Cessar-fogo em Gaza: Israel aceita proposta dos EUA, Hamas critica plano

Israel aceitou a proposta de cessar-fogo apresentada pelos Estados Unidos, anunciou a Casa Branca nesta quinta-feira (29). No entanto, um líder do Hamas declarou à AFP que o plano não atende às demandas do grupo. O presidente Donald Trump e seu enviado, Steve Witkoff, apresentaram a proposta ao Hamas, que segue analisando o documento. Segundo, Bassem Naim alto funcionário do Hamas, o plano apenas prolonga a ocupação e mantém os ataques e a escassez de recursos.

A resposta sionista, em essência, significa perpetuar a ocupação e continuar a matança e a fome. Ainda assim, a liderança do movimento avalia a resposta à proposta com total responsabilidade nacional”, afirmou o representante do grupo à Associated Press.


Israel aprova cessar-fogo proposto pelos EUA, diz Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca (Vídeo: reprodução/X/@WhiteHouse)

Detalhes da proposta de cessar-fogo

A princípio, a proposta prevê a libertação de 10 reféns vivos e 18 mortos, além de um cessar-fogo de 60 dias. No entanto, ainda não há informações sobre o início das negociações para um fim permanente do conflito, uma exigência do Hamas rejeitada por Israel.

Segundo o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, comunicou às famílias dos reféns que aceitou a proposta americana. Israel, por sua vez, exige o desarmamento total do Hamas, seu desmantelamento como força militar e governante, e a libertação dos 58 reféns ainda mantidos na Faixa de Gaza antes de considerar o fim da guerra.

Bloqueio em Gaza e pressão internacional

Anteriormente, em 2 de março, o governo de Israel bloqueou completamente a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Sob pressão internacional, as autoridades relaxaram parcialmente as restrições na semana passada. No entanto, na quarta-feira, milhares de palestinos em situação extrema correram para um armazém do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e o ocorrido terminou em tragédia. No tumulto, quatro pessoas perderam a vida.

O episódio ocorreu um dia após uma distribuição desorganizada de suprimentos em um centro da Fundação Humanitária de Gaza (GHF). A organização, apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, enfrenta críticas da ONU. No incidente, cinquenta pessoas ficaram feridas.

Brasil e 19 países discutem reconhecimento da Palestina em encontro na Espanha

Delegações de 20 países se encontraram neste domingo (25), em Madri, na Espanha, para reconhecer oficialmente o Estado da Palestina. O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares Bueno, divulgou essa informação. O Brasil esteve representado na reunião pelo chanceler Mauro Vieira.

Albares ressaltou a necessidade urgente de uma solução para o conflito na Faixa de Gaza. A princípio, em uma publicação nas redes sociais, ele enfatizou que a guerra precisa chegar ao fim, classificando a situação como desumana e cruel. Além disso, o ministro defendeu o direito do povo palestino à esperança e reforçou que a coexistência pacífica entre Palestina e Israel, por meio da solução de dois Estados, é o caminho viável.


Ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, define a situação em Gaza como “desumana e cruel” (Foto: Reprodução/X/@jmalbares)

Mauro Vieira reafirma apoio ao reconhecimento da Palestina

Dessa forma, ainda durante encontro na Espanha, Mauro Vieira condenou a falta de ação da comunidade internacional diante da violência contra civis em Gaza e alertou que a história não aceitará justificativas para essa postura. Durante o encontro, o ministro brasileiro se reuniu com o primeiro-ministro palestino, Mohammad Mustafa, e reforçou a necessidade do reconhecimento da Palestina como Estado. Além disso, ele também destacou que a admissão plena do país na ONU é essencial para viabilizar a solução de dois Estados.

Entretanto, o chanceler brasileiro ressaltou a importância de iniciativas internacionais para pôr fim à invasão e ao desrespeito ao direito internacional na região. Desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, em outubro de 2023, o Brasil tem defendido um cessar-fogo permanente e a garantia de ajuda humanitária contínua aos palestinos.

