Dólar e IBOVESPA caem em sessão de baixa liquidez

Depois de uma sessão de alta no final de 2024, o dólar iniciou 2025 em baixa, assim como o IBOVESPA. O dólar à vista fechou em R$ 6,1651, em uma queda de 0,22%. O IBOVESPA teve uma queda de 0,13%, com 120.125,39 mil pontos.

Baixa do dólar e do IBOVESPA

Devido à alta da commodity no exterior, os contratos de petróleo tiveram uma alta, como os do petróleo Brent, que subiram 1,73%, sendo agora seu custo por barril US$ 75,93.

Gabriel Mollo, analista de investimentos da Daycoval Corretora, o aumento do petróleo no mercado exterior, impediu uma queda superior para o indicador. Essa alta impactou também os negócios da Petrobras, que tem um imenso peso no índice brasileiro. A baixa final do IBOVESPA foi mais leve que o momento do dia em que a perda chegou perto de 1%.


IBOVESPA teve queda de quase 1% (Foto: reprodução/Freepik/@pikisuperstar)

Houve pouca movimentação na bolsa devido às festas de fim de ano, e no caso da moeda estadunidense, o número de pedidos semanais de seguro-desemprego dos Estados Unidos foi menor que o esperado.

Início de ano controlado

O especialista da Valor Investimentos, Wagner Varejão, diz que o início do ano sempre tem uma liquidez reduzida, com poucas coisas movendo o mercado fortemente, havendo um alívio na tensão.

Ainda assim, segundo Varejão, os investidores ficam atentos a quaisquer mudanças que possam haver no cenário fiscal, e as novidades das contas públicas. Com a tensão extrema do final do ano, o câmbio e a posição do IBOVESPA foi impactada tanto nacionalmente, quanto internacionalmente.

O Banco Central informou que o Brasil registrou a terceira maior série histórica de saída de dólares, com US$ 15,918 bilhões no decorre do ano. Utilizando o real como medida, o IBOVESPA caiu 10% e, utilizando o dólar, há a maior queda desde 2015.

A última prévia da nova carteira do IBOVESPA foi divulgada na quinta-feira (2), pela operadora da bolsa paulista B3, onde aparecerem ações da Marcopolo e Porto Seguro, bem como a saída da Alpargatas e Eztec. A carteira efetiva entrará em vigor de 6 de janeiro a 2 de maio.    

Escalada do dólar: como a moeda saltou de R$ 5,67 para R$ 6,09 em apenas um mês

O dólar voltou a subir significativamente em relação ao real. A moeda norte-americana avançou de R$ 5,67, registrados em 5 de novembro, para o valor recorde de R$ 6,09 nesta terça-feira (17), representando um aumento de 7,40% em apenas um mês. Desde que alcançou o marco inédito de R$ 6 no final de novembro, o dólar tem se mantido em alta, sem apresentar sinais de recuo.

A alta do dólar em relação ao real é resultado de uma combinação de fatores internos e externos que afetam a confiança no Brasil e no mercado global. No cenário interno, as incertezas políticas e fiscais têm grande influência. No cenário externo, as decisões do Banco Central dos Estados Unidos têm papel decisivo. O impacto dessas decisões ultrapassa as fronteiras dos EUA e influencia significativamente os mercados globais.

O dólar no sistema financeiro global


Disparada da cotação do dólar preocupa economia brasileira (Foto: reprodução/
MR.Cole_Photographer/Getty Images Embed)


O dólar é a principal moeda de reserva e meio de troca no comércio internacional. Ele é amplamente utilizado em transações globais, como o comércio de petróleo, commodities e contratos financeiros. Qualquer mudança nas condições econômicas ou na política monetária dos EUA afeta diretamente a oferta, a demanda e a valorização do dólar, refletindo no câmbio de outras moedas, como o real.

