Moraes concede permissão a Bolsonaro para realizar procedimento médico

O ministro Alexandre de Moraes autorizou nesta quarta-feira (10), que o ex-presidente Jair Bolsonaro realize um procedimento médico, após pedido da defesa. De acordo com a equipe que cuida da saúde de Bolsonaro, ele deve passar por um procedimento de pele para remoção de algumas lesões.

A decisão assinada por Moraes ocorre em meio à segunda e última semana de julgamento de Bolsonaro e outros sete réus pela trama golpista. Bolsonaro segue em prisão domiciliar desde 4 de agosto, após o ex-presidente ter descumprido uma medida cautelar, que era a ordem de não postar em redes sociais.

Autorização para procedimento

Entretanto, Moraes acrescentou algumas determinações dentro da autorização para que Bolsonaro seja liberado para o procedimento médico. O transporte deve ser acompanhado pela Polícia Penal do Distrito Federal e a permanência no hospital está restrita somente para o dia do atendimento. 

Foi determinado por Moraes que Bolsonaro apresente à Corte um atestado médico com data e os horários de atendimento, em até 48 horas após. Também foi reforçado pelo ministro que a autorização é temporária e não libera Bolsonaro do cumprimento das outras medidas cautelares. 


Ministro Alexandre de Moraes no julgamento pela trama golpista em 10 de setembro de 2025 (Foto: reprodução/Evaristo Sa/Getty Images Embed)


Prisão de Bolsonaro

Foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, em 4 de agosto, que Bolsonaro cumprisse prisão domiciliar, após descumprimento de medidas judiciais impostas a ele. O presidente fez uma postagem em suas redes sociais em julho deste ano, o que causou a medida imposta por Moraes, já que entre as restrições está o impedimento do uso de redes sociais. 

Contudo, a defesa de Jair Bolsonaro nega o descumprimento da medida cautelar. Foi pedido também que o ministro reconsidere a ordem de prisão domiciliar, com a justificativa de que Bolsonaro está sendo colaborativo com as investigações e não tem descumprido nenhuma ordem judicial. 

O julgamento de Bolsonaro e os outros sete réus pela trama golpista está em sua última semana, com previsão de conclusão para essa sexta-feira (12). Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino já realizaram seus votos, sendo ambos a favor da condenação dos oitos indiciados. O ministro Luix Fux realiza o seu voto nesta quarta-feira (10), mas o resultado até o momento é de 2 para condenação pelos crimes.

Em manhã de julgamento do ex-presidente Jair, porta-voz americana afirma que EUA protegerão a liberdade de expressão do mundo

Nesta terça-feira (09), na Casa Branca, a porta-voz Karoline Leavitt, durante a coletiva de imprensa, respondeu à pergunta sobre o julgamento do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro sobre como o governo americano iria se portar perante a uma possível condenação.

Leavitt informou que caso o ex-presidente fosse realmente condenado e, portanto, impedido de se eleger no próximo ano, o governo representado pelo seu presidente Donald Trump iria tomar medidas contra o governo brasileiro, medidas econômicas e o governo americano poderia utilizar meios militares, Trump acredita que a condenação do ex-presidente Bolsonaro seria uma clara interferência a liberdade de expressão, e isso é o mais importante para o governo Trump informou a porta-voz Karoline Leavitt.

Contexto do julgamento 

Estão sendo julgados: Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente; Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do GSI; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.

Jair Messias Bolsonaro, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno e ex-ministro do GSI (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Evaristo Sa)

Eles estão sendo julgados, pelos crimes de Golpe de Estado (art. 359-L), por impedir a posse do presidente eleito. Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-M). Organização criminosa armada. Dano qualificado (danos a bens públicos). Deterioração de patrimônio tombado. Ao todo, podem as penas totalizar até 46 anos de prisão se condenados nas penas máximas. 


Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Evaristo SA)


Como funciona o Julgamento e Votos?

O julgamento ocorre por votação nominal na Primeira Turma (cinco ministros). Primeiro o Ministro Alexandre de Morais, depois o Ministro Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia, e por fim Cristiano Zanin. Como informado anteriormente, eles vão analisar e votar pela condenação de cada réu, assim cada um pode receber um veredito diferente ou todos receberem o mesmo. 


Alexandre de Morais, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Bloomberg)


Na manhã desta terça-feira (09), o ministro Alexandre de Morais votou pela condenação dos oito réus, enquanto o magistrado votou. A porta-voz da Casa Branca estava respondendo às perguntas sobre como o governo Trump vai se portar perante as possíveis condenações.

