Fundo de Florestas proposto pelo Brasil receberá investimento da China

O governo brasileiro recebeu indícios da China que o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF na sigla em inglês) receberá investimento do país, segundo o que a Reuters disse a duas fontes brasileiras. O projeto apresentado pelo Brasil é uma proposta de financiamento para preservação de florestas em risco ao redor do mundo.

Ajuda chinesa no Fundo de Florestas

Lan Fo’an, ministro chinês das Finanças, foi quem indicou que a contribuição poderia acontecer, durante uma reunião bilateral com Fernando Haddad, ministro da Fazenda, na última quinta-feira (3), na reunião de finanças do BRICS no Rio de Janeiro.

Uma das fontes estava presente durante a conversa, e relatou que Lan Fo’an disse a Haddad que a ideia do fundo era muito importante, e que a China colaboraria. Apesar de valores não terem sido discutidos ainda, o governo brasileiro entendeu como uma sinal de que a decisão estaria tomada, considerando que a fala veio do ministro das Finanças chinês.

A intenção chinesa de inserir recursos no fundo pode fazer com que mais países contribuam no combate às mudanças climáticas.

A embaixada da China em Brasília foi procurada, mas não respondeu a nenhum pedido de comentário. Em nota oficial, o Ministério da Fazenda informou que Haddad e Lan Fo’an conversaram, mas não foi descrito o que foi discutido.


Haddad e Lan Fo’an discutem propostas ambientais (Foto: Reprodução/X/@MinFazenda)

Problema global

Em maio, o presidente Lula visitou a China, e conversou sobre o fundo com o presidente Xi Jinping. O Brasil pretende que outros países emergentes se atraiam pelo fundo, em especial as nações do Oriente Médio.

O objetivo é resolver a discussão sobre o financiamento climático que acontece entre países desenvolvidos e países emergentes. A disputa entre os países é sobre quem caíra a responsabilidade dos custos para as medidas de adaptação, mitigação e preservação do meio ambiente, a fim de evitar que o aquecimento do mundo ultrapasse o limite de 1,5ºC.

A maior causa do aquecimento global até hoje ocorre pelos países desenvolvidos, e por isso eles deveriam ser os responsáveis e arcar com os custos, segundo o Acordo de Paris.

Todavia, vem sendo exigido cada vez mais que países emergentes com economias fortes, como a China e países do Oriente Médio também contribuam com os custos.

Lula perde espaço no cenário global, aponta revista britânica

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria enfrentando uma redução de sua influência no exterior. É o que aponta uma análise publicada pela revista britânica The Economist, que atribui esse cenário ao distanciamento do Brasil em relação a potências ocidentais e à intensificação de laços com países como China, Irã e Rússia.

De acordo com a publicação, a diplomacia brasileira tem assumido posições contrárias às adotadas por países aliados, o que estaria dificultando a construção de consensos internacionais e comprometendo o papel de mediação que o Brasil historicamente buscou manter.

Críticas ao alinhamento com China e Irã

Um dos episódios destacados pela revista foi a reação do governo brasileiro a um ataque dos Estados Unidos contra alvos ligados ao programa nuclear do Irã. Enquanto Washington defendeu a ação como uma medida de segurança, o Brasil, por meio de nota do Itamaraty, expressou forte desaprovação, classificando o ato como uma violação da soberania iraniana.

Esse tipo de posicionamento, segundo a publicação, tem colocado o país em rota de colisão com democracias ocidentais que, embora preocupadas, preferiram não condenar diretamente o episódio. A expectativa é que o Brasil e o Irã se reaproximem ainda mais durante a próxima reunião do Brics, marcada para ocorrer entre os dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro.

A reportagem também levanta preocupações sobre a crescente influência da China e da Rússia dentro do Brics, o que tornaria mais difícil para o Brasil manter sua posição de neutralidade. O cientista político Matias Spektor, da FGV, destaca que o grupo vem sendo instrumentalizado por interesses que não coincidem com os valores democráticos do Brasil.

