Trump ameaça Hamas após retomada violenta de Gaza

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse hoje, através da rede social Truth Social, que, caso o Hamas continue a matar pessoas em Gaza, a Casa Branca permitirá que Israel reocupe a região e aniquile os membros do grupo. Um dos negociadores da paz temporária no Oriente Médio, Trump advertiu os terroristas acerca do estrito cumprimento do acordo, na busca pela manutenção da trégua.

Hamas mata 33 pessoas em Gaza

À medida que libertava os últimos reféns vivos, na segunda-feira (13), o Hamas retomou de forma violenta o controle sobre a Faixa de Gaza. Supostos colaboradores das forças israelenses foram assassinados nas ruas.

Uma fonte anônima disse à CNN que, desde a interrupção do conflito, 32 membros de “uma gangue ligada a uma família na Cidade de Gaza” foram mortos, assim como seis integrantes dessa mesma família. Mais tarde, vídeos de execuções públicas no que parece ser a localidade puderam ser vistas nas redes sociais, embora não se saiba a data e local exatos da produção do conteúdo.


Guerra em Gaza deixou brutal destruição (Foto: Reprodução/Getty Images Embed/Abdolrahman Rashad/)


A situação não é nova. Historicamente, os vários recuos de tropas israelenses em Gaza, após brutal destruição promovida pelo Estado vizinho, foram acompanhados de repressão àqueles que facilitaram ou lucraram com sua ocupação, o que configura uma afronta aos termos da negociação de paz.

Tropas israelenses também foram acusadas, pela Organização das Nações Unidas, nos últimos dias, de desrespeitar o acordo, ao atirar contra civis palestinos que se aproximaram quando elas se retiravam da região. 

Cessar-fogo é anunciado

A partir da liderança dos Estados Unidos, Egito, Catar e Turquia, foi divulgado na segunda-feira (13) um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, após 2 anos de conflito. 

Em 7 de outubro de 2023, o Hamas atacou uma festa isarelense na fronteira com Gaza, deixando 1.200 mortos e 251 sequestrados. Israel revidou com brutalidade, fazendo cerca de 67 vítimas palestinas fatais e desencadeando uma crise humanitária na região, que sofre com o precário abastecimento de comida e água.

As recentes negociações possibilitaram o imediato retorno dos reféns mantidos pelo grupo terrorista a suas famílias. Contaram ainda com planos de desarmamento do Hamas e de um futuro sem que esse comande a região, no que poderia culminar com o feito inédito da criação do Estado da Palestina, uma reivindicação histórica da ONU e do mundo árabe.

É ela, a história, no entanto que provê argumentos contrários à esperança de novos tempos: entre diversos cessar-fogo, o conflito já dura quase 80 anos, contando com inúmeros conflitos e tréguas nesse meio tempo.

Israel nega maus-tratos a Greta Thunberg durante detenção

O governo de Israel negou neste domingo (5), que esteja maltratando a ativista sueca Greta Thunberg, detida em uma prisão do país depois que seu barco foi parado a caminho da Faixa de Gaza. O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que as acusações de maus-tratos a Greta Thunberg e outros detidos da flotilha “Hamas–Sumud” são falsas. Segundo o governo, todos os direitos legais dos detidos estão sendo respeitados e Greta não fez nenhuma reclamação, porque os supostos abusos “simplesmente nunca aconteceram”.

Acusações de maus-tratos e repercussão internacional

No sábado, dois ativistas que estavam na flotilha com Greta Thunberg e foram detidos com ela, afirmaram que a ativista estaria sofrendo maus-tratos durante a detenção. Ao chegarem à Turquia após a deportação, disseram à agência Reuters que viram Greta sendo empurrada e obrigada a usar uma bandeira israelense, mas não apresentaram provas.

O governo de Netanyahu, que mantém um bloqueio terrestre, marítimo e aéreo em Gaza, interceptou todos os barcos que tentavam chegar à região e está realizando a deportação dos ativistas, que considera “provocadores”. Segundo o Ministério das Relações Exteriores de Israel, “a própria Greta e outros detidos se recusaram a agilizar a deportação e insistiram em prolongar sua permanência sob custódia”.

