Descontrole fiscal: governo central bate pior déficit de setembro desde 2020

O governo central terminou setembro no vermelho. O Tesouro Nacional informou nesta quinta-feira (30) que o déficit primário chegou a R$ 14,497 bilhões, o pior resultado para o mês desde 2020. O dado indica que os gastos permanecem em alta, enquanto as receitas têm avanço reduzido.

Mesmo com o rombo vindo um pouco menor do que o previsto pelo mercado, o cenário apresenta desequilíbrio fiscal. As despesas aumentaram quase 6%, enquanto a arrecadação subiu apenas 0,6%. O ritmo de gastos permanece acima do crescimento da arrecadação.

Gastos fora de controle

Os números mostram aumento nas despesas discricionárias, aquelas que dependem da decisão direta do governo. Elas mais do que dobraram em relação a setembro do ano passado. O Ministério da Saúde respondeu por boa parte desse crescimento, com mais de R$ 10 bilhões em desembolsos, elevando o total de gastos para R$ 186,8 bilhões no mês, refletindo repasses principalmente a programas de saúde e ações emergenciais.


Dívida pública segue crescendo (Vídeo: reprodução/YouTube/Jornal da Record)


Na outra ponta, a arrecadação apresentou variações ao longo do período. O governo arrecadou mais com IOF e Previdência, mas houve queda na receita do IPI. O saldo final ficou negativo, e o cumprimento das metas fiscais segue condicionado ao desempenho das receitas e despesas, que pode sofrer impacto de fatores econômicos e conjunturais.

Tolerância ao rombo e confiança em queda

O discurso oficial mantém o tom de cautela. O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou que não há espaço para cortes adicionais e que o resultado está “dentro da margem de tolerância”. A meta de déficit zero em 2025 continua valendo, com folga de até 0,25% do PIB, equivalente à cerca de R$ 31 bilhões, permitindo algum ajuste futuro conforme o comportamento das receitas e despesas ao longo do ano.

Desde 2022, as metas são ajustadas periodicamente, considerando variações na arrecadação e nos gastos. O Tribunal de Contas da União autorizou que a meta seja cumprida pelo piso, e não pelo centro, ampliando a margem de manobra do governo e oferecendo maior flexibilidade na execução orçamentária.

Crescimento Otimista em 2025: Moody’s prevê PIB do Brasil em 2,5%

A agência de risco Moody’s Analytics surpreendeu o mercado ao revisar para cima a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2,5% em 2025. O otimismo, detalhado em relatório sobre a América Latina divulgado nesta quarta-feira (8), coloca a agência com uma perspectiva ligeiramente mais positiva do que o consenso de mercado, atualmente em 2,16% conforme o último Boletim Focus.

A performance econômica brasileira, que a agência classifica como “melhor do que o esperado neste ano”, é atribuída primariamente a dois pilares de sustentação: um mercado de trabalho robusto e a força da moeda nacional, o Real. Segundo a Moody’s Analytics, esses fatores têm sido os principais motores do consumo privado, injetando dinamismo na economia.

Projeção para 2026 e o impacto da Selic

Apesar do cenário favorável para o ano corrente, o horizonte se mostra mais cauteloso para 2026. A agência projeta uma desaceleração do crescimento do PIB brasileiro, que deve recuar para 1,8%. Essa previsão está intimamente ligada à manutenção de uma política monetária restritiva.

O relatório aponta que a persistência das atuais restrições monetárias, somada à tradicional cautela do ciclo eleitoral, deve impactar negativamente o investimento. A expectativa do mercado, inclusive a sinalizada pelo Banco Central, é que a taxa básica de juros, a Selic, seja mantida em um patamar elevado de 15% por um “longo período”, mesmo após o encerramento do ciclo de alta. Esse cenário de juros altos tende a frear o ímpeto da economia a médio prazo.


Matéria sobre a previsão de crescimento do PIB no Brasil (Vídeo: reprodução/YouTube/InfoMoney)

América latina mostra resiliência, mas abaixo do potencial

O olhar da Moody’s Analytics se estende para toda a América Latina, que demonstrou resiliência ao longo de 2025. A região, apesar de enfrentar desafios como a inflação, taxas de juros elevadas e incertezas globais (incluindo tarifas dos Estados Unidos), projeta um crescimento de 2,3% em seu PIB regional. No entanto, a agência classifica esse número como “abaixo do potencial” da região.

