Ano de 2025 pode estar entre os 3 mais quentes desde 1850, diz ONU

Às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que se inicia na próxima segunda (10) em Belém do Pará, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), filiada à ONU, divulgou um relatório sobre os efeitos catastróficos do aquecimento global. O documento publicado hoje (06) revelou que 2025 será o segundo ou terceiro ano mais quente desde o início dos registros, que ocorreu em 1850, atrás apenas de 2024.

Se comparado a 2024, este ano foi marcado pela desintensificação do fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico na região do Equador, o que explica porque o período anterior foi mais quente. Apesar disso, a OMM indicou que, entre junho de 2023 a agosto de 2025, houve 26 meses seguidos de recordes mensais de calor, com exceção de fevereiro de 2025. Da mesma forma, o período de 2015 a 2025 registrou os 11 anos mais quentes da série histórica. A explicação para essas temperaturas superlativas é a sistemática queima de combustíveis fósseis, apontou o documento.

Entre outros números alarmantes, o relatório apontou o aumento da concentração de gases de efeito estufa e do degelo das calotas polares e a preocupante incidência de eventos climáticos extremos.

Planeta ultrapassa 1,5ºC

Embora a temperatura média global da superfície terrestre, desde janeiro deste ano, tenha sido menor do que a do período passado (1,42 °C. em 2025, contra 1,55 °C, em 2024), especialistas já consideram praticamente impossível que a população global limite o aquecimento global, nos próximos anos, a 1,5 °C. Em outras palavras, a humanidade fracassou em impedir que o planeta aqueça mais de 1,5 °C nos quase 300 anos desde que houve a Revolução Industrial, o que, se à primeira vista pode parecer inofensivo, na realidade, representa riscos fatais e sofrimento para centenas de milhões de indivíduos.

O limite de 1,5ºC foi estabelecido pelo Acordo de Paris de 2015 para evitar impactos extremos do clima, como secas, elevação do mar e colapso de geleiras.

Em cada ano em que se ultrapassar o limiar de 1,5 °C, as economias serão severamente afetadas, as desigualdades se agravarão e ocorrerão danos irreversíveis“, declarou secretário-geral da ONU, António Guterres, hoje em Belém.


O presidente Lula e o secretário-geral da ONU, António Guterres (Foto: reprodução/Wagner Meier/Getty Images Embed)


Especialistas alertam, porém, que, embora o aumento térmico já seja uma realidade, é possível e fortemente encorajado que se trabalhe para que, ao final do século XXI, esse aumento esteja controlado.

Ainda é totalmente possível e essencial reduzir as temperaturas para 1,5 °C até o final do século“, disse Celeste Saulo, secretária-geral da OMM.

2025 é marcado por eventos climáticos extremos

O aumento térmico presenciado já deixou, ainda neste ano, impactos destrutivos ao redor do mundo, à medida que influencia as dinâmicas climáticas planetárias e gera desequilíbrios catastróficos. A destruição da natureza afeta a economia, alimentação, saúde e tira milhares de vidas a cada ano.

As enchentes no Texas (Estados Unidos), em julho, deixaram 135 mortos, o pior desastre do tipo em quase meio século. 

Na região do Mar Mediterrâneo, uma onda de calor entre junho e agosto fez os termômetros atingirem 50,5 °C na Turquia e gerou incêndios que afetaram a agricultura e turismo. 

Na África, milhares de pessoas perderam suas casas devido a ciclones e inundações em Moçambique, República Democrática do Congo e África do Sul, enquanto que cerca de 1,5 milhão de paquistaneses e indianos tiveram de se deslocar por conta de enchentes na Ásia.

No Brasil, a Amazônia e o Centro-Sul sofreram com seca prolongada, ocasionando incêndios florestais e submetendo a risco os serviços de abastecimento de água e energia.

Para que os próximos anos não continuem a registrar recordes negativos, o documento da OMM divulgado hoje clamou pela priorização de energias renováveis.

