Injeção inovadora contra o vírus HIV começa a ser aplicada

Nesta segunda-feira (1), alguns países africanos começaram, pela primeira vez, a administração de um medicamento inovador para a prevenção do HIV: o injetável Lenacapavir. Para o continente africano, que enfrenta o vírus em nível epidêmico, a iniciativa se tornou um marco histórico.

Medicamento e distribuição

Países como a África do Sul, Essuatíni e Zâmbia iniciaram a aplicação do medicamento em larga escala. O Lenacapavir é um medicamento injetável que necessita apenas de duas aplicações por ano — semestralmente — e já se mostrou capaz de reduzir o risco de transmissão do HIV em mais de 99,9%. Para países como a África do Sul, que possui um dos maiores números de pessoas convivendo com o vírus, o lançamento do Lenacapavir representa um grande potencial para o controle da epidemia no país.


Seringa para aplicar medicação (Foto: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)


A distribuição do remédio está sendo feita com o apoio de organizações internacionais. Em algumas regiões, a chegada do Lenacapavir é recebida com mobilizações comunitárias e cerimônias que destacam a importância da iniciativa. Além disso, a aprovação por órgãos reguladores ocorreu poucos meses antes do lançamento, um tempo recorde para tratamentos complexos, especialmente em países considerados de baixa e média renda.

Custos e vantagens

O fato do medicamento ser injetável oferece grandes vantagens, já que elimina a necessidade do uso de comprimidos diários. Dessa forma, o Lenacapavir pode superar barreiras tradicionais de adesão à prevenção.
A medicação também oferece benefícios significativos para populações mais vulneráveis ao HIV, como jovens, mulheres e grupos marginalizados.

A Unitaid, agência de saúde das Nações Unidas que supervisionou o lançamento do Lenacapavir na África do Sul, não informou quantas pessoas receberam a primeira dose. Nos Estados Unidos, o medicamento custa cerca de US$ 28.000, valor que pode chegar a aproximadamente R$ 150.000.

Um programa estadunidense do fornecedor Gilead Sciences concordou em abastecer, durante três anos, os países com maiores taxas de contaminação pelo HIV, exceto a África do Sul, devido a divergências entre as partes. O início da aplicação do Lenacapavir representa um sinal de esperança para milhões de pessoas, oferecendo proteção eficaz e duradoura contra o HIV e marcando um passo importante na luta por saúde e justiça social.

Incêndio na Blue Zone da COP 30 aumenta tensão entre ONU e governo brasileiro

A Polícia Federal iniciou uma investigação para descobrir o que causou o incêndio na blue zone da COP 30, em Belém. Os peritos já fizeram uma primeira análise no local, e uma perícia completa deve ser realizada nesta sexta-feira. Policiais também vão ouvir pessoas que estavam no pavilhão atingido e nos espaços ao lado.

Uma das hipóteses mais fortes é que o fogo começou por causa de um micro-ondas que não era compatível com a rede elétrica instalada no evento. Esse aparelho teria provocado um curto-circuito. A PF quer entender como esse micro-ondas entrou na área, já que o acesso é restrito e controlado.

Incêndio não tem relação com estrutura da COP30

Fontes informaram à CNN que, na semana anterior, um equipamento parecido foi colocado no pavilhão chinês, mas retirado depois. Se essa hipótese se confirmar, o incêndio não teria relação com falhas de construção ou problemas estruturais do espaço.

O caso aumentou o clima de tensão entre a ONU e o governo brasileiro. Isso porque a triagem para entrar na blue zone é feita pela própria ONU, que teria permitido que representantes do pavilhão da Comunidade da África Oriental entrassem com o aparelho suspeito. Outra possibilidade analisada é que uma falha em um gerador possa ter iniciado o fogo.


Alguns acordou foram oficializados fora do espaço da COP 30 (Foto: reprodução/X/@BelemNoticiass)


Governo entra em discussão com a ONU

Para integrantes do governo, a ONU estaria agindo de forma precipitada ao sugerir que o incidente é responsabilidade do Brasil, o que teria aumentado o desgaste entre as partes. Por isso, a Polícia Federal tomou a iniciativa de abrir rapidamente uma investigação preliminar.

No momento, a principal linha de apuração continua sendo a entrada do micro-ondas que não deveria estar na área. O governo acredita que as investigações vão mostrar que o problema não está no projeto do local, mas sim em uma falha na fiscalização da ONU.