Conflito em Gaza é “carnificina”, diz ministro

Mauro Vieira também alertou sobre a gravidade da situação em Gaza durante audiência no Senado, em abril, classificando o cenário como uma “carnificina”. Ele destacou o número elevado de mortes, incluindo muitas crianças, e condenou a inação da comunidade internacional.

“Acredito que é uma situação terrível o que está acontecendo. Há uma carnificina. É uma coisa terrível o que está acontecendo. Há um número elevadíssimo de mortes de crianças. É algo que a comunidade internacional não pode ver de braços cruzados”, afirmou.

Por fim, Vieira também reafirmou o compromisso histórico do Brasil com a solução de dois Estados, defendendo a coexistência pacífica entre Israel e Palestina.

Criação do Estado da Palestina mobiliza cúpula na Espanha  

A Liga dos Estados Árabes e da Organização de Cooperação Islâmica, além de 20 Ministros de Estado se reuniram neste domingo (25/5), incluindo Mauro Vieira, Ministro das Relações Exteriores do Brasil, com o objetivo de discutir a implementação da solução de dois Estados para o conflito Israel-palestino. Dos 193 membros da ONU, mais de 140 já reconheceram a Palestina como Estado, segundo consta na rede social X do Itamaraty.

O encontro, além de propiciar o intercâmbio de opiniões, foi uma preparação para a Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, que será presidida pela França e Arábia Saudita, e contará com 8 grupos de trabalho para discutir o tema.

O Brasil e o Senegal foram convidados pelos dois países que presidirão a Conferência para liderar o grupo de trabalho número 7, cujo objetivo é a promoção do respeito ao direito internacional para a implementação da solução de dois Estados.

A Conferência será realizada em Nova York, entre os dias 17 e 20 de junho.

Atuação de Mauro Vieira

De acordo com o Itamaraty, Vieira defendeu o reconhecimento internacional do Estado da Palestina e sua admissão como membro pleno da ONU (Organização das Nações Unidas), criticando, por sua vez, a inação da comunidade internacional diante da tragédia humanitária na Faixa de Gaza.


Mauro Vieira (Foto: reprodução/X/@ItamaratyGovBr)


Nenhum interesse nacional, nenhuma consideração de política doméstica justificam o silêncio diante de crimes que erodem os alicerces do ordenamento jurídico internacional”.

Mauro Vieira

Cessar-fogo é defendido por Brasil  

Desde o início da guerra entre o Governo de Israel e o Grupo Terrorista Hamas, o Brasil vem se posicionando pela celebração de um acordo que seja capaz de implementar a paz na região, colocando um fim no massacre de civis inocentes na Faixa de Gaza. O Ministro advertiu que a história não admitirá desculpas para essa atitude.


Mauro Vieira com o primeiro-ministro da Palestina, Mohammad Mustafa (Foto: reprodução/X/@ItamaratyGovBr)


Dentre os apontamentos que o Brasil faz, destacam-se as críticas às estratégias militares utilizadas por Tel Aviv, apontando questionamentos acerca dos limites éticos e legais das destas ações promovidas pelo do Governo de Israel, afirmando que estas dificultam a celebração de um acordo, bem como as reivindicações pela saída completa das tropas israelenses de Gaza.

Protestos israelenses bloqueiam ajuda humanitária na Faixa de Gaza

Uma briga generalizada ocorreu nesta quarta-feira na passagem Kerem Shalom, fronteira entre o Estado de Israel e a Faixa de Gaza. O conflito foi iniciado por manifestantes israelenses que queriam impedir a entrada de ajuda humanitária para a população Palestina em situação de vulnerabilidade social. 


Escalada de tensões aumente entre Israel e territórios palestinos (vídeo: reprodução/X/@ReutersAsia)

Briga entre manifestantes

Portando bandeiras e cartazes, houve uma tentativa de barrar os caminhões que continham alimentos e produtos de higiene. Os caminhões foram enviados em território da Palestina por parte da Organização das Nações Unidas (ONU), com a pretensão de auxiliar uma região devastada pela guerra e marcada até mesmo pela falta de diversos recurso básicos para sobrevivência.

