Trama Golpista: Supremo coloca núcleo de desinformação no banco dos réus

O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (14), o julgamento do chamado “Núcleo 4” da mega investigação que apura a tentativa de golpe de Estado supostamente orquestrada após as eleições de 2022. As sessões, que se estenderão por esta e a próxima semana — nos dias 14, 15, 21 e 22 de outubro —, marcam a estreia do ministro Flávio Dino na presidência da Primeira Turma.

O grupo, formado por sete réus, é formalmente acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de ter atuado na disseminação orquestrada de desinformação com o objetivo explícito de minar a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro e das urnas eletrônicas perante a opinião pública. A PGR, em suas alegações finais apresentadas no início deste mês, solicitou a condenação de todos os envolvidos, sustentando que eles agiram em coordenação direta com o “núcleo central” da organização criminosa, apontado como sendo liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Acusações detalhadas e o papel da Abin

De acordo com o Ministério Público, a meta principal deste núcleo era “enfraquecer as instituições democráticas”, tornando-as questionáveis perante a população. A acusação é grave e aponta que os réus teriam, inclusive, utilizado a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para potencializar a divulgação de notícias falsas sobre o processo eleitoral. Em resposta, todos os réus enviaram alegações finais ao Supremo, nas quais negaram todas as acusações.

Este será o segundo núcleo da trama a ser submetido a julgamento pela Primeira Turma do STF. Em um precedente recente de grande impacto, a mesma Turma já condenou em setembro o ex-presidente Bolsonaro e outros sete integrantes do Núcleo 1 pela tentativa de golpe de Estado, reforçando a linha dura do colegiado.


Matéria sobre o julgamento do núcleo 4 da trama golpista de 2022 (Vídeo: reprodução/YouTube/Metrópoles)

Flávio Dino assume a presidência

Uma novidade procedural de destaque neste julgamento é a condução dos trabalhos pelo ministro Flávio Dino. Por força da regra de rotatividade interna do STF, Dino assumiu a presidência da Primeira Turma no dia 1º de outubro, sucedendo o ministro Cristiano Zanin. Caberá a ele a responsabilidade de gerir as sessões, abrindo e encerrando os trabalhos, além de garantir a disciplina e o respeito aos tempos de fala estipulados para advogados, partes e os demais ministros.

A sessão inaugural desta terça-feira terá como marco inicial a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Em seguida, o plenário dará voz à PGR e aos advogados de acusação, para então iniciar a fase de votos dos ministros. O rol de réus do Núcleo 4 inclui figuras de patente militar, como o coronel Reginaldo Vieira de Abreu e o major da reserva Ailton Gonçalves Moraes Barros, além de civis como Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal (IVL), e um policial federal. As decisões deste julgamento são aguardadas com intensa expectativa, podendo consolidar a jurisprudência do Supremo sobre a desinformação como instrumento de subversão da ordem democrática.

Pesquisa aponta que Lula ganha em todos os cenários de 2026

Nesta quinta-feira (09), a Pesquisa Quaest divulgou um novo resultado de pesquisa eleitoral. A consulta, encomendada pela Genial Investimentos, mostrou que o atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, lidera em todos os cenários possíveis, em primeiro e em segundo turno. A pesquisa se manteve estável, e Lula se mantém como o principal candidato na corrida presidencial. O maior crescimento do presidente Lula foi em relação à possível candidatura do atual governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas. A Pesquisa Quaest tem dois pontos como margem de erro, para mais ou para menos.

