios de armadura óssea que percorriam o dorso e a cauda do animal.

De acordo com a Sotheby’s, a peça permaneceu em exibição no Museu de Vida Antiga, em Utah, entre 2000 e 2024, mas nunca foi estudada e oficialmente descrita em publicações científicas. Isso aumenta o interesse acadêmico, já que o esqueleto pode revelar novas informações sobre o desenvolvimento juvenil da espécie.

O valor final pago no leilão superou em muito a faixa estimada, que girava entre US$ 4 e US$ 6 milhões. Seis licitantes participaram da disputa, que durou cerca de seis minutos. O alto preço reflete não apenas a raridade do fóssil, mas também a crescente demanda por peças ligadas à história natural, de acordo com o Mark Westgarth, professor de história do mercado de arte na Universidade de Leeds, para a CNN.


Apresentação do único Ceratossauro juvenil já encontrado em divulgação antes do leilão (Vídeo: reprodução/Instagram/@sothebys)


Acesso ao conhecimento ou investimento privado?

Embora a casa de leilões tenha mencionado que o comprador anônimo pretende emprestar o espécime para instituições, especialistas permanecem céticos. O paleontólogo Steve Brusatte, da Universidade de Edimburgo, avaliou que fósseis de alto valor como esse costumam se afastar do interesse público e expressou preocupação com a possibilidade de o esqueleto acabar armazenado em coleções privadas, inacessível à pesquisa científica e à educação.

Brusatte expressou preocupação com a escalada dos preços em leilões do tipo, apontando que museus e universidades dificilmente conseguem competir com colecionadores privados e fundos de investimento. Por outro lado, o historiador de arte Mark Westgarth, da Universidade de Leeds, acredita que a comercialização de fósseis pode estimular pesquisas. Portanto, caso o empréstimo se confirme, o fóssil contribuirá para avanços científicos e inspirará o público.

Além do esqueleto, o mesmo leilão também vendeu o maior meteorito marciano já encontrado na Terra, por mais de US$ 5 milhões, reforçando a crescente valorização de peças naturais no mercado de luxo. Segundo a Sotheby’s, “uma curiosidade profunda pelas origens do nosso mundo e do universo” tem atraído compradores fascinados por itens como fósseis e meteoritos.

Médicos modificam o DNA de bebê e o curam de doença rara

Um bebê estadunidense que sofria de uma condição genética rara foi curado por médicos após terem “reprogramado” seu DNA. O caso aconteceu com Kyle, de apenas 2 anos, que nasceu com uma mutação genética que comprometia sua qualidade de vida.

Kyle não conseguia se alimentar adequadamente e apresentava dificuldade para manter a temperatura corporal estável. Ele sofria de deficiência de CPS1, uma enfermidade incomum que afeta cerca de um a cada 1,3 milhão de bebês. Por esse motivo, seus pais recorreram a um centro de pesquisa localizado na Pensilvânia, já que, se o menino sobrevivesse, poderia sofrer graves sequelas, como atraso no desenvolvimento mental e a necessidade futura de um transplante de fígado.

A doença de Kyle

Antes de tudo, é importante explicar brevemente como o DNA humano é estruturado. Ele é composto por cerca de 3 bilhões de “letras”. O bebê nasceu com um erro em apenas uma dessas letras — o que, ainda assim, poderia ser tão prejudicial a ponto de levá-lo à morte. Vale lembrar que, até pouco tempo, não era possível reformular o DNA humano.

Há dois anos, no entanto, um grupo de cientistas do Hospital Infantil da Filadélfia (CHOP) já realizava testes com terapias promissoras, capazes de corrigir anomalias genéticas. Kyle foi um dos voluntários.
Esse avanço é considerado mais uma vitória para a ciência, pois, com esse tipo de procedimento, milhares de pessoas no mundo que nascem com essa doença podem ter esperança de reverter o quadro.


Kyle, bebê curado no procedimento (Foto: reprodução/Hospital Infantil da Filadélfia)

Como foi feito o procedimento

Kyle passou por uma intervenção chamada edição de base, que substitui uma única letra do DNA em um ponto específico. Para isso, foi necessário desenvolver um medicamento exclusivo, direcionado exatamente ao local afetado pela condição.