 

Na COP30, Brasil exige ação concreta pelo clima

A preparação para a COP30, que acontecerá em 2025 em Belém do Pará, já movimenta discussões em todo o mundo. Em meio às expectativas para a conferência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou que o evento precisa marcar um novo momento na luta contra as mudanças climáticas. Segundo ele, é hora de transformar as promessas feitas em encontros anteriores em ações reais e mensuráveis.

Durante seu discurso, Lula destacou que a COP30 não pode ser apenas mais uma reunião com discursos ambiciosos e metas vagas. O presidente afirmou que o Brasil está pronto para assumir um papel de liderança global na defesa do meio ambiente, mas ressaltou que isso só será possível se houver compromisso coletivo e responsabilidade compartilhada entre os países.

Brasil quer liderar a transição verde

Ao falar sobre o papel do Brasil na agenda ambiental, Lula lembrou que o país tem um dos maiores patrimônios naturais do planeta, com a Amazônia, o Pantanal e outros biomas essenciais para o equilíbrio climático global. Ele destacou que o governo federal vem reforçando políticas de preservação e combate ao desmatamento ilegal, que já apresentou redução significativa nos últimos meses, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

O presidente também ressaltou a importância de unir desenvolvimento econômico e sustentabilidade. Segundo ele, é possível gerar emprego e renda sem destruir o meio ambiente. Como exemplo, citou o avanço de projetos de energia limpa e de incentivo à agricultura de baixo carbono. Lula reafirmou ainda que o Brasil quer atrair investimentos verdes, capazes de impulsionar a economia e, ao mesmo tempo, reduzir emissões de gases poluentes.

Além disso, Lula defendeu o fortalecimento da diplomacia ambiental. O governo brasileiro vem buscando aproximação com outros países da América Latina e da África para firmar parcerias em pesquisas e projetos sustentáveis. A meta é apresentar na COP30 um conjunto de compromissos regionais que demonstrem que o combate à crise climática depende da cooperação internacional.

“Queremos mostrar que é possível crescer e proteger a natureza. O Brasil vai liderar pelo exemplo e cobrar o mesmo de outros países”, afirmou Lula, reforçando que o evento de Belém será uma oportunidade de reafirmar o compromisso global com o futuro do planeta.


Presidente Lula na COP30 (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Pablo Porciuncula)

Desafios e expectativas para a COP30

Marcada para ocorrer em novembro de 2025, a COP30 reunirá líderes mundiais, cientistas e ativistas para discutir políticas de mitigação das mudanças climáticas. Pela primeira vez, o evento será realizado na Amazônia, o que aumenta o simbolismo e a responsabilidade do Brasil como anfitrião. A escolha de Belém reflete o desejo de dar visibilidade às populações que vivem na floresta e que enfrentam, diariamente, os efeitos da degradação ambiental.

Entre os principais temas que devem ser debatidos estão o financiamento climático, a preservação das florestas, a redução das emissões de carbono e a adaptação das cidades às novas condições climáticas. Especialistas afirmam que a COP30 precisa ir além das promessas e apresentar resultados concretos, especialmente em relação ao cumprimento do Acordo de Paris.

O governo brasileiro aposta em uma conferência inclusiva, com a participação ativa de povos indígenas, comunidades tradicionais e representantes da sociedade civil. Para Lula, dar voz a essas populações é essencial para construir políticas que respeitem a diversidade e o conhecimento local. Ele também destacou que o Brasil pretende propor metas ambiciosas, mas realistas, alinhadas com o desenvolvimento sustentável e a proteção da Amazônia.

Apesar do otimismo, o caminho até a COP30 ainda apresenta desafios. A necessidade de equilibrar crescimento econômico e preservação ambiental continua sendo um ponto delicado. Além disso, a cooperação internacional nem sempre avança na mesma velocidade das urgências climáticas. Muitos países ainda resistem em adotar medidas que possam reduzir lucros no curto prazo, mesmo que isso comprometa o futuro das próximas gerações.

Lula reconheceu as dificuldades, mas reforçou que a crise climática não pode ser tratada como um problema distante. Ele lembrou que as enchentes, secas extremas e queimadas são sinais de que o tempo para agir está se esgotando. “O planeta está cobrando um preço alto pela nossa demora. A COP30 será o momento de mostrar que aprendemos a lição”, disse o presidente.