Os possíveis cenários para o 1°turno de 2026

A eleição presidencial de 2026 possui diversos cenários. As opções que apareceram na pesquisa são:

  • Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
  • Jair Bolsonaro (PL) – inelegível
  • Ratinho Júnior (PSD)
  • Ciro Gomes (PDT)
  • Romeu Zema (Novo)
  • Ronaldo Caiado (União Brasil)
  • Michelle Bolsonaro (PL)
  • Tarcísio de Freitas (Republicanos)
  • Eduardo Bolsonaro (PL)

Para a parte da pesquisa relacionada ao primeiro turno, oito cenários foram traçados. Todos envolviam o atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Alguns cenários mostravam como o resultado seria se Lula tivesse somente uma principal pessoa candidata como concorrente, enquanto outros mostravam uma combinação de principais candidatos. Os cenários simulados foram: Lula X Bolsonaro; Lula X Michelle Bolsonaro; Lula X Tarcísio de Freitas; Lula X Eduardo Bolsonaro; Lula X Tarcísio de Freitas X Eduardo Bolsonaro; Lula X Eduardo Bolsonaro X Ratinho Júnior; Lula X Eduardo Bolsonaro X Romeu Zema; e por fim, Lula X Eduardo Bolsonaro X Ronaldo Caiado.

Os possíveis cenários para o 2° turno de 2026

A pesquisa eleitoral Quaest, encomendada pela Genial Investimentos, também trouxe 9 cenários para o segundo turno: todos possuem Lula como candidato. Os cenários avaliados foram: Lula X Ciro Gomes; Lula X Jair Bolsonaro; Lula X Tarcísio de Freitas; Lula X Michelle Bolsonaro; Lula X Ratinho Júnior; Lula X Romeu Zema; Lula X Ronaldo Caiado; Lula X Eduardo Bolsonaro; e, por último, Lula X Eduardo Leite. Segundo a pesquisa, o atual presidente do Brasil ganharia em todos os cenários.


Natuza Nery comenta pesquisa da Quaest (Vídeo: Reprodução/Instagram/@portalg1)

 

A maior mudança entre a pesquisa feita em setembro e a pesquisa feita agora, em outubro, foi a diferença entre Lula e Tarcísio de Freitas no 2º turno. Em setembro, Lula acumulava 43% das intenções de voto, enquanto Tarcísio tinha 35%: oito pontos de diferença entre os dois. A pesquisa de outubro mostrou que Lula possui 45% das intenções de voto, enquanto Tarcísio recebeu 33%: agora, são 12 pontos que separam os dois possíveis candidatos. A Pesquisa Quaest ouviu 2004 eleitores, e aconteceu entre os dias 2 a 5 de outubro. A margem de erro é de dois pontos, para mais e para menos.

Bolsonaro completa dois meses em prisão domiciliar entre articulações políticas e cuidados médicos

O ex-presidente Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar há dois meses, em sua casa em um bairro de classe média alta de Brasília. Nesse período, ele tem passado os dias entre encontros políticos, consultas médicas e momentos de lazer assistindo a jogos de futebol. Nos últimos 60 dias, Bolsonaro recebeu mais de 30 visitas de aliados e políticos, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

As conversas têm tratado principalmente das eleições de 2026 e dos planos para reorganizar a direita. Entre remédios espalhados pela casa e crises de soluço, o ex-presidente tem mandado recados sobre possíveis candidaturas e reforçado um pedido constante: a anistia.

Impasses políticos e problemas de saúde

Antes de o Congresso aprovar a urgência do projeto, Bolsonaro já deixava claro a seus aliados que não aceita nenhum acordo que não resulte em um perdão total. Alguns deputados do PL, ligados ao Centrão, tentaram propor uma solução intermediária com redução da pena para dois ou três anos e manutenção da prisão domiciliar, mas a ideia não agradou ao ex-presidente.

Essas articulações já enfrentavam dificuldades no Congresso e perderam força nesta semana, depois que o projeto de dosimetria, relatado pelo deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade/SP), deixou de avançar. Após a derrota da chamada PEC da Blindagem, até mesmo o PL da dosimetria, como o texto passou a ser chamado, perdeu apoio.


Publicação contestando a prisão de Jair Bolsonaro (Foto: reprodução/X/@FlavioBolsonaro)

Nas conversas políticas, Bolsonaro também tem dito que Michelle deve se candidatar ao Senado pelo Distrito Federal, Eduardo disputará outra vaga no Senado e Tarcísio de Freitas está livre para atuar nacionalmente.