O ministro Flávio Dino, junto ao seu companheiro do STF, votou pela condenação dos oito réus. E assim, o quadro de votos está 2 a 0 para condenação do ex-presidente e dos outros réus, faltam votar ainda os outros três ministros. O ministro Luiz Fux é o próximo a votar, ele informou ao ministro Moraes e aos demais que, no momento do seu voto, o magistrado Fux iria voltar para comentar as preliminares.  

Moraes aponta Bolsonaro como líder de organização criminosa em julgamento da “trama golpista”

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu um passo crucial nesta terça-feira (9) no julgamento da chamada “trama golpista”. O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, apresentou seu voto de mérito e exibiu ao público uma série de slides que descrevem a atuação de um grupo político acusado de conspirar contra a democracia. No material, o ex-presidente Jair Bolsonaro aparece como líder da organização criminosa.

Nos documentos apresentados, Bolsonaro aparece ao lado de outros sete réus apontados como parte do núcleo central do grupo: Alexandre Ramagem Rodrigues, Almir Garnier Santos, Anderson Gustavo Torres, Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Mauro Cesar Barbosa Cid, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e Walter Souza Braga Neto. Segundo o ministro, todos teriam atuado em conjunto para enfraquecer as instituições democráticas.

De acordo com Moraes, o grupo utilizou órgãos públicos de forma irregular para monitorar adversários políticos e montar estratégias contra o Poder Judiciário. Entre as práticas denunciadas, estaria a tentativa de desacreditar a Justiça Eleitoral e o resultado das eleições de 2022, além de colocar em risco a própria democracia brasileira.

 Repercussão política e social

A apresentação dos slides por Alexandre de Moraes repercutiu imediatamente no meio político, dividindo opiniões entre apoiadores e críticos do ex-presidente. Parlamentares ligados à oposição ao governo atual viram no gesto um passo fundamental para responsabilizar Bolsonaro e seus aliados por ataques às instituições democráticas.


Voto do ministro Alexandre de Moraes (Vídeo: reprodução/X/@GloboNews)

No cenário jurídico, a análise foi diferente. Especialistas em direito constitucional e eleitoral apontaram que a decisão de Moraes de expor publicamente os slides teve um caráter pedagógico, ao tornar mais visível para a sociedade os argumentos da acusação. Juristas ressaltaram ainda que a inclusão de Bolsonaro como líder do grupo fortalece a narrativa de que houve uma tentativa articulada de subverter a ordem democrática.

 A linha de defesa de Bolsonaro e aliados

Desde o início das investigações, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro tem negado as acusações de participação em uma organização criminosa ou em qualquer tentativa de golpe. Os advogados afirmam que não há provas materiais que sustentem a tese apresentada pela Procuradoria-Geral da República e reforçada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Bolsonaro, em diferentes ocasiões, declarou ser alvo de perseguição política por parte do Supremo Tribunal Federal. Segundo ele, as ações movidas contra seu nome e contra seus ex-ministros têm como objetivo silenciar a oposição e afastá-lo da vida pública. Seus aliados, especialmente no Congresso, repetem esse argumento e classificam o processo como uma tentativa de “criminalizar a direita brasileira”.

No caso específico do julgamento da chamada “trama golpista”, parlamentares e ex-integrantes do governo sustentam que as reuniões e discussões apontadas pela acusação faziam parte do debate político legítimo, não de um plano criminoso. Para eles, a construção da narrativa de que houve uma conspiração organizada busca enfraquecer Bolsonaro em um momento em que ele ainda exerce forte influência sobre parte significativa do eleitorado.


Celso Vilardi, advogado do ex-presidente Bolsonaro (Reprodução/Evaristo SA/Getty Imagens Embed)


Consequências jurídicas

O julgamento da chamada “trama golpista” é considerado um dos mais relevantes da história recente do Brasil, não apenas pelo peso político dos réus, mas também pelos precedentes que pode estabelecer para casos futuros envolvendo ataques à democracia.

Do ponto de vista legal, uma eventual condenação de Jair Bolsonaro e dos demais acusados pode resultar em penas de prisão, além da inelegibilidade por vários anos. Para o ex-presidente, isso significaria o afastamento definitivo da disputa eleitoral, encerrando qualquer possibilidade de concorrer em 2026. Outros réus, muitos deles generais e ex-ministros, também podem perder direitos políticos e enfrentar duras sanções criminais.

