Polícia Federal já sabe onde está a deputada Carla Zambelli, e sua prisão pode acontecer a qualquer momento

A Polícia Federal revela que já sabe onde está a deputada Carla Zambelli, que se encontra na Itália, após ter sido condenada a 10 anos de prisão. De acordo com a PF, a prisão de Zambelli pode ocorrer até este sábado (14).

Em entrevista concedida à página pessoal de Andréia Sadi, o diplomata brasileiro na Itália, Renato Mosca, informou que o governo italiano já recebeu o pedido de extradição de Carla Zambelli, registrado na última quinta-feira (12). A solicitação agora está sob responsabilidade das autoridades italianas, que devem atender à ordem da Interpol para efetuar a prisão da deputada foragida.

“Evidente que há uma mobilização para deter a deputada porque ela está na lista de difusão vermelha da Interpol. As autoridades judiciais italianas acataram o pedido e, hoje, ela poderá ser presa a qualquer momento”, revelou o embaixador ao Estúdio i.

Ele ainda explicou que, no momento, não há uma ação ou um mandado de captura e apreensão. De acordo com a legislação italiana, Zambelli não pode ser detida enquanto estiver em sua residência no país. Além disso, foi revelado que há um pedido de prisão provisória em andamento contra a ex-parlamentar. Segundo o embaixador, existe um mandado de prisão provisória com objetivo de extradição, baseado no pedido feito pelo governo brasileiro à Interpol e validado pela Justiça italiana.

Condenação

 Carla Zambelli foi sentenciada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos e 8 meses de prisão em regime fechado pelos delitos de violação ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e por lançamento de informações fraudulentas no Banco Nacional de Mandados de Prisão. Entre os registros estava um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.

Ela também está sendo investigada pelo uso ilegal do porte de armas e por constrangimento indevido, quando perseguiu um eleito do atual presidente Lula no período das eleições de 2022, em que ele era o candidato.

Após a sentença, a parlamentar deixou o país usando a fronteira da Argentina, de onde partiu para os EUA e agora está em Roma, na Itália. Após sua fuga para o exterior, o STF emitiu a solicitação para incluir o nome da deputada licenciada na lista vermelha de procurados da Interpol. A solicitação foi aprovada, permitindo que ela possa ser presa fora do Brasil, mesmo tendo cidadania italiana.


Embaixador Renato mosca fala sobre o mandado de extradição de Zambelli (vídeo: reprodução/YouTube/Veja+)


Pedido de licenciamento do mandato

 Zambelli está afastada do mandato por 127 dias, durante os quais Coronel Tadeu a substituirá na Câmara. Em entrevista ao blog da Natuza Nery, ela declarou que não deseja ser vista como foragida e que está tentando se “regularizar” junto às autoridades italianas. A deputada também afirmou que deixou o país em busca de proteção contra o que considera uma perseguição política.

Revista revela que Mauro Cid dribla ordem do STF e envia mensagens secretas

A revista “Veja” publicou uma reportagem que aponta que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, pode ter violado uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem proibia o militar de se comunicar durante as investigações em que está envolvido.

Em seu depoimento recente no STF, Cid afirmou que não usou redes sociais enquanto estava com restrições impostas pela corte. Questionado pelo advogado de Bolsonaro sobre um perfil no Instagram que não estava em seu nome, ele negou ser o dono e disse que todos os seus celulares foram apreendidos.

Mensagens revelam contradições e bastidores

No entanto, a reportagem divulgou prints de conversas realizadas por uma conta chamada “Gabriela R”, que seria utilizada por Cid para trocar mensagens com pessoas próximas ao ex-presidente. Nessas conversas, o militar teria apresentado versões diferentes daquelas que relatou oficialmente à Polícia Federal (PF), o que levanta dúvidas sobre a veracidade de seus depoimentos.

Como colaborador da Justiça, Mauro Cid tem o compromisso de fornecer informações verdadeiras para manter os benefícios do acordo. Caso contrário, pode perder esses direitos e ter a delação anulada.


Mauro Cid é questionado por advogado de Bolsonaro durante depoimento no STF sobre plano de golpe (Vídeo: Reprodução/YouTube/@CNNbrasil)

Enquanto prestava informações à PF sobre ações antidemocráticas, ele enviava mensagens para terceiros relatando detalhes das audiências e manifestando desconforto com a condução da investigação. Segundo as conversas, o delegado responsável teria tentado manipular suas declarações, e o ministro Alexandre de Moraes já teria decidido condenar alguns réus antes do julgamento.