Deportações em massa e o papel de Greta Thunberg

A interceptação dos cerca de 40 barcos da flotilha e a detenção de mais de 450 ativistas geraram condenação internacional. Na sexta-feira, o governo do Brasil denunciou Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU por conta da ação.



Greta e mais 170 ativistas foram deportados (Foto: reprodução/X/@VEJA)

Até o momento, Israel já deportou pelo menos 170 ativistas de diversas nacionalidades, incluindo brasileiros, norte-americanos e cidadãos da Europa, Oriente Médio, Ásia e África. O governo israelense afirma que quer concluir todas as deportações “o mais rápido possível”, mesmo diante de tentativas de obstrução.

Greta Thunberg é uma ativista sueca conhecida mundialmente por seu trabalho em defesa do meio ambiente e pelo combate às mudanças climáticas. Nascida em 3 de janeiro de 2003 em Estocolmo, ela começou sua trajetória ao fazer protestos solitários em frente ao Parlamento sueco em 2018, exigindo ações mais firmes contra o aquecimento global. Esse movimento deu origem ao “Fridays for Future”, um movimento internacional de estudantes que organizam greves e manifestações pelo clima.

Trump declara que ataques ao Catar serão vistos como ameaças aos EUA

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, assinou nesta segunda-feira (29) uma ordem executiva determinando que qualquer ataque ao Catar será considerado como uma ameaça aos Estados Unidos. A nova postura do governo americano ocorre em meio às tensões no Oriente Médio e após um ataque israelense em Doha, capital do Catar, em agosto. 

No documento assinado por Trump antes de receber Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, na Casa Branca, é declarado que o país norte-americano irá considerar qualquer ataque armado ao território do Catar, à sua soberania ou infraestrutura, “uma ameaça à paz e à segurança dos EUA”

Ataque israelense em Doha

Em meio a escalada da tensão no Oriente Médio, Israel lançou um ataque aéreo em Doha, capital do Catar, no dia 9 de agosto. De acordo com fontes israelenses à CNN, o objetivo do bombardeio era ser um ataque contra a liderança do grupo terrorista Hamas. Após o ataque, Netanyahu afirmou que o bombardeio às autoridades do Hamas na capital árabe foi uma “operação israelense totalmente independente”


Benjamin Netanyahu e Donald Trump durante encontro nos EUA (Foto: reprodução/Alex Wong/Getty Images Embed)


Por sua vez, o Catar condenou o ataque e o chamou de “covarde” e “criminoso”, declarando que uma operação de investigação estaria em andamento. O país do oriente médio ainda afirmou que o ato israelense é uma violação das leis e normas internacionais. 

Já os Estados Unidos descreveram o ato de Israel como uma escalada unilateral e que não teria conexão com os interesses do país norte-americano ou do governo israelense. 

Posição de Netanyahu 

Durante a visita de Benjamin Netanyahu à Washington, nesta segunda-feira (29), o primeiro-ministro de Israel fez uma ligação para Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim AI-Thani,  primeiro-ministro do Catar. No telefonema confirmado pela Casa Branca, Netanyahu expressou profundo pesar pelo ataque ter matado um militar no Catar.

Em comunicado divulgado pelo governo dos Estados Unidos, o primeiro-ministro isralense também afirmou que Israel não realizará um novo ataque ao país no futuro e lamentou que tenham violado a soberania da capital do Catar, Doha, com o ato militar no início de agosto. A posição dos EUA acerca do Catar marca um novo passo em meio as intervenções norte-americanas nos confrontos que ocorrem no Oriente Médio.

Netanyahu obtém aval para controlar a principal região de Gaza

Foi aprovado pelo Gabinete de Segurança de Israel, nesta sexta-feira (8), horário local, o plano do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para tomar o controle da Cidade de Gaza, a maior cidade do enclave palestino, ampliando as operações militares na região. A reunião durou quase 10 horas e teve decisão favorável a Netanyahu. 