A partir deste mês, a América Latina entra oficialmente em uma temporada eleitoral, começando pela Argentina em outubro e Chile em novembro. Esse fator político é considerado crucial, devendo influenciar consideravelmente os rumos econômicos regionais. Seguindo a tendência brasileira, a projeção é que a região também registre um recuo em 2026, com o crescimento do PIB caindo para 2%. A agência adverte que as incertezas continuarão a ser um desafio adicional, especialmente para o México, devido à sua forte dependência comercial dos EUA.

Vizinhança em Foco: Argentina e Chile

A análise detalhada dos vizinhos revela cenários contrastantes e complexos. Na Argentina, a economia sofreu uma deterioração após o governo de Javier Milei suspender os controles de capital, levando a uma corrida cambial e desvalorização acentuada do peso. Apesar do aumento nas taxas de juros ter prejudicado o consumo e o investimento, a Moody’s Analytics surpreendentemente projeta um crescimento de 4,5% neste ano e de 3,6% em 2026. Contudo, o relatório levanta preocupações sobre a governabilidade de Milei, que, segundo pesquisas, pode não obter maioria simples no Congresso. Isso poderia levar o mercado a desacreditar na continuidade das reformas fiscais e dificultar o avanço de sua agenda econômica.

Já no Chile, o cenário é de crescimento econômico desacelerado e mercado de trabalho enfraquecido. A deterioração da situação fiscal está frustrando os eleitores e deve dominar o debate nas campanhas presidenciais. Os analistas veem um cenário que “favorecerá coalizões da direita”, que podem assumir o controle da presidência e da Câmara dos Deputados, o que é visto como um “risco positivo para as perspectivas de finanças públicas e do investimento público”. A projeção para o PIB chileno é de 2,5%, impulsionada pela alta do cobre e uma política monetária mais flexível, desacelerando para 2% em 2026.

Crescimento da economia brasileira desacelera, apesar de alta de 0,4%

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançou 0,4% entre abril e junho de 2025 em relação ao trimestre anterior, atingindo R$ 3,2 trilhões em valores correntes, segundo dados divulgados nesta terça-feira (2), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No entanto, apesar do resultado positivo, o desempenho confirma uma desaceleração do crescimento econômico em comparação aos últimos anos.

Juros elevados impactam setores sensíveis e o PIB Brasil 2025

Também, a coordenadora de contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis, explicou que a desaceleração do PIB está ligada à política monetária em vigor, marcada por juros elevados desde setembro de 2024. Segundo ela, setores que dependem mais de crédito, como a construção civil e a indústria de transformação, foram os mais afetados nesse cenário de restrição.

Em julho, o Copom manteve a taxa Selic em 15%, citando incertezas externas e os efeitos das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, cuja vigência completa começou em agosto. Consequentemente, os impactos dessas medidas só devem ser totalmente refletidos nos próximos trimestres.

Serviços e indústria sustentam crescimento

No segundo trimestre, os serviços cresceram 0,6%, enquanto a indústria avançou 0,5%. Já a agropecuária registrou uma pequena queda de 0,1%, enquanto o consumo das famílias teve alta de 0,5%, ajudando a sustentar a atividade econômica no período.

Nas exportações de bens e serviços houve alta de 0,7%, e as importações diminuíram 2,9% em relação ao trimestre anterior. Assim, o desempenho do comércio exterior ajudou a sustentar, ainda que de forma limitada, o PIB do período.

Perspectivas do PIB Brasil 2025 para os próximos trimestres

Analistas mantêm projeção de crescimento anual próximo de 2,5%, porém com leve viés de baixa devido à desaceleração do segundo trimestre. Para Natalie Victal, economista-chefe da Sul América Investimentos, os resultados ajudam a afastar avaliações mais pessimistas e sustentam uma projeção favorável para 2025.

Dessa forma, o terceiro trimestre deve apresentar ritmo mais fraco, especialmente em setores cíclicos como construção, indústria e comércio, que são mais sensíveis à elevação das taxas de juros.


