Delação de Mauro Cid é criticada pela defesa de Bolsonaro durante julgamento

No segundo dia de julgamento, nesta quarta-feira (3), a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro lançou críticas a Mauro Cid, alegando que o ex-ajudante de ordens “não é um homem confiável”. O advogado Celso Vilardi apontou que Cid foi pego na mentira diversas vezes, questionando a credibilidade dele. 

A defesa de Bolsonaro comentou supostas conversas de Mauro Cid no Instagram, afirmando que ele está “desmoralizado porque foi pego na mentira pela enésima vez”. A justificativa de Vilardi é de que, apesar da prova usada por Cid ser indiscutível, ele mentiu muitas vezes para ser considerado confiável. Ainda na sustentação oral, a defesa aproveitou para desqualificar o acordo de delação premiada de Mauro Cid feito com a Polícia Federal em 2023. O advogado de Bolsonaro afirma que Cid está “desmoralizado” após ter sido “pego na mentira” diversas vezes.

Acordo de Mauro Cid com a PF

Mauro Cid, que ocupou o cargo de ajudante de ordens de Bolsonaro, se tornou a figura centro da investigação contra o ex-presidente, após fechar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) em 2023. O tenente-coronel teria revelado em seus depoimentos, um suposto plano de golpe, a venda de jóias sauditas, fraudes em cartões de vacina e a existência de um gabinete de ódio. 


Ministro Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/EVARISTO SA/Getty Images Embed)


A delegação foi homologada pelo Supremo e usada como base para a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) que acusa Bolsonaro e outras 33 pessoas por conspirar em um plano de golpe de Estado, com intuito de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, atual presidente do Brasil, após as eleições de 2022.

Em fevereiro deste ano, o sigilo da delação de Cid foi derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes, tornando público os 14 depoimentos do ex-ajudante de ordens. 

Segundo dia de julgamento

O segundo dia de julgamento pelo STF iniciou com as defesas orais dos réus. Quem abriu as sustentações foi o advogado Matheus Milanez, que representa o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Em seguida, a defesa de Jair Bolsonaro iniciou sua argumentação aos juízes. 

Entre os réus estão: Jair Bolsonaro (ex-presidente); Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-presidente da Abin); Almir Garnier (almirante que comandava a marinha durante o governo Bolsonaro); Anderson Torres (ex-ministro da Justiça); Augusto Heleno (ex-ministro do GSI); Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro); Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro; e Walter Souza Braga Netto (ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Bolsonaro, além de candidato a vice-presidente em 2022).

Todos, exceto por Ramagem – que responde a três acusações -, respondem a cinco crimes. As acusações são de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência ou ameaça grave e deterioração de patrimônio tombado.

O julgamento se iniciou nesta terça-feira (2) e continua até o dia 12 de setembro, com pausas durante os dias. A expectativa é de que a sentença dos réus deferida pelos juízes do Supremo Tribunal Federal ocorra no último dia de julgamento, seja ela de condenação ou absolvição das acusações. 

PF encontra em carro de Bolsonaro notas sobre delação de Mauro Cid

Durante uma operação da Polícia Federal realizada em 18 de julho, agentes encontraram anotações feitas à mão no porta-luvas de um carro utilizado por Jair Bolsonaro (PL). Os escritos citavam trechos ligados à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens do ex-presidente.

Apesar de terem sido localizados, os papéis não foram incluídos no inquérito sobre coação — investigação na qual Bolsonaro já foi indiciado — porque não tinham relevância direta para esse processo.

Notas sobre delação foram feitas durante falas de Cid

De acordo com os investigadores, os registros parecem ter sido produzidos durante ou logo após o depoimento de Cid ao Supremo Tribunal Federal (STF), em junho. Os rabiscos formam algo parecido com uma linha do tempo, misturando possíveis estratégias de defesa e observações sobre falas do ex-ajudante.