A estratégia de intensificar a pressão sobre o grupo Hamas, apontado por Israel como responsável por manter reféns e prolongar o conflito, se concentrará na região urbana mais povoada do território, com as Forças de Defesa de Israel (IDF) comandando a operação.

A proposta

Em entrevista à estadunidense “Fox News”, Benjamin Netanyahu afirmou que a intenção de Israel não é governar Gaza de forma permanente. Segundo o primeiro-ministro, o objetivo é estabelecer um perímetro de segurança e, posteriormente, entregar o controle do território as forças árabes que “governariam adequadamente”. Para Netanyahu, nem o Hamas nem a Autoridade Palestina, administrará a região. 


Detalhamento do plano de Benjamin Netanyahu aprovado pelo Gabinete de Segurança de Israel (Foto: reprodução/X/@IsraeliPM)



O plano de Netanyahu gerou críticas e foi visto por muitos especialistas como uma tentativa indireta de ocupar o território palestino, sinalizando que não haverá retirada das forças de segurança de Israel da região e nem um cessar-fogo no enclave.

Reação internacional

A Comunidade Internacional  recebeu o plano de Benjamin Netanyahu com preocupação. A proposta de entregar o controle de Gaza às forças árabes ainda necessita de respaldo, uma vez que não há clareza sobre quais países participariam desse esforço e sob quais condições. Além disso, tanto os EUA quanto a ONU já haviam rejeitado propostas anteriores semelhantes, indicando a falta de consenso sobre uma solução viável para um pós-conflito.


Críticas e rejeição do escritório de Direitos Humanos da ONU sobre o plano de Benjamin Netanyahu (Foto: reprodução/X/@UNHumanRights)

Conforme especialistas, o plano de Netanyahu ignora a Autoridade Palestina como gestora da Faixa de Gaza, uma vez que a Autoridade é reconhecida internacionalmente como representante legítima dos palestinos. 

Para muitos analistas, isso evidencia a tentativa do atual governo israelense de moldar a governança do enclave segundo seus próprios interesses de segurança, sem dialogar com lideranças palestinas responsáveis pela região. Assim sendo, a ocupação da Cidade de Gaza não apenas eleva o risco de novos confrontos, mas também reforça a fragmentação política no território palestino

Resposta do Hamas

O grupo Hamas reagiu duramente ao plano israelense, chamando a proposta de um “golpe” que mina as negociações em curso e coloca em risco a vida dos reféns. Em comunicado oficial, o grupo acusou Benjamin Netanyahu de usar os civis e os reféns como peças políticas para manter-se no poder.

O jogo de narrativas entre Israel e o grupo Hamas alimenta ainda mais o impasse diplomático e aprofunda a desconfiança mútua entre as partes envolvidas, aumentando a escalada do conflito na Faixa de Gaza, iniciado há quase dois anos.

Crise humanitária

Com a crise humanitária no enclave agravando-se sobremaneira, a escassez de alimentos e suprimentos necessários para a sobrevivência aumenta com o passar dos dias, mesmo com a pausa de ajuda humanitária. A disputa por alimentos na região tem deflagrado conflitos entre civis e forças militares.


Crise humanitária na Faixa de Gaza, pessoas em busca de alimentos, em 30 de julho de 2025 (Fotos: reprodução/Anadolu/Getty Images Embed)


A aprovação do plano de Benjamin Netanyahu ocorre em meio ao colapso das negociações com o grupo Hamas, o qual, recentemente, divulgou vídeos mostrando reféns israelenses em estado de desnutrição e fragilidade, gerando protestos por parte das famílias e da comunidade internacional. Vale ressaltar que conforme o exército de Israel avança, o deslocamento interno no enclave se intensifica. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 1,9 milhão de pessoas deslocaram-se dentro do território palestino desde o início do conflito em 2023.

Roberto Firmino é anunciado pelo Al Sadd após sondagens de clubes brasileiros

Aos 32 anos, Roberto Firmino foi oficializado nesta quarta-feira (23) como novo jogador do Al Sadd, do Catar. O atacante, que brilhou no Liverpool e integrou a Seleção Brasileira na Copa de 2018, escolheu permanecer no futebol do Oriente Médio, mesmo diante do interesse de grandes clubes do Brasil.

