Gilmar diz que Lei do Impeachment perdeu validade e limita pedidos ao STF

O ministro Gilmar Mendes afirmou nesta quarta-feira (3), que a Lei do Impeachment perdeu validade histórica. Segundo ele, a decisão não protege o Supremo Tribunal Federal (STF), mas aplica a Constituição vigente.

Ainda mais, o decano concedeu liminar que restringe pedidos de impeachment. Assim, apenas a Procuradoria-Geral da República (PGR) pode solicitar afastamentos de ministros da Corte.

Liminar reforça debate constitucional

Inicialmente, Gilmar explicou que a lei é de 1950. Além disso, ele lembrou que o texto regulamentava a Constituição de 1946. Portanto, na avaliação do ministro, a norma não se ajusta à Carta de 1988. Durante evento em Brasília, ele defendeu a decisão. Ainda segundo o ministro, aplicar a Constituição é dever do Judiciário. Assim, a discussão atual exige atualização legislativa e interpretação compatível com o sistema constitucional.


Ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Dias Toffoli (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Ton Molina/NurPhoto)


O ministro também destacou riscos institucionais. Para ele, interpretações antigas poderiam permitir afastamentos com quórum reduzido. Dessa forma, decisões judiciais ficariam vulneráveis a pressões políticas episódicas. Conforme afirmou, a lei antiga permitiria abertura de processos com apenas 41 senadores presentes. Nesse cenário, poucos votos poderiam afastar ministros do Supremo.

Portanto, o modelo seria incompatível com a Constituição atual. Gilmar complementou dizendo que o impeachment abusivo fragiliza a independência judicial. Assim, magistrados poderiam decidir sob medo de retaliações políticas. Por consequência, direitos fundamentais ficariam ameaçados.

Reação do Senado e tensão entre Poderes

Por outro lado, a decisão provocou reação imediata no Senado. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre, criticou publicamente a liminar do ministro. No plenário, Alcolumbre cobrou respeito institucional e afirmou que o Judiciário deve preservar as prerrogativas constitucionais do Legislativo. Além disso, o senador disse que espera reciprocidade nessa relação, mas também classificou a decisão como tentativa de usurpar competências do Senado. Para ele, a Lei 1.079 garante a qualquer cidadão o direito de denúncia. Assim, apenas o Legislativo poderia rever essa escolha.


Decisões de Gilmar Mendes foram comentadas pelo Senado (Vídeo: reprodução/YouTube/g1)


O senador argumentou que eventuais abusos não justificam anular a lei. Portanto, mudanças deveriam ocorrer por meio legislativo, não judicial. Caso contrário, haveria violação da separação dos Poderes. Ele também destacou projetos em tramitação. Entre eles, citou proposta do senador Rodrigo Pacheco sobre novo marco legal. A matéria tramita atualmente na CCJ.

Além disso, Alcolumbre criticou decisões monocráticas. Para ele, leis aprovadas pelo Congresso exigem análise colegiada do Supremo. Nesse sentido, lembrou a PEC 8, já aprovada no Senado. Enquanto isso, o STF deverá julgar o caso no plenário virtual. O julgamento ocorrerá entre 12 e 19 de dezembro. Até lá, a liminar continua válida.

Assembleia confirma impeachment de Augusto Melo no Corinthians

Os associados do Corinthians aprovaram, neste sábado (9), no Parque São Jorge, o impeachment definitivo de Augusto Melo. A votação, com 1.413 votos a favor e 620 contra, encerra oficialmente o mandato iniciado em janeiro de 2024 e confirma a decisão do Conselho Deliberativo tomada em maio. O vice-presidente eleito, Osmar Stábile, assume interinamente até novas eleições.

Crise agravada pelo caso Vai de Bet

A crise teve como estopim a rescisão do contrato com a casa de apostas Vai de Bet, avaliado em R$ 370 milhões. Investigações apontam que uma intermediária repassou valores a empresas de fachada, incluindo a UJ Football, ligada ao crime organizado. Melo é réu por furto, associação criminosa e lavagem de dinheiro, mas nega envolvimento e alega perseguição política.