Com o olhar voltado para Belém, o Brasil busca inspirar o mundo a agir. A expectativa é que a COP30 se torne um marco histórico, não apenas por reunir os principais líderes globais, mas por transformar discursos em compromissos reais. A conferência será um teste para a capacidade coletiva de enfrentar um dos maiores desafios da humanidade: garantir um futuro sustentável e equilibrado para todos.

Brasil se prepara para COP30 com 191 países credenciados

A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP30, já tem 191 países credenciados, incluindo a Argentina de Javier Milei. O credenciamento, embora não garanta presença, representa um sinal de interesse político e diplomático. Até o momento, 143 delegações confirmaram presença na 30ª conferência climática, que será realizada em Belém–PA em novembro de 2025. A informação foi confirmada pela organização do evento e ressalta a expectativa de recorde de participação internacional.

A presença da Argentina, porém, gera incerteza. O presidente Javier Milei tem se posicionado contra parte da agenda climática global. No ano passado, ele retirou sua equipe técnica da COP29, no Azerbaijão, e chegou a ameaçar a saída do país do Acordo de Paris. Similarmente, a postura repete a estratégia adotada por Donald Trump nos Estados Unidos. Mesmo assim, o Brasil vê a adesão argentina como um gesto diplomático relevante.

EUA ficam fora e China ganha espaço nas negociações

Enquanto a Argentina chega à lista, os Estados Unidos permanecem fora. À primeira vista, o governo norte-americano decidiu não enviar representantes de alto nível para as negociações da COP30. A decisão coincide com a extinção do Office of Global Change, órgão do Departamento de Estado que coordenava a diplomacia climática do país. Consequentemente, a ausência norte-americana pode alterar o equilíbrio político da conferência e abrir espaço para maior protagonismo da China, que já sinalizou interesse em ampliar acordos de energia limpa e cooperação ambiental com países da América Latina.


Trump diz preferir a poluição causada pelo petróleo à energia eólica (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)


Durante o G20 de 2024, no Rio de Janeiro, a delegação argentina já havia criado impasses sobre o tema climático, dificultando consensos. O histórico retoma a dúvida sobre o engajamento efetivo de Milei na conferência.

Hospedagem e custos entram na pauta da COP30

Até setembro, 79 delegações já haviam confirmado a hospedagem em Belém. Contudo, o custo das diárias se tornou tema de debate entre a Organização das Nações Unidas (ONU), o governo brasileiro e o governo do Pará. Após negociações, ficou definido que as diárias não poderão ultrapassar US$ 600. A ONU também revisou o valor da Diária de Subsistência (DSA) para países em desenvolvimento, que passou de US$ 144 para US$ 197, visando equilibrar custos operacionais.

A capital Belém foi escolhida como sede durante a COP28, em Dubai. É a primeira vez que a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas será realizada em uma cidade amazônica, reforçando a centralidade do Brasil no debate ambiental global.

Melissa atinge força histórica e se torna o segundo furacão mais potente já registrado no Atlântico

O furacão Melissa alcançou nesta terça-feira (28) a marca de segundo mais forte da história do Oceano Atlântico, segundo informações do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC).

O sistema registrou ventos sustentados de aproximadamente 297 km/h, superando os parâmetros de um furacão de categoria 5 na escala Saffir-Simpson, que mede a força dos ventos e o potencial destrutivo. O fenômeno segue avançando em direção ao norte do Caribe, com alertas emitidos para diversas ilhas da região e para a costa sudeste dos Estados Unidos.

Intensificação recorde e risco para o Caribe

De acordo com meteorologistas, Melissa passou por um processo de intensificação rápida, quando o furacão ganha força em poucas horas devido a temperaturas elevadas da superfície do mar, alta umidade e baixos ventos de cisalhamento, condições ideais para o crescimento explosivo de sistemas tropicais. A temperatura das águas do Atlântico, atualmente acima da média, contribuiu de forma decisiva para o fortalecimento do fenômeno.

O NHC alertou que os efeitos mais severos incluem ventos devastadores, chuvas torrenciais e marés de tempestade com potencial de causar inundações costeiras e deslizamentos de terra. 