Gigantes brasileiros tentaram, mas não convenceram

Firmino esteve no radar de diversos clubes brasileiros, entre eles Botafogo, Flamengo, Palmeiras, Fluminense e Corinthians. Apesar das sondagens, nenhuma proposta avançou. Na Europa, o Real Madrid também demonstrou interesse no atacante, em busca de um nome experiente e com bom custo-benefício. Ainda assim, a transferência não se concretizou.


Roberto Firmino é oficializado pelo Al Sadd (Foto: reprodução/Instagram/@prrobertofirmino)


Desempenho na Arábia e salário fora da realidade brasileira

O jogador atuava pelo Al-Ahli desde 2023. Em dois anos de clube, Firmino entrou em campo 65 vezes, balançou as redes 21 vezes e contribuiu com 18 passes para gol. Foi peça-chave na conquista da Champions da Ásia, mas acabou perdendo espaço em 2025. O clube saudita, em processo de reformulação ofensiva, passou a mirar nomes como Lionel Messi, que deve deixar o Inter Miami em dezembro.

Na última temporada, Firmino somou 12 gols e 10 assistências, números que chamaram a atenção de clubes do Catar. De acordo com o site Capology, seu salário anual no Al-Ahli era de 19 milhões de euros, o equivalente a cerca de R$ 119,2 milhões. Isso significa cerca de R$ 9,9 milhões por mês, R$ 329 mil por dia e mais de R$ 13,7 mil por hora, cifras muito acima do teto salarial no futebol brasileiro.

Firmino desembarca no Al Sadd em meio a um processo de renovação do elenco, com o time buscando retomar protagonismo no futebol do Oriente Médio. Sua experiência internacional é vista como um reforço importante para o time catariano. O jogador terá a missão de contribuir para novas conquistas regionais e fortalecer a equipe. A transferência representa continuidade da carreira de Firmino fora do futebol brasileiro e europeu.

Israel intensifica controle militar no Oriente Médio diante de ameaças nucleares

Em meio às crescentes tensões no Oriente Médio, o governo de Israel reforça sua presença militar na região com o objetivo de conter o avanço de programas nucleares que considera uma ameaça direta à sua existência. O ministro da Defesa, Israel Katz, ordenou a preparação de um plano estratégico de longo prazo para impedir a fabricação de mísseis e bombas atômicas por países adversários, principalmente o Irã.

A Operação Leão Ascendente e o suposto plano iraniano

A decisão de Katz vem na esteira da recente Operação Leão Ascendente, ofensiva militar que resultou na destruição de instalações militares iranianas e na morte de cientistas ligados ao programa nuclear do país.

A operação, celebrada nas redes sociais pela Força de Defesa de Israel (IDF), foi descrita como “uma das mais ousadas e bem-sucedidas da história de Israel”. Em sua conta oficial no Twitter, a IDF declarou que a missão foi parte de uma nova doutrina de defesa, que mescla ações preventivas e ofensivas para preservar a segurança nacional.


Israel Katz agradece apoio dos Estados Unidos na Operação Leão Ascendente (reprodução/X/@Israel_katz)

Segundo o general Effie Defrin, o Irã estaria muito próximo de obter urânio enriquecido em quantidade suficiente para construir armas nucleares. Ele afirma possuir provas da existência de um plano chamado de “Plano de destruição de Israel”, que teria como objetivo o aniquilamento do território israelense por meio de mísseis atômicos.

Diante dessa suposta ameaça iminente, Defrin declarou: “Não havia escolhas”, justificando a ofensiva como uma medida necessária para garantir a sobrevivência do povo judeu.

Controle regional como estratégia de sobrevivência

Para Israel, o domínio militar da região é uma questão de sobrevivência. O país tem adotado uma postura cada vez mais ofensiva frente a qualquer sinal de ameaça, buscando neutralizar riscos antes que eles se concretizem.

