Lula rebate críticas de Trump e reforça defesa da soberania brasileira

O presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta quinta-feira (21) que Donald Trump não deve “dar palpite” no Brasil. A declaração ocorreu durante um evento do Ministério da Saúde em Sorocaba, no interior de São Paulo.

Lula destacou que governar significa cuidar da população e rejeitou interferências externas. O Brasil tem sido alvo de Trump em diversas declarações, principalmente envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Durante o evento, Lula ainda disse: “aqui cuidamos nós”, ao criticar a postura do presidente norte-americano.

Tarifas e acusações comerciais

Atualmente, alguns produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos enfrentam tarifa de 50%. À primeira vista, o governo Trump justificou a medida alegando políticas “incomuns” do Brasil que afetariam empresas americanas e direitos civis.

Em contrapartida, Lula respondeu de forma enfática afirmando que o Brasil é parceiro confiável e não aceita imposições externas. “Não andaremos de joelhos para os americanos”, afirmou.


EUA aceitam dialogar com o Brasil (Vídeo: reprodução/YouTube/Uol)

Reações do governo brasileiro

Por outro lado, o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou mudanças nas classificações tarifárias para produtos com aço e alumínio, tornando-os mais competitivos. Além disso, o governo enviou resposta oficial ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos, conhecido pela sigla USTR. No documento, o Brasil defendeu que não adota medidas discriminatórias e pediu diálogo aberto entre os países.

Consequentemente, as tensões aumentaram após sanções dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky. Em reação, o ministro Flávio Dino reforçou que nenhuma decisão estrangeira tem validade automática no Brasil. O Supremo Tribunal Federal também destacou que medidas internacionais só produzem efeitos quando homologadas pela Justiça brasileira.

Medidas econômicas e posição no Brics

Para compensar o impacto do tarifaço, o presidente brasileiro anunciou R$ 30 bilhões em crédito para exportadores. A medida será implementada por Medida Provisória. Além disso, também defendeu que os países do Brics ampliem negociações sem depender do dólar.


— Lula da Silva no Palácio do Planalto (Foto: reprodução/Ton Molina/NurPhoto/Getty Images Embed)


Por fim, Lula afirmou que parceiros como Brasil e China poderiam utilizar moedas próprias, reduzindo a influência da moeda americana. Contudo, ressaltou que não é contra o dólar, mas quer alternativas justas para os países em desenvolvimento.

México supera EUA e vira segundo maior comprador da carne bovina brasileira

As exportações de carne bovina do Brasil bateram recorde em junho e mudaram a posição dos principais compradores do produto. Ao passo que houve um avanço de 420% nas importações mexicanas desde janeiro, o México ultrapassou os Estados Unidos e tornou-se o segundo maior destino da carne brasileira.

Diante disso, foram 16,1 mil toneladas enviadas no semestre, do contrário aos 3,1 mil no mesmo período do ano passado. Atualmente, o cenário transita em meio à forte redução das vendas para os norte-americanos. Desde abril, quando o presidente Donald Trump anunciou tarifas de 10% sobre importações, as compras caíram gradualmente. Em junho, após o aumento da tarifa para 50%, o volume exportado aos EUA despencou 67% em relação a abril.

Aumento expressivo no mercado mexicano

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), afirmou que o Brasil exportou 241 mil toneladas de carne bovina em junho, movimentando US$ 1,3 bilhão. Ocasionalmente, o crescimento para o México surtiu um valor de US$ 15,5 milhões para US$ 89,3 milhões no semestre. Por outro lado, a China segue como a principal parceira, com 134,4 mil toneladas importadas no mesmo mês.


Brasil fez exportação bilionário ao México em 2024 (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Enquanto o México amplia as compras, os produtores brasileiros enfrentam desafios com o mercado norte-americano. Diante do tarifaço imposto por Trump, houve a interrupção de cerca de 30 mil toneladas do produto que seguiriam aos EUA, conforme análise da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

Efeitos internos e perspectiva do setor

O crescimento da demanda externa tem pressionado os preços no mercado interno. Desde setembro de 2024, o valor da carne bovina nos supermercados brasileiros registra uma alta constante. Com isso, a menor oferta global impulsiona as exportações brasileiras e reforça a liderança do país na produção mundial.