Nos papéis, Bolsonaro escreveu que não havia “grupos organizados, apenas indivíduos”, citando duas ou três reuniões em que se discutiram temas como defesa, intervenção em propriedades e prisão de autoridades, além da previsão de uma nova comissão eleitoral para possíveis eleições. Em outro trecho, o ex-presidente registrou que teria recebido valores de Braga Netto e repassado ao major de Oliveira, segundo ele, menos de R$ 100 mil, mencionando ainda uma pressão para que a Presidência assinasse um decreto relacionado à defesa ou à intervenção, mas acrescentando que “nada iria acontecer”.


Anotações encontradas no carro de Bolsonaro (Foto: reprodução/PF)


O papel também continha outras menções: “Min Fux”, “Estava com a filha em Itatiba/SP”, “Preocupação em não parar o Brasil” e “Das 8, fiquei 4 semanas fora da Presidência”.

Anotações negando as falas de Mauro

Em outro trecho, o ex-presidente rebateu a ideia de um golpe, escrevendo: “Nem cogitação houve. Decreto de golpe??? Golpe não é legal, constituição, golpe é conspiração.” Em seguida, aparece a data “29/nov”, riscada, junto à frase: “Plano de fuga — do GSI caso a Presidência fosse sitiada.”

Para a PF, os escritos parecem reunir comentários e lembranças de pontos tratados na delação de Cid. Os investigadores destacam ainda que, durante o próprio interrogatório, Bolsonaro costumava anotar observações em folhas de papel.

Bolsonaro e aliados têm até quarta para entregar alegações finais no STF

As defesas de Jair Bolsonaro e de outros seis acusados no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado em 2022 devem entregar até esta quarta-feira (13), no Supremo Tribunal Federal (STF), as alegações finais do processo. A etapa marca o encerramento da fase de instrução e antecede o julgamento pela Primeira Turma, previsto para ocorrer em setembro. O caso tramita em Brasília e envolve ações antidemocráticas após as eleições presidenciais.

A exigência do STF é parte do rito processual que garante a manifestação das partes antes da sentença. Nessa fase, tanto defesa quanto acusação apresentam documentos que resumem os argumentos jurídicos e as provas colhidas. A Procuradoria-Geral da República (PGR) e os advogados do tenente-coronel Mauro Cid já entregaram suas manifestações.

PGR aponta Bolsonaro como mentor de plano golpista

Em seu parecer, o procurador-geral Paulo Gonet classificou Bolsonaro como “líder e principal articulador” do grupo acusado. Segundo a PGR, o ex-presidente utilizou o aparato estatal de forma consciente para atacar as instituições democráticas, com apoio de setores das Forças Armadas e do alto escalão do governo.


Vídeo postado por CNN (Vídeo: Reprodução/Youtube/CNN Brasil)

O objetivo, conforme apontado, seria manter-se no poder por meios ilegítimos. “Sua atuação teve como finalidade última a perpetuação no comando do país, à revelia da legalidade constitucional”, escreveu Gonet. A PGR pediu a condenação de todos os réus, incluindo militares, ex-ministros e aliados próximos de Bolsonaro.

Defesas tentam minimizar envolvimento de acusados

A defesa de Mauro Cid, por sua vez, pediu sua absolvição ou perdão judicial. Os advogados afirmam que ele apenas cumpriu ordens superiores, sem intenção de abalar o Estado democrático de direito. Cid também teria colaborado com as investigações, o que é usado como argumento atenuante.

O prazo atual contempla os demais envolvidos, entre eles o general Braga Netto, que segue preso. O processo não foi interrompido durante o recesso do Judiciário, já que envolve um réu em custódia.

Com a entrega das alegações finais, caberá à Primeira Turma do STF decidir se absolve ou condena os acusados. Qualquer decisão poderá ser contestada, mas o desfecho do caso pode representar um marco jurídico e político na história recente do país.

Moraes autoriza presença de defesas de Bolsonaro e outros réus em acareações no STF

As defesas dos réus envolvidos na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado — entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro — foram autorizadas a acompanhar as duas acareações marcadas para esta terça-feira (25), no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. A decisão foi anunciada na noite desta segunda-feira (24) pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

As acareações, que ocorrerão presencialmente na sala de audiências do Supremo, confrontarão os depoimentos do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto com o do tenente-coronel Mauro Cid, e do ex-ministro da Justiça Anderson Torres com o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército. O objetivo é esclarecer contradições nos depoimentos colhidos até o momento.