Olho do furacão Melissa registrado por um avião caça (Vídeo: reprodução/X/@metsul)

Países como República Dominicana, Porto Rico e as Ilhas Virgens permanecem em estado de vigilância, com evacuações preventivas em áreas de risco. Especialistas destacam que, embora o centro da tempestade ainda esteja sobre o oceano, as bandas externas já provocam fortes chuvas e ventos destrutivos em partes do Caribe.

Mudanças climáticas e eventos extremos

A formação do furacão Melissa reacende o debate sobre os efeitos do aquecimento global na frequência e intensidade dos furacões. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o aumento da temperatura dos oceanos fornece mais energia às tempestades tropicais, resultando em sistemas mais potentes e imprevisíveis. Para cientistas, episódios como esse não são isolados, mas sinais de um novo padrão climático no Atlântico.

Nos últimos anos, especialistas têm registrado uma tendência de furacões mais intensos e com trajetórias atípicas, o que torna mais difícil o planejamento e a resposta das autoridades. O caso de Melissa reforça a urgência de políticas internacionais de mitigação e adaptação climática, especialmente para nações insulares e regiões costeiras vulneráveis.

Enquanto o furacão segue seu curso pelo Atlântico, comunidades locais e agências internacionais mantêm o monitoramento constante, reforçando que o impacto humano e ambiental desses fenômenos vai muito além da força dos ventos, é um reflexo direto de um planeta em transformação.

Calor extremo causa 1.180 mortes na Espanha em dois meses

O Ministério do Meio Ambiente da Espanha informou nesta segunda-feira (14) que as altas temperaturas no país causaram 1.180 mortes nos últimos dois meses, um número maior comparado ao mesmo período do ano passado.

A Espanha foi atingida por um calor extremo nas últimas semanas, com temperaturas ultrapassando 40 graus Celsius. As regiões mais afetadas foram ao norte do país, como as cidades de Galícia, La Rioja, Astúrias e Cantábria, conhecidas por terem as temperaturas mais frias durante o verão.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente do país, a maioria das pessoas que morreram de causas relacionadas ao calor tinham mais de 65 anos, sendo as mulheres, mais da metade das vítimas.

Incêndios florestais na Espanha

Altas temperaturas, tempestades e ventos fortes dificultaram a extinção de um incêndio florestal que ocorreu no início do mês de julho. No dia, duas pessoas morreram em um incêndio florestal que atingiu a região da Catalunha. 

O fogo destruiu diversas fazendas, atingiu área agrícola e a orientação dos bombeiros era que as pessoas, longe do local, permanecessem em suas casas. “O incêndio foi extremamente violento e irregular devido às tempestades e ventos fortes, gerando uma nuvem de convecção que complicou os esforços de extinção”, comunicou o corpo de bombeiros.


Incêndio florestal na Espanha alerta bombeiros (Foto: reprodução/Getty Images Embed)

Ação humana é responsável pelas mudanças climáticas

Entre maio de 2024 e maio de 2025, mais de 190 países e territórios registraram um aumento de dias de calor extremo, e o relatório internacional produzido por cientistas da Cruz Vermelha Internacional World Weather Attribution e do Climate Central, aponta que as mudanças climáticas, causadas pelas ações humanas, é a maior responsável por isso. 

O calor excessivo é apontado como o evento climático mais mortal do planeta. Em 2022, a Europa registrou mais de 61 mil mortes por calor, entretanto, tem-se a informação de que muitas mortes são sub notificadas, o que significa que os números podem ser ainda maiores.

Os cientistas utilizaram como base a temperatura acima do percentil 90 para cada localidade, comparando o histórico de 1991 a 2020, e chegaram à conclusão de que quase metade da população mundial viveu ao menos 30 dias a mais de calor extremo no último ano. 

Junho é considerado o 3º mais quente, com recordes de calor

Em comunicado publicado nesta terça-feira (8), foi confirmado pelo observatório Copernicus que junho foi o 3º mês de junho a registrar temperaturas acima do nível pré-industrial. O observatório Copernicus é o programa responsável da União Européia por realizar o monitoramento do clima da Terra, em especial o clima europeu.