Além das punições individuais, o julgamento deve servir como parâmetro para outros processos em andamento. Há dezenas de investigações sobre atos golpistas relacionados ao período pós-eleitoral de 2022, incluindo o ataque às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. A decisão do STF neste caso poderá orientar a interpretação da Justiça em processos semelhantes.

Protestos pedem anistia e geram debates políticos em SP e RJ

Neste domingo (7), feriado da Independência, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniram em diferentes cidades para pedir anistia a pessoas condenadas pelos ataques de 8 de janeiro e outros crimes contra a democracia. Com o lema “reaja, Brasil: o medo acabou”, os manifestantes criticaram o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes, chamado de “tirano” pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Protestos em São Paulo e Rio mostram apoio a Bolsonaro e críticas ao STF

Em São Paulo, na Avenida Paulista, uma grande bandeira dos Estados Unidos foi exibida perto do Masp. Cartazes pediam que Donald Trump pressionasse o STF, e faixas pediam o impeachment de Moraes. O protesto reuniu cerca de 42 mil pessoas, segundo estimativas. Em 2024, o ato havia reunido 45 mil pessoas.

No Rio de Janeiro, o protesto aconteceu na orla de Copacabana e reuniu cerca de 42,7 mil pessoas. Considerando a diferença de população, a taxa de mobilização por mil habitantes foi de 4,4 em São Paulo e 8,2 no Rio, e por mil eleitores, 13,2 em São Paulo e 22,1 no Rio.


Filho de Bolsonaro pedindo anistia em seu perfil do X (Foto: reprodução/X/@FlavioBolsonaro)

Durante o discurso na Avenida Paulista, Tarcísio criticou o STF e pediu que o Congresso aprove a anistia. Ele também apoiou a candidatura de Bolsonaro em 2026, dizendo: “Deixa o Bolsonaro ir para a urna, qual o problema? Ele é o nosso candidato”. Alguns manifestantes gritaram “fora, Moraes”, e o governador disse que os gritos mostram o desgaste da população com a atuação do ministro e a situação do país.

Julgamento de Bolsonaro e discussão sobre anistia na Câmara

Bolsonaro não pôde participar do evento por não cumprir medidas restritivas e está em prisão domiciliar. Ele também não pode concorrer a cargos até 2030 por abuso de poder.

Na última terça-feira (2), o STF começou a julgar Bolsonaro e outros sete réus pela tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022, com conclusão prevista até sexta-feira (12). Ao mesmo tempo, cresceu na Câmara a discussão sobre a possibilidade de aprovar uma anistia para pessoas condenadas por crimes contra a democracia. Hugo Motta (Republicanos-PB), vem enfrentando a pressão de pessoas a favor de Bolsonaro, mas não colocou projeto em votação na Câmara.


Governador de São Paulo também pedindo anistia em seu perfil do X (Vídeo: reprodução/X/@tarcisiogdf)

O partido de Bolsonaro, o PL, está à frente da proposta de anistia, com apoio do Centrão. Recentemente, União Brasil e PP, que têm a maior bancada da Câmara, decidiram deixar o governo Lula e apoiar a medida. Tarcísio foi a Brasília para tentar convencer o presidente da Câmara a levar o tema à votação. Ainda não há definição sobre o texto da anistia nem se ela beneficiaria apenas os condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 ou também Bolsonaro e outros réus que ainda estão sendo julgados pelo STF.

STF amplia julgamento do ‘núcleo crucial’ da trama golpista

O relator Alexandre de Moraes solicitou nesta sexta-feira (5) ao presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin, a inclusão de uma sessão extra na quinta-feira, 11 de setembro de 2025. Com isso, o julgamento do chamado “núcleo crucial” da trama golpista ganha mais tempo para ser concluído — a quarta sessão acontece além das inicialmente previstas.

O que é o “núcleo crucial” do golpe?

O termo “núcleo crucial” refere-se ao grupo central de réus na ação penal que julga a tentativa de golpe de Estado movida após as eleições de 2022. A cúpula envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados que, segundo denúncia da PGR, idealizaram o plano “Punhal Verde e Amarelo”. O objetivo seria impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, além do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes — com participação na elaboração da chamada “minuta do golpe” e nos atos de 8 de janeiro de 2023.