Após impeachment do Augusto no Corinthians (Vídeo: reprodução/YouTube/Meu Timão)

Durante a contagem, o ex-presidente deixou o Ginásio Wlamir Marques após a quinta urna, demonstrando abatimento. Em todas as 16 urnas, os votos pelo impeachment foram maioria, marcando o fim de uma gestão iniciada com alta popularidade e encerrada em meio a denúncias e ruptura com o principal patrocinador do clube.

No Senado, Flávio Bolsonaro pede impeachment de Alexandre de Moraes

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) entrou com um pedido, nessa quarta-feira (23), de afastamento de Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal e impedimento de exercício de qualquer função pública por 8 anos após o ministro impor medidas cautelares contra Jair Bolsonaro, na última sexta-feira. Trata-se do 28º pedido de impeachment contra Moraes a ser protocolado.

A medida adotada restringe a arena pública de debate, desequilibra o ambiente democrático e fere frontalmente o entendimento doutrinário e jurisprudencial firmado pela própria Corte a que o Ministro pertence.”

Afirma o senador no documento, em que alega estar sendo alvo de uma suposta perseguição política por parte de seus adversários e setores do Judiciário.

Filho do ex-presidente cita Dilma e Zanin

Além de fundamentar o pedido através de princípios constitucionais, Flávio Bolsonaro comparou o tratamento da Corte Constitucional brasileira em relação a seu pai e a membros do Partido dos Trabalhadores.


A apresentadora Neila Guimarães, do portal Metrópoles, repercute ação de Flávio Bolsonaro nessa quarta-feira (reprodução/Youtube/Metrópoles)


Segundo o senador, o fato do STF não ter identificado atentado à soberania nacional quando Dilma declarou perante a ONU, em abril de 2016, ser vítima de um golpe e nem quando, anos depois, o então advogado de Lula (e atual ministro do Supremo), Cristiano Zanin, se reuniu com aliados europeus para defender que seu cliente era vítima de perseguição judicial no Brasil mostraria que a acusação a Jair Bolsonaro é política e parcial.

Nas situações envolvendo Dilma e Lula, não houve imputação criminal, inquérito policial, medidas cautelares, censura, nem mesmo reprimenda pública por parte do STF. Ao contrário: tais manifestações foram tratadas como estratégias políticas legítimas e amparadas pelo exercício da liberdade de expressão.”

Continuou o congressista, sugerindo que há tratamento desigual e questionando os critérios adotados pelo Judiciário em casos semelhantes.

Jair Bolsonaro foi alvo de operação da Polícia Federal

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi submetido a medidas restritivas na última sexta-feira como recolhimento domiciliar noturno, proibição de se aproximar de embaixadas e a imposição do uso de tornozeleira eletrônica. Ele também foi alvo de um mandado de busca e apreensão, executado pela PF.

A ação ocorreu após Alexandre de Moraes seguir recomendação da Procuradoria Geral da República, que identificou concreta possibilidade de fuga do ex-presidente denunciado por 5 crimes ligados a suposta tentativa de golpe de Estado.

Na ocasião, Moraes disse ainda que o antigo governante federal tentou “interferir no curso de processos judiciais, desestabilizar a economia do Brasil e pressionar o Poder Judiciário” ao vincular o fim do tarifaço de Trump à anistia da suposta tentativa de golpe de Estado da qual é acusado.

Aliados de Augusto Melo buscam última cartada para anulação do impeachment

Os bastidores do Corinthians seguem uma turbulência que parece não ter fim. Conselheiros aliados do ex-presidente Augusto Melo, afastado do cargo por polêmicas envolvendo intermediação no caso Vai de Bet. O objetivo da ação protocolada pelos conselheiros visa o retorno do dirigente afastado ao cargo de presidente do clube e o afastamento de Romeu Tuma Jr. e Osmar Stábile.

