Papa Leão denuncia “descarrilamento ético” diante da fome global

Durante discurso nesta quinta-feira (16) na sede da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), em Roma, o papa Leão XIV fez um apelo enfático aos líderes mundiais para que acabem combatam a fome global, chamando a situação de “um descarrilamento ético”.

O pontífice católico apontou que permitir que milhões de pessoas passem fome todos os dias é um “sinal claro de uma insensibilidade predominante”, acusando o sistema de ser injusto na distribuição de recursos, além de citar a economia mundial, a chamando de “sem alma”. Durante o encontro, ele ressaltou que 673 milhões de pessoas não comem o suficiente todos os dias, um dado que a própria ONU divulgou.

Responsabilidade global

Em seu discurso no fórum para 125 delegações, o papa Leão XIV reforçou que apesar de vivermos em um momento em que a expectativa de vida é mais alta, graças à ciência, ainda milhões de pessoas passam fome – e morrem devido isso – ao redor do mundo. Ele chamou a situação de “fracasso coletivo”, chamando a atenção global do mundo acerca do problema.

Ainda, sem mencionar países ou conflitos específicos, o líder católico mencionou o uso da fome como arma de guerra. De acordo com ele, os conflitos atuais trouxeram de volta esse mecanismo, mas o direito humanitário proíbe ataques a civis e a bens essenciais para a sobrevivência de pessoas. O papa completou, dizendo que o mundo parece ter se esquecido disso, já que “testemunhamos o uso contínuo dessa estratégia cruel”, e que isso deve levar o destino da humanidade à ruína.


Papa Leão XIV em discurso (Vídeo: reprodução/X/@vaticannews_pt)

Combate à pobreza

Grande parte da trajetória pastoral do papa Leão XIV foi atuando como missionário no Peru, onde ele combateu a pobreza como principal foco de seu trabalho. Primeiro papa dos EUA, desde o começo de sua liderança do Vaticano, ele trata o cuidado com os necessitados como um dos temas centrais de suas declarações, chamando a atenção para os conflitos atuais ao redor do mundo e pedindo por paz.

Em seu discurso, o pontífice criticou indiretamente a atual economia, a denominando “sem alma”, e sugeriu que o problema da fome e da pobreza não se encontra apenas como resultados externos, mas também como produto da desigualdade entre as pessoas. Segundo dados divulgados pela ONU este ano, 8,2% da população mundial sofreu com a fome em 2024, um número menor do que 2023 (8,5%), mas ainda alarmante. Apesar de uma melhora entre os anos, os conflitos e outros fatores, como na África e no Oriente Médio, podem invalidar esse avanço.

Lula afirma que desnutrição tem sido usada como arma de guerra na Palestina

Na última segunda-feira, dia 13 de outubro, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso na reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, do Fórum Mundial da Alimentação, que acontece em Roma, capital da Itália. Durante o discurso, o líder do Planalto afirmou que a desnutrição tem sido usada como arma de guerra durante os conflitos na Palestina. Lula também falou da inclusão dos mais pobres na economia. 

O discurso de Lula

Durante sua fala no Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, o presidente Lula comentou a respeito dos projetos-piloto desenvolvidos pela organização, e como eles são importantes. Além disso, o brasileiro ainda falou da Palestina, e como os conflitos têm impactado na vida e na nutrição dos palestinos. Na Palestina, onde a desnutrição tem sido cruelmente usada como arma de guerra, vamos apoiar programas de atenção especial voltados às mulheres e crianças”, disse Lula.


Lula discursa a respeito da fome (Vídeo:reprodução/YouTube/@CNN Brasil)

O presidente do Brasil ainda falou de Gaza em seu discurso de abertura do Fórum Mundial da Alimentação: “da tragédia em Gaza à paralisia da Organização Mundial do Comércio, a fome tornou-se sintoma do abandono das regras e instituições multilaterais”.

Inclusão dos mais pobres

Durante os dois discursos, feitos durante os eventos em Roma, Lula chamou atenção para a inclusão alimentar das pessoas menos favorecidas. O presidente do Brasil também citou a reforma do Imposto de Renda. 

É preciso que cada governante assuma responsabilidade. Na hora de fazer o orçamento de seu país, de discutir quanto vai para as forças armadas, para a diplomacia, para isenção a empresários, que benefício vai fazer, é importante lembrar que os pobres não são invisíveis e é preciso enxergá-los, porque eles um dia nos enxergarão, e a gente vai pagar o preço da irresponsabilidade de não cuidar dos pobres em igualdade de condições de como se cuida do rico”, disse Lula em seu discurso.