Procedimento busca resolver divergências nos depoimentos

Segundo Moraes, o direito de participação se estende a todas as defesas dos réus no processo, inclusive à do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira. A medida foi tomada após pedido das defesas, que inicialmente foram informadas de que apenas as partes diretamente envolvidas teriam acesso às acareações.


Defesas dos réus envolvidos na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado (Foto: reprodução/Arthur Menescal/ Getty Images Embed)


a acareação é uma continuidade da instrução processual penal, tendo como finalidade esclarecer eventuais contradições decorrentes dos diversos depoimentos das testemunhas ou dos interrogatórios dos réus”, afirmou Moraes no despacho.

O pedido para realização das acareações partiu das próprias defesas de Braga Netto e Anderson Torres.

A ação penal investiga o envolvimento de ex-membros do governo Bolsonaro na articulação de um suposto golpe para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. Além de Bolsonaro, Braga Netto, Torres e Paulo Sérgio, também são réus o ex-ministro Augusto Heleno, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

Entenda o contexto da ação penal

As investigações conduzidas pelo STF integram um inquérito mais amplo que analisa a atuação de diferentes núcleos de articulação de um golpe de Estado. Os depoimentos de Mauro Cid, considerado peça-chave no processo, têm sido centrais para apontar contradições nas versões apresentadas por outros envolvidos.

A expectativa é que os confrontos desta terça-feira contribuam para esclarecer as responsabilidades de cada um dos réus e a extensão do envolvimento de militares e civis na tentativa de ruptura democrática.

Defesa de Bolsonaro pede ao STF anulação da delação de Mauro Cid

Em julgamento, nesta segunda-feira (16), o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo acusado de trama golpista, com sua defesa, está tentando anular a delação premiada de Mauro Cid. O pedido feito ao STF tem base em uma matéria que diz que o tenente-coronel teria revelado em perfis de redes sociais informações sobre o processo. Por conta disso, o ministro Alexandre de Moraes entrou com um pedido para proteger o conteúdo divulgado, para auxiliar no tribunal.

A acusação de Bolsonaro

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro entrou com um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (16), para a anulação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. O motivo do pedido é baseado em uma matéria da revista “Veja”, que informa que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro teria passado informações, em perfis de redes sociais, sobre os termos das tratativas do acordo e feito queixas sobre os investigadores.


Mauro Cid em julgamento no STF (Foto: reprodução/EVARISTO SA/Getty Images Embed)


Os advogados de Bolsonaro defendem a ideia de que as ações de Mauro Cid são graves, pois descumprem o acordo da delação premiada, quebrando o sigilo.

“De fato, o teor das diversas mensagens expõe não só a falta de voluntariedade, mas especialmente a ausência de credibilidade da delação. Destarte, são nulos (porque ilícitos) os seus depoimentos e, também, as supostas provas dele decorrentes. Desde já, portanto, mostra-se imprescindível a rescisão e anulação do acordo de delação premiada do corréu Mauro Cid, reiterando-se aqui o pedido formulado na defesa prévia, o que desde já requer-se.”, declararam os advogados de Bolsonaro.

A defesa de Mauro Cid, no entanto, negou que ele tenha usado perfis para divulgar informações internas do tribunal.

A decisão do STF

Na última sexta-feira (13), o ministro do STF, Alexandre de Moraes, fez uma ordem à empresa Meta para que os conteúdos postados nos dois perfis de Instagram, supostamente utilizados por Mauro Cid, sejam preservados. Além disso, ele também pediu para que os dados para o cadastro nas contas, como e-mail e número de telefone, fossem passados.


Ministro Alexandre de Moraes em julgamento de Bolsonaro (Foto: reprodução/EVARISTO SA/Getty Images Embed)


De acordo com as normas do STF, se ficar entendido que o tenente-coronel violou os termos do acordo de colaboração, ele perderá os benefícios como delator, porém as provas serão mantidas.