O que dizem os aliados de Augusto?

Os conselheiros Mario Mello, Ronaldo Tomé, Maria Ocampos e Peterson, responsáveis por protocolar a ação, alegam que no dia 9 de abril foi votado pela Comissão de Ética do Corinthians para a destituição de Romeu Tuma Jr. do cargo de presidente do Conselho Deliberativo da entidade, mas não recebeu notificação de Roberson Medeiros, o Dunga. Com isso, a decisão do impeachment seria contestada, afinal, Tuma estaria afastado do exercício da função.

No último sábado (31), a conselheira Maria Ocampos apresentou um documento requerendo o afastamento do então presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma Jr., alegando que todas as decisões do órgão que estivessem sob tutela de Tuma não poderiam ser validadas, incluindo o impeachment aprovado contra Augusto no último dia 26.


Em entrevista concedida ao programa Arena SBT, o ex-presidente do Corinthians, Augusto Melo, comenta sobre apenas estar buscando seus direitos, de acordo com o estatuto do clube (Vídeo: Reprodução/YouTube/SBT Sports)

A ação

A ação contra Tuma anularia decisão do Conselho Deliberativo do Clube para o retorno de Augusto Melo para exercício da função de presidente, afinal, Romeu Tuma Jr. é o atual presidente do conselho. A ação é uma estratégia para validação dos fatos do último dia 31, quando Augusto questionou decisão tomada pelo Conselho e exigiu retorno à presidência do clube do Parque São Jorge.

A ação foi entregue à Vara Cível do Foro Regional VII do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo e, caso aprovada, Tuma será afastado da presidência do conselho, com Maria Ocampos assumindo interinamente a função e Augusto Melo retornando à presidência do clube. Augusto por sua vez alega não ter envolvimento nesta operação. 

No dia 9 de agosto, acontecerá uma assembleia-geral do Conselho, convocada por Tuma, quando será discutido pelos associados a ratificação do processo de impeachment do ex-mandatário.

Novo presidente do Corinthians fala em “terra arrasada” e revela preocupação com finanças do clube

Um dia após o impeachment de Augusto Melo ser aprovado pelo Conselho Deliberativo, o Corinthians tem um novo presidente interino. Osmar Stabile, eleito vice-presidente na mesma chapa em 2023, assumiu o cargo nesta terça-feira (27) e concedeu entrevista coletiva no Parque São Jorge.

Preocupação financeira e discurso de união

Ao lado do agora primeiro vice, Armando Mendonça, o dirigente de 71 anos tratou com seriedade o momento do clube. Segundo ele, o cenário financeiro herdado é preocupante. “Terra arrasada”, declarou. A dívida do Corinthians é estimada em R$ 2,5 bilhões, e a atual diretoria alega não encontrar recursos suficientes sequer para os pagamentos básicos.

Primeiro a gente começa pela questão financeira, o jurídico e a administração. Terra arrasada é porque temos que pagar alguma coisa e não tem dinheiro. Onde está o dinheiro? Não tem. Temos que correr atrás para conseguir. Temos que mudar essa situação, não temos uma varinha de condão para mudar de imediato. Precisamos de trabalho e dedicação para resolver esses problemas”, disse Stabile.


Apresentação de Osmar Stabile como presidente do Corinthians aconteceu nesta terça-feira (27), no Parque São Jorge (Vídeo: reprodução/Youtube/Corinthians TV)

O dirigente também ressaltou que o momento institucional do clube pede união política dentro do Parque São Jorge. Com mandato provisório, Stábile buscou um discurso conciliador quando perguntado sobre o clima de tensão no clube.

Gostaria de pedir uma trégua política para as linhas do clube, que entendam que o momento é de ajuda. Não é momento de buscar críticas, querendo mudar a situação. É momento de uma trégua”, finalizou o novo presidente.