O cenário faz com que empresas como JBS e Marfrig busquem negociar a redução das tarifas norte-americanas. Enquanto isso, produtores veem no México e na China boas alternativas para compensar as perdas no comércio com os Estados Unidos e cessar a guerra comercial.

Trump impõe tarifas a compras internacionais e encerra isenção “de minimis”

O governo dos EUA anunciou o fim da isenção tarifária de pacotes conhecidos como “de minimis”, que permitia a entrada de remessas internacionais de até U$ 800 sem cobrança de sobretaxa. A medida, oficializada por uma ordem executiva do presidente Donald Trump, nesta quarta-feira (30), entrará em vigor a partir de 29 de agosto.

Aplicação tarifária

O termo “de minimis” é utilizado no comércio internacional para se referir ao valor mínimo abaixo do qual uma importação fica isenta de impostos e tarifas. Nos EUA, até então, esse limite era de U$ 800 e beneficiava pacotes enviados por transportadoras privadas, como, por exemplo, FedEx e DHL. 


Funcionários da empresa de transporte privado, FedEx, no aeroporto em Qingdao, China (Foto: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)


A isenção foi criada para agilizar o comércio de pequenos volumes e passou a ser utilizada por plataformas de e-commerce, especialmente vindas da Ásia. No entanto, segundo informações, as empresas fracionavam os pedidos, enviando centenas de remessas diárias com valores abaixo do limite para não terem a mercadoria acrescida da sobretaxa. 

Com essa nova medida, todas as remessas que ultrapassarem o valor máximo serão submetidas a tarifas alfandegárias. Conforme declarações, a nova tarifa não será aplicada aos pacotes enviados por meio do sistema postal oficial dos países.

Motivo da sobretaxa

A decisão adotada por Donald Trump faz parte de um conjunto de ações visando restringir a entrada de produtos de baixo custo, em especial, oriundos da China e de Hong Kong. Apesar de, uma nova legislação prever a revogação global da isenção de taxas “de minimis” apenas para  2027, Donald Trump decidiu antecipar sua aplicação. 

Como justificativa, segundo informou, a medida é uma resposta às emergências nacionais que ameaçam empresas e empregos americanos. A sobretaxa será aplicada conforme as tarifas proporcionais vigentes ao país de origem ou, uma segunda opção, será impor uma taxa fixa entre U$$ 80 e U$$ 200, dependendo da procedência do pacote.

A decisão gerou apoio de trabalhadores e entre políticos republicanos, como o senador Jim Banks, que afirmou que a medida corrige uma distorção no comércio internacional ao impedir que países como a China inundem o mercado americano com produtos baratos e sem taxas.


Publicação da CPA, empresa relacionada a trabalhadores estadunidenses, apoiando a decisão do presidente Donald Trump (Vídeo: reprodução/X/@cpa_tradereform)

Impacto na economia

Anteriormente, essas mercadorias consideradas como “de minimis” eram taxadas em até 145%. Este valor caiu para cerca de 30% após uma trégua comercial entre os dois países. No entanto, de acordo com informações, essa medida beneficiava grandes empresas asiáticas, que aproveitavam o modelo de isenção para competir com o comércio doméstico estadunidense, com preços mais baixos. Entre 2015 e 2024, o volume de remessas isentas nos EUA cresceu quase dez vezes, pressionando a indústria local.

O impacto da nova medida começou a ser sentido no setor de transporte aéreo dos EUA. Segundo dados divulgados este mês pela agência de notícias internacionais Reuters, o volume de remessas vindas do continente asiático por via aérea teve queda de mais de 10%. Agora, com as novas regras, segundo o governo Trump, haverá restauração e equilíbrio comercial, fortalecendo a indústria e o varejo dos EUA. 

EUA e Coreia do Sul fecham acordo e reduzem tarifa para 15% após investimento bilionário

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (30) a redução da tarifa sobre produtos importados da Coreia do Sul para 15%. À primeira vista, o ajuste acontece após um acordo em que a capital Seul se compromete a investir US$350 bilhões (R$1,93 trilhão) na economia americana, incluindo US$100 bilhões em compras de gás natural e outros produtos energéticos.