De acordo com a divulgação, a temperatura atingida no mês foi de 1,30°C acima da média usada para referência. O nível pré-industrial é usado pelos cientistas como referência para observar e acompanhar a alta da temperatura climática. 

Desequilibrio climático

Enquanto no hemisfério norte se observavam temperaturas acima da média para o verão, no hemisfério sul as temperaturas caíram mais do que o esperado para a temporada. 

Na Argentina e no Chile, as temperaturas caíram drasticamente e registraram uma onda de frio polar. Uma massa de ar frio proveniente da Antártica atingiu a Argentina, afetando diversas cidades com o clima gelado.

Já na Ásia Central, os registros demonstraram valores menores do que o estimado. Mesmo com o clima tão distinto em diferentes partes do planeta, a tendência é que as temperaturas mundiais cresçam cada vez mais e a média se intensifique. Diversos impactos podem ser previstos no cotidiano humano, principalmente na saúde das pessoas e na agricultura, acarretando outros problemas em sistemas que dependem dos dois citados.


Ventilador borrifa água para refrescar as pessoas em Roma, na Itália. (Foto: reprodução/TIZIANA FABI/Getty Images Embed)


Verão europeu e Mediterrâneo quente

A temporada de verão na Europa ocorre entre os meses de junho e setembro, contando normalmente com temperaturas mais altas, especialmente no sul do continente. Entretanto, os marcadores de temperatura ultrapassaram o que seria considerado normal para essa época do ano, sendo junho o ano mais quente da história. 

Na Espanha, a temperatura ultrapassou a marca de 40ºC no fim de junho, enquanto Portugal sofreu com a sensação térmica atingindo 46ºC. 

Paralelamente, os níveis elevados de temperatura do Mediterrâneo também aumentaram e influenciaram diretamente essa onda de calor vista em países europeus. Em destaque, o Mediterrâneo Ocidental registrou 27ºC, a maior temperatura diária do mar já registrada e sendo considerado uma marca histórica, com uma anomalia de 3,7ºC superior a média.

A relação entre os dois fenômenos ocorre devido ao fato de que quanto mais quente a temperatura dos oceanos, mais calor é transferido para a atmosfera através do processo de evaporação.

Brasil participa de reunião do Tratado da Antártica para debater conservação de continente

O Brasil é um dos participantes da reunião do Tratado da Antártica. O encontro, que contará com a presença dos países signatários do acordo, servirá para debater propostas internacionais de proteção ambiental no continente. A reunião deste ano já acontece em Milão, na Itália e seu encerramento está previsto para o começo de julho.

Propostas de criação de novas Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) estão em análise para serem discutidas na Comissão para Conservação dos Recursos Marinhos Vivos da Antártica (CCAMLR). No entanto, de acordo com especialistas, um pequeno grupo de países que são liderados pela Rússia e China têm impossibilitado de maneira sistemática a formação de um consenso na CCAMLR para que novas áreas protegidas sejam criadas na Antártica.

Clima do Brasil diretamente afetado

As mudanças climáticas que atingem os dois extremos do planeta afetam o Brasil de forma direta. A crise ambiental no Ártico e na Antártica é marcada pelo derretimento de geleiras, mudança nas correntes oceânicas e na circulação atmosférica. Estes fatores influenciam os padrões de chuva, períodos de seca e eventos extremos no Brasil, como as enchentes que aconteceram no Rio Grande do Sul e arrasaram o estado em maio do ano passado.


Geleira Thwaites, na Antártica, conhecida como “Geleira do Juízo Final” (Foto: reprodução/Wikimedia Commons/Nasa)

“A percepção pública acompanha o que a ciência já comprova: a crise climática antártica afeta diretamente o cotidiano dos brasileiros, da mudança nos padrões de chuvas às ameaças a atividades como o turismo de observação de baleias”, afirmou Ronaldo Christofoletti, professor da Unifesp e co-presidente do Grupo de Especialistas em Cultura Oceânica da UNESCO.