Governo projeta PIB com leve viés de baixa após resultado do 2º trimestre (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil Money)

Agropecuária e indústria extrativa sustentam desempenho anual

Na comparação com o mesmo período de 2024, o PIB avançou 2,2%, impulsionado pela alta da agropecuária (10,1%) e das indústrias extrativas (8,7%). Além disso, no acumulado do semestre, a economia cresceu 2,5%, e em doze meses, 3,2%.

O crescimento do setor agrícola é explicado por safras recordes de milho e soja, enquanto a valorização das commodities brasileiras reforça o desempenho do setor externo. O consumo das famílias segue exercendo papel central no crescimento econômico, ainda que o cenário mostre sinais de desaceleração.

Desempenho por setor no 2º trimestre de 2025

Indústria

  • Indústrias extrativas: +5,4%
  • Eletricidade, água e gestão de resíduos: -2,7%
  • Indústrias de transformação: -0,5%
  • Construção: -0,2%

Serviços

  • Atividades financeiras e de seguros: +2,1%
  • Informação e comunicação: +1,2%
  • Transporte e armazenamento: +1,0%
  • Outras atividades de serviços: +0,7%
  • Atividades imobiliárias: +0,3%
  • Comércio: 0%
  • Administração pública, saúde e educação: -0,4%

Avaliação de especialistas

Rodolfo Margato, economista da XP, avaliou que o desempenho do PIB superou levemente as projeções do mercado. Ainda assim, ele destacou sinais de enfraquecimento da demanda interna, embora o consumo das famílias demonstre resiliência.

Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, reforça que setores cíclicos continuam pressionados pela taxa de juros elevada, principalmente construção, indústria e comércio. Assim, a XP mantém a projeção de crescimento de 2,2% para 2025 e estima 1,6% para 2026.

Projeção do PIB para América Latina deve crescer, de acordo com Moody’s

A Moody’s Analytics divulgou nesta segunda-feira (18), uma análise econômica da América Latina para este ano e para 2026. Em seu relatório, a agência elevou a projeção do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos países latinos em 2025, elevando a estimativa de 2,1% para 2,2%. 

O relatório destacou que a região teve uma expansão percentual de 2,3% no segundo trimestre de 2025, comparado ao mesmo período do ano interior. A revisão positiva teve destaque para o Brasil, Argentina e Chile, que mesmo em meio ao ambiente de tarifas rígidas impostas pelos EUA, mostraram resiliência. Apesar do crescimento para esse ano, a Moody’s ressalta que o cenário pode desacelerar em 2026, devido às tensões no ambiente político e social atualmente.

Projeção para 2025 e 2026

O crescimento percentual de 2,1% para 2,2% – por mais que um avanço tímido – está ligado a uma performance mais estabilizada no início de 2025. No primeiro trimestre deste ano, a América Latina já havia registrado um crescimento de 3,1% na economia latina, superando o valor projetado pela agência Moody’s inicialmente, de 2,6%. Graças ao mercado de trabalho no Brasil e aos processos de recuperação econômica no Chile, Peru e Colômbia, os países conseguiram manter um bom desempenho no ano. 

Entretanto, a agência alerta que a tendência pode ser de desaceleração do ritmo em 2026. É estimado pela Moody’s uma expansão de 2,1% para 2026, sendo um valor que está abaixo da projeção prevista antes. O documento ressalta que a diminuição do ritmo de crescimento pode estar relacionada a fatores externos – como desaceleração global e o tarifaço dos EUA impostos aos países latinos – e também a fatores internos, como a inflação e dificuldades fiscais. Esse panorama reforça que a região vive um cenário de recuperação e crescimento, mas ainda pode estar vulnerável a desafios. 

Impactos das tarifas 

Um dos principais pontos ressaltados pelo relatório que podem influenciar na baixa do crescimento é a política tarifária dos Estados Unidos. O tarifaço imposto pelo governo Trump desde o primeiro trimestre do ano afeta diretamente o crescimento e competitividade global das exportações dos países latinos-americanos. O Brasil, por exemplo, foi um dos países mais impactados pelas tarifas, sendo um dos únicos no mundo a enfrentar tarifas de 30%. Essa política afeta diretamente setores estratégicos da economia local e pode comprometer parte do crescimento econômico esperado. 