Mudança no cenário

Em 2023, o dólar teve uma queda acumulada de 8,06% ao longo do ano, marcando um início positivo para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Esse cenário foi impulsionado pela introdução de uma nova regra de controle de gastos públicos e pela proposta de reforma tributária. A desvalorização do dólar desempenhou um papel crucial no controle da inflação e permitiu o início de um ciclo de redução das taxas de juros.

Já em 2024, a trajetória se reverteu. O dólar registra uma alta de 25,62% frente ao real, refletindo preocupações crescentes com a inflação e um ambiente de expectativas econômicas deterioradas. Como consequência, os juros no país mudaram de direção e estão em processo de elevação. Além disso, o arcabouço fiscal apresentado no ano anterior começou a enfrentar questionamentos, gerando incertezas no mercado.

O contexto desse cenário está diretamente ligado à agenda econômica de Trump, que priorizou um protecionismo vigoroso para a indústria nacional, incluindo o aumento de tarifas sobre produtos importados. A agenda de Trump incluiu cortes de impostos corporativos e incentivos para que empresas multinacionais repatriassem seus lucros para os Estados Unidos. Esses movimentos aumentaram a demanda por dólares, já que empresas precisavam converter lucros obtidos no exterior para moeda americana.

Após alta disparada do dólar, Banco Central faz intervenção econômica com leilões

Ontem, segunda-feira (dia 17/12), o Banco Central (BC) realizou um leilão extraordinário de dólares depois da moeda bater 6,10 reais. Essa foi a maior intervenção econômica depois da pandemia, que faturou 1, 6275 bilhões de dólares.  

Leilões do BC 

O BC também entrou no mercado de maneira à vista depois que as cotações subiram em disparadas, vendendo assim 845 milhões de dólares na última sexta. A última vez que isso aconteceu, de a autarquia vender dólares à vista, foi em 30 de agosto.  

Antes de o leilão ser anunciado, a moeda ainda disparava em quase 7 reais. Depois que o leilão aconteceu, a moeda desceu o patamar de 6,0309 reais. 

Incertezas do mercado 

Após as declarações da presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, dizendo que o mercado mandaria “o dólar para a lua” e em meio às incertezas do pacote de cortes de gastos em tramitação no Congresso e a elevação da taxa Selic em percentual, o dólar segue em suas constantes altas. Ainda houve declarações da Ministra do Planejamento, Simone Tebet, dizendo que o “mercado joga contra o país”.  


Dólar, a moeda norte-americana (Foto: reprodução/Getty Images Embed/NurPhoto) 


Com isso, soma-se a quarta intervenção econômica monetária feita antes de completar uma semana. A ação foi a maior desde 10 de março de 2020 que, devido à pandemia e seus efeitos, o BC arrecadou 2 bilhões de dólares. Esse leilão serve como uma tentativa de desacelerar a cotação, estimulando a lei da oferta e demanda, injetando a moeda norte-americana no mercado. 

Não existe previsão para a votação do pacote de contenção fiscal, as expectativas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é que tudo ocorra ano que vem, que o calendário do Congresso seja mais tranquilo. O ministro faz um pedido como apelo para que as medidas não sejam desidratadas. 

A previsão da inflação em 2024 cresceu de 4,71% para 4,84%, já para o próximo ano de 2025 segue a alta de 4,40% para 4,59%. 

A futura gestão do BC 

Gabriel Galípolo já declarou que o BC só iria atuar em cima do câmbio se o mercado reagisse com um comportamento disfuncional. Diante da queda de braço entre BC e o mercado com as cotações de câmbio, as taxas de juro subiram ontem diante das falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticando os juros elevados e depois dos leilões de dólares. Lula afirma que o mercado não reage bem quando o seu pacote econômico tenta proteger os mais pobres e taxar setores mais ricos. 

Matéria por Vinícius Luiz (Lorena-R7)

Dólar atinge sua maior cotação, fechando em R$ 5,91

Na tarde desta quarta-feira (27, o dólar bateu sua máxima desde a pandemia do COVID-19, quando atingiu o valor de R$ 5,9007. Na data de hoje, a moeda chegou ao valor de R$ 5,9124.