Situação política e próximos passos

Apesar de ter sido eleito junto a Augusto Melo, Osmar Stabile afirmou que não participou das decisões do ex-presidente. Agora à frente do clube, ele prega “dedicação e arrojo” para enfrentar o curto período de transição e pede uma trégua política para garantir estabilidade institucional.


Corinthians vive instabilidade política depois do impeachment; votação de sócios pode confirmar definitivamente a destituição de Augusto Melo (Foto: reprodução/Agência Corinthians)

A convocação de uma assembleia-geral para ratificar o impeachment será de responsabilidade de Romeu Tuma Jr, presidente do Conselho Deliberativo, com prazo de até cinco dias. A realização da votação deve ocorrer em até 30 dias — ou, no limite legal, até o fim de 2025, quando se encerraria o mandato presidencial.

Durante crise política, Augusto Melo afirma que não renunciará o cargo

Nesta sexta-feira (16), o presidente do Corinthians Augusto Melo concedeu entrevista coletiva na sala de imprensa da Neo Química Arena. A princípio, a coletiva foi convocada para a apresentação dos novos diretores. São eles: Alexandre Germano (Diretor do departamento financeiro), Ricardo Jorge (Diretor administrativo), Wanderson Salles (Diretor do departamento de Marketing) e Sergio Murillo (Diretor de relações institucionais).

Caso Vai de Bet

Além da cerimônia de apresentação dos novos diretores, o presidente do Timão foi questionado sobre o escândalo sobre o caso Vai de Bet, algo que vem rondando os bastidores do clube desde o fim da parceria entre o clube do Parque São Jorge e a casa de apostas.

Não sei dizer, não conheço essa situação. Para mim, foi uma surpresa enorme. Segui meu trâmite. Sou o primeiro a fazer uma proposta e o último a assinar. Minha área é administrativa e comercial. Quando chega em mim a assinatura é porque o contrato foi aceito por todos os departamentos competentes. Fui o primeiro a falar: ‘Vai explodir? Que exploda! Se tem algo errado, procurem a Justiça”, disse.


Novas informações sobre o caso Vai de Bet surgem e vem a tona. (Foto: Reprodução/X/@sbtjornalismo)

Acusações e possível renúncia?

Com relação ao caso, foi identificado pela investigação um repasse da empresa Rede Social Media Design Ltda, de propriedade de Alex Cassundé, para a UJ Football Talent Intermediações Tecnológicas. A empresa foi citada por Antônio Vinicius Gritzbach, empresário conhecido como delator do PCC, assassinado no final do ano passado na área de embarque do Aeroporto de Guarulhos.

Augusto cita não ter envolvimento com o caso e reiterou que o clube não deve ser culpado com o que acontece na utilização do dinheiro pago aos intermediários. Apesar da forte pressão vivida pelo presidente, ele nega que irá renunciar ao cargo.

Jamais. Não tenho nada a ver com isso. São sempre as mesmas negociações. Tudo o que eu faço, tem o jurídico e o compliance que me dão o suporte. Jamais vou renunciar, primeiro porque não tenho nada a ver com isso. Estou aqui em prol do Corinthians, não preciso do Corinthians. Outro dia, teve um atleta com dois empresários, dois intermediários. Hoje é assim, é normal. Nunca sentei com ninguém, nunca discuto nada sozinho”, acrescentou.

O Conselho Deliberativo do Corinthians irá se reunir no próximo dia 26 para nova votação do impeachment do presidente Augusto Melo. O processo de destituição do presidente se iniciou no final de 2024, após o caso Vai de Bet vir à tona.

Presidente Yoon Suk-yeol sofre impeachment na Coreia do Sul

O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul destituiu definitivamente o presidente Yoon Suk-yeol de suas funções presidenciais. Por unanimidade, os oitos juízes da mais alta Corte do país, na manhã desta sexta-feira (04), horário local, mantiveram a moção de  impeachment de Suk-yeol, afastado desde dezembro de 2024 após tentativa de instauração de Lei Marcial no país. 