Ex-presidente Jair Bolsonaro, um dos réus integrantes do chamado “núcleo crucial” (Foto: reprodução/Evaristo SA/Getty Images Embed)


Os acusados respondem por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Novas datas e detalhes do julgamento

As sessões começaram nos dias 2 e 3 de setembro, com apresentação do relatório de Alexandre de Moraes, sustentação da PGR e defesas dos acusados. Inicialmente, estavam previstas sessões nos dias 9 (manhã e tarde), 10 (manhã) e 12 (manhã e tarde). Agora, com a inclusão da sessão de 11 de setembro (manhã e tarde), o julgamento passa a ter quatro dias consecutivos de votação — de 9 a 12 de setembro.

Mais tempo

Com o acréscimo da sessão extra, Alexandre de Moraes e os demais ministros ganham tempo valioso para analisar os argumentos, votar e concluir o julgamento. A medida reforça o caráter central do caso e indica um esforço para garantir que a decisão seja tomada com o devido cuidado, abrangência e segurança jurídica.

Advogado cita verbo “demover” e coloca Bolsonaro no centro do julgamento do golpe

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) ganhou um ponto inesperado a partir de uma interpretação de um verbo. Assim, durante a sessão, o advogado Andrew Fernandes, que defende o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, afirmou que seu cliente tentou “demover Bolsonaro de adotar qualquer medida de exceção”. O uso do verbo na oração criou certa confusão sobre a denotação e a conotação da palavra.

O sentido do verbo e o impacto jurídico

A princípio, o termo “demover” chamou atenção da ministra Cármen Lúcia. Ela questionou Fernandes sobre o significado usado no julgamento. O advogado explicou que o verbo foi empregado no sentido de dissuadir, de fazer mudar de ideia.

De antemão, o Novo Dicionário Aurélio confirma esse uso. Portanto, “demover” significa remover, afastar ou dissuadir alguém de um intento. O termo tem origem no latim e pode ser transitivo direto ou bitransitivo.


Ministra Cármen Lúcia questiona advogado (Vídeo: reprodução/YouTube/UOL)

A explicação, no entanto, reforçou um ponto delicado. A defesa de Nogueira reconhece que Bolsonaro cogitou medidas de exceção, ainda que o ex-ministro tenha tentado impedi-lo.

Defesa de Bolsonaro e andamento do julgamento

Esse detalhe confronta a estratégia da defesa do ex-presidente. O advogado Celso Vilardi afirmou que “não há uma única prova” contra Bolsonaro. Segundo ele, o ex-presidente não atentou contra a democracia e não planejou golpe de Estado.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) reuniu mais de 500 páginas para descrever a conduta dos acusados. Apenas a parte referente a Bolsonaro ocupa 137 páginas. O documento foi assinado pelo procurador-geral Paulo Gustavo Gonet Branco.

Nesta semana, a Primeira Turma do STF tornou Bolsonaro réu em cinco ações penais. Nunca antes um ex-presidente brasileiro havia enfrentado esse tipo de acusação. A denúncia também atinge outros sete integrantes do governo, todos investigados por participação na tentativa de golpe após as eleições de 2022.

Réus apresentam defesa no 2° dia de julgamento de Bolsonaro

O segundo dia do julgamento do ex-presidente Bolsonaro e mais sete réus foi paralisado no início da tarde desta quarta-feira (03/09) pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. O julgamento será retomado na próxima terça-feira, dia 09, e faz parte das oito sessões marcadas e terá a votação que vai determinar se os réus serão condenados ou absolvidos dos crimes.

Defesa dos réus

Na sessão que se iniciou na manhã desta quarta-feira, a defesa de quatro réus puderam apresentar suas versões sobre o processo e os fatos levantados no julgamento. Os réus que apresentaram defesa nessa sessão foram os de Jair Bolsonaro, do ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, dos ex-ministros da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. 

A defesa de Bolsonaro, representada pelo advogado Celso Vilardi, afirmou que não há provas da participação do ex-presidente na execução e planejamento do golpe, além disso, afirmou que ele foi “dragado” nos fatos investigados e que ele não teve envolvimento no golpe contra a democracia.


Advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, no Supremo Tribunal Federal (Foto: reprodução/Rosinei Coutinho/STF)

O advogado de Augusto Heleno ressaltou o fato que o seu cliente teria se afastado de Bolsonaro e que, por isso, nunca teve conversas como uma tentativa de golpe com o ex-presidente. A defesa de Paulo Sérgio afirma que o seu cliente tentou afastar Bolsonaro de tentativas de golpe e que isso provaria que ele seria inocente.