Segundo o mandatário brasileiro, os pobres devem ser incluídos nos orçamentos dos países. A declaração é reflexo da saída do Brasil do Mapa da Fome, que só foi possível por causa de programas de distribuição de renda e outras medidas governamentais. A agenda do presidente no solo italiano ainda incluiu uma visita ao Papa XIV. 

IPC confirma fome em Gaza: meio milhão de pessoas em catástrofe alimentar

O Sistema Internacional de Classificação de Insegurança Alimentar, Integrated Food Security Phase Classification (IPC), uma iniciativa envolvendo agências da ONU e ONGs internacionais para analisar situações relacionadas a nutrição e segurança alimentar de populações, confirmou nesta sexta-feira (22) que a região de Gaza está sofrendo com fome extrema — a escala mais grave da avaliação, sinalizando um colapso humanitário que afeta meio milhão de pessoas e exige ação urgente da comunidade global.

O que é o IPC e qual sua importância

O IPC é uma iniciativa apoiada pela ONU e por 19 organizações humanitárias, com o objetivo de mensurar crises alimentares no mundo usando uma escala padronizada de cinco fases — da segurança alimentar (fase 1) até fome ou catástrofe (fase 5). A classificação de fome (fase 5) exige que ao menos 20% dos domicílios enfrentem escassez extrema de alimentos, 30% das crianças sofram de desnutrição aguda e a taxa de mortalidade diária ultrapasse 2 por 10 mil habitantes. O IPC não declara fome oficialmente, mas oferece análise técnica que embasa decisões de órgãos como ONU, governos e ONGs.

Por que Gaza foi classificada como em situação crítica

Segundo o relatório, mais de 500 mil pessoas em Gaza já vivem sob condições de “catástrofe” e fome, especialmente na cidade de Gaza, com projeções de expansão para Deir al-Balah e Khan Younis até o fim de setembro. A situação é impulsionada por quase dois anos de conflito intenso, bloqueios que interrompem a entrada de alimentos, destruição de 98% das áreas agrícolas e deslocamentos em massa. Em julho, mais de 12 mil crianças foram diagnosticadas com desnutrição aguda — o pior número já registrado — e espera-se que mais de 640 mil pessoas enfrentem fome até setembro.


Criança sofre de desnutrição e recebe atendimento em hospital palestino (Foto: reprodução/Hassan Jedi/Getty Images Embed)


A gravidade da crise e o que isso significa

Líderes mundiais como António Guterres declararam que a fome em Gaza é “uma catástrofe man-made” e uma “falha da humanidade”. O alerta técnico do IPC funcionou como marco para intensificar pressões por cessar-fogo imediato, acesso humanitário irrestrito e escalada de ajuda emergencial. No entanto, autoridades israelenses contestam o relatório, questionando metodologia e dados levantados.

Crise humanitária

A confirmação da fome em Gaza pelo IPC representa um apelo urgente — não apenas técnico, mas moral. Fome é evitável, mas exige vontade política, acesso seguro a ajuda e resposta humanitária à altura da tragédia vivida pela população. Cada dia importa.

Trump critica Netanyahu após imagens de crianças famintas em Gaza

Imagens divulgadas nesta terça-feira (29) mostrando pessoas em Gaza em situação de fome e desnutrição impactaram o presidente dos Estados Unidos Donald Trump e a primeira-dama Melania. As declarações foram dadas a jornalistas a bordo do Air Force One, durante o voo da Escócia para Washington, D.C.

Trump afirmou que Melania acompanha com atenção as cenas vindas do território palestino e considera “terrível” a realidade vivida por crianças vítimas da guerra e da escassez. Para o republicano, qualquer pessoa, “a menos que seja muito insensível ou maluca”, só pode se sensibilizar ao ver crianças sofrendo. Ele destacou que, independentemente do debate político sobre a fome, “são crianças morrendo de fome”.

Primeira-dama se comove com a situação

Segundo Trump, a primeira-dama tem se mostrado especialmente abalada ao ver crianças debilitadas e marcadas pela desnutrição. “Ela vê as mesmas imagens que todos nós. É muito difícil assistir a isso”, relatou. Para ele, o sofrimento infantil em Gaza não é apenas um tema que gera comoção, mas uma situação que exige resposta rápida. Trump insistiu que a fome deve ser tratada como uma crise humanitária urgente, acima das disputas políticas.


