Um grupo de cientistas mostrou que as profundezas do planeta estão muito mais agitadas do que parecem. Pela primeira vez, pesquisadores observaram uma placa tectônica se partindo gradualmente. O processo ocorre a quilômetros de profundidade, sob o Pacífico Norte, e está revelando um tipo de movimento que nunca havia sido visto em detalhes. Não é um evento que ameaça o planeta agora, mas é uma janela rara para entender como a Terra muda silenciosamente sob nossos pés.
Placa está em “decomposição”
A descoberta aconteceu na região da chamada Zona de Subducção de Cascadia, entre a Califórnia e o Canadá. Ali, a placa oceânica Juan de Fuca mergulha sob a placa norte-americana, o que torna a área uma das mais sísmicas do planeta. Usando equipamentos de alta precisão e dados sísmicos, a equipe liderada pelo geólogo Brandon Shuck identificou fissuras profundas e zonas inativas dentro da placa. Isso indica que ela está se fragmentando em pedaços menores, chamados microplacas.
Essa observação quebra uma ideia antiga da geologia. Antes, acreditava-se que as placas tectônicas só se rompiam de forma súbita, em eventos violentos. Agora, os cientistas descobriram que elas também podem se desmontar aos poucos, como se estivessem “morrendo” devagar. Esse processo, embora lento, pode influenciar a formação de falhas e terremotos em longo prazo.
Placas tectônicas ao redor do planeta, com atenção a placa de Juan de Fuca onde ocorreu o evento (Foto: reprodução/ Rainer Lesniewski/Shutterstock.com)
Prelúdio não gera pânico
Apesar da preocupação natural, os especialistas garantem que não há motivo para pânico. O rompimento ocorre em um ritmo tão lento que levará milhões de anos para causar mudanças perceptíveis. Mesmo assim, a descoberta é importante porque ajuda a compreender como o interior da Terra, e também da natureza, recicla suas placas e como essas transformações moldam os continentes e oceanos.
Estudar esse tipo de processo também melhora as previsões sobre terremotos e tsunamis, já que revela novas formas de comportamento das zonas de subducção. No fim das contas, o que os cientistas estão vendo é a Terra em pleno movimento: viva, ativa e em constante reinvenção.