Por fim, o advogado de Walter Braga Netto, José Luis Mendes de Oliveira Lima, afirmou que o seu cliente poderia sofrer as consequências por conta de uma “delação premiada e mentirosa” movida pelo ex-ajudante geral de Bolsonaro e tenente Cid Nogueira.

Crimes e réus

Ao todo, oito réus serão julgados, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Além de Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, outros ex-aliados do governo de Bolsonaro serão julgados. Sendo eles, o Alexandre Ramagem (ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) e Mauro Cid (ex-ajudante geral de Bolsonaro).

Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do estado democrático, golpe de estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração do patrimônio tombado. O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, responderá somente por 3 crimes, a exceção foi concedida porque Ramagem é deputado federal atualmente. 

Andamento do julgamento

Na retomada do julgamento na próxima semana, o ministro Alexandre de Moraes vai iniciar a votação, analisando pontos levantados pelas defesas dos réus, como solicitações de absorção e a nulidade da delação premiada de Mauro Cid. 

O ministro pode pedir que a turma debata sobre as questões preliminares ou deixar que a turma analise esses pontos na votação conjunta com o mérito. Após a análise das questões preliminares, Alexandre de Moraes irá decidir sobre a condenação ou absorção dos réus. 

Além de Alexandre, outros ministros irão votar, sendo Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A condenação ou absorção dos réus poderá ser decidida com a maioria dos votos da turma, sendo 3 dos 5 votos válidos. Em caso de condenação, os réus do processo não serão enviados a presídios comuns, como os oficiais do exército envolvidos no julgamento, que têm o direito a uma prisão especial. 

Jair Bolsonaro recebe filhos em sua casa no 2° dia de julgamento

O ex-presidente Jair Bolsonaro, que se encontra em prisão domiciliar, recebeu a visita de seus filhos em sua casa em Brasília, no segundo dia de julgamento, nesta quarta-feira (03). Cercado de seguranças, os seus filhos Carlos, Renan Bolsonaro, ambos vereados pelo PL, mesmo partido de Jair, visitaram o pai em sua casa em Brasília, o momento foi registrado pela imprensa.

Visita em prisão domiciliar

Foi compartilhado um vídeo pelo jornal Metrópoles onde Bolsonaro, acompanhado de seus seguranças, está na sua casa no Jardim Botânico, em Brasília. O ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no julgamento que investiga o seu envolvimento em ações antidemocráticas, se encontra em prisão domiciliar decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, desde 04 de agosto.

O réu não pediu autorização ao ministro Alexandre para acompanhar o julgamento presencialmente em Brasília no Supremo Tribunal Federal, optando por acompanhar de casa com a família e apoiadores. Mesmo com as restrições e determinações do regime domiciliar, Bolsonaro pode receber visitas de familiares em sua casa, exceto Eduardo Bolsonaro, que está proibido de visitar o réu por estar sob investigações sobre possível coação no processo do pai.

Segundo dia de julgamento

O ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, está sendo julgado por arquitetar um plano de golpe após as eleições de 2022, onde o candidato Lula, do PT, foi eleito, resultando na invasão do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro de 2023.


Carlos e Renan Bolsonaro, filhos do ex-presidente, na casa da família em Brasília (Foto: reprodução/Vinicius Schmidt/Metrópoles)

O segundo dia de julgamento terminou às 12h53 nesta quarta-feira (03/09), tendo sessões somente da parte da manhã. No segundo dia do julgamento, que irá retornar somente na próxima semana, a defesa dos quatro réus realizou a sustentação oral, incluindo a defesa de Bolsonaro. Entre os réus estão Augusto Heleno, que é ex-chefe do Gabinete de Segurança Nacional, Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa e Walter Braga Netto, que também é ex-ministro da Defesa.

A defesa de Jair Bolsonaro, o advogado Celso Vilardi, afirmou que o ex-presidente foi “dragado” para fatos das acusações sem ter participado ativamente da invasão ao Planalto em 8 de janeiro e do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que planejava assassinar autoridades. As defesas de Walter Braga Netto e Bolsonaro acusaram o ex-ajudante de ordens presidências e tenente-coronel Cid Nogueira de mentir em depoimento, acusando os réus injustamente. 

Alexandre de Moraes abre julgamento dando recados e cita Fux 

Na manhã de terça-feira (02/09), deu início ao julgamento pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) o ex-presidente Jair Bolsonaro e os demais réus. O ministro Alexandre de Moraes foi o primeiro a falar e iniciou com diversos temas.  