Portanto, a nova tarifa é menor que a alíquota inicial de 25% cogitada pela Casa Branca. Ainda assim, o acordo mantém a pressão comercial de Washington sobre parceiros estratégicos, mas busca contrapartidas financeiras expressivas para os Estados Unidos.

Setores beneficiados e impacto no Brasil

Além do pacto com a Coreia do Sul, os EUA divulgaram uma lista de exceções para o tarifaço aplicado a outros países. Então, no caso brasileiro, cerca de 700 itens foram isentos da nova taxa de 50%. Entre eles estão aeronaves da Embraer, produtos do setor agrícola e parte dos itens energéticos. A fabricante brasileira de aeronaves, que tem 45% de suas vendas de jatos comerciais para os EUA, registrou alta de 10% em suas ações após o anúncio.

Apesar das isenções, alguns especialistas avaliam que a tarifa impactará as exportações brasileiras de aço, alumínio e automóveis. Simultaneamente, o governo americano justifica a medida como parte da estratégia para fortalecer a indústria nacional e reduzir o déficit comercial, ampliando negociações bilaterais.


Coreia do Sul já se preparava para lidar com tarifas (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Tensões comerciais globais

Ainda assim, Trump tem enviado cartas a 25 países alertando sobre tarifas que podem variar entre 20% e 50%, caso não sejam firmados novos acordos até 1º de agosto. Anteriormente, a China chegou a anunciar o aumento das tarifas para 125% em produtos americanos, em resposta às tarifas impostas por Donald Trump. Já a União Europeia e a Coreia do Sul já conseguiram reduzir suas alíquotas com contrapartidas bilionárias.

O Itamaraty já levou o assunto das tarifas de Trump à reunião do Conselho Geral da Organização Mundial de Comércio (OMC) a fim de mudar a situação. Agora, o Brasil segue negociando para minimizar danos econômicos, enquanto a tensão tarifária traz à tona debates sobre protecionismo e cadeias globais de suprimentos.

Entenda os motivos que levaram o governo Trump a querer investigar o Pix

O presidente estadunidense Donald Trump solicitou abertura de investigação comercial contra o Brasil, na última terça-feira (15). Alegando práticas desleais, encarregou Jamieson Greer, Representante do Comércio dos EUA, de fiscalizar, entre outras coisas, o sistema de pagamento eletrônico brasileiro, Pix. Trump entende que este sistema prejudica empresas norte-americanas voltadas ao setor financeiro. 

Ainda que o comunicado não faça menção direta ao Pix, especialistas creditam a fala de Trump a este sistema aderido em massa, segundo dados do Banco Central, pela população brasileira. Conforme estudiosos do assunto e economistas, o sistema passou a vigorar como uma alternativa aos pagamentos realizados com cartões de crédito. Dessa forma, empresas voltadas a este setor, em sua maioria norte-americanas, deixaram de ser acessadas em detrimento desse novo formato de pagamento.

Teor da ação

Encarregado da investigação, Jamieson Greer, declarou à imprensa que “por ordem do presidente Trump” dará início a uma investigação fundamentada pela Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA. A ação, em suas palavras, visa os “ataques do Brasil às empresas americanas de redes sociais, bem como outras práticas comerciais injustas que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos americanos”.

Para Greer, “o Brasil também parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, entre outras, a promoção de seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”. Fazendo menção indireta ao Pix. 


Publicação sobre a investigação a ser feita pelo governo Trump referente ao Brasil (Foto: reprodução/X/@USTradeRep)

As falas do Secretário do Comércio dos EUA alinham-se aos discursos do presidente Donald Trump, que intensificou críticas ao Brasil e às decisões tomadas pelo governo brasileiro, alegando que os EUA, ao longo dos anos, têm sido prejudicados em sua relação comercial com o país. 

Além do Pix, o documento menciona o comércio popular brasileiro, principalmente ocorrido na rua “25 de março”, localizada no centro da capital paulista, e conhecida por vender produtos a preços acessíveis, atraindo compradores de todo o país. Segundo o governo estadunidense, o Brasil é falho em sua fiscalização por não tomar medidas eficientes para impedir que produtos “pirateados” sejam vendidos nesses centros, prejudicando os “direitos de propriedade intelectual” dos verdadeiros fabricantes. 