A instrução para desenvolver novos planos militares na região demonstra que Tel Aviv pretende manter sua influência estratégica sobre os países vizinhos, especialmente sobre áreas onde há indícios de desenvolvimento armamentista e presença de grupos terroristas.

O controle do Oriente Médio, para o governo israelense, deixou de ser apenas uma questão de geopolítica e passou a ser tratado como um imperativo existencial. Diante de inimigos declarados e da possibilidade de armas nucleares em mãos adversárias, Israel aposta em ações militares diretas como forma de garantir sua segurança e perpetuação enquanto Estado.

Trump sugere mudança de regime no Irã após ataques dos EUA

No último fim de semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a causar polêmica ao sugerir, por meio das redes sociais, uma possível mudança de regime no Irã. A declaração veio um dia após os EUA entrarem oficialmente em um conflito com o Irã, ao bombardearem três instalações nucleares no país, incluindo a central de Fordow, que sofreu danos estruturais significativos.

Publicação de Donald Trump

A fala de Trump foi publicada na rede Truth Social e chamou atenção pelo uso de um novo slogan: “MIGA” — Make Iran Great Again, ou “Tornar o Irã grande novamente”. A expressão remete ao famoso lema de campanha do presidente, “MAGA” — Make America Great Again. Em sua publicação, Trump declarou: “Não é politicamente correto usar o termo ‘mudança de regime’, mas se o atual regime iraniano não é capaz de tornar o Irã grande novamente, por que não haveria uma mudança de regime??? MIGA!!!”.

Apesar do tom provocativo do presidente, autoridades do governo norte-americano tentaram amenizar o impacto da declaração. O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou que os ataques realizados no sábado (21) não tinham como objetivo derrubar o governo iraniano, mas sim impedir o avanço do país no desenvolvimento de armas nucleares. “Esta missão não era e não tem sido sobre mudança de regime”, garantiu Hegseth em coletiva no Pentágono neste domingo (22).

O conflito é intensificado

A tensão entre Irã e Israel havia se intensificado desde o dia 13, quando militares israelenses lançaram uma ofensiva contra instalações nucleares iranianas. O Irã respondeu com ataques, e os EUA, aliados históricos de Israel, decidiram intervir diretamente. Trump já vinha sinalizando esse possível envolvimento, tendo declarado no último dia 17 que os EUA “já tinham o controle do céu do Irã”, indicando uma aliança estratégica com o governo israelense. Em outra declaração polêmica, mencionou saber o paradeiro do líder supremo iraniano, Ali Khamenei, e ameaçou agir contra ele caso a situação se agravasse.


Base nuclear iraniana antes do bombardeio (reprodução/x/@g1)

Desde fevereiro, Trump retomou a política de “pressão máxima” contra o Irã, com o objetivo de forçar a retomada de negociações sobre o programa nuclear do país. Segundo analistas, a entrada dos EUA no conflito pode ampliar ainda mais as vulnerabilidades internas do regime iraniano. Para a doutora em Direito Internacional Priscila Caneparo, apenas os EUA têm poder militar suficiente para interromper o programa nuclear iraniano — algo que nem Israel conseguiria fazer sozinho.

Retaliação do Irã após bombardeios: Estreito de Ormuz pode fechar  

Neste domingo (22), o Poder Legislativo Iraniano aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, segundo informações da agência “Reuters”. O local é uma passagem extremamente importante na rota dos navios petroleiros, que transportam a commodity e gás, extraídos dos países do Oriente Médio, para a Ásia, Europa e Américas. O Conselho Supremo de Segurança Nacional do país ainda precisa analisar a medida, para que, na sequência, ela seja aprovada pelo aiatolá Ali Khamenei. A decisão é uma retaliação aos bombardeios que ocorreram na madrugada do último sábado às instalações nucleares do Irã: Fordow, Natanz e Isfahan.