Assim que foi liberada a notícia de que Fernando Haddad, o ministro da Fazenda, anunciaria a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil mensalmente, o dólar aumentou. A isenção do IR é uma promessa da campanha de Lula, que aconteceria a partir de 2026.

O mercado financeiro hoje

O mercado financeiro, há semanas, aguarda maiores detalhes a respeito do pacote de corte de gastos públicos, que deve ser liberado pelo governo federal. O corte de despesas precisa ocorrer para que o déficit público de 2024 seja zerado. Conforme prometido pelo governo, a meta seria que, em 2024 e 2025, o déficit fosse zerado, igualando as receitas e os gastos, a fim de que a dívida federal não aumente.

Ainda hoje, Haddad deverá fazer um pronunciamento televisivo e radiofônico em rede nacional, e se espera que os cortes sejam abordados no discurso, que ainda não teve os tópicos a serem abordados, divulgados pelo governo. Contudo, sabe-se que a isenção do Imposto de Renda será abordado, devido a uma confirmação que ocorreu no blog da jornalista Julia Duailibi, apurado pelos jornalistas do G1, Gerson Camarotti e Guilherme Balza.


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images embed)


Isenção no pagamento de Imposto de Renda

Hoje estão isentos do pagamento de IR, quem recebe até R$ 2.259,20 por mês e, caso a isenção dos que recebem até R$ 5 mil seja o foco do discurso de Haddad, é possível que o tópico de cortes de gastos não seja abordado, o que faria com que os impostos fossem renunciados de tal forma que, no futuro, seria difícil cumprir as metas do arcabouço fiscal.

Havendo a isenção de IR, a dívida pública poderá ser comprometida futuramente, fazendo com que o pacote de cortes perca o seu propósito. Segundo Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, o custo da medida para os cofres públicos poderá ser de R$ 40 bilhões.

Enquanto aguarda o pronunciamento do ministro da Fazenda, o mercado financeiro mostrou-se muito defensivo e relutante quanto à aprovação da isenção do pagamento do Imposto de Renda para os que recebem até R$ 5 mil.

Com dólar aumentando, entenda o que pode ficar mais caro no Brasil

Nesta quarta-feira (06), o dólar está sendo negociado no câmbio comercial entre R$ 5,76 e R$ 5,86, com a vitória de Donald Trump nas eleições. O aumento do valor da moeda americana influencia diretamente no valor dos produtos brasileiros, pois grande parte da produção depende de insumos e maquinários importados, elevando o valor na compra.

Matérias-primas produzidas em larga escala no Brasil como trigo, gás e petróleo dependem da importação e, em função das cotações internacionais, o dólar encarece certos itens. Por isso o valor da moeda americana tem tanto impacto na vida dos brasileiros, desde um simples pão francês até o preço das passagens aéreas.


Trump eleito poderá trazer aumento do valor do dólar no Brasil (Reprodução/X/@AFP)

Produtos impactados pelo dólar

Itens como o pão francês, o macarrão e os biscoitos são atingidos pelo dólar, por serem alimentos com os preços definidos pelo mercado global. O Brasil é um dos maiores exportadores de commodities, matérias-primas que alteram seus valores, conforme o mercado internacional, como a soja, o milho e o trigo.

A gasolina também é um item atingido pelo valor do dólar. O Brasil é um dos maiores produtores de petróleo da América Latina e ocupa uma posição relevante no cenário global. No entanto, ele tem seu valor atrelado ao mercado internacional de petróleo que, por sua vez, é cotado em dólar, por isso o valor da gasolina nos postos do Brasil tem aumentado, consideravelmente, a cada ano.

As passagens aéreas e os transportes públicos também sofreram alteração de preço com o aumento da moeda americana, visto que o valor das passagens estão diretamente ligadas ao valor dos combustíveis. Já os produtos eletrônicos são afetados, porque a produção de cada produto depende de uma grande cadeia de produção, incluindo insumos, peças e maquinários, cotados em dólar.