O documento trata, ainda, das relações comerciais entre o Brasil e demais países, as quais Trump classifica como injustas em relação às práticas comerciais entre EUA-Brasil. Outro ponto considerado é sobre áreas desmatadas por agricultores brasileiros de forma ilegal e que, conforme Donald Trump, prejudicam agricultores estadunidenses, uma vez que não seguem as devidas normas agrícolas para o plantio.

Resposta do governo brasileiro

 Ao saber do teor da investigação e que um dos pontos a ser questionados por Donald Trump é o sistema de pagamento eletrônico Pix, o governo brasileiro repudiou as falas do mandatário norte-americano alegando que  o sistema “seguro, sigiloso e sem taxas” e o “mais utilizado pelos brasileiros” faz parte da soberania do Brasil.


Publicação do governo brasileiro sobre o Pix em investigação dos EUA (Foto: reprodução/Instagram/@govbr)



Demais autoridades brasileiras, também, saíram em defesa da soberania nacional alegando que Donald Trump não pode interferir em assuntos comerciais e econômicos do país. Ao alegar que empresas norte-americanas têm sido prejudicadas pela forma como os brasileiros pagam suas contas, abrindo espaço para retaliação comercial, o presidente estadunidense realiza ações inaceitáveis a boa prática e a relação bilateral que possui com o Brasil, de acordo com membros do governo Lula.

 

Eduardo Bolsonaro demonstra apoio a Trump em meio à tensão comercial

Eduardo Bolsonaro utilizou suas redes sociais, na data de ontem, quarta-feira (09), para agradecer ao presidente estadunidense Donald Trump e apoiar as ações a serem tomadas pelos EUA referentes ao Brasil. O parlamentar, atualmente deputado federal licenciado, afirmou que as medidas de Trump  devem-se ao “afastamento do Brasil dos valores do mundo livre”.

Nota conjunta

Morando nos EUA, Eduardo Bolsonaro, em declaração direta ao presidente norte-americano, publicou: “obrigado, presidente Donald J. Trump. Espero que as autoridades brasileiras agora tratem esses assuntos com a seriedade que merecem.” Posteriormente, enviou à imprensa brasileira uma nota assinada conjuntamente com o jornalista Paulo Figueiredo.

No documento, os interlocutores imputaram ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e ao governo Lula o ônus tarifário de 50% a ser aplicado sobre os produtos brasileiros importados ao país norte-americano, com previsão para entrar em vigor a partir de 01 de agosto (2025).

A declaração, intitulada de “Uma hora a conta chega”, alega que o ministro Moraes não age sozinho em suas decisões; aventando que o governo brasileiro tem participação direta nos atos cometidos pelo STF. Chamando a aplicação tarifária contra o Brasil de “tarifa-Moraes”, os declarantes afirmam que as medidas são “uma forma de responsabilizar não apenas indivíduos, mas o sistema que, segundo ele, sustenta abusos de poder”


Nota conjunta publicada na íntegra pelo jornalista Paulo Figueiredo (Foto: reprodução/X/@pfigueiredo08)

Anteriormente, na última segunda-feira (07), o parlamentar publicou que medidas seriam tomadas pelos EUA em relação ao Brasil. Sem informar quais medidas estariam por vir, alertou sobre ações do governo norte-americano contra o que chamou de “perseguição no Brasil”. Um aceno de que o mandatário estadunidense realizaria sanções inerentes ao governo brasileiro e que afetariam a relação comercial entre os dois países.

Situação reage

O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados Federal, Lindbergh Farias, apoiador do governo Lula, tem tecido críticas contundentes à atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro. Em várias declarações, Farias, condena os atos de Eduardo ao que ele chama de “promoção de ataques institucionais”.

Na manhã de hoje, quinta-feira (10), juntamente com outros parlamentares, Lindbergh Farias, por meio de suas redes sociais, chamou os que defendem as ações de Donald Trump contra o Brasil de “vira-latas, capacho dos EUA”. As falas do deputado referem-se à “moção de louvor e regozijo” encabeçada pelo líder do Partido Liberal (PL), Sóstenes Cavalcante, e aprovada pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, na data de ontem, quarta-feira (09), em favor das ações de Trump.