Ainda segundo a The Economist, diplomatas brasileiros estariam evitando embates sobre temas sensíveis, como a proposta de adotar uma moeda alternativa ao dólar no comércio entre os países do grupo, para não gerar novos desgastes internacionais.


Revista britânica diz que Lula vem perdendo influência no exterior (Foto: reprodução/Instagram/@portalg1)


Distanciamento dos EUA e desgaste interno

O texto também chama atenção para a ausência de encontros entre Lula e o presidente norte-americano Donald Trump. A falta de aproximação é vista como um sinal de enfraquecimento das relações bilaterais. Em contrapartida, o governo brasileiro tem priorizado acordos com a China e aprofundado a cooperação econômica com países fora da esfera ocidental.

A revista aponta ainda que Lula enfrenta desafios dentro do próprio país. Seu índice de aprovação caiu, e sua imagem continua sendo associada por parte da população aos escândalos de corrupção envolvendo o Partido dos Trabalhadores. Essa perda de apoio interno, combinada com um cenário internacional desfavorável, contribui para a percepção de que o Brasil tem exercido um papel menos relevante nas discussões globais.

Ao final, a publicação sugere que o governo brasileiro deveria focar mais em questões domésticas e menos em tentar exercer protagonismo em crises geopolíticas distantes, como os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia.

Corpo de Juliana Marins passara por uma nova autópsia após pedido feito ao governo

A advocacia geral da união (AGU) disse que vai cumprir com o pedido de uma nova autopsia no corpo de Juliana Marins, que faleceu durante uma trilha no vulcão Rinjani localizado na Indonésia, no último dia 21 de junho de 2025. A decisão veio nesta segunda-feira (30), pela 7° Vara Federal em Niterói, mediante a uma solicitação feita pela procuradoria geral da União. A decisão vem para poder atender com uma certa urgência todos os pedidos dos familiares dela, por uma determinação que veio diretamente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva recentemente.

A autópsia feita no corpo dela

Tendo sido feita em Bali, a primeira autopsia foi feita no dia 26 de junho, e na ocasião o legista chegou à conclusão de que a morte ocorreu após a queda, no próprio dia 21, que foi em razão de um traumatismo grave, porém, existem imagens de drones captados por turistas. Existem dúvidas quanto a essa versão vinda desta resolução, pois se acredita que ela poderia ter sobrevivido mais tempo, e que por conta de não ter tido socorro a tempo acabou não conseguido sair com vida do local, a certidão de óbito que havia sido emitida pela embaixada no Brasil não esclareceu o momento exato da morte.

Questionamentos sobre socorro

Existem questionamentos relacionados a como foi prestado o Socorro à Juliana e como foram feitas as coisas na ocasião, pois pode ter havido omissão nessa questão. Foi retirado da região do vulcão o seu corpo apenas no dia 24, e três dias após o acidente e a nova autópsia no Brasil vai esclarecer se ela morreu imediatamente, ou se após a queda houve resistência por um tempo sem ter sido atendida, pois será preciso descobrir se a houve erros por parte das autoridades da indonésia, tendo em vista o tempo demorado para encontrar o corpo dela, será necessário analisar para se ter uma conclusão.


Juliana Marins em foto postada no Instagram (Foto: reprodução/Instagram/@juliana marins)


AGU solicita audiência

Solicitando uma audiência com o AGU, o governo do Rio de Janeiro tomou essa atitude com o intuito de definir as responsabilidades de cada ente federativo. Houve ainda uma informação vinda da polícia federal informando que eles vão colaborar com o translado do corpo até o instituto médico-legal, designado a respeito desse caso.

Presidente Lula sanciona lei que permite a CNH Social

Dessa forma, a lei traz modernização nos procedimentos utilizados atualmente. Uma das atualizações será a transferência de propriedade de veículos, que agora poderá ser feita digitalmente, com assinaturas eletrônicas e vistoria eletrônica.

Além do impacto social, a nova legislação também impulsiona a modernização dos procedimentos no trânsito brasileiro, trazendo melhoras significativas.