A decisão foi lida pelo presidente do Tribunal, juiz Moon Hyung-bae e tem efeito imediato, ou seja, no caso de Yoon Suk-yeol, a partir desta data, ele não pode exercer mais as funções de presidente do país e nem recorrer da decisão. 

Em sua fala, Hyung-bae, destacou: 

“Yoon cometeu uma grave traição à confiança do povo, que são os membros soberanos da república democrática”. Juiz Moon Hyung-bae

Após saber da decisão, Yoon Suk-yeol, pediu desculpas ao povo sul coreano por “não conseguir corresponder aos amados cidadãos (do país)”. 


Impeachment de Yoon Suk-yeol (Vídeo: Reprodução/Youtube/@
CNNbrasil)




O primeiro-ministro, Han Duck Soo, permanece no cargo de presidente interino da Coreia do Sul. Novas eleições à presidência do país estão previstas para a primeira semana de junho (2025). 

O  impeachment de Yoon Suk-yeol foi comemorado pela oposição e por grande parte da população sul coreana que saiu às ruas para acompanhar o julgamento e a decisão proferida pelo Tribunal Constitucional. 

Imposição da Lei Marcial 

O então presidente sul coreano, Yoon Suk-yeol, na noite de 03 de dezembro de 2024, horário local, em um discurso televisionado, impôs de forma repentina a “Lei Marcial” no país alegando combater “forças anti estatais”. Esta atitude fez com que parlamentares se reunissem, às pressas, na Assembleia Nacional, a fim de barrar a decisão de Suk-yeol

Enquanto ocorria a votação no parlamento, milhares de sul-coreanos foram às ruas em manifestação contra a imposição da Lei Marcial e para pressionar o parlamento sul coreano a cassar os direitos políticos do então presidente. 

Em menos de seis horas após a imposição da Lei Marcial, em 04 de dezembro (2024), uma moção para a revogação da referida Lei foi aprovada, fazendo com que Yoon Suk-yeol, também, voltasse atrás em seu decreto. No entanto, um caos político já havia se instaurado no país, com a população sul coreana manifestando-se a favor do impeachment de Suk-yeol 


Manifestação a favor do impeachment de Yoon Suk-yeol (Foto: Reprodução/ANTHONY WALLACE/Getty Images Embed)


A Assembleia Nacional, em 14 de dezembro (2024), votou pelo afastamento de Yoon Suk-yeol de suas funções presidenciais. Cabendo recurso. Na mesma época promotores da capital Seul, indiciaram Suk-yeol pelo crime de insurreição. 

De dezembro (2024), até a data de hoje, o futuro de Yoon Suk-yeol na presidência da Coreia do Sul era incerto. Contudo, nesta data, a votação unânime a favor do  impeachment o afasta em definitivo de suas funções presidenciais. 

Yoon Suk-yeol continuará respondendo pelo crime de insurreição. Na Coreia do Sul, este crime não tem impunidade e a pena prevista é de prisão perpétua ou pena de morte. 

Importante ressaltar que devido aos desdobramentos das ações adotadas por Yoon Suk-yeol em dezembro de 2024, autoridades sul-coreanas prenderam o presidente em 03 de janeiro (2025). Sua soltura ocorreu no mês passado, no dia  07 de março (2025). 

O que é a Lei Marcial 

A Lei Marcial na Coreia do Sul consta no 7º  artigo da Constituição do país e pode ser decretada em tempos de guerra, quando a segurança do país está ameaçada ou em situação de emergência nacional. 

Imposta pelo então presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol. a Lei Marcial, entre outras medidas proibitivas, visava impedir todas as atividades políticas, incluindo as atividades exercidas pela Assembleia Nacional, por partidos políticos, além de proibir manifestações e protestos e o direito de controle da mídia. 