A rotina do ex-presidente Jair Bolsonaro também tem sido marcada por cuidados médicos. Em outubro, ele ficou dois dias internado em um hospital particular de Brasília por causa de crises de soluço e refluxo, que têm piorado nos últimos meses. Ele passou por vários exames para avaliar o quadro de saúde.

Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) leu a sentença que o condenou, a possibilidade de ser transferido para o Complexo da Papuda virou uma preocupação constante entre seus aliados. A expectativa, porém, é que sua condição de saúde sirva de argumento para manter a prisão domiciliar.

Nesta semana, Bolsonaro quase precisou voltar ao hospital. De acordo com seu médico, Cláudio Birolini, os soluços pioram quando ele fala por muito tempo. A última crise aconteceu depois da visita do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que passou mais de duas horas em sua casa.

Rotina doméstica de Bolsonaro e bastidores políticos

O ambiente doméstico do ex-presidente lembra uma enfermaria. A sala onde antes aconteciam transmissões ao vivo e encontros com pastores agora tem receitas médicas e caixas de remédios sobre a mesa. Entre chás e comprimidos para o refluxo, Bolsonaro recebe aliados para discutir as eleições de 2026 e os palanques regionais. Mesmo assim, as conversas são mais curtas, já que ele tem dificuldade em falar por longos períodos sem interrupções causadas pelos soluços.


Publicação solicitando a soltura de Jair Bolsonaro (Foto: reprodução/X/@nikolas_dm)

Fora da política, Bolsonaro tenta manter uma rotina simples. Passa grande parte do tempo assistindo à televisão, alternando entre jogos de futebol e noticiários. Segundo pessoas próximas, ele costuma fazer comentários sobre sua condenação e o futuro da direita.

Durante o dia, o ex-presidente faz pausas para tomar remédios e chá, quase sempre preparados por Michelle, que também organiza a rotina da casa. Ela controla as visitas, cuida das refeições e lembra o marido dos horários dos medicamentos.

Enquanto isso, o senador Flávio Bolsonaro tem atuado como intermediário entre o ex-presidente e o Congresso, repassando mensagens e acompanhando negociações. Carlos Bolsonaro aparece com menos frequência, dividindo o tempo entre Brasília e Santa Catarina, onde deve disputar o Senado. Já Jair Renan tem passado períodos na casa do pai.

Governador de São Paulo visita ex presidente Jair Bolsonaro em prisão domiciliar

Na tarde desta segunda-feira (29), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, realizou sua segunda visita ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto. Esta foi a primeira vez que o governador esteve com Bolsonaro após a condenação do ex-mandatário a 27 anos e 3 meses de prisão por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Visita de negócios

Bolsonaro recebeu Tarcísio em sua residência, acompanhado de seus filhos: senador Flávio Bolsonaro, do Rio de Janeiro, e do vereador Jair Renan, de Santa Catarina. Durante o encontro, que incluiu um almoço seguido de conversas, o governador afirmou acreditar que a anistia ao ex-presidente seria o caminho mais adequado para garantir estabilidade e pacificação no cenário político nacional. Segundo ele, as propostas em discussão no Congresso, que preveem apenas a redução da pena, não contemplariam de forma satisfatória a situação do ex-presidente Bolsonaro. Tarcísio também declarou que pretende disputar a reeleição ao governo paulista em 2026, afastando a possibilidade de concorrer à Presidência da República.


Governador Tarcísio de Freitas junto com Jair Bolsonaro e seu filho, senador Flávio Bolsonaro (Foto: reprodução/Wilton Junior/G1)

Compromissos do Governador

Segundo a colunista Ana Flor, do portal G1, o governador havia sido convidado para a cerimônia de posse do ministro Edson Fachin como presidente do STF e do ministro Alexandre de Moraes como vice-presidente, realizada em Brasília. Contudo, decidiu não comparecer, pois a presença do governador na posse dos ministros poderia ser interpretada como ‘’sinal de moderação”. O principal compromisso oficial de Tarcísio nesta segunda-feira foi a visita ao ex-presidente.