O inverso também pode acontecer. Fatores que interferem no clima no Brasil podem influenciar o continente antártico. O aumento das queimadas na Amazônia, por exemplo, podem soltar partículas que chegam na Antártica e escurecem o gelo da região, o que acelera o derretimento.


Reportagem da CNN explica como queimadas no Brasil agravam degelo na Antártica (Reprodução/Youtube/CNN Brasil)


Aumento do nível do mar

Em pesquisa recente, levantada pela Fundação Grupo Boticário, UNESCO, e pelo projeto Maré de Ciência e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi revelado que nove a cada dez brasileiros entendem o aumento do nível do mar enquanto uma ameaça real. A maioria também relaciona o aquecimento dos oceanos a catástrofes climáticas como secas e inundações, no entanto, apenas 7% dos entrevistados já participaram de alguma ação que contribua com a conservação marinha no último ano.

Chuvas fortes voltam ao RS e elevam risco de novas enchentes

O Rio Grande do Sul enfrenta mais uma preocupação devido à previsão de chuvas intensas, agravada pela formação de um ciclone extratropical. As condições climáticas elevaram imediatamente o risco de novas enchentes em diversas regiões do estado gaúcho.

Assim como o Rio Jacuí encontra-se acima da cota de inundação, o Rio Guaíba permanece da mesma forma e está sob alerta de nova alta, fazendo o governo do RS reforçar a atuação preventiva. A Defesa Civil mantém atenção redobrada e pede que moradores de áreas de risco saiam de casa.

Chuvas contínuas e regiões críticas

A Defesa Civil afirmou que mais de 6 mil moradores precisaram abandonar suas residências devido às enchentes e das tempestades, afetando 98 municípios e alocando cerca de 2 mil pessoas em abrigos públicos. 

Anteriormente, na quarta-feira (19), o Rio Guaíba atingiu a cota de alerta de 3,15 metros e continuou até 3,21 metros, afetando bairros da Zona Norte. Enquanto isso, na região dos Vales o nível do Rio Jacuí baixou e permanece 4 metros acima da cota de segurança. 

Apesar de ter recuado nessa semana, o Guaíba tem projeção de uma nova elevação até quinta-feira (3), podendo ultrapassar os 3,60 metros.


Guaíba atinge nível crítico e provoca alerta de enchentes no RS (Vídeo: reprodução/YouTube/@uol)

Como resultado, o governo do RS disponibilizou uma aeronave de resgate e preparou abrigos, bem como ativar gabinetes de crise em cidades estratégicas como Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul e Porto Alegre. Eduardo Leite, governador do estado, enfatizou a importância da colaboração da população diante do cenário crítico.

Alerta e orientação à população

Até o momento, o estado registra 9,6 mil desabrigados, cinco mortes e uma pessoa desaparecida. A Defesa Civil orienta que moradores procurem abrigos ou casas de parentes fora das áreas de risco.

A recomendação é acionar o 190 (Brigada Militar) ou o 193 (Corpo de Bombeiros) em casos de emergência. O governo destaca que o momento é de total vigilância, e a população deve agir com rapidez e responsabilidade.

Onda de frio se aproxima com temporais no sul e alerta para ciclone extratropical

A semana começa com mudanças significativas no clima em diversas regiões do Brasil. Nesta segunda-feira, o tempo ainda será quente e abafado em boa parte do país, mas a partir de terça-feira (27), uma frente fria de origem polar deve avançar e trazer o primeiro grande frio do ano, conforme a Climatempo.

No Sul, um sistema de baixa pressão atmosférica no interior do continente, aliado à circulação de ventos em baixos níveis, deve intensificar as chuvas no Rio Grande do Sul. As regiões oeste, centro e campanha gaúcha estão em alerta para temporais, com risco de chuva forte, raios e ventania. Nas demais áreas do estado, incluindo Porto Alegre, a previsão é de pancadas moderadas a fortes. O extremo sul de Santa Catarina também pode registrar chuva, enquanto no Paraná o tempo segue firme, com elevação nas temperaturas.

Informações do Centro de Monitoramento

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) emitiu alerta de nível moderado para enchentes e inundações em Uruguaiana, Santa Maria e Santa Cruz do Sul, devido à continuidade das chuvas.