Primeira-dama dos Estados Unidos se comove com imagens de pessoas famintas em Gaza (Vídeo: reprodução/Instagram/@globonews)


Críticas a Netanyahu e promessa de ajuda

Durante a conversa com os jornalistas, Trump também respondeu às declarações recentes do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que afirmou não haver fome no território palestino. “O que estamos vendo é outra realidade. As imagens mostram crianças visivelmente enfraquecidas e vivendo em condições graves de escassez”, rebateu.

O republicano lembrou ainda que anunciou planos para criar centros de alimentação em Gaza como forma de amenizar a situação. Para ele, negar o problema não ajuda a resolvê-lo. “É algo que não pode ser ignorado”, disse. O presidente defendeu que os Estados Unidos e outros países devem adotar medidas concretas para conter a crise e socorrer a população civil que sofre com a guerra e a falta de alimentos.

Papa alerta para fome em Gaza após trégua de Israel

O Papa Leão XIV alertou neste domingo (27) para a grave crise humanitária em Gaza, onde a população enfrenta fome extrema devido à guerra e à falta de ajuda. Durante a oração do Angelus, o pontífice pediu um cessar-fogo imediato, a libertação dos reféns e o respeito às leis que protegem civis em conflitos armados.

Israel anuncia pausa militar e mais ajuda a Gaza

Israel anunciou neste domingo que vai interromper as operações militares por 10 horas diárias em partes de Gaza para facilitar a entrada de ajuda humanitária. A decisão ocorre em meio a uma crise severa. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, 127 pessoas já morreram de desnutrição desde o começo da guerra, incluindo 85 crianças. Nas últimas semanas, dezenas de moradores perderam a vida por falta de comida.

Apesar da situação, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse em um evento em Jerusalém que não há uma política de fome em Gaza.

Na semana passada, grupos de ajuda humanitária alertaram que os 2,2 milhões de moradores de Gaza enfrentam fome generalizada. O cenário aumenta a preocupação internacional com a grave crise humanitária na região.


Papa Leão XIV comenta sobre a fome em Gaza e pede um cessar-fogo (Foto: reprodução/X/@Pontifex_pt)

Netanyahu nega fome enquanto crise se agrava

A ONU afirmou na semana passada que pausas nas ações militares poderiam ajudar a ampliar o envio de ajuda humanitária. Segundo a organização, Israel não tem oferecido rotas alternativas suficientes para os comboios, o que dificulta o acesso às áreas mais afetadas.

Israel, que reduziu drasticamente o envio de ajuda para Gaza em março e reabriu com novas restrições em maio, diz estar comprometido em permitir a entrada de suprimentos, mas Israel insiste que precisa controlar a ajuda para evitar que os suprimentos sejam desviados pelo Hamas. O governo afirma que já enviou comida suficiente durante o conflito e culpa o grupo palestino pelo sofrimento da população. Na última sexta-feira (24), Israel e os Estados Unidos deixaram as negociações de cessar-fogo com o Hamas, alegando que o grupo demonstrou não estar disposto a fechar um acordo.

Israel autoriza envio de ajuda humanitária a Gaza em meio a agravamento da fome

As autoridades israelenses anunciaram nesta sexta-feira (25) a autorização para novos lançamentos aéreos de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. A operação está sendo coordenada pelas Forças Armadas de Israel e pelo COGAT (Coordenador de Atividades Governamentais nos Territórios), agência responsável pelo controle de entrada de assistência no território palestino. Segundo os israelenses, a liberação da ajuda deve ocorrer nos “próximos dias”, com apoio logístico da Jordânia e dos Emirados Árabes Unidos.

Fome e bloqueio: civis e funcionários da ONU relatam desespero

Apesar da promessa de novos lançamentos, a crise humanitária em Gaza já atinge níveis alarmantes. Desde o agravamento do conflito entre Israel e o grupo Hamas, a população civil da Faixa de Gaza enfrenta severas restrições ao acesso a alimentos, água e medicamentos. O cerco imposto por Israel dificulta significativamente a chegada e distribuição de suprimentos essenciais.

Entidades internacionais e agências de direitos humanos acusam o governo de Benjamin Netanyahu de bloquear sistematicamente a entrada de ajuda humanitária no território. Relatos indicam ainda que funcionários da ONU também têm enfrentado escassez de alimentos e condições precárias para exercer suas funções.