O discurso de Fernando Haddad

O aumento do dólar na última semana iniciou após a fala do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no dia 29 de outubro, que diz que não haver prazo de divulgação de medidas voltadas para o corte de gastos. O dia terminou com uma alta de 0,92% do dólar, valendo R$ 5,761; a maior cotação da moeda americana desde 2021, quando atingiu R$ 5,766.

Não tem uma data, ele [Lula] que vai definir. Mas a gente está avançando a conversa, estamos falando muito com o Planejamento também. Fernando Haddad

Fernando Haddad e Simone Tebet estão trabalhando em um conjunto de medidas para corte de gastos, que já foram apresentados ao presidente Lula. Nos próximos dias, após diversas reuniões com os ministros, os planejamentos serão anunciados.

Da crise à estabilidade: as estratégias de Milei para reduzir a inflação na Argentina

Desde que Javier Milei assumiu a presidência da Argentina em dezembro de 2023, a inflação mensal, que havia chegado a quase 13%, foi drasticamente diminuída para 3,5%, enquanto o valor do dólar paralelo se estabilizou. Um assessor econômico do governo explicou as estratégias implementadas pelo polêmico líder libertário, cujas políticas foram questionadas por opositores e especialistas.

A estratégia de Milei: Cortes de gastos e controle monetário

Milei enfrentou um cenário econômico crítico ao assumir o cargo, com a inflação disparada e o dólar atingindo recordes. Para reverter a situação, o presidente decidiu realizar o que chamou de “maior ajuste na história da humanidade”, cortando imediatamente um terço dos gastos públicos.

Essa ação foi fundamental para reduzir as emissões monetárias, uma das principais causas da inflação. A decisão de cortar gastos, segundo economistas, foi uma tentativa de restaurar a credibilidade fiscal do governo e criar um ambiente de maior estabilidade econômica.

Desde o primeiro mês de mandato, Milei implementou uma série de políticas que resultaram em uma transformação rápida e radical da economia argentina. Ao eliminar gastos com programas sociais e cortes em setores considerados não essenciais, o governo conseguiu reduzir o déficit fiscal e aumentar a arrecadação. Assim, Milei diminuiu as emissões de moeda, e também passou do déficit ao excedente fiscal – um feito notável em um país que lutava com a instabilidade financeira por décadas.

Miguel Boggiano, membro do Conselho de Assessores Econômicos do governo, detalha que o ajuste foi acompanhado pela redução da taxa de juros dos passivos remunerados, um tipo de dívida de curto prazo que o Banco Central havia acumulado.

Baixamos a taxa de juros paga pelos passivos e desvalorizamos o peso, o que ajustou os preços relativos e liquidou os passivos”, explica Boggiano. Essa estratégia ajudou a controlar a inflação e restaurou a confiança dos investidores, que começaram a ver o país como um lugar mais seguro para aplicar seu capital.

Embora os resultados iniciais tenham sido encorajadores, com a inflação caindo para 3,5% ao mês, a administração de Milei não esteve isenta de polêmicas. O aumento da pobreza, que atingiu níveis preocupantes, com mais de 53% da população vivendo nessa condição, levantou preocupações sobre o custo social das políticas de austeridade.


Javier e sua irmã Karina Milei após a vitória nas eleições argentinas (Foto: Reprodução/Luis Robayo/Getty Images Embed)


Desafios e críticas ao governo Milei

Apesar do sucesso inicial em estabilizar a economia, a Argentina ainda enfrenta desafios importantes. Críticos apontam que as políticas de Milei podem ser uma solução temporária que oculta outros déficits reais. O ex-assessor Carlos Rodríguez alertou sobre os riscos de um malabarismo financeiro que não aborda as dívidas acumuladas.

Em sua conta no X (antigo Twitter), Rodríguez afirmou que o governo não teria superávit se não fosse financiado por títulos do Tesouro, que permitem o adiamento de pagamentos. A preocupação de muitos especialistas é que, sem um plano de longo prazo, as reformas de Milei podem levar a um ciclo de dívida e recessão.