Mauro Cid nega plano de fuga e diz ao STF que não tentou deixar o Brasil

O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (13), após ser alvo de uma operação da Polícia Federal motivada por investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR). A apuração envolve uma suposta tentativa de fugir do país usando um passaporte português. Um mandado de prisão foi expedido e cumprido, com Cid sendo detido em casa, no Setor Militar Urbano, em Brasília. No entanto, a defesa disse que a ordem foi revogada logo em seguida, ainda na fase inicial da operação.

Apesar da revogação, o militar foi conduzido para prestar esclarecimentos e negou qualquer intenção de evasão. Ele é um dos 30 réus, ao lado de Bolsonaro, acusados de participar de uma tentativa de golpe de Estado com o objetivo de manter o ex-presidente no poder após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 2022.

Passaporte português e auxílio de ex-ministro

Segundo a Polícia Federal, a suposta tentativa de fuga envolvia o uso da cidadania portuguesa, que Mauro Cid e sua família possuem (de acordo com a defesa de sua advogada Vânia Bittencourt), para emissão de um passaporte europeu e posterior saída do país. A PF afirma que o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, atuou junto ao Consulado de Portugal, em maio de 2025, para viabilizar esse processo em favor de Cid. Machado foi preso no Recife (PE) durante a operação.


Ex-ministro do turismo Gilson Machado no G20, 2021 (Foto: reprodução/Andreas Solaro/AFP/Getty Images Embed)


No entanto, apesar de ter a cidadania portuguesa, a sua defesa afirmou que ele não tem intenção de deixar o Brasil nem solicitou passaporte com essa finalidade. Gilson Machado também nega irregularidades e afirma que o pedido feito ao consulado foi, na verdade, em nome de seu pai, e não do ex-ajudante de ordens.

Réu por golpe e outros crimes

Desde o fim do governo Bolsonaro, Mauro Cid passou de figura discreta do entorno presidencial a um dos nomes centrais nas investigações conduzidas pela Polícia Federal e pela PGR. Ele responde por:

  • Falsificação de cartões de vacinação contra a Covid-19, inclusive em nome de Bolsonaro;
  • Venda irregular de joias e presentes oficiais recebidos em viagens internacionais;
  • Atos antidemocráticos e conspiração golpista, com base em provas levantadas pela PGR.

As delações de Cid vêm alimentando investigações de grande repercussão, envolvendo inclusive ex-integrantes do alto escalão do governo anterior.

Fuga e justiça

Fugir do país não protege um réu da Justiça. Pelo contrário: a tentativa pode levar à decretação de prisão preventiva, à perda de benefícios processuais e à emissão de alertas internacionais, como a inclusão do nome na lista da Interpol. Países com tratados de extradição com o Brasil podem agir para devolver o fugitivo.

A eventual saída de Mauro Cid, caso tivesse ocorrido, poderia ser interpretada como obstrução de Justiça e afetaria não apenas sua imagem, mas também a validade e os termos da colaboração com as autoridades.

Revista revela que Mauro Cid dribla ordem do STF e envia mensagens secretas

A revista “Veja” publicou uma reportagem que aponta que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, pode ter violado uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem proibia o militar de se comunicar durante as investigações em que está envolvido.

Em seu depoimento recente no STF, Cid afirmou que não usou redes sociais enquanto estava com restrições impostas pela corte. Questionado pelo advogado de Bolsonaro sobre um perfil no Instagram que não estava em seu nome, ele negou ser o dono e disse que todos os seus celulares foram apreendidos.

Mensagens revelam contradições e bastidores

No entanto, a reportagem divulgou prints de conversas realizadas por uma conta chamada “Gabriela R”, que seria utilizada por Cid para trocar mensagens com pessoas próximas ao ex-presidente. Nessas conversas, o militar teria apresentado versões diferentes daquelas que relatou oficialmente à Polícia Federal (PF), o que levanta dúvidas sobre a veracidade de seus depoimentos.

Como colaborador da Justiça, Mauro Cid tem o compromisso de fornecer informações verdadeiras para manter os benefícios do acordo. Caso contrário, pode perder esses direitos e ter a delação anulada.