Paralelamente, Chile e Peru puderam ter um respiro de alívio com a exclusão do cobre refinado das tarifas adicionais, o que garantiu uma margem de respiro, já que a maior parte das exportações da commodity são direcionadas aos EUA. Contudo, o cenário à frente ainda é desafiador, devido à agenda eleitoral dos países, restrições fiscais e guerra política e tarifária dos Estados Unidos. 


A análise feita pela Moody’s demonstra um crescimento, mas alerta para desaceleração em 2026 (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)


Cenários dos países

O Brasil aparece na análise como um dos países em que a economia persiste, sustentado pelo mercado de trabalho e consumo das famílias. Apesar dos desafios fiscais e da inflação que segue elevada, a economia do país conseguiu resistir melhor do que o esperado aos impactos tarifários. 

Na Argentina, o cenário também é positivo. O programa de estabilização adotado no fim do ano passado vem apresentando resultados positivos, com uma queda drástica na inflação e crescimento do crédito. Para 2026, a agência projeta a continuação da recuperação de forma estável.

Já o Chile, Peru e Colômbia tiveram resultados beneficiadores devido à valorização das commodities, especialmente minerais. No Peru, a inflação permanece controlada, com um mercado de trabalho em ascensão e na Colômbia, a queda do desemprego apoiou a economia. O México, paralelamente, enfrenta desafios em sua economia, pressionado por cortes nos gastos públicos e taxas altas dos EUA.

Planos migratórios de Trump podem afetar economia dos EUA, indica estudo

As propostas migratórias defendidas por Donald Trump, caso venham a ser colocadas em prática num eventual segundo mandato, podem ter efeitos econômicos contrários aos prometidos por ele. Um levantamento da Universidade da Pensilvânia, feito pelo grupo Penn Wharton, apontou que uma campanha agressiva de deportações teria impactos como queda no crescimento da economia, prejuízo para parte dos salários e aumento nos gastos do governo.

Durante sua campanha, Trump afirmou que pretende colocar em prática um grande plano de deportações, com a meta de retirar milhões de pessoas em situação irregular do país. Os pesquisadores da Penn Wharton fizeram simulações considerando a retirada de 10% dos imigrantes sem documentação por ano, ao longo de quatro anos. Nesse cenário, o Produto Interno Bruto (PIB) sofreria uma redução de 1%, os salários médios cairiam e o déficit público subiria em torno de 350 bilhões de dólares.

Alguns trabalhadores ganham, outros perdem

A análise mostrou que nem todos os trabalhadores seriam afetados da mesma maneira. Pessoas com empregos menos especializados e que estão legalmente no país poderiam ver um aumento nos salários, justamente porque teriam menos concorrência. Para esse grupo, os ganhos chegariam a 5% até 2034. Porém, se as deportações forem interrompidas após quatro anos, esse avanço nos salários tende a ser temporário.

Já os trabalhadores com maior nível de formação seriam diretamente prejudicados. O estudo apontou que eles perderiam renda porque, geralmente, contam com o apoio de profissionais em funções mais básicas, que complementam suas atividades. A perda média de salário para esse grupo, caso o plano dure dez anos, seria de quase 2.800 dólares por ano.

Setores vulneráveis e falta de mão de obra

Atividades como agricultura, construção, serviços de alimentação e indústria contam fortemente com trabalhadores imigrantes, muitas vezes sem documentação regular. Dados do Departamento de Agricultura mostram que, entre 2020 e 2022, 42% dos trabalhadores rurais estavam em situação irregular, o que indica uma forte dependência desse perfil de mão de obra.


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Medidas migratórias de Trump podem influenciar economia dos EUA (Foto: Reprodução/Anna Moneymaker/Getty Images Embed)


Com uma população americana que está envelhecendo rapidamente, especialistas demonstram preocupação com a redução da força de trabalho. Eles alertam que, sem uma política migratória mais equilibrada, setores importantes da economia podem enfrentar dificuldades para preencher vagas, o que pode refletir em aumentos de preços e queda na produtividade.

Visões opostas sobre o tema

A equipe de comunicação da Casa Branca contestou os dados do estudo, argumentando que os custos sociais da imigração ilegal (como aumento da violência, pressão sobre o sistema de saúde e sobre o mercado imobiliário) não foram levados em conta. Também foi apontado que há jovens americanos fora do mercado de trabalho que poderiam preencher essas vagas.