Bolsonaro, que segue utilizando tornozeleira eletrônica, também enfrenta complicações de saúde após o diagnóstico de câncer de pele. Por esse motivo, o STF ainda avalia o local definitivo onde o ex-presidente deverá cumprir a pena.

Michelle Bolsonaro se mostra disposta a concorrer a cargos políticos em 2026

Em uma entrevista ao periódico britânico The Telegraph, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro indicou que está preparada para assumir uma eventual candidatura política nas eleições de 2026. A declaração, veiculada nesta quarta-feira, ocorre em meio a especulações sobre seu futuro político, com seu nome sendo cogitado tanto para o Senado Federal quanto para a disputa presidencial:

“Vou me erguer como uma leoa para defender nossos valores conservadores, a verdade e a justiça”, afirmou Michelle. Ela vinculou sua decisão a um propósito divino, reiterando seu compromisso com a base de apoio de seu marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Se, para cumprir a vontade de Deus, seja necessário assumir uma candidatura política, estarei pronta para o que quer que ele peça a mim”, continuou.

Michelle Bolsonaro critica decisão do STF

A entrevista também serviu de plataforma para que a ex-primeira-dama defendesse seu marido, condenado por sua participação em uma suposta trama golpista. Michelle Bolsonaro descreveu a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal como uma “farsa judiciária” e alegou que as acusações contra Bolsonaro são “fabricadas” para mascarar o que ela chamou de “sérias violações” em curso no Brasil. Segundo ela, as acusações expõem, na verdade, as supostas irregularidades que ocorrem no país.

A ex-primeira-dama também comentou a atual situação do ex-presidente, que cumpre pena em prisão domiciliar. Michelle destacou que sua prioridade, neste momento, é cuidar de sua família:

O objetivo é fazer com que a perseguição e humilhação infligida a nós, conservadores, não destrua minha família ou as de muitos outros que são injustamente atingidos por essa perseguição covarde”, disse ela.


Matéria sobre a entrevista de Michelle Bolsonaro onde ela afirma que está pronta para eleições de 2026 (Vídeo: reprodução/YouTube/UOL)

Michelle responsabiliza Lula e Moraes por sanções dos EUA

Na conversa com o jornal britânico, Michelle Bolsonaro ainda abordou as sanções impostas por Donald Trump a autoridades brasileiras. Ela sugeriu que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva estaria deliberadamente provocando o caos no país para, então, culpar o presidente americano: “Nós não desejamos sanções para o Brasil, mas não temos influência sobre os Estados Unidos”, declarou.

Ao final, Michelle apontou o presidente Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes como os verdadeiros responsáveis pela crise que, segundo ela, culminou nas sanções. A ex-primeira-dama encerrou sua fala reforçando a visão de que as ações desses dois líderes foram a causa das medidas punitivas, isentando a responsabilidade da oposição brasileira sobre a situação. As falas de Michelle reforçam sua presença no cenário político e indicam uma postura combativa para os próximos anos.

Conversa entre Lula e Trump deve ser a distância

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou durante discurso na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (23) que se encontrou rapidamente com Lula e que os dois concordaram em conversar na próxima semana. O Governo Brasileiro, que confirmou a fala de Trump, entende que a reunião deve ocorrer de forma remota, por telefone ou videoconferência. 

Química excelente 

De acordo com Trump, o encontro com o líder brasileiro ocorreu pouco antes de seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas. O presidente americano afirmou que eles se abraçaram e que houve uma “química excelente”, além disso, combinaram de se encontrar na próxima semana. Dentre os temas da reunião, devem estar: o tarifaço de 50% e as sanções aplicadas pelos EUA aos membros do judiciário brasileiro. O governo Trump se posiciona de forma contrária ao processo que culminou na condenação de Jair Messias Bolsonaro e outros 7 réus, membros do “núcleo crucial” da trama golpista. 