Moradores de Gaza se reúnem em torno de entidade beneficente na tentativa de conseguir alimentos, após dias de fome sob o bloqueio de Israel (Foto: reprodução/Khames Alrefi/Getty Images embed)


OMS responsabiliza bloqueio israelense por fome em Gaza

Na última quarta-feira (23), o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que centros de distribuição de comida em Gaza se transformaram em alvos de violência, o que agrava ainda mais a crise. Ele responsabilizou o bloqueio imposto por Israel como o principal fator da fome generalizada no território.

A nova autorização de ajuda representa um passo diante da pressão internacional, mas continua longe de resolver a situação. Enquanto o envio de suprimentos não se concretiza, milhares de civis palestinos permanecem em estado de emergência, com fome e sem perspectivas de alívio imediato. A liberação anunciada é um gesto simbólico, mas a resolução duradoura da crise dependerá do fim dos bloqueios e de uma resposta humanitária contínua e efetiva. Sem garantias de acesso seguro e regular à ajuda, o sofrimento da população de Gaza tende a se prolongar, deixando cicatrizes profundas e duradouras no território.

Conflito em Gaza deixa população sem alimento, afirma jornalista

Jornalistas da rede de televisão britânica — BBC, Reuters, Agence France-Presse e Associated Press — alertaram que seus correspondentes em Gaza estão sob risco iminente de morrer de fome, diante das severas restrições à entrada de alimentos no território. Em um comunicado conjunto, as organizações expressaram profunda preocupação com a sobrevivência de seus profissionais e de suas famílias, que estão sendo diretamente impactados pela crise humanitária provocada pela guerra.

Crise humanitária em Gaza

Desde o início da ofensiva militar israelense em outubro de 2023, em resposta a um ataque do Hamas, a Faixa de Gaza tem sido alvo de intensos bombardeios e operações terrestres. De acordo com o Ministério da Saúde local, mais de 58 mil palestinos foram mortos e outros 138 mil ficaram feridos até meados de julho de 2025. Israel afirma que cerca de 20 mil das vítimas eram combatentes do Hamas. A ONU estima que mais da metade dos mortos são mulheres e crianças.

Além das mortes e dos ferimentos, a fome tornou-se uma ameaça concreta. O Programa Mundial de Alimentos informou que mais de 700 mil pessoas foram deslocadas desde março, quando as Forças Armadas de Israel intensificaram a ofensiva e emitiram 54 ordens de evacuação, afetando mais de 80% do território. A distribuição de alimentos também virou alvo de ataques: 798 pessoas morreram tentando obter ajuda alimentar entre maio e julho, segundo a ONU, sendo a maioria em locais de distribuição ou rotas de comboios humanitários.

As agências pedem que Israel permita o acesso de jornalistas e garanta suprimentos alimentares para a população local. Com Gaza devastada, 86% da região está sob ordens de deslocamento ou militarizada, o que obriga milhares a viver em abrigos improvisados e prédios destruídos. A população, que era de mais de 2,2 milhões em 2023, caiu para pouco mais de 2,1 milhões, segundo dados palestinos.


Crianças palestinas carregam tigelas vazias durante uma marcha exigindo o fim da guerra e o fim da fome (Foto: reprodução/Ahmad Hasaballah/Getty Images Embed)


Civis mortos, Israel e Gaza

Do lado israelense, 1.650 pessoas morreram desde outubro de 2023, incluindo 1.200 no primeiro dia do ataque do Hamas. Quase 450 soldados foram mortos em combate desde o início da operação terrestre, com dezenas de militares feridos e cerca de 50 reféns ainda mantidos em Gaza, segundo autoridades israelenses.

A situação, cada vez mais crítica, evidencia o colapso das condições básicas de vida na Faixa de Gaza — inclusive para os profissionais encarregados de relatar a tragédia ao mundo.

Gaza: Funcionários da ONU desmaiam de fome, alerta o chefe da agência para refugiados palestinos

Segundo denúncia feita nesta terça-feira (22) por Philippe Lazzarini, Comissário-geral da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), funcionários da ONU, incluindo médicos e trabalhadores humanitários, estão desmaiando de fome e exaustão enquanto atuam na Faixa de Gaza. A situação extrema reflete o colapso humanitário no enclave e profissionais encarregados de prestar socorro enfrentam escassez severa de alimentos em condições de trabalho precárias.

Sinal de alerta

Em uma sequência de publicações em suas redes sociais, Philippe Lazzarini chama a atenção para o que ocorre na região. O comissário-geral informa que profissionais do serviço de ajuda humanitária em Gaza se alimentam uma vez ao dia, apenas com “lentilhas” e que esta situação coloca em risco o “sistema humanitário” em sua totalidade. A falta de suprimentos básicos tem feito os profissionais desmaiarem enquanto trabalham. 