Manifestantes sul coreano protestam contra a imposição da Lei Marcial no país (Vídeo; reprodução/Youtube/@uol)

Segundo Suk-yeo, seus adversários políticos estavam trabalhando a favor de regimes comunistas e a imposição da Lei Marcial por ele no país era necessária para barrar essas forças que, segundo ele, queriam derrubar o seu governo. 

No entanto, a oposição, viu a tentativa de Yoon Suk-yeol como uma forma de aumentar os seus poderes no governo e implementar uma ditadura no país. 

Advogados do presidente sul-coreano estarão presentes no julgamento de impeachment

Os advogados do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, comparecerão à primeira audiência do julgamento de impeachment no Tribunal Constitucional, marcada para esta sexta-feira (27), no horário local. O processo foi iniciado pelo parlamento devido à imposição temporária de lei marcial pelo presidente no início deste mês.

Reação interna e repercussões internacionais

O presidente Yoon Suk Yeol se recusou a atender aos pedidos do Tribunal Constitucional para apresentar documentos relacionados ao caso, além de desconsiderar convites de investigadores em uma investigação criminal sobre a imposição da Lei Marcial em 3 de dezembro. Esse comportamento gerou críticas inclusive de membros de sua própria base política.

A medida repentina de decretar a Lei Marcial surpreendeu a opinião pública, abalou os mercados financeiros e prejudicou as relações com aliados estratégicos, como os Estados Unidos e países da Europa, que viam Yoon como um parceiro confiável nas questões internacionais envolvendo China, Rússia e Coreia do Norte.

A crise política se agravou nesta semana, quando o Partido Democrático da oposição anunciou a intenção de impeachment do primeiro-ministro Han Duck-soo, que exerce a função de presidente interino, após sua recusa em cumprir a convocação para nomear três juízes para o Tribunal Constitucional. O parlamento se reunirá na tarde de sexta-feira, e o Partido Democrático informou que apresentará uma moção de impeachment contra Han.

A defesa de Yoon no julgamento será conduzida por dois advogados: um ex-promotor e um ex-porta-voz do Tribunal Constitucional, conforme informou Seok Dong-hyeon, advogado do presidente. A votação sobre o impeachment do primeiro-ministro Han Duck-soo ocorrerá simultaneamente à primeira audiência do Tribunal Constitucional, que decidirá o futuro de Yoon, determinando se ele será reintegrado ao cargo ou removido definitivamente. O tribunal tem até 180 dias para tomar sua decisão. Se Yoon for removido, uma nova eleição presidencial deverá ser convocada dentro de 60 dias.

Relembre o caso

Em 3 de dezembro, o presidente da Coreia do Sul decretou a lei marcial após uma série de protestos e manifestações em grande escala que começaram a ganhar força no país. A medida foi uma resposta à crescente instabilidade política e social, gerada por questões internas, como a falta de consenso em torno de reformas e projetos de lei importantes.


Exército invade Parlamento na Coreia do Sul após presidente declarar Lei Marcial (Vídeo:Reprodução/Youtube/Folha de São Paulo)


O governo de Yoon enfrentava uma oposição acirrada, especialmente do Partido Democrático, que pressionava por investigações mais profundas sobre sua administração. A decisão de implementar a lei marcial foi vista como uma tentativa de restaurar a ordem, mas gerou uma série de críticas, tanto internas quanto externas, devido à sua natureza abrupta e ao risco de escalada de tensões no país.

A imposição da lei marcial também se deu em um contexto de crescente polarização política e uma crise de confiança nas instituições governamentais. Yoon Suk Yeol justificou a medida como uma forma de garantir a segurança pública e de prevenir o agravamento da situação, mas a ação foi amplamente interpretada como uma tentativa de consolidar poder e reduzir a pressão de seus opositores.

Coreia do Sul: Presidente não compareceu ao interrogatório

O presidente da Coreia do Sul está sendo alvo de uma Investigação Criminal após o decreto da lei marcial no país. Entretanto, Yoon não atendeu a uma intimação no domingo (15), segundo a agência de notícias Yonhap.