Nicki Minaj discursa na ONU com apoio do governo Trump

Nicki Minaj foi convidada a discursar na Organização das Nações Unidas, em Nova York, para falar sobre a situação de cristãos na Nigéria. A presença da artista chamou atenção por unir cultura pop, temas de política internacional e o apoio direto do governo americano, o que rapidamente virou assunto nas redes e na imprensa.

O convite foi feito pelo embaixador dos Estados Unidos na ONU, Michael Waltz, que destacou a capacidade da cantora de mobilizar diferentes públicos e trazer visibilidade para temas pouco discutidos. A participação de Nicki acontece em um momento em que o governo Trump tenta reforçar sua agenda de liberdade religiosa e reafirmar o papel dos EUA na proteção de minorias em regiões marcadas por conflitos.

A aproximação com o governo e as primeiras polêmicas

A relação entre Nicki Minaj e o governo Trump ganhou força depois que a cantora agradeceu publicamente ao presidente por uma mensagem sobre liberdade religiosa. Ela afirmou sentir gratidão por viver em um país onde pode exercer sua fé livremente, o que gerou grande repercussão e aproximou a artista de representantes do governo.

Após essa troca, Michael Waltz convidou Nicki para visitar a missão americana na ONU. Ele apresentou dados sobre casos de violência contra cristãos na Nigéria e explicou as ações que os Estados Unidos dizem adotar para pressionar autoridades locais. A conversa levou ao convite oficial para que a cantora discursasse na sede da organização.

A aproximação dividiu opiniões. Muitos seguidores apoiaram a decisão, mas outros criticaram a postura da artista. Parte do público lembrou que Nicki já relatou ter vivido sem documentação regular nos Estados Unidos durante a infância, e viu contraste entre essa experiência e algumas políticas migratórias do governo Trump. Também houve quem reagisse ao fato de ela compartilhar conteúdos considerados conservadores, o que aumentou o debate entre seus fãs.

Mesmo com as críticas, Nicki Minaj manteve sua posição. Ela afirmou que quer usar sua influência para dar visibilidade a temas ligados à fé e que não pretende recuar diante das polêmicas. Para a cantora, discutir liberdade religiosa em um espaço internacional como a ONU é fundamental e faz parte do papel que acredita exercer como figura pública.


A rapper e cantora, Nicki Minaj (Foto: reprodução/Anadolu/Getty Images Embed)

O impacto do discurso e a presença no debate internacional

A presença de Nicki Minaj na ONU levantou discussões sobre o uso de celebridades em temas diplomáticos. Especialistas reconhecem que figuras do entretenimento ajudam a dar visibilidade a assuntos pouco comentados, mas alertam para o risco de simplificar questões complexas. Mesmo assim, a participação de artistas em debates globais se tornou comum em ações que buscam maior engajamento.

Para o governo Trump, a presença da cantora reforça o discurso de que os Estados Unidos defendem a liberdade religiosa. Ao levar uma artista com alcance mundial para um evento desse porte, a administração aumenta a atenção sobre suas ações e se aproxima de um público jovem que acompanha a carreira de Nicki Minaj.


Nicki Minaj (Foto: reprodução/Dimitrios Kambouris/Getty Images Embed)


Analistas lembram que a perseguição religiosa na Nigéria envolve fatores históricos, sociais e regionais profundos, como conflitos internos, disputas territoriais e atuação de grupos armados. Ainda assim, a presença de Nicki pode incentivar mais pessoas a buscar informações sobre o tema e acompanhar o trabalho de organismos internacionais.

O discurso da cantora também pode influenciar como outras celebridades participam de debates públicos. Ao assumir uma posição clara e se envolver diretamente em um evento diplomático, Nicki abre espaço para que mais artistas sigam o mesmo caminho. Ao mesmo tempo, essa movimentação reacende a discussão sobre até que ponto figuras da cultura pop devem se envolver em assuntos sensíveis e como isso afeta o cenário político.

ONU critica organização da COP-30 e cobra melhorias em carta

A ONU (Organização das nações unidas) divulgou um comunicado oficial após a invasão da área azul da conferência, na segunda-feira (11), criticando a condução da COP-30, realizada em Belém (PA). O episódio expôs falhas na segurança e na infraestrutura e motivou o pedido por melhorias na organização, em meio ao aumento do fluxo de delegações e atividades na programação.

No documento, Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC, órgão da ONU responsável pela organização da COP, direciona as críticas diretamente às autoridades brasileiras. A carta foi enviada ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, e ao governador do Pará, Helder Barbalho, reforçando a cobrança por ajustes imediatos diante das falhas identificadas nos últimos dias.