Publicação do comissário-geral da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, sobre a situação em Gaza (Foto: reprodução/X/@UNLazzarini)

Outro alerta feito por Lazzarini refere-se à população civil Palestina em geral. Segundo o comissário, essas pessoas “estão como cadáveres ambulantes” e “uma em cada cinco crianças” sofrem de desnutrição severa. O funcionário da UNRWA afirma que a situação piora com o passar dos dias, devido ao esgotamento de suprimentos básicos para atender à população Palestina.

Conforme informou, as crianças em situação de vulnerabilidade necessitam, urgentemente, de ajuda, por estarem “fracas e magras”. Caso contrário, correm risco de morte por desnutrição. Lazzarini segue relatando o cenário, informando que a existência da população Palestina no enclave está “ameaçada”


População Palestina em Gaza à espera de alimentos (Fotos: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)


Por fim, o chefe da UNRWA pede que a ajuda humanitária realizada pela agência entre no enclave. Segundo Lazzarini, há o “equivalente a 6.000 caminhões carregados de alimentos e suprimentos médicos na Jordânia e no Egito”, esperando autorização do exército israelense para acesso à região e à população Palestina.

Ataque à sede da OMS

O cenário descrito por funcionários de agências de ajuda humanitária, jornalistas de guerra e civis palestinos, voltam os holofotes em direção à Faixa de Gaza. O alto comissariado da ONU informou que suprimentos básicos, com o passar dos dias, tornam-se escassos, colocando em risco a vida da população. 

Em coletiva de imprensa, o porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tarik Jasarevic, também alertou sobre a situação. Segundo Jasarevic, o exército israelense atacou a sede da organização, na última investida por terra, na cidade de Deir al-Balah, região central da Faixa de Gaza. O fato ocorreu na última segunda-feira (21), em nova escalada do conflito entre Israel e o grupo Hamas, em curso desde de outubro de 2023.


Relato de ataques à sede da OMS em Gaza (Vídeo: reprodução/Instagram/@who)


Conforme dados apresentados pela ONU, há um deslocamento interno da população Palestina. Estima-se que cerca de 1,9 milhão de pessoas vivam em abrigos improvisados, deslocando-se permanentemente a cada investida do exército de Israel. Segundo declarações, famílias são dizimadas a cada dia, à espera de comida, medicamentos e ajuda necessária para a sobrevivência em uma região devastada pela guerra, sem indícios para um cessar-fogo imediato. 

Israel autoriza entrada de 100 caminhões de ajuda em Gaza em meio a ofensiva militar

A Organização das Nações Unidas anunciou nesta terça-feira (20), que Israel liberou a passagem de cerca de 100 caminhões com suprimentos para a Faixa de Gaza. O aval, confirmado pelo porta-voz humanitário Jens Laerke em Genebra, foi dado após forte pressão internacional. “Solicitamos e recebemos aprovação para mais caminhões […] São cerca de 100, bem mais do que os autorizados ontem”, declarou. É a maior remessa desde que o bloqueio se intensificou, mas permanece longe dos 500 veículos diários considerados indispensáveis pela ONU para atender 2,3 milhões de habitantes.

Ajuda ainda é ‘gota no oceano’, diz ONU

Os veículos transportam alimentos e fórmulas infantis, itens descritos como “vitais” para bebês que correm risco de morte por desnutrição. Tom Fletcher, diretor de ajuda humanitária da ONU, afirmou à “BBC” que a quantidade liberada é “uma gota em um oceano”. Ele teme que até 14 mil recém-nascidos possam falecer nas próximas 48 horas se a assistência não ganhar escala. Na segunda-feira, apenas cinco caminhões cruzaram a fronteira, rompendo um bloqueio que já durava 11 semanas, segundo a agência.

Akihiro Seita, diretor de Saúde da UNRWA, alertou que os indicadores de subnutrição infantil estão “subindo de forma preocupante” e podem se agravar rapidamente se o fluxo de mantimentos não for regularizado. “Se a escassez continuar, o aumento será exponencial, podendo sair do controle”, advertiu. Especialistas destacam que a combinação de bombardeios diários e falta de infraestrutura dificulta a distribuição interna, mesmo quando os carregamentos conseguem entrar em Gaza.