Além disso, muitos argentinos estão ansiosos com a possibilidade de que a austeridade possa aumentar a crise social. O aumento da pobreza, que impacta emgrande parte crianças e famílias vulneráveis, mostra que as políticas de Milei têm um custo humano elevado. De acordo com estatísticas recentes, quase 7 em cada 10 crianças estão em situação de pobreza, levantando questões sobre a viabilidade das reformas e seu impacto na sociedade.

A trajetória econômica do país, no momento, ainda é incerta. Muitos se perguntam se as mudanças colocadas por Milei conseguirão sustentar uma recuperação a longo prazo em meio a desafios persistentes, como a pobreza e a dívida pública.

Dólar permanece resistente em meio à diferença de juros

Apesar da expectativa de que a Selic atinja 11,25% até o final do ano, o dólar continua apresentando resistência em sua trajetória de queda. Economistas apontam que, mesmo com a elevação da taxa de juros no Brasil, fatores de risco interno podem estar pesando mais na balança do que os atrativos oferecidos por uma maior rentabilidade.

Um dos principais motivos para essa resistência é o aumento dos gastos públicos, especialmente em um ano eleitoral. As incertezas políticas que costumam acompanhar o período pré-eleitoral geram apreensão nos investidores, que temem que a sustentabilidade fiscal do país possa ser comprometida. Segundo o economista João da Silva, “os investidores tendem a ser cautelosos diante da possibilidade de um aumento nos gastos, o que pode levar a um descontrole nas contas públicas.”


O cenário social afeta no valor do dólar (reprodução/Javier Ghersi/Getty Images embed)


Cenário econômico e expectativas futuras

Além dos riscos fiscais, a instabilidade política e social também influencia a cotação do dólar. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a inflação permanece acima das expectativas, pressionando o Banco Central a adotar uma política monetária mais rígida. Isso, por sua vez, pode limitar a eficácia do aumento da Selic na atração de investimentos externos.

Os economistas ressaltam que a atual disparidade entre as taxas de juros brasileiras e americanas, que tem se ampliado, ainda não é suficiente para inverter a tendência de valorização do dólar. Conforme a análise do banco central, mesmo que os juros no Brasil sejam mais altos, a incerteza em torno das políticas econômicas e o potencial de um cenário adverso para o crescimento fazem com que o mercado permaneça cauteloso.

O impacto das eleições na economia

À medida que as eleições se aproximam, a preocupação com a gestão econômica se intensifica. Historicamente, períodos eleitorais no Brasil são marcados por volatilidade nos mercados, e os investidores buscam sinais de estabilidade e compromisso com reformas fiscais. O economista Maria Oliveira destaca que “as promessas de aumento de gastos durante campanhas eleitorais podem gerar um efeito desestabilizador, levando os investidores a repensar suas estratégias.”

As expectativas em relação aos novos governantes também desempenham um papel crucial. Os analistas do mercado estão de olho nas propostas dos candidatos, especialmente no que diz respeito à responsabilidade fiscal e à condução da política monetária. Para o Brasil conseguir atrair investimentos em um cenário internacional desafiador, a confiança dos investidores será fundamental.

Dólar vem perdendo força, fechando em queda e acumulando perdas

No exterior, o dólar vem enfraquecendo, o que ocorreu nesta sexta-feira (12), com o real, onde o dólar à vista fechou em baixa perante a moeda do Brasil. Os investidores acreditam que o Banco Central dos EUA, o Federal Reserve, iniciará um corte de juros daqui a dois meses, em setembro.

Segundo o PPI do País, os dados do índice de preços ao produtos, a teoria de inflação mais fraca dos EUA, é contínua. Comparando mensalmente, o PPI subiu 0,2% em junho e, com base anual, houve um avanço de 2,6%. Apesar de não terem vindo linearmente, os números não extinguiram o otimismo que foi gerado pelo CPI mais fraco na véspera.