As trocas aconteceram entre o fim de janeiro e o começo de março de 2024, meses antes da homologação do acordo pelo STF.

Relatos de reuniões e tentativas de impedir posse

No depoimento prestado na presença de Bolsonaro e outros membros do governo anterior, Cid confirmou que presenciou encontros entre o ex-presidente e militares para discutir ações que poderiam impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Também afirmou que Bolsonaro acreditava em fraude eleitoral e que o comandante da Marinha da época teria colocado tropas à disposição do ex-presidente.

O Ministério Público entende que essas informações, somadas a outros documentos e depoimentos, comprovam uma tentativa de golpe no final de 2022.

Defesa contesta autenticidade das mensagens

A defesa de Mauro Cid negou a autenticidade das imagens divulgadas e classificou as capturas de tela como uma montagem.

Os advogados afirmam que ele não se expressa da forma mostrada nas mensagens e ressaltam que as imagens não apresentam data ou horário, o que compromete sua credibilidade.

Governo aciona STF por judicialização de fraudes no INSS

Cenário de crescente insatisfação entre aposentados e pensionistas, o governo federal levou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação com potencial de grande impacto jurídico e social. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, junto à Advocacia-Geral da União (AGU), solicitou a suspensão imediata de todos os processos judiciais que exigem ressarcimentos por descontos indevidos nos benefícios do INSS, ocorridos entre março de 2020 e março de 2025. A iniciativa busca frear o avanço de milhares de ações que, segundo o Planalto, podem comprometer o equilíbrio do sistema previdenciário brasileiro.

Descontos indevidos

O pedido foi apresentado como uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) e levanta uma discussão constitucional sobre a responsabilidade da União e do INSS por fraudes praticadas por terceiros, especialmente no caso de associações que descontaram valores sem autorização dos segurados. A intenção do governo é clara: evitar decisões conflitantes, conter danos financeiros à União e estabelecer uma resposta coordenada e segura para ressarcir os lesados.

Segundo o Executivo, escritórios de advocacia estariam explorando a situação de forma predatória, movendo ações em massa com interesses financeiros, o que estaria gerando uma judicialização sem precedentes. Esse movimento estaria não apenas sobrecarregando o Judiciário, mas também atrasando o processo de reparação real aos beneficiários que, de fato, sofreram prejuízos.


Presidente Lula fala sobre as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump a produtos brasileiros (Foto: reprodução/Ton Molina/Getty Images Embed)


Valores descontados

Para lidar com a crise, a AGU também pleiteia a criação de um crédito extraordinário que permita ao governo ressarcir as vítimas de maneira rápida, fora do embate jurídico. A medida é vista como uma forma de preservar a segurança jurídica e evitar um colapso no atendimento previdenciário, cada vez mais pressionado pela demanda judicial.

Em contrapartida, o Partido Progressista ingressou com ação própria no STF, exigindo que o INSS devolva integralmente os valores descontados, com estimativas precisas e definição da fonte de pagamento. O impasse agora está nas mãos do Supremo, que terá a missão de equilibrar o direito dos segurados à reparação com a proteção do sistema público de previdência.

STF forma maioria para responsabilizar redes sociais por conteúdo

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou, nesta quarta-feira (11), maioria de votos a favor da responsabilização das plataformas digitais pelo conteúdo publicado por seus usuários. A Corte ainda deve analisar em detalhes os limites e condições exatas de responsabilidade civil das empresas sobre conteúdos criminosos. E acertar as divergências apontadas em voto pelos ministros.

O Marco Civil da Internet, sancionado em 2014, prevê neutralidade de redes, segurança de dados pessoais, garantindo diversidade e liberdade de expressão. Atualmente, determina que as redes sociais têm a obrigatoriedade de remover conteúdos de caráter ofensivo após ordem judicial específica, sob pena de responsabilização. Mas esse entendimento demonstra necessidade de reinterpretação e revisão.

Debate sobre responsabilidade sem ordem judicial

O STF analisa os recursos que têm como foco a possibilidade de responsabilização das plataformas digitais, mesmo sem decisão judicial prévia, pelos discursos de ódio, fake news ou conteúdo ofensivo que cause danos a terceiros.