O remédio foi aplicado por meio de infusão intravenosa, com duração aproximada de duas horas. Até o momento, Kyle recebeu três doses, que já apresentaram resultados positivos.

Antes, o menino não podia ingerir proteínas devido às alterações metabólicas. Agora, ele consegue se alimentar normalmente, o que trouxe grande alívio para seus cuidadores. Os médicos classificam o progresso como uma restauração genética, embora ainda não se saiba se ele precisará continuar o tratamento ao longo da vida. Casos como o dele representam uma nova esperança: no futuro, será possível identificar erros no DNA de um paciente e corrigi-los com tratamentos específicos e personalizados.

“Não acho que esteja exagerando ao dizer que este é o futuro da medicina. Minha esperança é que, um dia, nenhum paciente com doenças raras morra prematuramente por ‘erros de ortografia’ em seus genes, porque seremos capazes de corrigi-los”, afirma Kiran Musunuru, especialista em edição genética da Universidade da Pensilvânia e membro da equipe que formulou o medicamento.

Os cientistas também explicaram que esse tipo de procedimento, por enquanto, só é viável para doenças hepáticas, pois o fígado facilita a distribuição eficiente das instruções para as alterações genéticas.
Pesquisadores acreditam que, futuramente, esse tratamento poderá ser utilizado em casos de doenças neurológicas e distrofias musculares.

Cientistas identificam indícios de vida no K2-18 b

Com a ajuda do Telescópio Espacial James Webb, cientistas anunciaram uma descoberta promissora na busca por vida fora da Terra. Na atmosfera do planeta K2-18 b foram detectadas impressões químicas de gases que, no nosso planeta, são produzidos por processos biológicos.

Foram dois gases observados na atmosfera do exoplaneta, o dimetil sulfeto (DMS) e o dissulfeto de dimetila (DMDS). Na Terra, essas substâncias são produzidas por organismos vivos, especialmente por vida microbiana como fitoplâncton marinho (algas microscópicas).

Gases que podem indicar vida microbiana

A descoberta foi conduzida por uma equipe de cientistas da Universidade de Cambridge, nos Estados Unidos, liderada pelo astrônomo Nikku Madhusudhan. Os resultados foram publicados na quarta-feira (16) na revista científica Astrophysical Journal Letters.

A presença desses compostos indica a possibilidade de que K2-18 b possa estar repleto de vida microbiana, segundo os pesquisadores. No entanto, eles enfatizam que não estão anunciando descoberta de vida extraterrestre, e sim uma possível bioassinatura, que significa um indício químico de processo biológico.

Esses são os primeiros indícios de um mundo alienígena possivelmente habitado”, afirmou Madhusudhan. Apesar do entusiasmo, a situação requer cautela: “Primeiro, precisamos repetir as observações duas ou três vezes para garantir que o sinal é real e aumentar a significância da detecção, até que a probabilidade de erro estatístico seja menor que uma em um milhão.”


Vida no K2-18b  (Reprodução/YouTube/Super Fato)

Prudência na análise dos dados

O astrofísico esclareceu que, neste estágio, é impossível dizer se existem organismos multicelulares ou vida inteligente. A suposição atual é de vida microbiana simples.

Stephen Schmidt, cientista planetário da Universidade Johns Hopkins, reforça a prudência: “É uma pista. Mas ainda não podemos concluir que o planeta seja habitável.”

Foram descobertos, desde a década de 1990, cerca de 5.800 exoplanetas, os quais são planetas fora do nosso sistema solar. Entre eles, os cientistas levantam hipóteses sobre a existência de mundos chamados “hycean” que são planetas cobertos por oceanos de água líquida, com atmosfera rica em hidrogênio, potencialmente habitáveis por microrganismos.

K2-18 b, um exoplaneta da classe “sub-Netuno” (maior que a Terra e menor que Netuno), se encaixa nesse perfil. “Os dados de K2-18 b são riquíssimos, tornando-o um mundo fascinante”, destacou Christopher Glein, do Southwest Research Institute, no Texas. “Esses novos dados são uma contribuição valiosa, mas devemos testá-los o máximo possível. Espero ver mais análises independentes já na próxima semana.