Ausência de exame toxicológico


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)


Análise pelo Congresso e possíveis mudanças

O veto ainda será analisado pelo Congresso Nacional que poderá mantê-lo ou derrubá-lo, portanto, se o trecho for restaurado, o exame toxicológico voltará a ser uma das principais exigências para a primeira habilitação nas categorias A e B.

Em suma, a nova lei que cria a CNH Social e moderniza os procedimentos de trânsito exemplifica um esforço para combinar a inclusão social com a inovação tecnológica. Ao mesmo tempo, em que oferece uma oportunidade para pessoas em situação de baixa renda obterem a sua primeira habilitação, ela também simplifica e digitaliza processos importantes e burocráticos, beneficiando toda a sociedade. Assim, com a incorporação de tecnologias, como a CNH-e (Carteira Nacional de Habilitação eletrônica) e a possibilidade de realizar diversas operações online, demonstram um compromisso com a inovação e a eficiência da gestão pública.

Veto presidencial anula exame toxicológico para CNH das categorias A e B

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu vetar a exigência de exame toxicológico para quem for tirar a CNH nas categorias A e B, que incluem motos e carros. A decisão foi publicada nesta sexta-feira (27) no Diário Oficial da União e muda partes do Código de Trânsito Brasileiro.

A nova lei também permite que o dinheiro arrecadado com multas seja usado não só para sinalização, fiscalização e educação no trânsito, mas também para pagar custos do processo da CNH de pessoas de baixa renda cadastradas no CadÚnico, que reúne os programas sociais do governo federal.


Lei sancionada prevê ajuda para pessoas de baixa renda (Foto: reprodução/X/@SenadoFederal)


Ajuda para inserção no mercado

Segundo o deputado José Guimarães (PT-CE), autor do projeto, a ideia é facilitar o acesso ao mercado de trabalho para quem está em situação de vulnerabilidade, principalmente em setores como transporte por aplicativo e entregas.

A legislação sancionada por Lula também traz novidades no processo de transferência de veículos. Agora, a mudança de proprietário poderá ser feita 100% de forma digital, desde que os contratos sejam assinados com assinatura eletrônica segura, como exige a legislação.

A vistoria necessária para a transferência de propriedade também poderá ser feita de forma online, caso os órgãos de trânsito estaduais ou do Distrito Federal autorizem. Essa mudança pretende simplificar o processo e reduzir a burocracia. Contratos digitais reconhecidos pelo órgão nacional de trânsito terão validade em todo o país e os Detrans dos estados serão obrigados a aceitá-los, sem exceção.

Quem fará o exame toxicológico?

Mesmo com a aprovação da nova lei, alguns trechos foram vetados. Entre eles, a proposta que exigia exame toxicológico para motoristas das categorias A e B. O Congresso ainda pode manter ou derrubar esses vetos. A exigência do exame continua valendo apenas para as categorias C, D e E — aquelas usadas por motoristas profissionais que transportam cargas ou passageiros.

Câmara e Senado derrubam aumento do IOF com apoio suprapartidário

A Câmara dos Deputados revogou, nesta quarta-feira, o decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos–PB), afirmou que a decisão foi “suprapartidária”, refletindo o clima de insatisfação generalizada no Congresso.

Além disso, Motta anunciou um prazo de dez dias para que a equipe econômica apresente um plano alternativo ao aumento do IOF. Ele alertou que, mesmo sem a elevação, o país precisa de uma solução duradoura e que evite “gambiarras tributárias”.

Congresso define prazo e pressiona governo

Hugo Motta destacou que a decisão foi tomada após reunião com líderes partidários. Estiveram presentes Davi Alcolumbre (União–AP) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo o parlamentar, o Congresso Nacional decidiu cobrar um plano B para compensar a perda de arrecadação gerada pela queda do IOF. O prazo de dez dias visa evitar decisões precipitadas, garantindo tempo para apresentar medidas alternativas.

Ainda de acordo com Motta, o ambiente no Legislativo é amplamente favorável à derrubada do decreto. Para ele, o Congresso rejeita medidas arrecadatórias impostas sem diálogo prévio ou transparência com a sociedade.