Principais pontos do documento

No comunicado, Simon Stiell reforça a preocupação da ONU com a segurança interna da COP-30 após a invasão da área azul, um espaço restrito a delegações e autoridades. Ao pedir uma resposta imediata das equipes responsáveis, o secretário-executivo da UNFCCC deixa claro que o episódio acendeu um alerta sobre a falta de controle no acesso e a vulnerabilidade da estrutura do evento.

Stiell também solicita que o governo brasileiro implemente, ainda no mesmo dia, ações concretas para restabelecer a ordem e garantir a proteção dos participantes. A cobrança direta ao Brasil evidencia a gravidade da situação e pressiona por ajustes rápidos, especialmente diante do aumento no fluxo de público, reuniões paralelas e negociações que concentram a atenção do encontro climático.


Detalhes da invasão na área azul da COP-30 (Vídeo: Reprodução/YouTube/Band Jornalismo)


O que diz a Casa Civil

Em nota, a Casa Civil afirmou que não participou das decisões tomadas pelas forças de segurança durante os protestos do dia 11 de novembro e ressaltou que a segurança da área azul é de responsabilidade da UNDSS, órgão das Nações Unidas encarregado de definir protocolos de proteção dentro do espaço. O governo também destacou que todas as solicitações feitas pela ONU vêm sendo atendidas desde o início da conferência.

Segundo o comunicado, equipes do Governo Federal, do Governo do Pará e do próprio UNDSS realizaram, no dia 12, uma reavaliação completa do efetivo e dos procedimentos adotados nos perímetros Laranja e Vermelho, que foram ampliados para reforçar o controle de acesso. Entre as medidas implementadas estão o aumento do espaço intermediário entre as zonas azul e verde, a atuação conjunta da Força Nacional e da Polícia Federal e a instalação de gradis, barreiras metálicas e outras estruturas de contenção em áreas consideradas vulneráveis.

Além do reforço na segurança, também foram realizadas melhorias estruturais no local da conferência. Entre as intervenções, estão a ampliação dos sistemas de refrigeração dos pavilhões e ajustes em pontos críticos da infraestrutura, medidas adotadas para garantir condições adequadas de circulação, conforto e operação ao longo dos próximos dias da COP-30.

ONU e Brasil apuram invasão de manifestantes durante a COP30

O governo brasileiro e a ONU (Organização das Nações Unidas) abriram uma investigação para apurar a invasão de manifestantes na COP30, em Belém, nesta terça-feira (11). O grupo de manifestantes portavam cassetetes na tentativa de invadir área restrita do evento e entraram em confronto físico com a equipe de segurança do local.

De acordo com um porta-voz da UNFCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) à CNN, o ocorrido está sendo investigado pelas autoridades brasileiras e da ONU, mas o local permanece seguro e as negociações da COP30 continuam em andamento.

Manifestação na Zona Azul

A tentativa de invasão do grupo de manifestantes ocorreu na Zona Azul, uma área fechada ao público e destinada exclusivamente a delegações oficiais, chefes de Estado, observadores e imprensa credenciada, sendo um espaço de negociação. O protesto ocorreu por volta das 19h20 e houve confronto físico entre os manifestantes e a segurança local.

Dois seguranças tiveram ferimentos leves e foram levados para a área médica da COP. A saída foi bloqueada para pessoas que estavam credenciadas para a Zona Azul e a estrutura do local foi levemente danificada durante a manifestação.


Vídeo mostra momento em que manifestantes tentam invadir a área restrita (Mídia: reprodução/Instagram/@portalg1)


Reação da ONU e do governo brasileiro

Segundo a UNFCC, “autoridades do governo brasileiro e da ONU estão investigando o incidente e o local está seguro e as negociações da COP continuam”. O porta-voz afirmou que foram tomadas medidas de proteção que buscam garantir a segurança do local, de acordo com os protocolos de segurança estabelecidos, após o ocorrido.

Já o secretário extraordinário da COP, Valter Correia, declarou que a organização do evento estava tomando as devidas providências acerca da manifestação, completando que a ONU tem todos os protocolos de seguranças.

A segurança da Zona Azul é realizada por agentes contratados pela própria ONU, que depois pediram reforços a agentes do Estado e bombeiros civis. Depois da confusão, o local foi evacuado, mas ainda não há informações acerca da identificação dos protestantes, nem sobre possíveis detenções que ocorreram no momento ou depois da tentativa de invasão.