Madhusudhan declara que “não interessa a ninguém afirmar prematuramente que detectamos vida”, por ser uma grande incerteza que os dados apontem de fato para isso.

Cientistas recriam espécie de lobo extinta há 10 mil anos

Recentemente, veio à tona uma notícia bombástica no mundo da ciência: cientistas conseguiram trazer de volta à vida uma espécie de lobo que havia sido extinta há 10 mil anos. Essa ação se torna um marco no mundo, pois agora, entramos em uma era onde cientistas podem trazer de volta espécies de diferentes seres, que haviam sido extintas no passado.

Desextinção da espécie

Pela primeira vez na história da humanidade, uma espécie de animal conseguiu voltar da extinção. Em 1° de outubro de 2024, nasceram os primeiros espécimes da espécie do lobo-terrível (dire wolf), batizados como Romulus (Rômulo) e Remus (Remo) e, um pouco mais tarde, Khaleesi, nomeada por conta de uma importante personagem na série “Game of Thrones”, da HBO. O processo de desextinção desta espécie, que já estava extinta há 10 mil anos, foi realizado pela startup americana Colossal Biosciences, especializada neste processo.


Irmãos da espécie do lobo-terrível, Romulus e Remus, em trono da série “Game of Thrones” (Foto: reprodução/X/@westerosies)

O lobo-terrível é uma espécie que habitou a região das Américas, sendo que seus fósseis foram encontradas em locais como Venezuela, Estados Unidos e Canadá. Embora não possuíssem o mesmo tamanho do lobo-cinzento, ainda eram predadores formidáveis, pesando cerca de 80 quilos e caçando presas como bisões-antigos e mastodontes. Eles ganharam popularidade por aparecerem como os mascotes da família Stark, em “Game of Thrones”, e também em músicas como “Dire Wolf” da banda Grateful Dead.

Nova fase para a ciência

O renascimento dessa espécie foi possível por meio da reconstrução completa do genoma do lobo-terrível, feita com DNA antigo, extraído de fósseis que datam em até 72 mil anos. Utilizando-se técnicas avançadas de edição genética, via CRISPR, cientistas conseguiram reintroduzir a espécie ao mundo, com os três irmãos, Romulus, Remus e Khaleesi. A Colossal Biosciences comemora o feito, como um grande passo em direção ao avanço da ciência e também para a conservação e a restauração ecológica.


Lobo-terrível (Foto: reprodução/X/@jjmileo)

“Desde o início, nossa missão foi clara: revolucionar a história e ser a primeira empresa a usar a tecnologia CRISPR com sucesso na desextinção de espécies perdidas”, afirmou a empresa, nesta segunda-feira (7).

Agora, com os vídeos dos lobos viralizando na Internet, começa uma nova fase para a biologia, que está repleta de possibilidades e desafios, assim como questionamentos éticos, considerando o que é certo, errado e o que vale à pena.

Robô aprende a dançar valsa e surpreende em experimento inovador

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, criaram o ExBody2, uma tecnologia de inteligência artificial (IA) revolucionária que ensina robôs humanoides a realizar movimentos humanos, podendo não apenas andar e se agachar, como até dançar salsa com parceiros humanas de uma maneira incrível e fluída.

O robô aprende usando dados humanos

O segredo por trás do robô humanoide, ExBody2, está no chamado “aprendizado por reforço”, que é basicamente ensinar a máquina a imitar movimentos humanos com o máximo de fidelidade possível por meio de tentativa e erro.

Para isso, os cientistas criaram um banco de dados gigante com gravações de movimentos capturados por centenas de voluntários.

Esse material serviu como referência para o robô aprender desde ações mais básicas, como caminhar e agachar, até tarefas complexas, como golpes de luta e passos de dança.

O treinamento foi dividido em duas etapas: primeiro, a IA teve acesso ilimitado aos dados para dominar tudo com máxima fidelidade. Depois, usou informações que um robô real teria no dia a dia, como velocidade e medições de inércia, e mesmo assim conseguiu resultados incríveis.


O robô humanoide chegou a dançar valsa com um humano (Vídeo: reprodução/YouTube/Xuxin Cheng)

Potencial para o futuro

Quando testado em dois robôs comerciais, o ExBody2 mostrou que não só sabia dançar, mas também fazia tudo de uma forma bastante estável, sem tropeços, além de conseguirem realizar rodopios e golpes rápidos.