Momento em que Davi Alcolumbre anuncia a aprovação da suspensão do aumento da Alíquota do IOF (Vídeo: reprodução/X/@eixopolitico)


O presidente da Câmara destacou que o Congresso não aceitará aumentos de impostos de forma unilateral, sem amplo debate com os setores envolvidos. O deputado afirmou que o recado da população foi “ecoado” com clareza pela Câmara. A Casa aprovou o regime de urgência com 346 votos favoráveis, demonstrando ampla maioria.

Impactos no governo e alternativa fiscal em debate

Para lidar com a perda de receita, o governo analisa alternativas. Entre elas estão corte de emendas, revisão de benefícios fiscais, venda de ativos e uso de dividendos extraordinários de estatais. O ministro Haddad já discute essas fontes com o Congresso Nacional e assinalou que, caso contrário, a equipe econômica pode recorrer ao Supremo Tribunal.

Enquanto isso, a oposição já organizou ao menos 19 projetos para sustar o decreto e acelerar a revisão do mérito, com apoio explícito do Centrão. O debate promete afetar diretamente a articulação e o equilíbrio fiscal do governo Lula nas próximas semanas.

Brasileira morre no Monte Rinjani; Lula lamenta tragédia

O corpo de Juliana Marins, brasileira que sofreu um acidente durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, foi encontrado sem vida na manhã desta terça-feira, 24. A família foi a primeira a confirmar a morte da jovem. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou o ocorrido em suas redes sociais e afirmou que os serviços diplomáticos e consulares do Brasil na Indonésia seguirão prestando apoio à família da vítima.

Recebi com muita tristeza a notícia da morte de Juliana Marins após queda durante trilha no vulcão Rinjani. Nossos serviços diplomáticos e consulares na Indonésia seguirão prestando todo o apoio à sua família neste momento de tanta dor”, escreveu Lula. “Quero expressar minha solidariedade à sua família, solidariedade que, tenho certeza, também é de todo o povo brasileiro. Que Deus conforte seus corações”, completou o presidente.

A equipe de resgate conseguiu avançar e chegar ao local onde Juliana estava, mas ela já se encontrava sem vida. Juliana caiu de um penhasco durante a trilha rumo ao cume do Monte Rinjani, na ilha de Lombok, no último sábado 21, horário local.

Aventura pela Ásia terminou em tragédia

Segundo o Itamaraty, as buscas duraram quatro dias e foram dificultadas pelas condições meteorológicas da região. Em comunicado, o órgão informou que, assim que tomou conhecimento do acidente, a embaixada do Brasil em Jacarta acionou as equipes locais e acompanhou de perto as operações de resgate.

Em busca de novas experiências, Juliana, formada em Publicidade e Propaganda pela UFRJ e apaixonada por pole dance, embarcou em fevereiro em um mochilão pela Ásia. No roteiro, já havia visitado Filipinas, Vietnã e Tailândia antes de chegar à Indonésia.

Foi em Lombok, ilha vizinha a Bali, que decidiu encarar o desafio do Monte Rinjani, um vulcão ativo de 3.721 metros de altitude, cercado por um lago. A aventura, infelizmente, terminou em tragédia.

Juliana fazia parte de um grupo de seis turistas, acompanhados por dois guias, segundo as autoridades do parque. Contudo, a família denuncia que ela ficou sozinha por mais de uma hora, abandonada pelo guia, antes do acidente.


Trilha na Indonésia ( Vídeo: reprodução/Instagram/@portalg1)


Guia é acusado de negligência e se defende

A gente descobriu isso em contato com pessoas que trabalham no parque. Juliana estava nesse grupo, porém ficou muito cansada e pediu para parar um pouco. Eles seguiram em frente e o guia não ficou com ela”, relatou a irmã, Mariana, em entrevista ao Fantástico. “O guia seguiu com o grupo até o cume que eles iam alcançar, e Juliana ficou sozinha por mais de uma hora”, acrescentou.