Yoon sofreu impeachment neste sábado (14) e está afastado de suas funções presidenciais após sua tentativa fracassada de implementar a lei marcial no país. A equipe responsável pela investigação enviou uma intimação ao presidente na quarta-feira (11), pedindo que ele comparecesse ao interrogatório às 10h de domingo, mas ele não apareceu. A promotoria pretende emitir outra intimação hoje (16).

A investigação criminal

Três partidos apresentaram uma queixa contra o presidente, o ex-ministro da Defesa Kim Yong-Hyun e o comandante da lei marcial Park An-Su, acusando-os de insurreição. O crime de liderar um levante é punível de morte ou prisão perpétua, com ou sem trabalhos forçados. O ministro da defesa Kim Yong-Hyun foi preso no domingo (8).

A polícia da Coreia do Sul apresentou um mandado de busca e invadiu o escritório do presidente nesta última quarta-feira, Yoon não estava presente durante a invasão. O comissário da Polícia Nacional, Cho Ji-Ho, foi preso por acusações de insurreição neste mesmo dia. Cho é acusado de impedir a entrada dos legisladores no parlamento após o decreto da lei marcial no dia 3 de dezembro.

Os promotores também solicitaram mandados de prisão para altos oficiais militares, entre eles está o chefe do Comando de Guerra Especial do Exército e o chefe do comando de defesa da capital, neste domingo (15).

O impeachment


Deputados aprovam o impeachment de Yoon Suk Yeol (Foto: Reprodução/Seong oon Cho/Bloomberg)

Um outro pedido de impeachment já havia sido apresentado no dia 7, mas o partido de Yoon se opôs ao pedido e a principal oposição não possuía a quantidade suficiente de parlamentares para aprovar a abertura do processo.

Entretanto, na madrugada deste sábado (14), o Parlamento Sul Coreano aprovou o novo pedido de impeachment do presidente Yoon Suk-yeol.

Parlamento sul-coreano aprova impeachment do presidente Yoon Suk-yeol

Na madrugada deste sábado (14), a Assembleia Nacional da Coreia do Sul aprovou o impeachment do presidente Yoon Suk-yeol, após polêmica com a declaração de lei marcial, revogada menos de duas semanas depois. A decisão do parlamento sul-coreano reflete uma intensa crise política no país, marcada por tensões entre o poder Executivo e Legislativo.

Consequências do impeachment

A crise que gerou o impeachment do presidente sul-coreano iniciou-se em 03 de dezembro, quando Yoon decretou lei marcial, substituindo a legislação civil por leis militares, além de fechar a Assembleia Nacional do país e colocar os setores de imprensa sob o controle governamental.


Oposição apresenta pedido de impeachment de Yoon (Foto: reprodução/Yonhap News Agêncy)

Han Duck Soo, primeiro-ministro, assumiu a presidência. O Tribunal Constitucional tem agora o prazo de seis meses para confirmar ou rejeitar o impeacheament, durante esse período Yoon permanecerá afastado. A votação contou com 204 dos 300 deputados a favor do impeachment. Caso o impeachment de Yoon seja confirmado, deverão ser convocadas novas eleições presidenciais em até 60 dias.

Crise política

A situação política da Coreia do Sul, resultou em uma queda significativa na popularidade de Yoon, atingindo 11% e gerou renúncias dentro do próprio partido PPP (Partido do Poder Popular). Yoon foi eleito em maio de 2022, enfrentando desafios como a redução do custo de vida e combate às desigualdades. No entanto, seu governo foi marcado por diversas acusações de corrupção e perda de apoio popular, gerando uma crise política e tensões após decreto da lei marcial.

O atual cenário político sul-coreano, enfatiza a fragilidade institucional do país e a importância de preservar os princípios democráticos em momentos de instabilidade. O desfecho do processo de impeachment será determinante para o futuro político da Coreia do Sul e para a restauração da confiança pública.