Por outro lado, economistas defendem que a contribuição de trabalhadores estrangeiros é essencial para manter o ritmo da economia. Eles reforçam que uma reforma migratória ampla seria necessária, não só para ajustar as leis, mas também para atender a demandas reais de setores como a indústria, a construção civil, a agricultura e os serviços.

Otan anuncia aumento histórico nos gastos com Defesa

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, anunciou nesta segunda-feira (23) uma importante mudança na política de Defesa da aliança militar: os países-membros deverão aumentar seus gastos com Defesa para pelo menos 5% do Produto Interno Bruto (PIB). A decisão foi tomada durante a cúpula da Otan realizada em Haia, na Holanda, e representa um avanço significativo em relação aos atuais níveis de investimento, que variam entre 2% e 3,5% na maioria dos países.

Para Rutte a nova meta é essencial

Segundo Rutte, todos os membros concordaram com a nova meta, considerando-a essencial diante do crescente cenário de insegurança global. “O mundo está se tornando mais perigoso, e precisamos estar preparados. O plano de investimento aprovado representa um salto gigantesco — ambicioso, histórico e fundamental para garantir nosso futuro”, declarou o secretário-geral em entrevista coletiva.

Um dos principais focos da nova estratégia será o aumento expressivo nos investimentos em defesa aérea. De acordo com Rutte, os países irão quintuplicar os aportes nessa área, impulsionados pelas ameaças representadas por ataques aéreos, como os que vêm sendo vistos na guerra na Ucrânia, com o uso de drones de fabricação iraniana por parte da Rússia.

A Otan oferecerá mais de 35 milhões de euros para Ucrânia

No mesmo encontro, Rutte confirmou que a Otan fornecerá mais de 35 bilhões de euros (aproximadamente R$ 221 bilhões) em ajuda militar à Ucrânia somente neste ano. Ele também reforçou que a adesão da Ucrânia à aliança é um caminho sem volta, ainda que não tenha estabelecido prazos concretos para a entrada oficial do país.

Bandeira da Ucrânia (reprodução/x/@g1)

O conflito entre Israel e Irã também esteve entre os temas discutidos. Rutte responsabilizou diretamente o Irã por seu envolvimento na guerra na Ucrânia e defendeu a recente ofensiva dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas, alegando que não houve violação de normas internacionais.

A decisão de elevar os gastos para 5% do PIB vinha sendo pressionada especialmente pelos Estados Unidos, desde que Donald Trump voltou à presidência em janeiro deste ano. Os EUA já investem acima desse patamar e cobravam maior compromisso dos aliados. Apesar de algumas resistências — como a da Espanha, que tenta negociar maior flexibilidade — a meta será comum a todos. A Alemanha, por exemplo, planeja atingir 3,5% até 2029, e a Eslováquia afirmou que pretende decidir seu próprio ritmo de adequação.

PIB argentino cai 1,7% no primeiro resultado anual de Javier Milei    

Embora tenha crescido no quarto trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina registrou queda de 1,7% no acumulado de todo ano passado. Os números são do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos, divulgados nesta quarta-feira (19).   

Este é o primeiro resultado anual do PIB durante a gestão de Javier Milei. De acordo com o Instituto, a queda na soma de toda riqueza produzida pela Argentina se deu pela redução no consumo público e privado e pelos setores importantes da economia argentina que fecharam em queda, como indústria, construção civil e comércio atacadista.     

Plano econômico de Milei impactou o PIB

Outro fator que desacelerou a economia em 2024 foi o pacote de corte de gastos apresentado pelo presidente argentino. Apelidado de ‘plano motosserra’, o objetivo era reduzir a inflação do país que superava o patamar de 200% ao ano.


Javier Milei comemora baixo resultado da inflação argentina (Foto: reprodução/Instagram/@javiermilei)


Por outo lado a equipe econômica de Javier Milei demitiu funcionários públicos, reduziu aumento de salário para aposentados e pensionistas, congelou reajuste do salário mínimo no país e paralisou de forma imediata obras do governo.  Como consequência, a pobreza cresceu, o consumo diminuiu e empresas que recebiam algum subsídio do governo faliram, aumentando o desemprego e freando o ritmo da economia argentina.    