A liberação ocorre à sombra de críticas públicas dos líderes da França, Canadá e Reino Unido, que prometeram “medidas concretas” se Israel não suspender a ofensiva e destravar a ajuda. Em nota conjunta, Emmanuel Macron, Mark Carney e Keir Starmer condenaram “ações escandalosas” e advertiram que o deslocamento forçado de civis viola o direito internacional. “Sempre defendemos o direito de Israel à autodefesa, mas a escalada é totalmente desproporcional”, declararam, sem detalhar quais sanções poderiam ser adotadas.


Bombardeios em Gaza (Foto: reprodução/ Jack Guez/AFP/Getty Images Embed)


Guerra segue com novos bombardeios

Enquanto os caminhões cruzavam a passagem, a ofensiva terrestre e os ataques aéreos continuaram. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, contou ao menos 60 mortos apenas nesta terça. Desde o início do conflito, mais de 53.400 palestinos perderam a vida, número considerado plausível pela ONU. Israel, por sua vez, busca eliminar o Hamas após o atentado de 7 de outubro de 2023, que matou 1.218 pessoas e resultou no sequestro de 251 civis, 57 dos quais permanecem cativos.

Paris, Ottawa e Londres também defenderam uma conferência em Nova York, marcada para 18 de junho, voltada a um arranjo de dois Estados. “Estamos dispostos a reconhecer um Estado palestino como contribuição para essa solução”, afirmaram. O comunicado pressiona Israel a aceitar um plano árabe para a administração de Gaza no pós-guerra, em cooperação com a Autoridade Palestina e Washington. Enquanto isso, a ONU tenta ampliar o corredor humanitário e evitar um colapso total dos serviços de saúde.

Após a entrada, a ajuda será recolhida e redistribuída pelo mecanismo já utilizado pela ONU, explicou Laerke. Contudo, estradas destruídas, falta de combustível e ataques constantes dificultam a logística. Organizações médicas alertam que hospitais funcionam com geradores improvisados e estoques críticos de medicamentos. Sem cessar-fogo sustentável, o fluxo de 100 caminhões, embora significativo, pode se tornar insuficiente em poucos dias, mantendo a população de Gaza à beira de uma crise humanitária sem precedentes.

Após seis semanas de bloqueio palestinos em gaza enfrentam falta de comida

Após Israel cortar completamente, o fornecimento de 2,3 milhões de moradores que residem na faixa de Gaza, os alimentos já estão se esgotando, e a preocupação começa a pairar na região. As distribuições que eram feitas de maneira emergencial, estão chegando ao seu fim, tendo em vista ainda que as padarias e os mercados estão sem nada para poder fornecer aos moradores do local. O país liderado por Benjamin Netanyahu bloqueou os envios de alimentos, entre outras coisas, há cerca de seis semanas.

Situação

Algumas famílias estão tentando se virar da sua forma, Rehab Akhras e sua família, usaram papelão para acender fogueira e poder ferver o feijão, ela demonstra uma certa preocupação com o que pode ocorrer aos seus familiares, se caso ficarem sem alimentação nos próximos dias, segundo a mesma são 13 pessoas que precisam de alimentos, para não passarem fome, informou ainda que apesar de ter sobrevivido a guerras e atentados, não conseguiria sobreviver caso haja falta de comida para eles.


Palestinos andando pelas ruas de Gaza no dia 8 de abril (foto:reprodução /Madji/fathi/Getty Images Embed)


Fornecimento

Grande parte do fornecimento de comida, era feito pelo mundial de alimentos (PMA), eles forneciam cerca de 25 padarias localizadas na faixa de Gaza. No momento os estabelecimentos comerciais em que recebiam essa ajuda com suprimentos, se encontram fechadas, e, além disso, terá que ser encerrado a distribuição de cestas básicas, que eram feitas em porções reduzidas. Conforme Juliette Touma da UNRWA, agência pertencente a ONU que está designada a ajudar a Palestina, informou.


Acusação

Homens do Hamas estão sendo acusados pelo exército israelense de explorarem da ajuda humanitária. Segundo as Forças de defesa de Israel(FDI), eles não irão fornecer ajuda para os que eles chamam de terroristas, informou os militares de Israel. O Ministério das relações exteriores falou que 25 mil caminhões haviam entrado em Gaza nos últimos 42 dias enquanto ocorria o cessar-fogo entre os países, antes de acontecer o fechamento da fronteira nos primeiros dias de março.

Ainda não se sabe quando Israel voltara a fornecer alimentação para a Palestina.