E também, como questão central, se as redes sociais podem ser condenadas a pagar indenização por danos morais por não retirarem do ar postagens criminosas, mesmo sem ordem prévia da Justiça. Até agora, os votos a favor foram de Dias Toffoli, Luiz Fux, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso.

Para finalização e fixação da tese, faltam os votos dos ministros Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Cármen Lúcia.

Votos dos ministros

Dias Toffoli entendeu ser errado exigir decisão da Justiça para as redes sociais se responsabilizarem por conteúdos ofensivos publicados por usuários. Assim, considerou inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet, que protege as plataformas contra punições por postagens ilícitas.

Ele defendeu que, em casos de racismo, por exemplo, as plataformas devem agir a partir de notificação extrajudicial feita pela vítima ou seu advogado, sem necessidade de esperar a Justiça.


STF tem maioria de votos para responsabilização das redes (Reprodução/YouTube/CNNbrasil)

Luiz Fux também considerou o artigo 19 inconstitucional. O ministro defendeu que, em casos de discurso de ódio, racismo, pedofilia, violência e atos antidemocráticos, as plataformas devem remover os conteúdos criminosos após notificação extrajudicial, sob pena de responsabilização. Ele também apontou a criação de canais sigilosos para denúncias e monitoramento de conteúdo.

O presidente do STF, Luiz Roberto Barroso, fez uma distinção: para crimes contra a honra, a remoção deve ocorrer após ordem judicial. Em casos que envolvam pornografia infantil, terrorismo, tráfico de pessoas ou golpe de Estado, a ação de remoção deve acontecer sem decisão judicial, cumprindo seu dever de cuidado.


STF tem maioria de votos para responsabilização das redes (Foto: reprodução/Instagram/@uolnoticias)

Flávio Dino sugeriu responsabilização através do artigo 21 do Marco Civil, que permite a remoção com notificação extrajudicial da vítima ou seu advogado. Levantando a proibição de perfis falsos e robôs, que nesses casos cabe punição sem ordem judicial.

Cristiano Zanin, que declarou parcialmente inconstitucional o artigo 19, propôs que o artigo continue válido para provedores sem impulsionamento, mas defendendo que conteúdos criminosos devem ser removidos sem decisão judicial. Apenas se houver dúvida razoável sobre a legalidade do conteúdo, deverá haver análise para responsabilização.

Divergência

O voto divergente de André Mendonça defendeu o artigo 19 como constitucional. Para ele, a remoção de perfis só deve acontecer se forem verificados como falsos ou ilícitos. Havendo assim identificação dos usuários infratores. Não cabe responsabilização sem ordem judicial, principalmente quando o conteúdo envolve opiniões ou interpretações.

O STF deve deliberar sobre a tese final, entendendo aplicação a responsabilização e quais os critérios que usará.

Zambelli: Ministério da Justiça pede extradição e aciona Itamaraty

O Ministério da Justiça solicitou formalmente o pedido de extradição da deputada federal licenciada, Carla Zambelli, às autoridades italianas. A solicitação feita ontem, quarta-feira (11), será encaminhada ao país europeu por meio do Itamaraty, apto a realizar este tipo de procedimento devido aos trâmites diplomáticos necessários à situação. 

Carla Zambelli, que teve sua prisão preventiva decretada em 04 de junho (2025), devido à sua saída do Brasil sem comunicar às autoridades, é considerada foragida pela justiça brasileira. Por esse motivo, o ministro Alexandre de Moraes, no último sábado (07), converteu a prisão da parlamentar em definitiva. 

Em maio (2025), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), condenou a deputada por unanimidade no processo relacionado à invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), juntamente com o hacker Walter Delgatti. A condenação prevê multa, perda de mandato e 10 anos de prisão, inicialmente em regime fechado.

Tratado de Extradição 

Em 1989, o Brasil e a Itália firmaram acordo de extradição que entrou em vigor através do Decreto nº 863/93. Conforme o Tratado, os países têm obrigação de entregar à parte requerente “pessoas que se encontrem em seu território e que sejam procuradas pelas autoridades judiciárias”. No entanto, a recusa da extradição pode ocorrer se o país entender que o condenado sofre perseguição e discriminação, inclusive política. 

Importante ressaltar que Zambelli, ao sair do país, declarou ser inocente dos crimes imputados a ela e é  perseguida devido à sua posição política. Esta perseguição, segundo a deputada, é tanto por parte da oposição quanto das autoridades brasileiras. Discurso respaldado por seus advogados de defesa, familiares e apoiadores parlamentares. 