O parque informou que Juliana entrou em pânico durante a trilha, sem saber para onde ir ou como agir. O guia só percebeu o que havia acontecido ao retornar, após notar que a jovem não acompanhava mais o grupo. “Ele voltou porque viu que ela estava demorando muito e a encontrou caída”, contou a irmã de Juliana.

Em declaração ao jornal O Globo, o guia Ali Musthofa, de 20 anos, negou ter abandonado Juliana. Segundo ele, a orientação era que ela fizesse uma pausa e retomasse a trilha em seguida. “Não fiquei longe. Caminhei só um pouco à frente e voltei em poucos minutos quando percebi que ela não vinha”, explicou.

Musthofa trabalha frequentemente no Monte Rinjani desde novembro de 2023, sobe a montanha pelo menos duas vezes por semana. Ele disse ter estranhado o atraso de Juliana e, por isso, decidiu voltar rapidamente para verificar o que havia ocorrido.

Moraes autoriza presença de defesas de Bolsonaro e outros réus em acareações no STF

As defesas dos réus envolvidos na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado — entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro — foram autorizadas a acompanhar as duas acareações marcadas para esta terça-feira (25), no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. A decisão foi anunciada na noite desta segunda-feira (24) pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

As acareações, que ocorrerão presencialmente na sala de audiências do Supremo, confrontarão os depoimentos do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto com o do tenente-coronel Mauro Cid, e do ex-ministro da Justiça Anderson Torres com o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército. O objetivo é esclarecer contradições nos depoimentos colhidos até o momento.

Procedimento busca resolver divergências nos depoimentos

Segundo Moraes, o direito de participação se estende a todas as defesas dos réus no processo, inclusive à do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira. A medida foi tomada após pedido das defesas, que inicialmente foram informadas de que apenas as partes diretamente envolvidas teriam acesso às acareações.


Defesas dos réus envolvidos na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado (Foto: reprodução/Arthur Menescal/ Getty Images Embed)


a acareação é uma continuidade da instrução processual penal, tendo como finalidade esclarecer eventuais contradições decorrentes dos diversos depoimentos das testemunhas ou dos interrogatórios dos réus”, afirmou Moraes no despacho.

O pedido para realização das acareações partiu das próprias defesas de Braga Netto e Anderson Torres.

A ação penal investiga o envolvimento de ex-membros do governo Bolsonaro na articulação de um suposto golpe para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. Além de Bolsonaro, Braga Netto, Torres e Paulo Sérgio, também são réus o ex-ministro Augusto Heleno, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

Entenda o contexto da ação penal

As investigações conduzidas pelo STF integram um inquérito mais amplo que analisa a atuação de diferentes núcleos de articulação de um golpe de Estado. Os depoimentos de Mauro Cid, considerado peça-chave no processo, têm sido centrais para apontar contradições nas versões apresentadas por outros envolvidos.

A expectativa é que os confrontos desta terça-feira contribuam para esclarecer as responsabilidades de cada um dos réus e a extensão do envolvimento de militares e civis na tentativa de ruptura democrática.

Revista revela que Mauro Cid dribla ordem do STF e envia mensagens secretas

A revista “Veja” publicou uma reportagem que aponta que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, pode ter violado uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem proibia o militar de se comunicar durante as investigações em que está envolvido.

Em seu depoimento recente no STF, Cid afirmou que não usou redes sociais enquanto estava com restrições impostas pela corte. Questionado pelo advogado de Bolsonaro sobre um perfil no Instagram que não estava em seu nome, ele negou ser o dono e disse que todos os seus celulares foram apreendidos.

Mensagens revelam contradições e bastidores

No entanto, a reportagem divulgou prints de conversas realizadas por uma conta chamada “Gabriela R”, que seria utilizada por Cid para trocar mensagens com pessoas próximas ao ex-presidente. Nessas conversas, o militar teria apresentado versões diferentes daquelas que relatou oficialmente à Polícia Federal (PF), o que levanta dúvidas sobre a veracidade de seus depoimentos.

Como colaborador da Justiça, Mauro Cid tem o compromisso de fornecer informações verdadeiras para manter os benefícios do acordo. Caso contrário, pode perder esses direitos e ter a delação anulada.