O presidente americano, Donald Trump, falando sobre o rápido encontro com Lula
(Vídeo: reprodução/YouTube/CartaCapital)

Amanda Robertson, porta-voz do Governo Americano, afirmou em entrevistas a canais brasileiros de televisão que a relação comercial entre os dois países deve ser reavaliada no futuro encontro dos presidentes. Robertson destacou que essas reuniões de “alto nível” são organizadas pelos diplomatas. 

Cautela do Itamaraty

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o Itamaraty, enxerga a situação com cautela. A preocupação é para não se repetir os recentes episódios constrangedores de líderes mundiais na Casa Branca. Em fevereiro deste ano, Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, discutiu com Donald Trump e, segundo Lula, “foi humilhado” pelo americano. Em maio, Cyril Ramaphosa, da África do Sul, passou por cena parecida quando foi acusado de “limpeza étnica’’ no Salão Oval da sede do governo americano.


Lula falando sobre o bate-boca de Zelensky com Trump na Casa Branca
(Vídeo: reprodução/YouTube/UOL)

Caso se confirme, será a primeira reunião entre Lula e Trump. Em seu discurso na ONU, o presidente brasileiro, que tradicionalmente abre a assembleia, reafirmou a soberania nacional, a defesa da democracia e condenou os ataques ao judiciário. Ele ainda se posicionou contra qualquer forma de anistia para aqueles que tentem abolir o Estado Democrático de Direto brasileiro. 


Jair Bolsonaro pede fim de prisão domiciliar ao STF

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) protocolou nesta terça-feira (23) um pedido de revisão da prisão domiciliar e de outras medidas cautelares ao STF (Supremo Tribunal Federal). A justificativa seria a falta do nome de Bolsonaro na denúncia feita pela PGR (Procuradoria Geral da República) contra o seu filho e deputado licenciado, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e o jornalista, Paulo Figueiredo, por coação no processo, em parceria com os Estados Unidos. 

Denúncia da PGR 

Nesta segunda-feira (22), a PGR denunciou, ao STF, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo por coação no curso do processo. A cúpula do Ministério Público Federal baseia a denúncia nas articulações dos brasileiros com o governo dos Estados Unidos, em busca de sanções contra o país e membros do STF, como o ministro Alexandre de Moraes. De acordo com o procurador, Paulo Gonet, o deputado e o jornalista se apresentavam como articuladores e patrocinadores dessas ações, que tinham como objetivo impedir a condenação de Jair Bolsonaro. 


A denúncia de Eduardo Bolsonaro pela PGR (Vídeo: reprodução/x/bbcbrasil)

No mesmo dia da denúncia da PGR, o governo de Donald Trump sancionou Viviane Barci de Moraes, esposa de Alexandre de Moraes, com a Lei Magnitsky. O ministro do STF é alvo da lei desde julho. O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que Viviane era a rede de apoio financeiro do marido. A Lei Magnitsky Global proíbe que organizações americanas ofereçam serviços aos sancionados, dificultando ações financeiras, uso de cartões de crédito e redes digitais.  

Situação de Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro (PL), está em prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto. Decretadas por Alexandre de Moraes, o ex-presidente teve que cumprir outras medidas cautelares como: uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de falar com embaixadores e se aproximar de consulados, além da restrição no uso das redes sociais. Essas medidas fazem parte do inquérito que investigava Eduardo e Paulo Figueiredo. Como o nome de Jair Bolsonaro não apareceu na denúncia de Gonet, seus advogados defendem o fim das determinações.


O ex-presidente Bolsonaro já em prisão domiciliar, no dia 27 de agosto (Foto: reprodução/x/gabrielabilo1)

No dia 11 de setembro, Jair Messias Bolsonaro foi condenado pelo STF a uma pena de 27 anos e 3 meses de prisão, em decorrência dos crimes de: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e ameaça grave, além de deterioração de patrimônio tombado. 