João Zambelli, filho da deputada federal licenciada Carla Zambelli, em declaração a favor da parlamentar e contra a condenação (Vídeo: reprodução/Instagram/@gustavo.gayer)


Zambelli, que possui dupla cidadania, busca, junto à extrema-direita italiana, não ser extraditada e, se necessário o cumprimento da pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro, que seja cumprida no país europeu. De acordo com declarações da parlamentar, ela não conseguiria cumprir a pena no Brasil, se fizer, “morreria na prisão”.

Outros casos de extradição

O deputado italiano Angelo Bonelli, desde que soube que Carla Zambelli buscaria refúgio na Itália para o não cumprimento da pena a que foi imposta pela Primeira Turma do STF, tem recorrido ao governo e autoridades italianas solicitando a extradição da deputada para o Brasil. Em suas falas, Bonelli, declara que a Itália não pode ser refúgio para condenados de outros países sob o argumento de perseguição política.


Declaração do deputado italiano Angelo Bonelli, sobre Carla Zambelli (Vídeo: reprodução/X/@AngeloBonelli1)

Nas últimas décadas, a Itália acatou pedidos de extradição feitos pelo Itamaraty às autoridades italianas. Em 2015, Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, envolvido em casos de corrupção, mesmo tendo dupla cidadania foi extraditado para o Brasil, onde cumpriu pena em regime fechado por dois anos. 

Outro caso de extradição foi de Salvatore Cacciola, italiano condenado no Brasil por crimes de desvio de recursos públicos e fraude financeira em 2008. Cacciola foi extraditado para o Brasil e por três anos cumpriu pena no Instituto Penal Plácido Sá Carvalho, em Gericinó, na cidade do Rio de Janeiro.

Veículos jornalísticos estrangeiros divulgam interrogatório de Jair Bolsonaro no STF

Jornais estrangeiros divulgaram amplamente o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente responde ação penal pela tentativa de golpe. As publicações ocorreram nesta terça-feira (11).

A mídia internacional destacou que este foi o primeiro julgamento de um chefe de governo do Brasil acusado de tramar um golpe de Estado.

Mídias europeias

O The Guardian escreveu em seu site: “Bolsonaro nega plano de golpe, mas admite discutir ‘caminhos alternativos’ para permanecer presidente”. O jornal britânico ainda citou o pedido de desculpas de Jair Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes.


Bolsonaro durante interrogatório dos réus da ação penal (Foto: reprodução/Gustavo Moreno/STF)

Havia alguma expectativa em relação ao confronto com o juiz principal do caso, o ministro Alexandre de Moraes — ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a quem Bolsonaro já chamou de ‘idiota’ e ‘canalha’. Mas Bolsonaro pediu desculpas a Moraes e a outros dois ministros por terem afirmado em uma reunião, cuja gravação foi apresentada como prova, que teriam recebido entre US$ 30 milhões e US$ 50 milhões cada um para fraudar a eleição”, escreveu a matéria do jornal.


O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/Mateus Bonomi/Getty Images Embed)


A BBC destacou que o ex-presidente negou seu envolvimento na tentativa de golpe. A publicação britânica citou o momento em que Bolsonaro diz que a tentativa de golpe era uma “coisa abominável” e que “nunca houve a menor possibilidade” em seu governo.

O El País publicou que Bolsonaro se tornou réu por liderar trama golpista contra Lula. O jornal espanhol escreveu “O ex-presidente insiste, quando questionado pelo juiz Moraes, que não há levante ‘sem líder, Forças Armadas ou apoio’.”

O Le Figaro falou sobre o depoimento do ex-presidente. “O ex-líder nacional enfrenta ameaça de uma longa pena de prisão após ser acusado de participar de uma suposta conspiração para permanecer no poder”, disse a publicação.

Mídia americana

O La Nación, jornal argentino, apontou que Bolsonaro “negou que tenha havido um plano de ruptura democrática para impedir que Luiz Inácio Lula da Silva assumisse o cargo após a vitória eleitoral de 2022, embora tenha admitido ter mantido conversas com altos funcionários das Forças Armadas para analisar medidas legais contra o resultado da disputa”. 

O veículo ainda escreveu que o ex-presidente é “conhecido por expressar nostalgia pela ditadura” e “desafiou abertamente o sistema judiciário brasileiro durante seu mandato”.