Os manifestantes gritavam em direção aos veículos; “Estamos aqui para bloquear a ajuda que está indo diretamente para o Hamas em Gaza”. Alegando que todos os suprimentos enviados para a população carente era destinado ao grupo terrorista do Hamas.

Em sentido contrário, a presença de grupos contrários a sanções para Gaza, protestaram contra a presença do primeiro grupo. Houve uma discussão acalorada entre os dois grupos, sendo necessária a intervenção policial e retirando o grupo contrário ao envio de alimentos e causando bastante polêmica em todo Estado de Israel.

Interferência externa

No período da manhã nesta quarta-feira, o Papa Leão XIV realizou um apelo para que autoridades israelense permitissem a ajuda humanitária no território isolado de Gaza. O apelo do papa coincidiu com as denúncias feitas pela ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) contra Israel, que acusou o país de limitar a entrada em Gaza de ajuda “ridiculamente insuficiente”, apenas para “evitar a acusação de que está matando de fome as pessoas”. 

Na última terça-feira (20), a ONU afirmou ter recebido autorização de Israel para que cerca de 100 caminhões de ajuda humanitária pudessem entrar na Faixa de Gaza. Porém, nenhuma assistência sequer havia sido distribuída aos palestinos até o início desta quarta-feira.

Israel bombardeia Gaza e deixa 80 mortos 

Israel aumentou os bombardeios na Faixa de Gaza nesta semana. Segundo a Defesa Civil, os ataques ocorreram entre terça-feira (13) e quarta-feira (14), e ao menos 80 pessoas foram mortas, entre elas 22 crianças.

O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo grupo Hamas, divulgou nesta quarta-feira, às 7h da manhã, pelo horário de Brasília, que há 70 mortos. No entanto, revelou que há vítimas sob os escombros e nas ruas que ainda não receberam atendimento. Também foi comunicado que mais de cem pessoas ficaram feridas devido aos bombardeios ocorridos nas últimas horas.

Ainda de acordo com os médicos, a maioria dos feridos são crianças e mulheres, que faleceram em decorrência dos ataques aéreos israelenses registrados recentemente na região de Jabalia, no norte de Gaza.

Falas polêmicas do primeiro-ministro israelense

Após a libertação do refém americano-israelense Edan Alexander — que estava sob domínio do grupo terrorista desde outubro de 2023 — o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, revelou que seu exército “completará a ofensiva” para combater o Hamas com “força total”.

Até o momento, o exército israelense não se pronunciou sobre os ataques aéreos ocorridos nesta quarta-feira. Além das explosões de quarta, os bombardeios aéreos de terça-feira atingiram o Hospital Europeu em Khan Younis, no sul da Palestina. Conforme as informações, 16 pessoas foram mortas e mais de 70 ficaram feridas. As artilharias foram ouvidas na mesma região. Segundo as forças militares, os ataques tinham como alvo um “centro de comando do Hamas” que ficaria embaixo do hospital. Porém, as alegações foram desmentidas pelo grupo.


Benjamin Netanyahu conversando com o jovem que foi libertado pelo Hamas (Foto: reprodução/x/@netanyahu)


Benjamin Netanyahu

Por meio de um vídeo publicado no Telegram, Benjamin Netanyahu garantiu que, nos próximos dias, as forças armadas entrarão em Gaza “com toda a força”, mesmo que o grupo terrorista liberte novos reféns.

“Nos próximos dias, entraremos com todas as nossas forças para completar a ofensiva e subjugar o Hamas. O Hamas pode dizer: ‘Chega! Queremos libertar mais dez’. Ok, tragam-nos. Nós os capturaremos e então entraremos. Mas não haverá como impedir a guerra. Podemos fazer um cessar-fogo por um tempo determinado, mas iremos até o fim”, revelou.

Após libertar o refém americano-israelense, o Hamas informou que está de acordo com um cessar-fogo abrangente. Mas o premiê comentou que não permitiu o cessar-fogo nem a troca de detentos para libertar o jovem americano. O grupo afirmou que só autorizou o retorno de Edan Alexander como forma de apaziguar a relação, devido à influência do presidente dos Estados Unidos, e solicitou que o governo americano continuasse com suas medidas para acabar com a guerra.