Bloqueio estratégico  

A região marítima que o Irã ameaça bloquear, denominada Estreito de Ormuz, fica próxima ao Golfo Pérsico, exatamente na divisa entre os países Irã e Omã. Cerca de 20% do petróleo comercializado no mundo inteiro, extraído dos países do Oriente Médio, como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, é transportado por navios petroleiros que utilizam esta importante passagem rumo aos continentes Ásia, Europa e América, abastecendo só na Ásia, países como a China, Índia, Japão e Coreia do Sul.

A 5ª Frota da Marinha Americana tem uma base em Bahrein, a aproximadamente 450 a 500 quilômetros do Estreito e, visando a proteção da navegação comercial, monitora toda essa área que está sob ameaça de fechamento pelo Irã.


Reportagem da Globo News sobre o possível fechamento do Estreito de Ormuz (Vídeo: reprodução/X/@GloboNews)

A medida é uma retaliação estratégia promovida pelo país recém-bombardeado. Enfraquecido militarmente, após uma série de ataques a Israel no decorrer dos últimos 10 dias, com cada vez menos armamentos e artefatos militares, não restou outra alternativa a Teerã a não ser pressionar os Estados Unidos, utilizando outras armas que tem na manga, como, por exemplo, a ameaça de fechar a passagem, crucial para a rota marítima.  

Suicídio econômico

O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em entrevista à Fox News Live, declarou que se o Irã tomar essa medida será “um suicídio econômico para eles”, e que os Estados Unidos possuem outras opções para lidar com isso. Alertou, ainda, que caso isso ocorra, poderá haver uma escalada massiva do conflito, tomada não somente pelo governo de Trump, mas também pelo governo de outros países. E sinalizou que “eles serão julgados pelas ações que tomarão daqui por diante”.


Declaração de Marco Rubio ao canal Fox News (Vídeo: reprodução/X/@NewsLiberdade)

Caso o país norte americano efetivamente opte por entrar no conflito entre Israel e Irã, somando forças àquelas de Benjamin Netanyahu, construindo, assim, uma capacidade  muito superior àquela do Irã, este, por sua vez, promete retaliações que podem atingir as bases americanas e de seus aliados, instaladas no Oriente Médio.

Irã ataca Israel após envolvimento americano no conflito 

O Irã realizou um ataque retaliatório contra Israel na madrugada deste domingo (22), horário local. De acordo com informações do Serviço Nacional de Emergência Médica e Desastres de Israel (MDA), pelo menos 23 pessoas ficaram feridas. As cidades alvos dos bombardeios foram Tel Aviv e Ness Ziona, no centro de Israel, que tiveram prédios residenciais atingidos. 

Novos alertas

No início da ofensiva, as Forças de Defesa israelenses (IDF) emitiram um alerta à população do país para se protegerem em abrigos devido ao novo ataque. Conforme declarou a IDF, a maioria dos mísseis lançados pelo Irã foram interceptados. Em resposta, as forças aéreas israelenses contra-atacaram destruindo instalações militares iranianas nas regiões de Yazd, Isfahan, Ahvaz e Bushehr.


Publicação das Forças de Defesa de Israel (IDF) sobre os últimos ataques realizados pelo Irã (Vídeo: reprodução/X/@idfonline)

Conforme informou o IDF, a Força Aérea e a Marinha israelenses estão trabalhando conjuntamente com as demais autoridades militares do país para bloquear os ataques iranianos. Segundo declaração, na última madrugada, horário local, foram interceptados “30 veículos aéreos não tripulados lançados em direção ao território israelense”. Ao todo, desde a operação conjunta entre as forças de defesa, foram interceptados 500 mísseis vindos do Irã.

Posicionamento da ONU

Após os ataques dos EUA contra instalações nucleares iranianas, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, fez um apelo para um cessar-fogo na região. Alertando que os Estados-Membros devem seguir as diretrizes estabelecidas pela Organização. Em sua fala, Guterres pede “para que reduzam a tensão e cumpram suas obrigações sob a Carta da ONU e outras normas do direito internacional.” Israel e os EUA são acusados pela comunidade internacional de promover violações das normas e por não respeitar a soberania iraniana.