Mauro Cid é questionado por advogado de Bolsonaro durante depoimento no STF sobre plano de golpe (Vídeo: Reprodução/YouTube/@CNNbrasil)

Enquanto prestava informações à PF sobre ações antidemocráticas, ele enviava mensagens para terceiros relatando detalhes das audiências e manifestando desconforto com a condução da investigação. Segundo as conversas, o delegado responsável teria tentado manipular suas declarações, e o ministro Alexandre de Moraes já teria decidido condenar alguns réus antes do julgamento.

As trocas aconteceram entre o fim de janeiro e o começo de março de 2024, meses antes da homologação do acordo pelo STF.

Relatos de reuniões e tentativas de impedir posse

No depoimento prestado na presença de Bolsonaro e outros membros do governo anterior, Cid confirmou que presenciou encontros entre o ex-presidente e militares para discutir ações que poderiam impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Também afirmou que Bolsonaro acreditava em fraude eleitoral e que o comandante da Marinha da época teria colocado tropas à disposição do ex-presidente.

O Ministério Público entende que essas informações, somadas a outros documentos e depoimentos, comprovam uma tentativa de golpe no final de 2022.

Defesa contesta autenticidade das mensagens

A defesa de Mauro Cid negou a autenticidade das imagens divulgadas e classificou as capturas de tela como uma montagem.

Os advogados afirmam que ele não se expressa da forma mostrada nas mensagens e ressaltam que as imagens não apresentam data ou horário, o que compromete sua credibilidade.

Bolsonaro cita facada e retoma defesa do voto impresso

Durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), realizado nesta terça-feira (10), em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a citar a facada sofrida em 2018 e a luta pelo voto impresso no Congresso Nacional como parte de sua trajetória política. A fala foi registrada durante depoimento no inquérito que apura a tentativa de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022. O ex-mandatário é investigado por formular uma minuta golpista e por ter conhecimento de plano que previa o assassinato de autoridades.

As declarações foram dadas a partir das 14h30, no âmbito de uma das frentes abertas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta Bolsonaro como articulador de um suposto plano de golpe de Estado. A nova oitiva foi realizada para esclarecer sua participação nos eventos que antecederam a transição de governo.

Facada de 2018 é lembrada no início do depoimento

Logo no início do interrogatório, o ex-presidente relembrou o atentado sofrido durante a campanha eleitoral de 2018. “Nem eu esperava que iria me eleger presidente. Acabei me elegendo sem antes ter passado por uma facada”, declarou. A menção ao episódio foi feita de forma espontânea por Bolsonaro, em tentativa de contextualizar sua ascensão política e justificar sua desconfiança com o sistema eleitoral.

O episódio da facada, frequentemente citado por Bolsonaro em seus discursos, tem sido usado como símbolo de sua trajetória de superação e como justificativa para sua narrativa de enfrentamento contra instituições que, segundo ele, teriam agido para minar sua legitimidade.

Bolsonaro resgata campanha pelo voto impresso desde 2015

Ainda durante o depoimento, o ex-presidente recordou sua atuação como deputado federal em defesa do voto impresso auditável. “Eu batalhei muito na Câmara pelo voto impresso. Consegui aprová-lo em 2015 para 16. A senhora Dilma vetou”, afirmou. A proposta, no entanto, foi barrada por inconstitucionalidade, e o sistema de urnas eletrônicas permanece em vigor até hoje.


Bolsonaro sobre voto impresso: devo ter exagerado na retórica (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)


O tema tem sido reiteradamente explorado por Bolsonaro desde seu mandato, com o argumento de que traria mais segurança ao processo eleitoral. No entanto, especialistas e órgãos oficiais, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), reiteram que não há evidências de fraudes no sistema atual.

As novas declarações foram registradas em um momento de aprofundamento das investigações contra o ex-presidente. Segundo a PGR, Bolsonaro teria participado ativamente da criação de uma minuta de decreto para instaurar estado de exceção no país, além de ter ciência do chamado plano “Punhal Verde Amarelo”, que previa o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.