No entanto, em razão das últimas declarações de Benjamin Netanyahu, os esforços para um possível cessar-fogo frustram as medidas de negociação que vêm sendo realizadas pelas autoridades mundiais.

Minutos antes de publicar o vídeo, o primeiro-ministro compartilhou, em sua conta na rede social X (antigo Twitter), a conversa entre ele e o jovem Edan Alexander, que ficou um ano como refém do grupo Hamas.

Lula solicita que Trump tome medidas para cessar-fogo em Gaza

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou preocupação com a atual condição vivida por moradores da Faixa de Gaza, em entrevista a jornalistas na última terça-feira (13). Lula chamou a situação de “genocídio” e pediu para que Donald Trump intervenha positivamente para acabar com a guerra em curso entre Israel e Hamas na região. 

Lula, também, solicitou maior intervenção da Organização das Nações Unidas (ONU), com ajuda humanitária mais eficaz. Além de criticar o desejo de Trump de construir um Resort de luxo no território hoje habitado pelos palestinos. 

“ A única coisa que eu quero é o seguinte: que a ONU possa tomar uma decisão. E Trump contribui para isso… Agora, se ele quiser fazer daquilo um resort, não dá certo.” Presidente Lula

O atual conflito entre o grupo Hamas e o estado de Israel iniciou em 07 de outubro de 2023, após um ataque coordenado pelo grupo contra civis israelenses. O ponto focal do ataque ocorreu em um festival de música, na comunidade de Re’im, ao sul de Israel, próximo à fronteira com a faixa de Gaza. 

Resort de Luxo 

Em fevereiro deste ano (2025), o presidente americano Donald Trump utilizou suas redes sociais para publicar um vídeo realizado com a ajuda de Inteligência Artificial (IA). Nele, Trump faz a demonstração de como ficaria a Faixa de Gaza após transformar a região em um local turístico no Oriente Médio.


Postagem sobre o possível Resort de luxo na Faixa de Gaza (Vídeo: reprodução/X/realdonaldtrump)


Em um “agora e depois”, Trump intercala cenas da precariedade atual da região, assolada pela guerra entre Israel e o grupo Hamas, com episódios onde é possível ver líderes e personalidades mundiais desfrutando do que ele classifica de “Riviera do Oriente Médio”. 

O vídeo gerou indignação na comunidade internacional, uma vez que, em meio à guerra e todas as consequências advindas dela, enfatiza o luxo e o lucro. Transformando a Faixa de Gaza, território administrado pela Autoridade Palestina desde a década de 1990, em um resort de luxo.

Intervenção da ONU

Em discurso no Conselho de Segurança da ONU, na data de ontem, terça-feira (13), o subsecretário geral para Assistência Humanitária, Tom Fletcher, classificou a atual situação na faixa de Gaza como “atrocidade do século 21” e solicitou ações mais eficazes para deter o que ele chama de “situação desumana”.

“Israel está impondo deliberada e descaradamente condições desumanas aos civis no Território Palestino Ocupado”. Tom Fletcher

O subsecretário ressaltou, ainda, que os palestinos estão sendo deslocados à força e que, atualmente, permanecem confinados em espaços cada vez menores dentro de Gaza. Declarou, também, que comida, água, medicamentos e tendas, há 10 semanas, não entram na região por intervenção de Israel.


Discurso de Tom Fletcher no Conselho de Segurança da ONU (Vídeo: reprodução/X/@UN_News_Centre)

Diante dessa situação, Fletcher solicita apoio internacional para que profissionais ligados à ajuda humanitária possam trabalhar livremente na região em apoio aos civis palestinos. Além de solicitar à ONU que crie mecanismos para que tal ajuda seja destinada aos civis e não ao grupo Hamas. 

Em sua fala, Tom Fletcher, informa que se encontrou com líderes israelenses por diversas vezes para traçarem um plano de cessar-fogo. No entanto, segundo Fletcher, a proposta de representantes de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, é um “espetáculo cínico e distração deliberada”, utilizando a fome como “moeda de troca”. Sem, efetivamente, resolver a situação.