Declaração de António Guterres sobre os últimos acontecimentos envolvendo o conflito entre Israel/EUA e o Irã (Foto: reprodução/X/@UN_News_Centre)

Para António Guterres a escalada do conflito no Oriente Médio entra em um momento delicado e a diplomacia deve ser utilizada para evitar uma “espiral de caos” na região. Além de Guterres, altos funcionários da ONU, demais organizações multilaterais e autoridades de grandes potências mundiais também demonstraram preocupação com o envolvimento do governo de Donald Trump no conflito entre Israel e Irã.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, disse não haver sinais de vazamentos de radiação até o momento e continuará monitorando a situação de perto.  Contudo, Grossi convocou uma reunião de emergência para a próxima segunda-feira (23), junto ao Conselho de Diretores da AIEA para realizar avaliações adicionais nas instalações. 

Casa Branca divulga imagens de Trump durante ataque dos EUA a alvos nucleares no Irã

O departamento de comunicação da Casa Branca divulgou, na noite do último sábado (21), imagens do presidente Donald Trump coordenando os ataques a três instalações nucleares iranianas. Diretamente dos EUA e sob o seu comando, as plantas nucleares nas cidades de Fordow, Isfahan e Natanz, no Irã, foram bombardeadas. 

A ação foi condenada por membros da oposição ao governo Trump. Conforme informações, a ofensiva não teve o apoio do Congresso norte-americano.  A deputada Alexandria Ocasio-Cortez e o deputado Jim McGovern declararam que Donald Trump tomou uma decisão unilateral “arrastando os EUA para uma guerra no Oriente Médio“.

Sala de situação

Na investida dos EUA contra o Irã, na sala de situação da Casa Branca, juntamente com Donald Trump, estavam presentes: o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Estado Marco Rúbio, o secretário de Defesa dos EUA Peter Hegseth, além de militares e outras autoridades estratégicas estadunidenses. 

Em declaração após os bombardeios, o presidente Trump afirmou que a ação “quebrou as pernas” do regime liderado pelo Aiatolá Ali Khamenei, líder supremo iraniano, e declarou que a ação poderá “trazer paz” ou “tragédia” para o Irã, a depender dos próximos passos dados pelo país do Oriente Médio.


Donald Trump e demais autoridades dos EUA monitorando o ataque ao Irã (Foto: reprodução/Instagram/@whitehouse)


Em seu discurso, Donald Trump declarou, ainda, que caso haja uma retaliação por parte do Irã contra os EUA, a resposta “virá com muito mais força” do que foi nesta ofensiva. No entanto, autoridades iranianas, entre elas o próprio aiatolá Ali Khamenei, informaram que não se renderão e não farão acordos mediante “coerção”.  

O ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, publicou em suas redes sociais que os ataques “terão consequências duradouras” e que o Irã utilizará “todas as opções” para contra-atacar. Na madrugada deste domingo (22), horário local, o Irã bombardeou cidades israelenses, incluindo a cidade de Tel Aviv.

Reação mundial

Após os ataques dos EUA contra instalações nucleares iranianas, líderes de grandes potências mundiais condenaram a ofensiva realizada pela Casa Branca. Tanto autoridades da China quanto da Rússia criticaram a ação dos EUA, uma vez que, segundo informaram, a ofensiva agrava a situação no Oriente Médio.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da China declarou que “as ações dos EUA violam gravemente os propósitos e princípios da Carta da ONU e do direito internacional, e exacerbaram as tensões no Oriente Médio”. Informando ainda que o país está pronto para trabalhar pela paz na região. 


Publicação do Ministério das Relações Exteriores da China sobre a ofensiva dos EUA contra o Irã (Foto: reprodução/X/@MFA_China)

Kaja Kallas, vice-presidente da União Europeia, pede que as negociações sejam retomadas para um cessar-fogo entre Israel e Irã. Jean-Noel Barrot, ministro das Relações Exteriores francês, solicita que o conflito seja resolvido dentro dos termos do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). A Alemanha se mantém cautelosa e informa que o chanceler do país, Friedrich Merz, avalia a situação. Já o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, declara apoio aos EUA, informando que a ação foi necessária para barrar a ascensão do programa nuclear iraniano.