Os pesquisadores comemoraram a tecnologia como um marco pra robótica. “Agora, robôs podem se mover de forma expressiva, imitando humanos de um jeito muito próximo do real”, escreveram no estudo publicado no arXiv.

A ideia é usar isso pra muito mais utilidades no futuro. Essa inovação pode impactar desde o entretenimento com shows e eventos até áreas como saúde, assistência e robótica social. E aí, já imaginou um robô dançando contigo num futuro próximo?

A mente por trás da tecnologia da NASA: Jeff Seaton e os desafios de conectar o universo

Jeff Seaton, diretor de informações (CIO) da NASA, é o homem por trás da agência espacial de bilhões de dólares que conecta a Terra às estrelas. Comandando uma equipe de 700 pessoas e lidando com uma montanha de dados com mais de 113 petabytes, Seaton enfrenta desafios que vão desde manter sondas espaciais com décadas de idade seguras até implementar inteligência artificial no programa Artemis, que tem o objetivo de levar humanos de volta à Lua.

Gerenciando dados cósmicos

Seaton entrou na NASA em 1991, quando ainda era engenheiro de robótica. De lá pra cá, cresceu junto com a agência, deixando sua marca e passando por diferentes cargos até chegar ao comando da tecnologia da informação em 2021. Hoje, sua responsabilidade vai muito além de mexer em computadores e servidores: ele é o guardião de informações fundamentais vindas de outros planetas e da Estação Espacial Internacional, como dados que incluem imagens de Marte, informações das Voyager (que estão fora do sistema solar). “Proteger os dados e os sistemas que os geram é essencial para toda a nossa comunidade”, afirma.

Um dos seus maiores desafios é manter as sondas Voyager seguras, já que elas estão além do sistema solar. Lançadas há mais de 40 anos, elas possuem sistemas ultrapassados, que são impossíveis de serem atualizados. A NASA depende da criatividade de suas equipes para reduzir ameaças e manter as missões ativas. “Temos que fazer o nosso melhor com o que temos”, comenta Seaton.

IA e o futuro da exploração espacial lunar

A NASA já usa inteligência artificial há anos, seja ajudando rovers em Marte ou analisando dados espaciais. No programa Artemis, que promete levar humanos de volta à Lua, as IAs terão um papel ainda mais importante, segundo Seaton. Apesar disso, ele acredita que a tecnologia precisa ser usada com cautela, especialmente quando falamos de IA generativa. “Usamos para acelerar trabalhos, mas sempre validamos os resultados com humanos no processo”, disse.


Astronautas do Programa Artemis, que pretende estabelecer uma presença na Lua (Foto: reprodução/Mark Felix/Getty Images Embed)


O programa Artemis, aliás, não é só sobre voltar à Lua. É sobre pensar no futuro da exploração espacial em si. “Estamos resolvendo problemas agora que vão nos preparar para ir além, para Marte. É empolgante ver o que podemos alcançar como exploradores”, comenta Seaton. A operação pretende estabelecer uma presença sustentável na Lua e abrir caminho para o planeta vermelho, mas ela depende fortemente de parcerias. A empresa ainda pretende resolver desafios como comunicação em longas distâncias e infraestrutura de TI em ambientes extremos.

A NASA ao alcance de todos

Além disso, eles lançaram o “NASA Plus”, um serviço de streaming que permite que qualquer pessoa com internet assista aos conteúdos da agência espacial, sem depender de operadoras de TV. “É uma mudança significativa para alcançar mais pessoas”, diz ele.


Conheça o serviço de streaming da agência espacial, o “NASA Plus” (Foto: reprodução/NASA)

Enquanto a NASA continua conectando a Terra ao espaço, Jeff Seaton segue como o cérebro por trás da operação, deixando a empresa mais perto do público.

Planeta gigante recém-formado intriga astrônomos com mistérios sobre sua formação

Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (UNC) em Chapel Hill descobriram um planeta 10 vezes maior que a Terra e com 3 milhões de anos, o que o torna o planeta mais jovem já identificado em trânsito. Chamado de TIDYE-1b, a descoberta do planeta chama a atenção por desafiar o que se sabe sobre o tempo necessário para a formação de planetas gigantes.