Incursão de Israel na Faixa de Gaza 

As forças armadas israelenses têm realizado diversas incursões na Faixa de Gaza nos últimos meses. A ação, segundo informou Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, é uma tentativa para a libertação de reféns em posse do grupo Hamas. 

De acordo com Netanyahu, as Forças de Defesa de Israel (IDF) estão fazendo “um trabalho maravilhoso na Faixa de Gaza” e o “Hamas está sofrendo cada vez mais golpes”.

Em uma postagem nas redes sociais, o IDF informou que, em conjunto com o Shin Bet, Agência de Segurança de Israel, atacou terroristas do grupo Hamas em um complexo localizado sob o Hospital Europeu em Khan Yunis, sul da Faixa de Gaza. Essa ação ocorreu na tarde de ontem, terça-feira (13), horário local.


 Postagem sobre o ataque de Israel no sul da Faixa de Gaza (Vídeo: reprodução/X/@idfonline)

Atualmente, segundo informações, mais de 50 reféns estão em posse do grupo Hamas. Na última segunda-feira (12), o israelense-americano Edan Alexander foi liberto pelo grupo como sinal de um possível acordo de cessar-fogo. Porém, autoridades de Israel informaram que, até que todos os reféns sejam libertados, as ofensivas contra o Hamas seguirão com força total.

Jovem refém israelense-americano está próximo de ser libertado pelo Hamas

O Hamas informou neste domingo que, depois de negociar com representantes dos Estados Unidos, vai liberar o jovem refém israelense-americano, Edan Alexander, de 21 anos, mantido em cativeiro desde os ataques de 7 de outubro de 2023. 

Pouco antes, o grupo havia confirmado ter mantido conversas diretas em Doha com autoridades norte-americanas, nas quais se registrou avanço na busca por uma trégua na Faixa de Gaza, disse um porta-voz do grupo ao portal de notícias AFP.

Tentativas de negociações

Hamas afirmou em comunicado que a libertação de Edan Alexander integra as iniciativas voltadas à celebração de um cessar-fogo, à reabertura das passagens fronteiriças e à garantia da chegada de ajuda humanitária e operações de resgate à população da Faixa de Gaza. Em 18 de março, Israel encerrou uma trégua de dois meses e iniciou sua ofensiva na região, com o objetivo de pressionar o Hamas a libertar os reféns ainda mantidos desde o ataque de 7 de outubro de 2023.


Casa Branca dos EUA anuncia acordo de libertação de Edan Alexander (Foto: reprodução/X/@whitehouse)

Entre 19 de janeiro e 17 de março, a trégua possibilitou a soltura de 33 reféns israelenses em Gaza, sendo oito deles sem vida, mas em contrapartida a libertação de cerca de 1.800 palestinos detidos por Israel. As tratativas para encerrar os combates, conduzidas pelo Egito, Catar e Estados Unidos, ainda não avançaram a um acordo definitivo.

O Hamas exige uma “solução global” e, em 18 de abril, rejeitou a proposta israelense de cessar-fogo de pelo menos 45 dias, que incluía a troca de reféns pelos prisioneiros palestinos e o ingresso de ajuda humanitária em Gaza.

Quem é o jovem Edan Alexander?

Edan Alexander, estava com 19 anos, quando foi capturado em 7 de outubro de 2023 enquanto servia como soldado em uma unidade de infantaria de elite na fronteira de Gaza. Natural de Tel Aviv e criado em Nova Jersey, nos EUA, ele voltou a Israel após o ensino médio para ingressar no exército. 

Agora com 21 anos, acredita-se que Alexander seja o último refém israelense-americano vivo nas mãos do Hamas em Gaza. Algumas semanas atrás, Steve Witkoff, enviado especial do presidente dos EUA Donald Trump, classificou sua libertação como prioridade máxima.