O ministro deixou claro que defenderia a independência do Poder Judiciário, que não aceitaria pressões tanto de parlamentares quanto de países externos ao Brasil. Ele deixou claro que busca uma pacificação entre os poderes, porém não quer que confundam com impunidade. 

“Anistia” e a pressão ao julgamento

A jornalista Luísa Martins (CNN Brasil) analisou as falas do magistrado e afirma que pessoas próximas ao ministro Alexandre de Moraes dizem que não há dúvidas de que foi uma referência à pauta da anistia. Ele deixou evidenciado que tais crimes, de tamanho importância para a democracia, devem ser julgados com o máximo de seriedade e assim se deve cumprir o veredito das penas. 


Matéria CNN Brasil (Vídeo: reprodução/X/@cnnbrasil)

Também vale dizer que, com o discurso do ministro, fica cada vez mais claro que o julgamento será levado à penalização dos réus, e que eles não pretendem dar anistia neste caso. 

Portanto, teria que ser um julgamento extremamente técnico. Assim, o Poder judiciário poderia demostrar seu poder, mas não só uma demonstração, tentar encontrar um equilíbrio entre os poderes, informando que ninguém está acima da lei e tentando ser o mais justo e técnico possível, o julgamento ainda terá mais desdobramentos, porém mostra com clareza que o caminho é de veredito não favorável ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e os outros réus. 

Citação ao Fux

O ministro aproveitou também para falar de seu companheiro de corte, o ministro Luiz Fux, um magistrado que por muitas vezes esteve Antagônico ao desenrolar das decisões dos outros ministros. Mesmo o ministro Fux por vezes divergir do ministro Moraes, ambos mantêm um discurso mais amigável. Por muitas vezes, tendem a ter o mesmo pensamento sobre algum julgamento, com uma ou outra diferença de pensamento, que seria algo totalmente normal na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).


Ministro Luiz Fux (Foto: reprodução/Evaristo SA/Getty Images Embed)


Algumas atitudes, discursos e votos recentes demonstram um pensamento diferente de seu companheiro, o ministro Alexandre de Moraes, onde Fux foi contra a determinação de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Fux não acreditava que o ex-presidente demonstrava risco de fuga, e afirmou que era desproporcional a medida. Também não concorda com a seriedade nas penas que o tribunal vai sentenciar os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. o ministro Luiz Fux considera que não se deve condenar simultaneamente os atos como “abolir violentamente o Estado Democrático de Direito” e “golpe de Estado”, por configurações de novo outra vez (duplica punição por mesmo fato). Com isso, em casos futuros, ele pretende deixar claro seu novo entendimento, por meio de embargos ou revisão criminal.

STF ouve defesas de réus por tentativa de golpe de Estado

Nesta quarta-feira (3), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal da continuidade ao julgamento da ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado em 2022. A sessão que teve começo às 9h, em Brasília, e como foco a apresentação dos argumentos de defesa de quatro réus, incluindo Bolsonaro. O julgamento ocorre no STF porque os crimes em questão atentam contra o Estado democrático de direito, segundo a acusação do Ministério Público Federal.

Sessão concentra falas das defesas e adia decisão final

Os advogados de Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto contam com a tribuna para tentar afastar a responsabilidade de seus clientes. Cada defensor tem cerca de uma hora para se manifestar. Devido ao tempo limitado da sessão matutina e à agenda do plenário no período da tarde, a apresentação dos votos dos ministros foi adiada e está prevista para a próxima semana.


Material da CNN Brasil (Vídeo: Reprodução/Youtube/CNN Brasil)

Durante a sessão desta quarta, o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, acompanhou as falas dos advogados sem antecipar seu posicionamento. A expectativa é que ele inicie a votação na próxima terça-feira (9), seguido pelos ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, conforme ordem de antiguidade na Primeira Turma.

Julgamento será retomado na próxima semana com votos

Se todas as etapas ocorrerem conforme o novo cronograma, o julgamento seguirá com a análise de questões processuais antes de chegar à definição sobre eventual condenação. O desfecho dependerá da maioria dos votos. Caso o grupo seja absolvido, o processo será arquivado. Em caso de condenação, cada réu receberá pena conforme sua participação.

A retomada do julgamento está marcada para os dias 9, 10 e 12 de setembro, com sessões pela manhã e à tarde. A expectativa é que o voto de Moraes traga o resumo das provas e a avaliação jurídica dos fatos. O julgamento é considerado um marco institucional, já que trata de um dos episódios mais graves contra a democracia recente no país. A condução do processo segue sob os olhares atentos da opinião pública e da comunidade internacional.