Um planeta “bebê” de proporções gigantescas

O TIDYE-1b, tem dimensões comparadas ás de Júpiter, e surpreendeu os cientistas por ser um verdadeiro planeta “bebê” em termos cósmicos. Para ter uma ideia, se a Terra fosse uma pessoa de 50 anos, o TIDYE-1b seria um recém-nascido de duas semanas.

A descoberta foi liderada por Madyson Barber, uma estudante de pós-graduação da UNC, que utilizou o método de trânsito para identificar o planeta. A técnica consiste em monitorar quedas no brilho da estrela causadas pela passagem do planeta à sua frente. Esse fenômeno foi identificado graças a um detalhe raro: o disco de gás e poeira ao redor da estrela de TIDYE-1b estava desalinhado, o que permitiu que os pesquisadores tivessem uma visão clara do planeta. “Esse desalinhamento de cerca de 60 graus é muito incomum e nos intrigou”, explicou Andrew Mann, astrofísico e coautor do estudo.


Publicação sobre a Madyson Barber e sua descoberta, feita pela UNC (Vídeo: reprodução/X/UNC College of Arts and Sciences)

Novas perguntas sobre a formação de planetas

TIDYE-1b tem o tamanho de júpiter e orbita sua estrela a cada 8,8 dias, a uma distância muito menor do que Mercúrio está do Sol. Sua descoberta é surpreendente, pois ela desafia as teorias atuais sobre o tempo necessário para a formação de planetas gigantes. Normalmente esse processo leva entre 10 a 20 milhões de anos, sugerindo que planetas podem se formar muito mais rápido do que os cientistas acreditavam.

A equipe responsável pela descoberta planeja continuar estudando o TIDYE-1b com ferramentas mais avançadas, incluindo novas observações com o Observatório WM Keck, no Havaí, e o Telescópio Espacial James Webb, para explorar a composição química e a história de formação do planeta. “Agora sabemos que deveríamos procurar mais. Se pudermos catalogar outros sistemas jovens, poderemos tirar conclusões ainda mais precisas”, comentou Barber. A ideia é entender como ele se formou e o que ele pode revelar sobre outros sistemas jovens.

Novo interruptor molecular promete telas e tecnologias mais inteligentes

Já imaginou ser capaz de criar imagens coloridas usando apenas luz? Cientistas da Faculdade de Dartmouth e da Southern Methodist University descobriram uma forma de fazer isso, utilizando cristais líquidos e luz natural. De acordo com um estudo publicado na revista Nature Chemistry, essa nova tecnologia pode ser usada para criar telas mais eficientes e até marcas d’água super seguras, que dificultam a falsificação.

Cristais líquidos já são conhecidos por estarem em muitos dos nossos eletrônicos, como smartphones e TVs. Eles têm uma característica especial, podem se comportar como líquidos, mas também se organizam de forma parecida com sólidos, o que os torna ótimos para refletir luz. A novidade agora é um interruptor molecular que os cientistas desenvolveram. Esse “interruptor” pode mudar a cor dos cristais ao ser ativado por luz, o que abre caminho para uma série de novas utilidades tecnológicas.

Como funciona essa tecnologia

No centro dessa descoberta está um interruptor molecular criado pelo professor Ivan Aprahamian e sua equipe. Feito de compostos especiais, como triptycene e hidrazonas, esse interruptor pode ser ligado com um simples feixe de luz. Quando isso acontece, as moléculas dos cristais líquidos se reorganizam e começam a refletir cores diferentes.

Para demonstrar como isso funciona, os cientistas até reproduziram obras de arte famosas, como O Grito, de Edvard Munch, e A Noite Estrelada, de Van Gogh, em uma tela feita de cristais líquidos. Usando estênceis e projetores, eles mostraram que é possível “pintar” com luz em vez de tinta, mudando as cores de partes da tela ao expô-las a luzes em diferentes intensidades.