Lula cita condenação de Bolsonaro e critica sanções dos EUA em discurso na ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva citou a condenação de Bolsonaro na ONU durante seu discurso de abertura da Assembleia Geral nesta terça-feira (23), em Nova York. Ele também criticou as sanções impostas pelos Estados Unidos e reiterou a necessidade de medidas de regulação das redes sociais. Segundo o presidente, o episódio marca um momento sem precedentes na história política do país.

Na ONU, Lula destaca condenação de Bolsonaro e autonomia das instituições

Em sua fala, Lula mencionou a recente decisão do Supremo Tribunal Federal que condenou Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado. Além disso, segundo o presidente, o julgamento representa um marco para o Brasil e, ao mesmo tempo, reforça que as instituições têm cumprido seu papel de forma independente. O chefe do Executivo também destacou que o episódio serve como alerta para a importância da responsabilidade de todos os líderes políticos e da observância das leis brasileiras.

Há poucos dias, e pela primeira vez em 525 anos de nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade”, declarou Lula, ressaltando que a punição foi resultado de um processo com amplo direito de defesa.


Lula discursa na Assembleia Geral da ONU em Nova York (Vídeo: reprodução/X/GloboNews)

Lula critica sanções dos EUA em discurso na ONU sobre Bolsonaro

O presidente também usou a tribuna para criticar diretamente as sanções econômicas impostas pelo governo norte-americano como resposta às investigações e ao julgamento de Bolsonaro. De acordo com Lula, tais medidas são arbitrárias e atingem não apenas o governo, mas a própria população brasileira.

Não há justificativas para as medidas unilaterais e arbitrárias contra as nossas instituições e nossa economia. Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia reconquistada há 40 anos”, destacou.

Dessa forma, Lula buscou transmitir a ideia de que o país não cederá a pressões externas.


Lula discursa na Assembleia Geral da ONU em Nova York (Vídeo: reprodução/X/GloboNews)

Regulação digital gera polêmica internacional

Outro ponto central do discurso foi a defesa da regulação das redes sociais. Lula criticou a atuação das plataformas digitais, que, segundo ele, facilitam campanhas de desinformação e ataques à democracia. Além disso, afirmou que a resistência à regulação parte de setores que buscam proteger interesses particulares.

Ataques a medidas de controle sobre as plataformas servem para encobrir interesses escusos. Não se trata de censura, mas de proteger a vida das pessoas”, disse Lula.

No entanto, a fala gerou reação imediata nos bastidores diplomáticos, pois alguns países consideraram a proposta uma ameaça à liberdade de expressão. Com isso, tornou-se um dos pontos mais polêmicos da participação do presidente na ONU.

Lula encerrou seu discurso reforçando a disposição do Brasil em participar ativamente de debates globais sobre governança digital e cooperação internacional. Ele destacou que, apesar das tensões recentes, o país busca soluções equilibradas que garantam transparência, segurança e responsabilidade no uso das plataformas digitais.

Governo dos EUA provoca Alexandre de Moraes e sua esposa, os comparando com Bonnie e Clyde

Nesta segunda-feira (22), o governo dos Estados Unidos classificou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, como um “agente externo nocivo” e, ao justificar punições contra sua esposa, Viviane Barci de Moraes, fez menção ao casal de criminosos Bonnie e Clyde.

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou que Viviane atua como apoiadora e defensora de Moraes. Segundo ele, pessoas que oferecem cobertura e sustentação a figuras vistas dessa forma colocam em risco interesses dos EUA e também estão sujeitas a medidas de responsabilização.

Já o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, declarou que a decisão foi tomada porque Viviane garantiria uma base de suporte financeiro ao ministro, que desde julho já estava sob sanções.

Alexandre de Moraes já havia sido sancionado

Segundo o governo norte-americano, as penalidades aplicadas são um conjunto de medidas iniciadas ainda na gestão de Donald Trump, que atribuiu a Alexandre de Moraes condutas como abuso de poder, implementação de um sistema de censura, perseguição direta a adversários políticos e violações graves de direitos humanos.