Lindbergh Farias em relação aos apoiadores das medidas adotadas por Donald Trump contra o Brasil (Vídeo: reprodução/Instagram/@lindberghfarias)]


Segundo Farias, a partir de agora o Brasil divide-se entre aqueles que defendem os interesses do Brasil e os que defendem os interesses dos EUA. Vale ressaltar que, até o final desta matéria, não houve manifestação por parte da oposição sobre as falas do parlamentar. Porém, devido à polarização deflagrada no país nos últimos anos, com vasta utilização das redes sociais, há de se esperar uma “guerra de narrativas” acirrando cada vez mais a polarização política no país.

Guerra comercial: Brasil adotará reciprocidade contra tarifas de Trump, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na noite de ontem, quarta-feira (09), declarou que adotará a Lei Brasileira de Reciprocidade Econômica como medida contra a elevação de tarifas impostas pelo presidente estadunidense Donald Trump ao Brasil. A fala do presidente Lula ocorreu após o governo dos EUA informar sobre aplicação tarifária de 50% em relação aos produtos importados brasileiros, prevista para entrar em vigor em 01 de agosto (2025).

Soberania brasileira

Em declarações, o presidente Lula defendeu a soberania do Brasil, alegando que o país não será comandado por governos externos. Ratificou a competência das instituições brasileiras, assegurando que os trâmites legais pertinentes ao processo relacionado aos “atos antidemocráticos”, “não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”. 

As alegações do presidente brasileiro referem-se ao fato de que Donald Trump atrelou a elevação tarifária aplicada ao Brasil ao processo envolvendo o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, tornado réu pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, em 26 de março de 2025. Ainda, referindo-se ao episódio de 08 de janeiro de 2023, Lula enfatizou que a “ liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas”.


Declaração do presidente Lula às falas de Donald Trump sobre aplicação tarifária (Foto: reprodução/X/@lulaoficial)

Após contestar o presidente estadunidense, Lula declarou que a relação comercial Brasil-EUA beneficiou o país norte-americano em U$ 410 bilhões de dólares, conforme dados apresentados pelo próprio país de Donald Trump. Ao final, o presidente brasileiro voltou a defender a soberania do Brasil e informou que os interesses da população são o referencial para relacionamentos bilaterais. 

Lei de Reciprocidade 

Aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Lula em abril de 2025, a Lei Brasileira de Reciprocidade Econômica ou Lei da Reciprocidade Comercial entrou em vigor no mesmo mês. Conforme a legislação, o Brasil poderá adotar contramedidas tarifárias a países que imponham barreiras comerciais de modo unilateral, prejudicando o país comercialmente. A Lei foi promulgada como resposta às tarifas impostas pelo presidente estadunidense Donald Trump, também em abril de 2025, denominada como “dia da libertação dos EUA”.


Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso sobre a Lei Brasileira de Reciprocidade Econômica, abril/2025 (Vídeo: reprodução/Instagram/@lulaoficial)


Antes das declarações realizadas na data de ontem, quarta-feira (09), o presidente brasileiro convocou uma reunião emergencial com Fernando Haddad, ministro da Fazenda; Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e, Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores. A medida foi necessária para alinhar os discursos e decidir sobre quais ações serão tomadas frente as decisões do governo estadunidense, maior potência econômica mundial.

Trump anuncia aplicação de novas tarifas comerciais a diversos países nos próximos dias

O presidente dos EUA Donald Trump informou ontem, quarta-feira (11), que enviará aos parceiros comerciais nas próximas semanas um comunicado referente à aplicação das tarifas sobre produtos, prometidas por ele em abril (2025). A declaração de Trump foi feita a jornalistas durante uma coletiva de imprensa no Kennedy Center, em Washington D.C. O presidente compareceu ao local para assistir ao espetáculo francês, “Os Miseráveis”, um dos mais prestigiados do mundo. 