Mauro Cid é questionado por advogado de Bolsonaro durante depoimento no STF sobre plano de golpe (Vídeo: Reprodução/YouTube/@CNNbrasil)

Enquanto prestava informações à PF sobre ações antidemocráticas, ele enviava mensagens para terceiros relatando detalhes das audiências e manifestando desconforto com a condução da investigação. Segundo as conversas, o delegado responsável teria tentado manipular suas declarações, e o ministro Alexandre de Moraes já teria decidido condenar alguns réus antes do julgamento.

As trocas aconteceram entre o fim de janeiro e o começo de março de 2024, meses antes da homologação do acordo pelo STF.

Relatos de reuniões e tentativas de impedir posse

No depoimento prestado na presença de Bolsonaro e outros membros do governo anterior, Cid confirmou que presenciou encontros entre o ex-presidente e militares para discutir ações que poderiam impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Também afirmou que Bolsonaro acreditava em fraude eleitoral e que o comandante da Marinha da época teria colocado tropas à disposição do ex-presidente.

O Ministério Público entende que essas informações, somadas a outros documentos e depoimentos, comprovam uma tentativa de golpe no final de 2022.

Defesa contesta autenticidade das mensagens

A defesa de Mauro Cid negou a autenticidade das imagens divulgadas e classificou as capturas de tela como uma montagem.

Os advogados afirmam que ele não se expressa da forma mostrada nas mensagens e ressaltam que as imagens não apresentam data ou horário, o que compromete sua credibilidade.

Oito de janeiro: próximos passos do STF na ação penal que apura trama golpista

O Supremo Tribunal Federal concluiu a fase de interrogatórios da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2022. Os oito réus, que, conforme a Procuradoria-Geral do República (PGR), integram o “núcleo crucial” do processo que apura a tentativa de instauração do golpe, foram ouvidos. O fim da etapa aconteceu nesta terça-feira (10)

Com o encerramento da instrução processual, etapa que visa coletar provas, o caso vai para as estampas finais antes do julgamento. A expectativa é que a ação passe por análise pela Primeira Turma do STF no segundo semestre, possivelmente entre os meses de setembro e outubro.


O ex-presidente Jair Bolsonaro, que é um dos integrantes do “núcleo crucial”, responde perguntas no interrogatório (Foto: reprodução/Fellipe Sampaio/STF)

Próximas etapas

Com o fim da fase dos interrogatórios, o prazo para solicitação de novas diligências por parte das defesas e da acusação começa. Esses pedidos podem incluir medidas de investigação complementares que serão analisadas pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes.

Em seguida, começa o período das alegações finais. Essa etapa prevê o período de 15 dias para que as partes manifestem seus argumentos por escrito. As alegações finais são um resumo dos principais pontos apresentados durante o processo e trazem os requerimentos de condenação ou absolvição.

Encerradas as alegações, o processo vira pauta de julgamento da Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.


Supremo Tribunal Federal (Foto: reprodução/Sergio Lima/Bloomberg/Getty Images Embed)


Em caso de condenação, os ministros fixarão pena individual para cada réu. Caso sejam absolvidos, o processo será arquivado. Em ambos os cenários, um recurso dentro da própria Corte é cabível.

Os réus do “núcleo crucial”

Dentre os oito que se tornaram réus e integram o núcleo 1 estão: o ex-presidente Jair Bolsonaro; o general, ex-ministro e vice de Bolsonaro em 2022, Walter Braga Netto; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno; o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres; o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier; o general e ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira; e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.

Mauro Cid revela que Zambelli intermediou encontro entre Bolsonaro e hacker para discutir segurança das urnas

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou nesta segunda-feira (9) que a deputada Carla Zambelli levou o hacker Walter Delgatti Neto para um encontro com Jair Bolsonaro. Segundo Cid, a reunião abordou possíveis vulnerabilidades das urnas eletrônicas e possíveis fraudes no sistema eleitoral. Este primeiro encontro aconteceu no Palácio da Alvorada.

O delator da trama golpista foi o primeiro réu a depor na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. Logo, ele revelou que o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, organizou o encontro a pedido de Bolsonaro. O ex-presidente teria orientado o general a se reunir novamente com Delgatti, desta vez no Ministério da Defesa.