Com a decisão, qualquer patrimônio ou recurso financeiro registrado em nome de Viviane Moraes em território norte-americano fica congelado, assim como negócios ou companhias vinculadas a ela. A partir de agora, tanto o ministro do STF quanto sua esposa estão impedidos de realizar operações financeiras com cidadãos ou empresas dos Estados Unidos, incluindo movimentações por meio de cartões de crédito emitidos por instituições americanas.


Viviane Barci sofreu sanções pelo governo dos EUA (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

A inclusão de Viviane nas sanções previstas pela Lei Magnitsky faz parte de uma ofensiva de retaliação do governo Trump contra o magistrado. O Supremo havia condenado o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado político de Trump, a 27 anos de prisão por tentativa de golpe em agosto. A aplicação da Lei Magnitsky à esposa do ministro, somada à suspensão de vistos, marca o primeiro movimento de resposta de Washington após a decisão do STF contra Bolsonaro.

Lei Magnitsky

A Lei Magnitsky autoriza o governo dos Estados Unidos a aplicar punições contra cidadãos de outros países. Sua finalidade é responsabilizar indivíduos acusados de cometer violações graves de direitos humanos ou de participar de esquemas significativos de corrupção. A lei recebeu esse nome em memória do advogado russo Sergei Magnitsky, que morreu na prisão após denunciar um esquema de desvio de recursos envolvendo integrantes do governo da Rússia. O projeto foi aprovado pelo Congresso norte-americano e oficializado pelo então presidente Barack Obama em 2012.

Num primeiro momento, o foco era atingir empresários e autoridades russas envolvidos no caso que levou à morte do advogado. Já em 2016, consolidou-se a interpretação de que a lei poderia ser aplicada em situações mais amplas, como episódios de corrupção internacional, ligações com organizações criminosas e abusos sistemáticos de direitos humanos. Nesse mesmo ano, o alcance da legislação foi estendido para ter validade global. Desde então, diversas pessoas ao redor do mundo passaram a ser alvo de sanções com base nesse dispositivo jurídico.

PGR denuncia Eduardo Bolsonaro e blogueiro por coação nos EUA

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o blogueiro Paulo Renato Figueiredo. Eles são acusados de coação no curso de processo judicial nos Estados Unidos. Conforme relata o documento assinado pelo procurador-geral Paulo Gonet, as ações teriam sido articuladas para tentar intervir em processos judiciais, visando beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, bem como o próprio blogueiro.

O que diz a denúncia

Segundo a PGR, Eduardo e Paulo atuaram por meio de agentes econômicos e políticos estrangeiros para criar um ambiente de pressão, utilizando ameaças de sanções econômicas se o STF não liberasse os acusados nos processos penais relacionados à ação penal AP 2.668. A denúncia descreve que foram feitas divulgações de possíveis “tragédias financeiras” que poderiam recair sobre o Brasil caso juízes do STF decidissem pela condenação de Bolsonaro ou de Figueiredo. Isso inclui a promessa de consequências nos Estados Unidos para ministros do STF.



Além da coação, o pedido da PGR inclui reparação dos danos causados pelas práticas apontadas. O crime descrito é previsto no Art. 344 do Código Penal, que estipula pena de reclusão de 1 a 4 anos e multa para quem usa de grave ameaça ou violência para interferir em processo judicial, favorecendo a si mesmo ou terceiros.

Reações e controvérsias

Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo reagiram à denúncia chamando-a de “fajuta” e qualificando a PGR como “lacaia” do ministro Alexandre de Moraes. Na nota conjunta, defenderam que as acusações são obscuras e fazem parte de uma estratégia política para pressionar adversários. Eles também mencionaram sanções dos Estados Unidos contra Viviane Barci de Moraes, esposa de Alexandre de Moraes, dizendo que essas medidas reforçam sua tese de perseguição política.

Apesar da denúncia, Jair Bolsonaro não foi denunciado diretamente nesse momento pela PGR, embora o documento mencione que ele poderia ser beneficiário das ações dos acusados. A investigação continua em curso e pode haver desdobramentos futuros conforme novas provas sejam encontradas.