Agricultura e mineração evitaram PIB menor

Além do mais, dos setores da economia, somente agricultura e mineração tiveram resultados positivos. Na soma anual, a agricultura cresceu 31,3%, devido ao aumento na produção de milho, soja, trigo e girassol. Uma safra de 163 milhões de toneladas que colocou o país entre os maiores exportadores de grãos. Outro ponto que vale destacar é a mineração, que cresceu 7,4% em 2024. Essa alta vem da exploração de lítio na região mais árida do país e coloca a Argentina entre os quatro maiores produtores de lítio do mundo.    

Inflação na Argentina

O plano econômico de Javier Milei, apesar de ter feito a pobreza e o desemprego aumentarem, cumpriu seu papel no que diz respeito à inflação. Sobretudo no acumulado de 2024, bateu 66,9% ao ano, embora alta, ainda assim, bem diferente de 214% dos anos anteriores. Agora, o que resta saber é se o ajuste econômico de Milei seguirá apresentando resultados e até quando será possível segurar o arrocho nas contas.  

Mudanças no abono salarial com o pacote de corte de gastos

Anualmente, o governo disponibiliza um benefício no valor de até um salário mínimo para trabalhadores que atendam aos requisitos, o abono salarial.

Antes da PEC do novo pacote de gastos do governo ser aprovada, o valos era pago para àqueles que receberam até dois salários mínimos por mês, que trabalharam ao menos 30 dias no ano-base, dois anos antes do pagamento, e tenham trabalhado na iniciativa privada (PIS) ou servidores públicos (Pasep).


Globo fala sobre a aprovação da PEC (Vídeo: reprodução/X/@GloboNews)

Com a aprovação da PEC, foi criada uma regra que altera o primeiro requisito, diminuindo significativamente os recebedores do auxílio.

Mudanças no pagamento do abono salarial

Ainda em transição, a mudança ocorrerá somente a partir do próximo ano. Assim sendo, os trabalhadores que foram pagos até dois salários mínimos por mês em 2023 serão contemplados com o abono salarial. A partir de 2026, o cálculo será feito a partir da correção da inflação.

Considerando o piso salarial de 2023 (R$ 1.320), o valor pago neste ano será de R$ 2.604. A partir do ano que vem, o valor será inferior ao de quem teve o requisito cumprido em 2024, utilizando a mesma quantia de R$ 2.604 como base da conta.

Consequentemente, o salário pago como requisito para recebimento do benefício diminuirá, até que o trabalhador receba no máximo um salário mínimo e meio.

O governo prevê que isso ocorra em 2035, quando não acontecerá mais baixas, e todos os que recebem até um salário mínimo e meio poderão receber o abono salarial do PIS/Pasep.

Alterações do salário mínimo e o PIS-Pasep

A PEC indica que a concessão do PIS-Pasep não irá seguir os aumentos que o salário mínimo terá. Conforme as regras do arcabouço fiscal, o salário mínimo estará sempre acima da inflação.

O valor para requisito do abono salarial será alinhado somente pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), enquanto que a emenda do salário mínimo é realizada pela variação do INPC e ganho real do PIB dos dois anos anteriores, com o novo teto de reajuste.

Proventos como o BPC, pago às pessoas com deficiência e idosos a partir de 65 anos que não tenham como se manter, também foram atingidos pela PEC.

Abono salarial PIS-Pasep 2025

O Ministério do Trabalho informou que cerca de R$ 30,7 será pago para aproximadamente 25,8 milhões de funcionários, que receberão conforme sua data de nascimento, a partir de 17 de fevereiro, podendo tirar até 29 de dezembro.

A quantia é calculada a partir do salário mínimo vigente, assim, será pago de R$ 126,50 a R$ 1.518, a depender de quantos meses foram trabalhados em 2023.


Calendário de pagamento

Nasceram emRecebem a partir de
Janeiro17 de fevereiro
Fevereiro17 de março
Março15 de abril
Abril15 de abril
Maio15 de maio
Junho15 de maio
Julho16 de junho
Agosto16 de junho
Setembro15 de julho
Outubro15 de julho
Novembro15 de agosto
Dezembro15 de agosto
Data de pagamento do abono salarial (Foto: reprodução/Ministério do Trabalho)

Os dados de recebimento, como data, valores e banco, estão disponíveis no portal gov.br e na Carteira de Trabalho Digital.