ONU alerta sobre redução global de emissões

A Organização das Nações Unidas divulgou um novo relatório sobre o andamento das metas climáticas globais e alertou que as medidas atuais de redução de gases de efeito estufa são insuficientes. De acordo com a análise da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), as promessas feitas pelos países devem reduzir as emissões em apenas 12% até 2035, em comparação com os níveis de 2019.

Embora o número represente um pequeno avanço em relação à estimativa anterior, que indicava 10%, ele ainda está muito distante dos cerca de 60% necessários para conter o aquecimento global a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.

O que os números revelam

O relatório mostra que, mesmo com o aumento do número de compromissos assumidos por diferentes nações, o ritmo de redução de emissões continua abaixo do exigido pela ciência para evitar os piores impactos da crise climática. O corte de 12% previsto para os próximos dez anos ainda é insuficiente para frear a tendência de alta das temperaturas e não garante o cumprimento do Acordo de Paris.
A ONU ressalta que há uma diferença significativa entre prometer e implementar políticas efetivas. Muitos países ainda enfrentam dificuldades para transformar planos em ações concretas, especialmente nos setores de energia, transporte e indústria. Essa lacuna de execução compromete o alcance das metas globais e aumenta o risco de eventos extremos, como ondas de calor, secas e enchentes.


Preocupação quanto a clima virou tema também na COP30, no Brasil (Foto: reprodução/Bruno Peres/Agência Brasil)


Desafios e caminhos possíveis

O relatório também destaca a importância de intensificar as políticas de mitigação e ampliar o financiamento climático para nações em desenvolvimento. A cooperação internacional e o investimento em tecnologia limpa são apontados como fatores essenciais para acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.


No caso do Brasil, a questão do desmatamento e a necessidade de manter uma matriz energética sustentável continuam entre os principais desafios. Especialistas afirmam que o país tem potencial para liderar a agenda climática global, mas precisa garantir que suas metas sejam compatíveis com a redução exigida pela ONU.
A mensagem central do documento é clara: o mundo ainda não está no caminho certo para limitar o aquecimento global. A menos que os países ampliem seus esforços e cumpram integralmente suas promessas, o planeta continuará avançando em direção a um cenário de impactos ambientais e sociais cada vez mais severos.

Lula abre COP30 em Belém e destaca a importância do evento para o clima global

Nesta segunda-feira (10), iniciou em Belém (PA) a 30ª Conferência Climática das Nações Unidas (COP30). O evento, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), reúne líderes de diversos países para discutir ações e iniciativas voltadas ao clima. Na abertura oficial, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso destacando a importância da realização da conferência em Belém e afirmou que “é mais fácil financiar o clima do que guerras”.

O discurso do Presidente

Durante o discurso de abertura, o presidente Lula destacou a importância da realização do evento na capital paraense, mesmo diante dos desafios logísticos e estruturais que todo o estado vem enfrentando ao longo do ano. Lula ressaltou que sediar a conferência no Pará foi um grande desafio, mas se tornou uma demonstração de comprometimento, verdade e coragem. “Quando se tem disposição e compromisso com a verdade, a gente prova que não tem nada impossível. O impossível é não ter coragem para enfrentar desafios.”


Presidente Lula para COP30 em Belém (Foto: reprodução/Bruno Peres/Agência Brasil)


O presidente também afirmou que esta será “a COP da verdade”, enfatizando a necessidade de combater a desinformação e valorizar estudos e informações científicas.
“Vivemos uma era de desinformação e rejeição aos estudos científicos. É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas”, declarou. Além disso, o presidente fez comparações sobre os gastos de países que estavam ou estão passando por guerras e afirmou que ”É mais barato financiar o clima do que a guerra”.

Pautas políticas da COP30

As principais pautas de negociação foram definidas previamente, durante uma reunião da chamada Cúpula dos Líderes, que se encerrou na última sexta-feira (7). As pautas incluem acelerar a transição energética; ampliar o financiamento climático e promover a proteção das florestas e matas tropicais.
Apesar da presença de representantes de diversas nações, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não compareceu e tampouco enviou representantes ao evento até o momento.

A COP30 irá reunir cerca de 500 mil participantes até o dia 21 de novembro, incluindo empresários, cientistas, ativistas, líderes políticos e etc. Consolidando a cidade de Belém como um importante centro de debates globais sobre o futuro climático do planeta nos próximos dias.