O dólar comercial teve uma queda de 0,20% em seu fechamento, sendo R$ 5,430 na compra, e R$ 5,431 para venda. Já o dólar turismo fechou em R$ 5,457 para compra, e R$ 5,637 para venda. O DOLc1, contrato de dólar futuro para agosto, teve uma queda de 5.444 pontos, referente a 0,12%.


Moeda estadunidense terá corte de juros em setembro (Foto: reprodução/Freepik/@jcomp)

O dólar no Brasil

Mesmo após ter aberto uma sessão no Brasil em baixa, conforme ocorreu em outros lugares do globo, ainda pela manhã o dólar ficou em alta, mediante novos dizeres a respeito do cenário fiscal, do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Às 09h20 o dólar registrou uma cotação de R$ 5,4160 (-0,48%) e, às 10h52, a cotação foi para R$ 5,4669 (+0,46%).

Ainda assim, à tarde, o dólar abaixou novamente. O que, segundo analistas, se deu pela compreensão de que haverá corte de juros em setembro por perto do Fed, o que faz com que as cotações da moeda abaixem.

Durante evento em São Paulo, o ministro sustentou que a expansão fiscal não é algo positivo para o País neste momento, além de ter afirmado que haverá cortes de gastos primários no governo Lula, se necessário, para ajuste de contas públicas. Ainda segundo Haddad, houve uma tentativa de sua parte para que o presidente baixasse a tensão com o Banco Central, mas em seguida atestou que Lula não está incorreto em suas insatisfações com atitudes da autarquia.

Apesar dos comentários sobre cortes para cumprimento da meta fiscal, dois funcionários da Reuters relataram que o ministro da Fazenda ainda não relatou quaisquer medidas precisas, o que é um incômodo para os investidores, em especial nas últimas semanas.

O índice DXY

A medição do da performance do dólar ocorre através do DXY, o índice do dólar, frente a uma cesta de seis divisas, onde ocorreu uma queda de 104,07 pontos em Nova Iorque, significando uma queda de 0,36%. Contudo, a moeda já apresentava baixas quando comparado aos pesos da China, do México e da Colômbia.

O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos informou pela manhã que, após um período de inalteração em maio, o PPI subiu em 0,2% em junho, para a demanda final. O conselho previa uma alta de 0,1% e, nos últimos 12 meses até junho, houve um aumento de 2,6%, após o avanço de 2,4% em maio.

Mesmo com os dados passando por altíssimo, o mercado confia que o banco central do País possui informações o suficiente para que o primeiro corte de juros em setembro seja justificado.

Taxação de importados caminha em linha de sanção

O atual governo está caminhando em linha reta para a aprovação da taxação de compras internacionais, o famigerado “taxa das blusinhas”.

Taxação

A comentada taxação de produtos internacionais já movimenta as redes desde o primórdio, quando foi citada em 2023 e mantida pelo governo Lula, agora, em reta final de aprovação. A taxa, que pretende cobrar a fração de 20% sobre o valor do produto a partir de julho, valendo apenas para produtos internacionais acima de US$ 50 (cerca de R$ 250) se torna cada dia mais real.

Espera-se que o projeto anexado de forma não relativa ao texto principal, ou seja, ao projeto de lei do programa nacional Mobilidade Verde e Inovação, não possua relação original com a “taxa das blusinhas”, mas ainda assim ele foi inserido em conjunto no mesmo texto e pode ser que seja sancionado pelo presidente Lula na próxima terça-feira (02).

O Ministério da Fazenda pretende fazer com que a taxa comece a ser aplicada de imediato após a sanção e que, segundo o doutor pela faculdade de Direito da USP, Fernando Zilveti, isso se dá pelo fato de ser um imposto regulatório, que se mantém sob plenos poderes da União regulamentados pela lei.

Manifestação pública

O presidente Lula, no entanto, se mostrou publicamente contra a taxação, mesmo que a regulação leve em peso o nome do seu governo, o chefe da república questionou o fato das classes mais baixas precisarem, novamente, sofrer com os impactos do imposto.