Carros andando durante chuva (Reprodução/x/@g1)

No Sudeste e Centro-Oeste, o destaque é o calor e a baixa umidade do ar. O tempo seco predomina em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, leste de Mato Grosso e no Distrito Federal. As temperaturas ficam elevadas durante a tarde, e em algumas áreas do interior paulista e do oeste mineiro, a umidade relativa do ar pode ficar abaixo dos 30%. Apenas o litoral do Espírito Santo deve ter pancadas de chuva devido à umidade vinda do mar.

No Nordeste, a faixa leste terá um dia instável, com previsão de chuva moderada a forte no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas. Já no interior da região, o tempo segue firme e seco, com índices baixos de umidade em áreas do sertão.

Na Região Norte, a Zona de Convergência Intertropical mantém as condições para chuvas volumosas no Amapá e temporais entre Amazonas e Roraima. Também há chance de pancadas fortes no norte de Rondônia, Acre e partes do Pará. Em Tocantins, o tempo segue seco.

A partir de terça-feira, a frente fria começa a avançar pelo Sul e traz instabilidades para São Paulo e Mato Grosso. Entre os dias 31 de maio e 1º de junho, a entrada de ar polar mais intenso derrubará significativamente as temperaturas no Sudeste e Centro-Oeste.

Previsão para o sul do país

As previsões indicam temperaturas negativas no Sul, com possibilidade de mínimas entre -3°C e -5°C em regiões mais elevadas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Pode haver geada ampla e até possibilidade de neve, caso as condições de umidade se mantenham. O frio também deve alcançar o Norte, provocando friagem em Rondônia, Acre e sul do Amazonas. Recordes de frio são esperados, com temperaturas abaixo dos 10°C em diversas cidades fora das regiões serranas.

Além do frio, os meteorologistas alertam para a possível formação de um ciclone extratropical na quinta-feira, ao largo da costa do Rio Grande do Sul. Esse fenômeno pode provocar ventos de até 100 km/h e gerar ressaca no litoral do Sul e do Sudeste. Ainda há incertezas sobre a intensidade e a localização exata do sistema, mas o risco de impactos é real.

Governo lança iniciativa para enfrentar a desinformação sobre mudanças climáticas

Para enfrentar a desinformação sobre mudanças climáticas, a presidência brasileira da COP30 está estruturando a rede “Organizações Parceiras pela Integridade da Informação sobre Mudança do Clima”, a fim de evitar a disseminação de notícias falsas sobre o tema. O projeto teve origem em 2024, durante a presidência brasileira do G20, mas apenas recentemente o governo estruturou um grupo nacional dedicado à sua implementação.

Rede busca ampliar acesso a dados científicos

A iniciativa conta com a colaboração da Unesco e a participação da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério das Relações Exteriores.

Além disso, especialistas, acadêmicos e representantes da sociedade civil estão sendo convidados a integrar o grupo.

O primeiro encontro dessa articulação, realizado em 23 de março, abordou a necessidade de tornar as evidências científicas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) mais acessíveis à população.


Temperatura média do planeta ultrapassou o limite de 1.5°C (Foto: reprodução/Carlos Bassan/G1)

O encontro também teve a finalidade de conscientizar sobre os impactos das mudanças climáticas, apresentar estratégias para enfrentá-las e combater narrativas negacionistas.

Na reunião, destacou-se a necessidade de expandir o debate para as plataformas digitais. O objetivo é conectar a rede brasileira a iniciativas internacionais, incentivando a criação de conteúdo e o acompanhamento da desinformação.

Países como Chile, Dinamarca, França, Marrocos, Reino Unido e Suécia seguem na mesma direção.

IPCC

O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) foi criado em 1988 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pela Organização Meteorológica Mundial, sendo amplamente reconhecido como Uma das principais fontes de informação sobre as mudanças climáticas.

Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, o IPCC analisa o conhecimento disponível sobre o tema, identifica consensos na comunidade científica, destaca áreas que precisam de mais pesquisas e fornece dados para subsidiar a formulação de políticas públicas.