Belém se torna o centro do debate climático global com início da Cop30

A capital paraense se tornou, na última quinta-feira (6), o foco das discussões sobre o futuro do planeta com o início da Cúpula dos Líderes, evento que antecede a COP30. A Conferência do Clima das Nações Unidas se inicia oficialmente nesta segunda-feira (10) no coração da Amazônia, que é a maior floresta tropical do mundo e símbolo da biodiversidade global. Em Belém, chefes de Estado e representantes de dezenas de países se reuniram para debater medidas urgentes contra as mudanças climáticas.

O primeiro dia do encontro foi marcado por altas temperaturas, chuva leve no fim da tarde e um clima político intenso. Os líderes debateram os obstáculos para diminuir as emissões de gases que intensificam o efeito estufa e conter o aquecimento global, que já atingiu patamares críticos.

ONU solicita medidas urgentes

Na cerimônia inaugural do evento, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, proferiu um apelo veemente por medidas efetivas, declarando que a comunidade internacional não conseguiu honrar o compromisso estabelecido no Acordo de Paris (COP21), que visa restringir o aumento da temperatura a 1,5ºC em comparação com a era pré-industrial.

“Chega de discussões. É hora de agir”, declarou Guterres.

Segundo relatório divulgado pela ONU nesta quinta-feira, a temperatura média global entre janeiro e agosto de 2024 ficou 1,42ºC acima da média histórica, superando o limite estabelecido no acordo. O líder classificou o resultado como uma “falha moral e uma negligência mortal” das nações que não cumpriram suas metas ambientais.

Lula reforça compromisso com o meio ambiente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos principais oradores da sessão de abertura e defendeu que ainda há tempo para reverter o cenário climático.

Em seu discurso, o presidente destacou o papel do Brasil na liderança ambiental e defendeu medidas conjuntas e justas para combater o desmatamento e reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. “Estou convencido de que, apesar das dificuldades e contradições, é possível planejar e agir de forma justa para frear o aquecimento global”, afirmou.

Durante a agenda do dia, Lula também se reuniu com o Príncipe William e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, mas, segundo a imprensa britânica, o Reino Unido não deve participar do fundo climático proposto pelo Brasil.


 

Cobertura da Cop30 (Vídeo: reproduçã0/ YouTube/G1)


Do lado de fora da conferência, grupos indígenas realizaram protestos pedindo ações mais efetivas. Entre eles, um artista paraense chamou atenção ao expor esculturas que retratavam líderes mundiais descansando em redes, em uma crítica simbólica à lentidão das ações e à ausência de resultados concretos nas políticas climáticas.

Belém, sede da COP30 em 2025

A reunião de líderes realizada na última semana serviu como uma prévia do que Belém viverá em 2025, a cidade amazônica será palco oficial da COP30. O evento irá reunir representantes e chefes de Estado de diversos países, reforçando o papel do Brasil como protagonista nas discussões globais sobre o clima.

Para o governo federal, o evento é visto como uma oportunidade estratégica para reafirmar os compromissos do país com o desenvolvimento sustentável e evidenciar a importância da Amazônia na regulação climática do planeta. A expectativa é que, até o próximo ano, o Brasil apresente avanços concretos na redução do desmatamento e na transição para uma economia mais verde e inclusiva.

Ano de 2025 pode estar entre os 3 mais quentes desde 1850, diz ONU

Às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que se inicia na próxima segunda (10) em Belém do Pará, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), filiada à ONU, divulgou um relatório sobre os efeitos catastróficos do aquecimento global. O documento publicado hoje (06) revelou que 2025 será o segundo ou terceiro ano mais quente desde o início dos registros, que ocorreu em 1850, atrás apenas de 2024.

Se comparado a 2024, este ano foi marcado pela desintensificação do fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico na região do Equador, o que explica porque o período anterior foi mais quente. Apesar disso, a OMM indicou que, entre junho de 2023 a agosto de 2025, houve 26 meses seguidos de recordes mensais de calor, com exceção de fevereiro de 2025. Da mesma forma, o período de 2015 a 2025 registrou os 11 anos mais quentes da série histórica. A explicação para essas temperaturas superlativas é a sistemática queima de combustíveis fósseis, apontou o documento.

Entre outros números alarmantes, o relatório apontou o aumento da concentração de gases de efeito estufa e do degelo das calotas polares e a preocupante incidência de eventos climáticos extremos.