“Por que taxar US$ 50? Por que taxar o pobre e não taxar o cara que vai no ‘free shop’ e gasta US$ 1.000?”


Luiz Inácio Lula da SIlva, presidente do Brasil (reprodução/Getty Images embed/Buda Mendes)


Mesmo com a pública declaração de desafeto pela legislação, é improvável a chance de veto, uma vez que a sanção foi assumida pelo Planalto.

Programa Mover

Era previsto cerca 19,3 bilhões de reais em créditos financeiros pelo Programa Mover, que seriam arrecadados entre 2024 e 2028. Os valores seriam empregados pelas empresas do setor automotivo para abater impostos federais, em contrapartida, a investimentos de pesquisa e desenvolvimento, assim como projetos de produção.

Também era previsto um investimento de R$ 3,5 bilhões em créditos financeiros ainda neste ano para investimento de carbono livre. Além disso, também seria criado o Fundo Nacional para Desenvolvimento Individual e Tecnológico (FNDIT), com destinação de recursos.

O projeto, no entanto, tem validade já definida até 31 de maio e ficará suspenso até que haja a sanção da lei pelo governo.

Freio nos importados

A ideia da “taxa das blusinhas” tinha como força maior diminuir o nível de compras internacionais, que afetam diretamente o comércio local, uma vez que, subentende-se, que a compra de fora é uma retirada do que poderia ser nacional. Com a taxa de 20% espera-se que o impacto nacional possa regredir e que as compras internacionais se tornem menores.

Inicialmente, o impacto internacional seria ainda maior, já que a ideia era uma taxa de 60%, entretanto, por meio de negociações com o governo, ficou acordado em 20%.

Compras entre US$ 50 e 3 mil dólares se mantém como estavam: submetidas a 60% de taxas e US$ 20 de desconto.

Dona da Bolsa de NY multada em US$ 10 milhões por falha em reportar invasão

A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) anunciou nesta quarta-feira (22) uma multa de US$ 10 milhões para a Intercontinental Exchange (ICE), operadora de bolsas, por falha em relatar uma invasão de sistema.

Alegações da SEC

SEC alega que a ICE teria feito suas nove empresas subordinadas, incluindo a principal bolsa de Nova York (NYSE), não informarem apropriadamente uma invasão cibernética que ocorreu em abril de 2021.

É provável que a ICE tenha sido avisada sobre a intrusão por terceiros, e mesmo com o risco potencial de um ataque cibernético à VPN (Rede Privada Virtual), ainda assim não notificou a regulação .Essa versão dos fatos foi divulgada por meio de investigações da SEC.

Versão da ICE

A empresa reconheceu que um dos agentes acessou remotamente sua rede corporativa através do VPN da multinacional.

No entanto, o colaborador postergou a informação por dias, e informou tardiamente, fazendo com que as empresas subsidiárias (ou na linguagem popular, os “braços” da ICE) não ficassem em conformidade com todas as regras e regulamentos estabelecidos pela empresa matriz, e que não avaliassem corretamente a invasão, deixando de notificar imediatamente ao órgão regulador, a SEC.


ICE aceitou a multa em comum acordo com a SEC (Foto: reprodução/Getty Images Embed)


A empresa matriz e as subsidiárias concordaram em pagar a multa sem maiores questionamentos, assumindo a problemática do ocorrido.

Entre os “braços” da ICE, estão grandes empresas como Archipelago Trading Services, New York Stock Exchange, NYSE American, NYSE Arca, ICE Clear Credit ICE Clear Europe, NYSE Chicago, NYSE National, e a Securities Industry Automation Corporation.

A omissão poderia resultar em riscos de segurança para os dados e informações sensíveis das empresas e dos investidores. Em caso de uma invasão real, poderia permitir que os invasores continuassem a acessar e comprometer os sistemas da empresa, potencialmente causando danos adicionais e aumentando os custos de recuperação.

Além disso, a falta de transparência pode prejudicar a capacidade da SEC de proteger os interesses dos investidores e manter a estabilidade e confiança do mercado.