Reciprocidade tarifária

As tarifas impostas por Donald Trump atingem desde grandes potências econômicas a países em desenvolvimento. Entre diversos estabelecimentos e cancelamentos de prazo, a última data determinada pelo mandatário estadunidense para aplicação da “reciprocidade tarifária” estava marcada para 09 de julho (2025). No entanto, ontem, Trump informou que: “em determinado momento, vamos simplesmente enviar as cartas e  acho que vocês entendem o que isso significa, esse é o acordo, aceitem ou deixem’”.


Donald Trump, presidente dos EUA, apresentando a “reciprocidade tarifária” a jornalistas em abril deste ano (2025) (Foto: reprodução/Instagram/@whitehouse)


Apesar de declarar que aplicará as medidas nas próximas duas semanas, o presidente norte-americano, disse estar aberto às negociações quanto à extensão do prazo. Na data de ontem, Trump informou que houve acordo comercial com a China e com as políticas tarifárias aplicadas, antecipando as negociações com o país asiático.

Mercado em alerta

A declaração de Donald Trump causou uma nova tensão no mercado financeiro. A incerteza sobre a aplicação ou não das tarifas a países parceiros dos EUA, comercialmente, fez com que o mercado de ações operasse em queda na manhã desta quinta-feira (12). 

Conforme indicadores econômicos, a Nasdaq, segunda maior bolsa de valores do mundo, está operando com queda de -0.50% e o dólar americano enfrenta grande oscilação, com recuo de -0.08%, até o momento. Bolsas europeias e asiáticas, também, fecharam em baixa e o mercado financeiro prepara-se para a possibilidade de uma nova guerra comercial travada pelo governo dos EUA contra diversos países.


Vista da sede da Nasdaq na Times Square, em Nova York, EUA (Foto: reprodução/ BRYAN R. SMITH/AFP/Getty Images Embed)


Esses números são importantes, uma vez que o dólar americano é a moeda mais utilizada no comércio global e serve como base para cotações dentro do sistema financeiro mundial. Quando há esse tipo de oscilação, ocorre o que especialistas chamam de “efeito cascata”, onde o evento principal desencadeia sucessivos eventos posteriores e, nesse caso, afetando a economia de diversos países ao redor do mundo.  

Ainda não está claro se o presidente Donald Trump, de fato, aplicará as tarifas impostas conforme informado. Porém, cada declaração feita por ele agita o mercado financeiro. Desde que assumiu o seu segundo mandato à frente da Casa Branca, Trump vem tentando implementar suas políticas fiscais, comerciais e orçamentárias, enfrentando grandes resistências dentro e fora dos EUA. Contribuindo, muitas vezes, para o enfraquecimento e desestabilização das relações diplomáticas estadunidenses com países e organizações ao nível mundial. 

Trump fecha acordo comercial entre EUA e China

Nesta quarta-feira (11), o presidente norte-americano Donald Trump afirmou ter fechado um acordo comercial com a China, dependendo da aprovação final do presidente chinês Xi Jinping.

Trump detalhou em suas redes sociais que a China vai fornecer, de forma antecipada, todos os ímãs e quaisquer terras raras necessárias. Disse ainda que, da mesma forma, os EUA vão fornecer à China o que foi acordado, o que inclui estudantes chineses que vão poder utilizar as faculdades e universidades norte-americanas, o que para ele sempre foi algo positivo.

De acordo com a Casa Branca, o presidente Donald Trump já estudava os detalhes do acordo acompanhado de sua equipe no começo da tarde desta quarta-feira.


Presidente norte americano Donald Trump fecha acordo comercial com a China (Foto: reprodução/Instagram/@realdonaldtrump)


Expectativa

O secretário do comércio, Howard Lutnick, disse nesta quarta-feira (11), que a China irá aprovar “todos os pedidos” de ímãs feitos pelas empresas norte-americanas e apontou que “o lado chinês sempre quer remover os controles de exportação”.

O secretário falou também que a China concordou em encontrar maneiras de o país fazer mais negócios com os EUA. Segundo o secretário, acordos comerciais com outros países podem acontecer a partir da próxima semana.