Diante do juiz Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro reconheceu que discutiu alternativas ‘dentro da Constituição’ com comandantes militares, sem especificar que tipo de ações estavam sendo cogitadas”, pontuou.

A rádio pública estadunidense, NPR, avaliou a ação penal no STF como “histórica” e destacou o fato de que pela primeira vez na história do Brasil, um ex-líder de Estado passa por julgamento por tentativa de derrubar um governo.

Oito de janeiro: próximos passos do STF na ação penal que apura trama golpista

O Supremo Tribunal Federal concluiu a fase de interrogatórios da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2022. Os oito réus, que, conforme a Procuradoria-Geral do República (PGR), integram o “núcleo crucial” do processo que apura a tentativa de instauração do golpe, foram ouvidos. O fim da etapa aconteceu nesta terça-feira (10)

Com o encerramento da instrução processual, etapa que visa coletar provas, o caso vai para as estampas finais antes do julgamento. A expectativa é que a ação passe por análise pela Primeira Turma do STF no segundo semestre, possivelmente entre os meses de setembro e outubro.


O ex-presidente Jair Bolsonaro, que é um dos integrantes do “núcleo crucial”, responde perguntas no interrogatório (Foto: reprodução/Fellipe Sampaio/STF)

Próximas etapas

Com o fim da fase dos interrogatórios, o prazo para solicitação de novas diligências por parte das defesas e da acusação começa. Esses pedidos podem incluir medidas de investigação complementares que serão analisadas pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes.

Em seguida, começa o período das alegações finais. Essa etapa prevê o período de 15 dias para que as partes manifestem seus argumentos por escrito. As alegações finais são um resumo dos principais pontos apresentados durante o processo e trazem os requerimentos de condenação ou absolvição.

Encerradas as alegações, o processo vira pauta de julgamento da Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.


Supremo Tribunal Federal (Foto: reprodução/Sergio Lima/Bloomberg/Getty Images Embed)


Em caso de condenação, os ministros fixarão pena individual para cada réu. Caso sejam absolvidos, o processo será arquivado. Em ambos os cenários, um recurso dentro da própria Corte é cabível.

Os réus do “núcleo crucial”

Dentre os oito que se tornaram réus e integram o núcleo 1 estão: o ex-presidente Jair Bolsonaro; o general, ex-ministro e vice de Bolsonaro em 2022, Walter Braga Netto; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno; o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres; o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier; o general e ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira; e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.

Bolsonaro diz, em depoimento ao STF, que atos de 8 de janeiro “não configuram golpe”

Durante depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 tenham representado uma tentativa de golpe de Estado. “O 8 de janeiro preenche os requisitos para um golpe de Estado? Eu acho que não”, disse, ao ser interrogado no âmbito do inquérito que apura um plano para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022.

Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro teria liderado a articulação de um plano golpista, inclusive com a edição de uma minuta de decreto que previa estado de exceção no país.

Segundo a denúncia, o ex-presidente também teria conhecimento da chamada operação “Punhal Verde Amarelo”, que envolveria atentados contra Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Bolsonaro se diz vítima e reclama da vida pós-mandato

Em sua fala, Bolsonaro tentou se distanciar dos acontecimentos em Brasília e voltou a se colocar como alvo de perseguição. “Eu sofri muito, não tinha tempo para ir no Guarujá, andar de jet ski. Se não fosse a campanha de pix que eu fiz, eu não estaria sobrevivendo hoje em dia”, afirmou.

O ex-presidente respondeu às perguntas do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, e negou qualquer envolvimento direto nos atos, insistindo que não praticou ilegalidades após as eleições de 2022.


STF investiga conduta de Bolsonaro após eleições (Vídeo: reprodução/Instagram/@coicecerto2)


STF investiga conduta de Bolsonaro após eleições

A investigação do STF mira ações de Bolsonaro após o resultado das eleições de 2022. Ele nega ter atuado para impedir a posse de Lula ou ter incentivado atos antidemocráticos. A apuração segue com a expectativa de novos depoimentos e análise de provas documentais. O objetivo é esclarecer o grau de envolvimento do ex-presidente na tentativa de ruptura institucional.

O cerco judicial contra Bolsonaro se intensifica com o avanço das diligências e oitivas. A defesa segue negando qualquer tentativa de golpe e acusa o STF de perseguição política. O caso deve seguir no centro do debate político e jurídico nos próximos meses.