Pinturas como “A monalisa” também podem ser reproduzidas da mesma forma (Foto: reprodução/Marc Piasecki/Getty Images Embed)


O que esperar do futuro

Além de suas já diversas aplicações, como em telas de celulares, TVs e computadores, os cristais líquidos agora apresentam um potencial ainda maior. A nova tecnologia apresentada pelos cientistas permite criar dispositivos que podem ser impressos e apagados facilmente, como telas que podem mudar de imagem sem o uso de energia extra. Isso seria possível graças ao interruptor molecular que responde à luz natural, o que poderia aumentar a eficiência energética desses dispositivos e até torná-los mais sustentáveis.

Outra aplicação revolucionária envolve a segurança, com etiquetas microscópicas que podem ser aplicadas em notas bancárias, ajudando a combater falsificações. Esses cristais podem ser programados para refletir diferentes cores quando expostos à luz, criando marcas d’água invisíveis a olho nu, mas detectáveis com os instrumentos corretos. Isso aumentaria a dificuldade para falsificadores tentarem replicar documentos e dinheiro, tornando-os mais seguros.

Descobertas no cérebro da mosca podem revolucionar o combate a distúrbios mentais

Um grupo internacional de cientistas, conhecido como FlyWire Consortium, conseguiu um feito inédito ao mapear o cérebro completo da Drosophila melanogaster, popularmente conhecida como mosca-das-frutas. O estudo, publicado na renomada revista Nature, identificou 139.255 neurônios interligados por cerca de 50 milhões de sinapses, oferecendo novas perspectivas sobre o funcionamento dos circuitos neurais. Este avanço marca um grande passo para o entendimento dos mecanismos cerebrais, desde sistemas simples como o da mosca até o cérebro humano.

O impacto da pesquisa na neurociência

O neurocientista Gregory Jefferis, da Universidade de Cambridge, destacou a importância desse estudo para a compreensão de circuitos neuronais. Segundo ele, a mosca-das-frutas, apesar de ser um organismo pequeno, tem um cérebro capaz de realizar atividades sofisticadas, como voar e se orientar. “Entender a fiação cerebral é crucial para sabermos como processamos informações e realizamos movimentos”, comentou Jefferis.

O mapeamento do cérebro da mosca revela como diferentes áreas neurais são responsáveis por funções específicas, como o controle motor e o processamento visual. A análise desses circuitos pode ajudar cientistas a traçar paralelos com o funcionamento cerebral humano e, quem sabe, encontrar soluções para distúrbios neurológicos.


O cérebro complexo da mosca-das-frutas com 130 mil fios e 50 milhões de conexões (Foto: Reprodução/Nature)

Cérebros menores, maiores aprendizados

O cérebro da mosca-das-frutas, embora pequeno, é uma máquina altamente eficiente que permite que o inseto execute uma variedade de tarefas. Os pesquisadores conseguiram identificar circuitos separados para funções específicas, como o movimento e o processamento visual, revelando o quão complexo são as conexões neuronais em um cérebro que, a princípio, pode parecer simples.

O mapeamento foi realizado através de uma técnica que envolveu o fatiamento do cérebro da mosca em 7.050 seções. Utilizando inteligência artificial, os cientistas montaram digitalmente essas seções para criar um modelo 3D do cérebro. Apesar do uso de tecnologia avançada, os pesquisadores tiveram que corrigir manualmente mais de três milhões de erros nas imagens.


O fatiador microscópico usado para separar o cérebro da mosca em 7 mil pedaços (Foto: Reprodução/Gwyndaf Hughes/BBC News)

Perspectivas pro futuro

As descobertas podem ter implicações de longo alcance para a neurociência. Com um catálogo de 8.453 tipos distintos de células neurais, este estudo representa o maior banco de dados de tipos celulares já realizado em um cérebro. Os cientistas esperam que essas informações contribuam para a compreensão de como o cérebro humano funciona e para o desenvolvimento de tratamentos para distúrbios mentais e outros problemas no cérebro.

O neurocientista Mala Murthy, da Universidade de Princeton, falou que o novo mapa oferece uma oportunidade única para compreender a saúde cerebral. “Esperamos poder comparar o que acontece quando as coisas dão errado em nosso cérebro“, disse ela.

Este avanço no mapeamento do cérebro da mosca-das-frutas representa não apenas uma conquista técnica, mas também uma oportunidade para que a ciência avance em áreas que podem afetar a vida humana, ajudando na cura ou tratamento de diversas doenças cerebrais.