Acordo comercial entre EUA e China depende da assinatura de Xi Jinping, presidente da China (Foto: reprodução/Instagram/@xi.jinping_cn)


Como e onde ocorreu o acordo

Foram dois dias de negociações comerciais, antes do acordo acontecer. Autoridades americanas e chinesas se reuniram em Londres, Inglaterra, para tratar das tarifas de importação e também sobre recursos importantes para a indústria tecnológica. Na mesa de negociações entrou a questão que envolve terras raras e ímãs.

Para o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, o acordo obtido em Londres com a China vai ajudar na relação econômica entre a China e os Estados Unidos.

Elon Musk deixa Conselho Consultivo do Governo Trump

O empresário Elon Musk comunicou em suas redes sociais na data de ontem, quarta-feira (28), sua saída do governo de Donald Trump. Musk ocupava o cargo de Conselheiro Sênior da Casa Branca desde janeiro deste ano (2025), liderando o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). 

De acordo com as informações, o prazo para o empresário permanecer no cargo foi acordado em 130 dias a partir de sua posse. Pela contagem, a data limite seria na próxima sexta-feira (30). No entanto, Elon Musk, antecipou sua saída em dois dias. Especula-se que o motivo deve-se à divergências de opiniões entre o empresário e o presidente Donald Trump.

Liderança de Musk no DOGE


O DOGE foi criado pelo presidente americano Donald Trump visando o corte de gastos, segundo ele, desnecessários que oneravam a dívida pública do país. A princípio, a projeção de diminuição nos gastos estava orçada em US$ 2 trilhões. Com o passar do tempo esta expectativa caiu para US$ 150 bilhões. Valor que Musk declara ter economizado, o qual é questionado por alguns especialistas. 

Ao anunciar a saída do cargo ocupado no departamento, Elon Musk foi objetivo em suas palavras. Agradeceu o presidente americano Donald Trump pela oportunidade que lhe foi concedida, fez votos de que o departamento se fortaleça com o tempo e que se torne um modo de vida dentro do governo.


Comunicado sobre a saída de Elon Musk do Departamento de Eficiência Governamental dos EUA (Foto: reprodução/X/@elonmusk)

À frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), o empresário enfrentou críticas sobre sua política de reformulação nos cortes de gastos públicos. Além de resistência, sobretudo por parte de funcionários federais, Musk teve que lidar com ações judiciais e decisões que bloquearam suas iniciativas.

Entre as medidas de austeridade adotadas por Elon Musk, a demissão e suspensão de funcionários públicos em massa, o corte em ajuda humanitária e a exigência ao acesso à informações privadas de milhões de estadunidenses, foram as que geraram mais críticas. Culminando em uma divisão na opinião pública entre apoiadores e opositores de suas políticas orçamentárias. 

Conforme informações, calcula-se que pelo menos 260 mil funcionários do governo dos EUA tenham sido demitidos durante a gestão de Musk à frente do DOGE. Seja através de acordos ou demissão direta. O que gerou revolta e boicote de milhares de americanos à empresa Tesla, da qual Elon Musk é diretor executivo. Ao passo que, vandalismos contra a empresa, passou a ser tratado como “terrorismo doméstico” por parte das autoridades do país. 

Críticas a Trump

Apesar da saída de Elon Musk do governo de Donald Trump está prevista para esta semana, especula-se que o motivo ocorreu pelos desentendimentos entre Musk e Trump sobre a guerra tarifária, comercial e fiscal desencadeada pelo presidente americano. 

Em uma entrevista à CBS, uma das principais redes de televisão americana, o empresário se mostrou decepcionado com as políticas adotadas por Trump, uma vez que teriam impacto significativo nas políticas desenvolvidas pelo Departamento de Eficiência Governamental, gerando conflito de interesses. Além de desaprovar o “Projeto Grande e Belo” idealizado pelo governo Trump.


Publicação sobre críticas de Elon Musk a algumas políticas adotadas por Donald Trump (Foto: reprodução/Instagram/@washingtonpost)


Elon Musk, agora ex-líder do Departamento Consultivo do Governo Trump também é diretor executivo da SpaceX e da Tesla. Além de proprietário da rede social X, antigo Twitter. Por esse motivo, segundo o próprio empresário, a partir de agora voltará suas atenções para as empresas das quais faz parte e trabalhará ininterruptamente em uma escala de sete dias por semanas e 24 horas por dia.