Dessa forma, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro informou ainda que os integrantes do plano não identificaram nenhuma fraude nas urnas eletrônicas após as eleições de 2022. Além disso, destacou que o Partido Liberal (PL) não encontrou nenhuma irregularidade no sistema eleitoral.


Mauro Cid depõe ao STF (Vídeo: reprodução/YouTube/@STF)

Após Cid, STF ouvirá Ramagem; Bolsonaro depõe entre terça e quarta-feira

Após o depoimento de Mauro Cid, Alexandre Ramagem será o próximo a prestar esclarecimentos ao STF. Em seguida, será a vez de Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Importante lembrar que a Suprema Corte organizou os depoimentos seguindo a ordem alfabética dos réus.

Entretanto, o Supremo só deve ouvir Bolsonaro na terça-feira (10/6) ou na quarta-feira (11/6). Na semana passada, o ex-presidente afirmou que não pretende “desafiar” a Justiça. “Não vou ao STF para desafiar ninguém. Estarei lá com a verdade ao nosso lado”, declarou durante um evento do PL Mulher em Brasília.

Zambelli perde recursos e é incluída na lista da Interpol

O STF determinou, na última sexta-feira (6/6), a prisão de Carla Zambelli após rejeitar os recursos apresentados pela deputada. A decisão confirma a condenação de 10 anos de prisão pela invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsificação de documentos. Além da pena, Zambelli perderá o mandato de deputada federal e já teve seus bens bloqueados. A parlamentar deixou o Brasil antes da decisão final e, por isso, a Interpol a incluiu na lista de procurados, dificultando sua permanência no exterior.

A condenação foi reforçada pelo ministro Alexandre de Moraes, que converteu a prisão preventiva em definitiva e notificou a Câmara dos Deputados para oficializar a perda do mandato. Zambelli alega perseguição política e contesta a legalidade da decisão, mas o STF considera o caso encerrado, sem possibilidade de novos recursos.

Cid afirma que Bolsonaro “enxugou documento” com o único objetivo de prender Moraes

Nesta segunda-feira(9), o coronel Mauro Cid, que também já trabalhou com o ex-presidente, disse que Jair Bolsonaro recebeu a chamada “minuta do golpe”, e editou. Ele disse o seguinte quando questionado se o direitista havia lido o documento, disse “sim, senhor, recebeu e leu”. O ex-ajudante do antigo do governante que presidiu o país de 2019 até 2022, lembrou que não estava presente na sala, aonde foi feita as alterações do documento da minuta, junto o seu assessor Felipe Martins, mais que após isso mostraram a documentação para ele, onde estiveram mostrando.

“Enxugou o documento”

Conforme Mauro Cid informou em depoimento, o então ex-presidente do Brasil teria enxugado o documento, em citação o ex-ajudante da presidencia disse o seguinte:

Ele enxugou o documento, retirando basicamente as autoridades das prisões, somente o senhor ficava como preso”, disse o relator se referindo a que somente seria preso Moraes, quando prestou depoimento na tarde desta segunda-feira(9).


Mauro Cid no dia 24 de Agosto de 2023 participando de uma sessão que investiga os atos anti-democraticos ocorridos no dia 8 de Janeiro de 2023 (Foto: reprodução/Mateus Bonomi/Getty images Embed)


Os réus do “Núcleo crucial”

Se iniciou neste dia 9 de junho, os interrogatórios com os réus que fazem parte do “núcleo crucial” do julgamento, da ação penal que apura o julgamento da tentativa de golpe de estado após as eleições de 2022, entre eles estão:

  • Alexandre Ramagem, deputado e ex-chefe da Abin
  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da república
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da defesa
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da defesa e vice de Bolsonaro na eleição em 2022
  • Anderson Torres, ex-ministro da justiça
  • Almir Garnier, ex-comandante da marinha
  • Mauro Cid, ex-ajudante das ordens da presidência
  • Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI

Os interrogatórios ocorreram durante os cinco dias dessa semana, se iniciando no dia 9 e terminando na data do dia 13 de junho de 2025