Benjamin Netanyahu aumenta pressão sobre o grupo Hamas

No último domingo (30), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou, em entrevista, que aumentará a pressão sobre o grupo palestino Hamas caso não libertem os reféns mantidos em Gaza. A declaração de Netanyahu ocorre após o Hamas aceitar uma proposta de cessar-fogo, mediada pelo Egito e pelo Catar, que garantiria a libertação de cinco reféns israelenses por semana. 

No entanto, Benjamin Netanyahu, conjuntamente com o governo dos EUA, fez uma contraproposta para que o grupo palestino se desarme e deixe o território. Isso foi visto, segundo declarações de Sami Abu Zuhri, autoridade do grupo palestino, como uma “receita para uma escalada sem fim na região”. 


Discurso de Benjamin Netanyahu (Vídeo: reprodução/Instagram/@b.netanyahu)


Ainda segundo outra autoridade do grupo Hamas, Khalil al-Hayya, “abaixar as armas” é algo que o grupo não fará e que a proposta de cessar-fogo aceita refere-se à libertação de reféns. 

Contudo, Benjamin Netanyahu declarou que a pressão sobre o grupo é para garantir que os reféns israelenses voltem para casa. Também afirma que irá trabalhar para implementar o plano de saída voluntária de palestinos da Faixa de Gaza para outros países. 

Ataques em Gaza

No dia 14 de março (2025), o grupo palestino Hamas havia informado sobre a proposta de cessar-fogo em Gaza, no qual seriam libertos cinco reféns israelenses-americanos. Entre eles, o soldado Edan Alexander

Todavia, as negociações para a libertação não avançaram e, no dia 18 de março (2025), o exército israelense realizou ataques aéreos em Gaza, onde mais de 400 pessoas foram mortas e outras centenas ficaram feridas. No dia seguinte (19), os ataques continuaram por terra. 

Desde então, Israel tem realizado várias incursões na Faixa de Gaza, principalmente nas cidades de Khan Younis, ao sul, e Rafah, a oeste. 

Sobre os ataques, o primeiro-ministro de Israel informou estar conduzindo a libertação dos reféns “sob fogo, e, portanto, também é eficaz”. Em uma sequência de publicações nas redes sociais, Benjamin Netanyahu reforça que aumentará a pressão sobre o grupo palestino.


Discurso de Benjamin Netanyahu sobre os ataques a Gaza (Vídeo: Reprodução/X/@IsraeliPM)

Entretanto, o Crescente Vermelho Palestino, uma organização humanitária que funciona como um “braço” da Cruz Vermelha no Oriente Médio, incluindo Gaza, tem utilizado suas redes sociais para denunciar que os ataques realizados por Israel estão matando médicos, funcionários das organizações humanitárias, além de mulheres e crianças. 

Em uma de suas publicações, a organização relembra que ataques contra equipes médicas violam o direito internacional humanitário e as Convenções de Genebra. Na data de ontem (30), a própria Cruz Vermelha publicou uma homenagem aos médicos mortos pelos ataques do exército israelense. 


Publicação sobre as mortes de médicos do Crescente Vermelho Palestino (Foto: Reprodução/X/@ifrc)

Resposta do grupo Hamas 

Em resposta à ofensiva de Netanyahu a Gaza, o grupo palestino, por meio de comunicado, alertou que “toda vez que Israel tenta recuperar seus reféns à força, acaba trazendo-os em caixões”.


Discurso de Benjamin Netanyahu e resposta do grupo Hamas (Vídeo: reprodução/YouTube/@OLiberalPA)

Para o grupo Hamas, Israel deve implementar a segunda fase do acordo de cessar-fogo, que envolve a retirada das tropas israelenses do território de Gaza e a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos.

Manifestantes protestam após Netanyahu bombardear Gaza e acabar com cessar-fogo

Após o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu retomar a guerra em Gaza e violar o cessar-fogo com o Hamas, manifestantes protestaram do lado de fora do Knesset, o parlamento israelense, nesta quarta-feira (19). O fim do cessar-fogo acabou com trégua que durava dois meses.