PIB do Brasil cresce e se destaca no 3° trimestre de 2024

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior, segundo o IBGE. Com isso, o país igualou o desempenho da China e ficou atrás apenas de Indonésia e México entre os membros do G20. No comparativo anual, o avanço foi ainda mais expressivo, alcançando 4%, consolidando a 15ª alta consecutiva nessa base de comparação.

Serviços e Indústria impulsionam avanço trimestral

O setor de serviços, responsável por 70% do PIB, foi o principal motor do crescimento, com alta de 0,9% no trimestre e 4,1% em relação ao mesmo período de 2023. Os destaques incluem setores da informação e comunicação (+7,8% na comparação anual), outras atividades de serviços (+6,4%) e comércio (+3,9%).

A indústria também apresentou resultados positivos, crescendo 0,6% no trimestre e 3,6% na base anual. O maior impulso veio das indústrias de transformação, com aumento de 1,3% em três meses. Contudo, a construção (-1,7%) e o setor de eletricidade e gás (-1,4%) recuaram, apontando desafios em áreas específicas. O presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, publicou em seu Instagram sobre o crescimento expressivo do PIB em 2024.


Lula comemora avanço do PIB do país em seu Instagram (reprodução/Instagram/@lulaoficial)


Agronegócio recua, mas economia mantém ritmo

Embora o agronegócio tenha caído 0,9% no trimestre e acumulado retração de 3,5% no ano, o desempenho robusto dos demais setores garantiu o crescimento econômico. Serviços e indústria compensaram a queda, mostrando resiliência da economia brasileira.

Com o resultado do terceiro trimestre, o acumulado do ano de 2024 registra alta de 3,3% em relação ao mesmo período de 2023. A última vez que o Brasil teve retração anual foi em 2020, durante a crise gerada pela pandemia do coronavírus.

Os dados reforçam o protagonismo do Brasil no cenário global, destacando sua recuperação econômica e o desempenho superior à média do G20. Mesmo com desafios em segmentos específicos, o país segue em trajetória de expansão sustentável.

Governo propõe mudanças no salário mínimo e abono salarial para reduzir gastos

O governo federal anunciou, nesta quinta-feira (28), um conjunto de medidas fiscais que incluem ajustes nas regras do salário mínimo e do abono salarial. Conforme o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, as mudanças fazem parte de uma estratégia para controlar as despesas públicas e, se aprovadas, podem gerar uma economia de R$ 2 bilhões para o país em 2025.

Reajuste do salário mínimo será limitado

A proposta mantém o reajuste do salário mínimo acima da inflação, mas estabelece um teto para o aumento real, limitado a 2,5% ao ano. Atualmente, o reajuste combina a inflação do ano anterior com o crescimento real do PIB de dois anos anteriores. Com a nova regra aprovada, a valorização seguiria a mesma fórmula, mas com a trava adicional.

Se essa mudança for aprovada pelo Congresso Nacional, o salário mínimo para 2025 será limitado a R$ 1.515, segundo cálculos realizados baseados nos novos critérios. A medida busca aliviar o impacto do reajuste em outras despesas vinculadas ao salário mínimo, como aposentadorias e benefícios sociais.


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (Foto: reprodução/Instagram/@fernandohaddadoficial)


Novos critérios para o abono salarial

Outra alteração proposta afeta o abono salarial, que hoje é pago a trabalhadores com carteira assinada que recebem até dois salários mínimos (R$ 2.824). Pela nova regra, o benefício será gradualmente limitado a quem ganha até 1,5 salário mínimo por mês (R$ 1.980), reduzindo o número de beneficiários.

Segundo o governo federal, o critério atual abrange cerca de 60% dos trabalhadores formais. A mudança é justificada pela valorização do salário mínimo e pelo recente aquecimento do mercado de trabalho, que ampliaram o alcance do abono salarial.

As propostas, que ainda dependem de aprovação no Congresso Nacional, fazem parte de um esforço mais amplo para equilibrar as contas públicas sem abrir mão de políticas de valorização real do salário mínimo.