Planeta ultrapassa 1,5ºC

Embora a temperatura média global da superfície terrestre, desde janeiro deste ano, tenha sido menor do que a do período passado (1,42 °C. em 2025, contra 1,55 °C, em 2024), especialistas já consideram praticamente impossível que a população global limite o aquecimento global, nos próximos anos, a 1,5 °C. Em outras palavras, a humanidade fracassou em impedir que o planeta aqueça mais de 1,5 °C nos quase 300 anos desde que houve a Revolução Industrial, o que, se à primeira vista pode parecer inofensivo, na realidade, representa riscos fatais e sofrimento para centenas de milhões de indivíduos.

O limite de 1,5ºC foi estabelecido pelo Acordo de Paris de 2015 para evitar impactos extremos do clima, como secas, elevação do mar e colapso de geleiras.

Em cada ano em que se ultrapassar o limiar de 1,5 °C, as economias serão severamente afetadas, as desigualdades se agravarão e ocorrerão danos irreversíveis“, declarou secretário-geral da ONU, António Guterres, hoje em Belém.


O presidente Lula e o secretário-geral da ONU, António Guterres (Foto: reprodução/Wagner Meier/Getty Images Embed)


Especialistas alertam, porém, que, embora o aumento térmico já seja uma realidade, é possível e fortemente encorajado que se trabalhe para que, ao final do século XXI, esse aumento esteja controlado.

Ainda é totalmente possível e essencial reduzir as temperaturas para 1,5 °C até o final do século“, disse Celeste Saulo, secretária-geral da OMM.

2025 é marcado por eventos climáticos extremos

O aumento térmico presenciado já deixou, ainda neste ano, impactos destrutivos ao redor do mundo, à medida que influencia as dinâmicas climáticas planetárias e gera desequilíbrios catastróficos. A destruição da natureza afeta a economia, alimentação, saúde e tira milhares de vidas a cada ano.

As enchentes no Texas (Estados Unidos), em julho, deixaram 135 mortos, o pior desastre do tipo em quase meio século. 

Na região do Mar Mediterrâneo, uma onda de calor entre junho e agosto fez os termômetros atingirem 50,5 °C na Turquia e gerou incêndios que afetaram a agricultura e turismo. 

Na África, milhares de pessoas perderam suas casas devido a ciclones e inundações em Moçambique, República Democrática do Congo e África do Sul, enquanto que cerca de 1,5 milhão de paquistaneses e indianos tiveram de se deslocar por conta de enchentes na Ásia.

No Brasil, a Amazônia e o Centro-Sul sofreram com seca prolongada, ocasionando incêndios florestais e submetendo a risco os serviços de abastecimento de água e energia.

Para que os próximos anos não continuem a registrar recordes negativos, o documento da OMM divulgado hoje clamou pela priorização de energias renováveis.

 

Secretário-geral da ONU faz discurso na Cúpula de Líderes

Nesta quinta-feira, dia 06 de novembro, António Guterres – o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) – discursou na Cúpula dos Líderes da COP 30, em Belém, evento que reúne autoridades que participarão da conferência. Durante o discurso, António Guterres fez críticas aos combustíveis fósseis e ao investimento neles, além de criticar o fracasso mundial da manutenção da temperatura global, que deveria aquecer menos de 1,5°C. O secretário-geral da ONU foi responsável pelo primeiro discurso da Cúpula dos Líderes da COP 30, evento que antecede a COP, e que marca a abertura do evento principal. 

O discurso

Durante o seu discurso na Cúpula dos Líderes, António Guterres falou que o aumento da temperatura global pode trazer efeitos socioeconômicos negativos, e que, para tentar reverter a situação climática atual, as nações deverão se unir e trabalhar juntas. “Precisamos de uma mudança fundamental de paradigma para limitar a magnitude e a duração dessa ultrapassagem e reduzi-la rapidamente”, disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas em seu discurso.


Sala de imprensa da COP 30 (Vídeo: Reprodução/Instagram/@portalg1)


Além disso, o português António Guterres também cobrou os países mais ricos, afirmando que eles deveriam ter ações com mais eficácia em relação à justiça climática. O secretário-geral da ONU também apontou que os obstáculos que são enfrentados para a mudança da situação climática são de cunho político, e pediu que a COP 30, que acontece em Belém, seja a virada de chave em relação à crise climática.

A COP 30

A Conferência das Partes, ou Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, acontecerá entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém, capital do estado do Pará. O evento internacional já tem a confirmação de participantes de 170 nações diferentes, e reunirá países como a China, a Espanha, a França, o Reino Unido e o Chile. Além das delegações dos países, outras organizações também participarão da COP 30.