Na Rodovia 1, estrada principal que liga Tel Aviv a Jerusalém, protestantes seguravam uma faixa com a frase “O futuro da coalizão ou o futuro de Israel” em referência às acusações de Netanyahu priorizar a solidez de sua coalizão governamental em vez da segurança de Israel, além dos reféns israelenses e palestinos em Gaza.

Essas acusações foram feitas após Israel bombardear Gaza na madrugada de terça-feira (18) e matar mais de 400 pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. Esse foi um dos piores números de mortos em um único dia da guerra.


Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu bombardeou Gaza após dois meses de cessar-fogo (Foto: reprodução/Amir Levy/Getty Images Embed)


Para o primeiro-ministro, a retomada do conflito ajudou a fortalecer sua coalizão instável em meio ao andamento de seu julgamento por corrupção e antes de uma importante votação sobre o orçamento de Israel. No entanto, para muitos israelenses, a continuação da guerra traz desespero e desperta sentimentos de raiva com o governo. Para palestinos, é o fim do sossego que durou somente dois meses.

Interrupção do julgamento

Elias Shraga, o presidente do órgão de fiscalização jurídica Movimento para o Governo de Qualidade em Israel, que participou da manifestação do lado de fora do Knesset, disse que o conflito de Israel ainda acontece para que Netanyahu continue no poder. “Netanyahu queria escapar da justiça. Esta é a única razão pela qual estamos enfrentando o golpe de regime e esta guerra sangrenta. Esta é uma mistura perigosa”, disse à CNN.

Netanyahu iria testemunhar em seu julgamento de corrupção na terça-feira (18). A audiência foi cancelada por conta da retomada do conflito em Gaza, algumas horas antes do primeiro-ministro ir ao tribunal. Ele nega qualquer irregularidade.

“Uma razão pela qual ele queria escapar da justiça é porque ele quer manter sua coalizão e está pronto para sacrificar seu povo, é isso. É muito simples”, continuou Shraga, que ainda afirmou que a retomada da atividade militar mostra mais uma vez que o primeiro-ministro “não se importa com os reféns” do Hamas que seriam libertados sob o acordo de cessar-fogo.

“Estamos sacrificando nossos semelhantes neste momento, [enquanto] nosso [primeiro-ministro] vende sua alma”, declarou Shraga. Netanyahu alega que a pressão militar sobre o Hamas é necessária para o resgate de reféns.

Apoio da extrema-direita

O líder da oposição Yair Lapid também participou dos protestos de quarta-feira. Segundo ele, as manifestações tem como objetivo  “garantir que o governo entenda que não pode fazer o que quiser”

Com uma fita amarela que simboliza o apoio aos reféns em Gaza, Lapid contou à  que os manifestantes estão “tentando dizer às pessoas do mundo que Israel não ficará em silêncio quando eles estiverem tirando nossa democracia”.


Ex-primeiro-ministro e líder da oposição Yair Lapid (Foto: reprodução/Marc Israel Sellem/THE JERUSALEM POST)


O ministro de extrema direita que, contrário ao acordo de cessar-fogo, deixou o governo, parece ter retomado seu apoio a Benjamin Netanyahu. Após o bombardeio sangrento em Gaza, na terça-feira (18), seu partido Poder Judaico anunciou que se uniria novamente à coalizão do primeiro-ministro.

Yuval Yairi, um artista de Jerusalém, relatou à CNN que acredita na existência de razões políticas por trás da retomada dos combates. Ele diz que Netanyahu precisa de seus aliados de direita antes do prazo final de votação do orçamento em 31 de março. Ele crê que a guerra corrói a democracia de Israel.

“Estou muito preocupado com a possibilidade de uma guerra civil. Esta nação está dividida. Às vezes parece que não há saída. As pessoas não acreditam mais na democracia. Elas não acreditam na vida que tínhamos antes de tudo começar. Você vê a divisão: religião de um lado, secularismo do outro. Parece sem esperança”, contou Yairi.