Em depoimento ao STF, Bolsonaro nega ter tentado golpe e diz ter agido “dentro da Constituição”

Durante depoimento prestado nesta terça-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou envolvimento em qualquer articulação para um golpe de Estado após o pleito de 2022. Segundo ele, todas as suas ações enquanto esteve à frente da Presidência foram feitas dentro dos limites constitucionais.

“Em nenhum momento desrespeitei ordens ou agi fora da legalidade. Sempre atuei dentro das quatro linhas da Constituição”, disse Bolsonaro, segurando um exemplar da Carta Magna durante sua fala. Ele também admitiu que, em algumas ocasiões, elevou o tom nos discursos. “Sim, me exaltava, falava coisas que não devia, usava palavrões. Mas, na minha visão, fiz o que era necessário”, afirmou.

Depoimento conduzido por Moraes e com presença de Gonet

A declaração foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também participou, e os advogados dos demais investigados puderam formular perguntas.

A oitiva do ex-presidente ocorreu após uma série de depoimentos iniciados na segunda-feira (9). Já prestaram esclarecimentos o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.


Bolsonaro durante depoimento ao STF (Foto: reprodução/Instagram/@cnnpolitica)


Outros militares e ministros também prestam depoimento

Além de Bolsonaro, também foram ouvidos nesta terça-feira o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

O STF ainda pretende ouvir os ex-ministros da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, que integrou a chapa de Bolsonaro como candidato a vice nas eleições de 2022.

As oitivas fazem parte das investigações que apuram uma possível tentativa de ruptura institucional. O objetivo do inquérito é identificar se houve organização para invalidar o resultado das eleições. Bolsonaro é um dos principais alvos da apuração conduzida pela Polícia Federal sob ordem do Supremo.

Nos bastidores, cresce a expectativa por novos desdobramentos a partir da análise de mensagens e documentos apreendidos. A Polícia Federal também avalia o papel de militares e assessores próximos ao ex-presidente nas supostas articulações.

Bolsonaro afirma que não houve tentativa de golpe de estado

Após chegar no Supremo Tribunal Federal, nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro fez um depoimento, onde se defendeu sobre as acusações de que teria organizado uma ruptura institucional, tramada após as eleições de 2022. Bolsonaro afirmou não ter havido um golpe. Ele ainda falou sobre as denúncias que sofreu, alegando que teria decretado Estado de Sítio.

O depoimento de Bolsonaro

O ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, participa do segundo dia de julgamento, organizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), onde é réu, acusado de tentar provocar um golpe de estado, após ter perdido as últimas eleições presidenciais de 2022. Ele está marcado como um dos últimos a prestar depoimento em frente do juiz do STF, Alexandre de Moraes, pela primeira vez.


Jair Bolsonaro em seu julgamento no STF (Foto: reprodução/Arthur Menescal/Getty Images Embed)


Quando o ex-presidente chegou ao tribunal, para seu julgamento, ele foi questionado sobre a tentativa de golpe. Jair respondeu que não houve golpe. Ainda em sua fala, ele também respondeu às denúncias que recebeu d Procuradoria-Geral de República (PGR) sobre uma decretação de Estado de Sítio. Bolsonaro declara que antes do secreto ser assinado, o parlamento deveria aprovar.

O julgamento

No primeiro dia do julgamento, nesta segunda-feira (9), o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid depôs durante quase quatro horas. Ele relatou sobre as intenções golpistas do antigo comandante da Marinha, Almir Garnier, dizendo que possuía questões com o antigo comandante do Exército, Freire Gomes.

O general Freire Gomes tinha ficado muito chateado, porque o almirante Garnier tinha colocado as tropas da Marinha à disposição do presidente, mas que ele só poderia fazer alguma coisa com apoio do Exército. Então, o general Freire Gomes ficou chateado de terem transferido a responsabilidade para ele.”, disse Mauro Cid.


Jair Bolsonaro em frente a Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/Arthur Menescal/Getty Images Embed)


O ex-diretor-geralda Abin, Alexandre Ramagem, também depôs na última segunda-feira. Ele se defendeu contra acusações de que a Abin teria tentado fraudar as urnas eletrônicas e disse também que a agência nunca foi usada para averiguar autoridades. Ele ainda declarou que a PF citou o sistema de geolocalização israelense First Mile, no relatório, de maneira errada, induzindo a acreditar que ele teria participado do plano de golpe de Estado.