Apoiadores de Netanyahu

Do lado de fora do Knesset também havia grupos apoiadores do primeiro-ministro. Na tenda do “Heroism and Hope Forum”, Margalit Yachad, uma motorista voluntária de ambulância compõe um grupo a favor da guerra contínua em Gaza. Ela acredita que Netanyahu age de acordo com o que é melhor para o interesses do país. “Não sei por que há tanto ódio sobre ele ou a direita. Devemos respeitar o líder primeiro e não dizer coisas horríveis sobre ele, porque o inimigo vê que estamos todos divididos em partes — e não podemos vencer assim”, relatou à CNN.

Israel lança grandes ataques à Gaza e quebra a trégua assinada no início do ano

Na madrugada desta terça-feira (18), foi informado pelas próprias Forças Armadas de Israel, que eles estavam realizando ataques extensivos na Faixa de Gaza, quebrando o cessar-fogo que ocorreu no meio de janeiro de 2025. Os bombardeios acabaram levando a vida de pelo menos 330 pessoas.

Os ataques de Israel

As Forças Armadas de Israel fizeram um anúncio, em seu Telegram, na madrugada desta terça-feira (18), sobre grandes ataques que estavam fazendo na região da Faixa de Gaza. Os ataques foram os maiores desde o cessar-fogo, feito no dia 19 de janeiro, em que foi proposto uma trégua temporária na região de Gaza, até o início deste mês. Os bombardeios, promovidos nas regiões da Cidade de Gaza, Khan Younis, Rafah e Deir al-Balah, deixaram pelo menos 330 mortos.


Pessoas com corpos dos mortos em Gaza, durante os ataques de Israel (Foto: reprodução/Doaa Albaz/Anadolu/Getty Images Embed)


Mais de 330 mártires, a maioria menores de idade, mulheres e idosos, são o saldo inicial da agressão”, disse Mahmoud Basal, porta-voz da Defesa Civil de Gaza.

Foi especificado por ele que mais de 82 mortes ocorreram na cidade de Khan Younis, localizada ao sul de Gaza, e as outras foram espalhadas por Nuseirat, centro do território, Cidade de Gaza e o norte da região.

O acordo de cessar-fogo, realizado em meados de janeiro, tinha como objetivo interromper os conflitos no território de Gaza até um novo acordo ser firmado no início deste mês de março. Desta vez, a proposta era de uma trégua permanente, em que haveria a libertação dos reféns em Gaza, assim como a devolução dos corpos, e a retirada completa das forças israelenses do território palestino – acordo esse que foi rejeitado por Israel.

Segundo o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ele, juntamente com o Ministro da Defesa, Israel Katz, informou às Forças Armadas para agir com força contra o Hamas, organização terrorista da Palestina, alegando que eles teriam se recusado a libertar seus reféns. Para corroborar com a informação dos ataques intensos, foram canceladas as aulas em escolas nos arredores de Gaza.

Steve Witkoff, o enviado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma proposta de estender a primeira fase da trégua até abril, porém as autoridades do Hamas rejeitaram a proposta, declarando que não teriam uma moeda de troca com Israel, caso libertassem seus reféns.

O conflito continua

Os conflitos em Gaza ainda não estão pertos do fim, muito pelo contrário, pois foi declarado por Israel que eles irão agir contra o Hamas com força militar cada vez maior.


Escombros de região atacada por Israel, em Gaza (Foto: reprodução/Hamza Z. H. Qraiqea/Anadolu/Getty Images Embed)


O Hamas, portanto, entende que ao realizar estas ações, Israel pôs um fim ao cessar-fogo, iniciado no meio de janeiro. O grupo que controla o Hamas desde 2007, cobrou os mediadores do conflito, Egito, Catar e EUA, a responsabilizarem Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, pela violação da trégua.

Segundo a Secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, que tem a função de porta-voz, o governo de Donald Trump foi consultado por Israel antes de começarem os ataques em Gaza.

Na última sexta-feira (14), o Hamas fez um anúncio, citando que estaria disposto a libertar um refém israelense-americano e entregar os corpos de outras quatro pessoas com dupla nacionalidade, algo que seria parte das novas negociações sobre o cessar-fogo. O governo israelense recusou e a imprensa do país afirmou que Netanyahu não está interessado em encerrar a guerra e irá continuar firme em suas ações.