STF ouve defesas de réus por tentativa de golpe de Estado

Nesta quarta-feira (3), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal da continuidade ao julgamento da ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado em 2022. A sessão que teve começo às 9h, em Brasília, e como foco a apresentação dos argumentos de defesa de quatro réus, incluindo Bolsonaro. O julgamento ocorre no STF porque os crimes em questão atentam contra o Estado democrático de direito, segundo a acusação do Ministério Público Federal.

Sessão concentra falas das defesas e adia decisão final

Os advogados de Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto contam com a tribuna para tentar afastar a responsabilidade de seus clientes. Cada defensor tem cerca de uma hora para se manifestar. Devido ao tempo limitado da sessão matutina e à agenda do plenário no período da tarde, a apresentação dos votos dos ministros foi adiada e está prevista para a próxima semana.


Material da CNN Brasil (Vídeo: Reprodução/Youtube/CNN Brasil)

Durante a sessão desta quarta, o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, acompanhou as falas dos advogados sem antecipar seu posicionamento. A expectativa é que ele inicie a votação na próxima terça-feira (9), seguido pelos ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, conforme ordem de antiguidade na Primeira Turma.

Julgamento será retomado na próxima semana com votos

Se todas as etapas ocorrerem conforme o novo cronograma, o julgamento seguirá com a análise de questões processuais antes de chegar à definição sobre eventual condenação. O desfecho dependerá da maioria dos votos. Caso o grupo seja absolvido, o processo será arquivado. Em caso de condenação, cada réu receberá pena conforme sua participação.

A retomada do julgamento está marcada para os dias 9, 10 e 12 de setembro, com sessões pela manhã e à tarde. A expectativa é que o voto de Moraes traga o resumo das provas e a avaliação jurídica dos fatos. O julgamento é considerado um marco institucional, já que trata de um dos episódios mais graves contra a democracia recente no país. A condução do processo segue sob os olhares atentos da opinião pública e da comunidade internacional.

Julgamento de Bolsonaro e aliados é suspenso; sessão será retomada à tarde

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado foi suspenso ao meio-dia desta terça-feira (2), retomando-se às 14h, conforme decisão do presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cristiano Zanin.

A sessão havia avançado pela manhã com a leitura, pelo relator Alexandre de Moraes, do relatório que sintetiza o percurso investigativo, culminando na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Moraes enfatizou que “nenhuma ‘tentativa de obstrução’ afetaria a imparcialidade da Corte” e que “a soberania nacional jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida”

Paulo Gonet expõe justificativas

Após a fala de Moraes, o procurador-geral Paulo Gonet expôs os argumentos da acusação em defesa da condenação dos réus. A partir das 14h, serão ouvidas as defesas — cada advogado terá até duas horas para apresentar suas sustentações orais. Os oito réus integram o chamado “núcleo 1” da tentativa de golpe. 

Matéria do G1 (Foto: reprodução/X/@g1)

Além de Bolsonaro, compõem o grupo: Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-presidente da Abin); Almir Garnier (almirante da Marinha); Anderson Torres (ex-ministro da Justiça); Augusto Heleno (ex-ministro do GSI); Mauro Cid (ex-ajudante de ordens); Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa); Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, vice na chapa de 2022). 


Crimes atrelados ao golpe de estado

Os réus respondem, em diferentes graus, a cinco crimes no Supremo Tribunal Federal:

  • Organização criminosa armada
  • Golpe de Estado
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Dano qualificado por violência e grave ameaça
  • Deterioração de patrimônio tombado 

Com exceção de Alexandre Ramagem, a Câmara dos Deputados aprovou em maio a suspensão parcial da ação penal. Com isso, ele responde apenas pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Matéria da Band (Vídeo: reprodução/X/@BandJornalismo)

 Próximos passos do julgamento

Cada advogado de defesa terá até duas horas para se manifestar nesta terça-feira à tarde. O julgamento seguirá ao longo de setembro, em sessões já programadas pelo STF:

  • 2 de setembro (terça-feira): 9h às 12h e 14h às 19h
  • 3 de setembro (quarta-feira): 9h às 12h
  • 9 de setembro (terça-feira): 9h às 12h e 14h às 19h
  • 10 de setembro (quarta-feira): 9h às 12h
  • 12 de setembro (sexta-feira): 9h às 12h e 14h às 19h

A decisão sobre a condenação será tomada por maioria simples dos ministros da Primeira Turma.

Flávio diz que Jair Bolsonaro não irá ao STF para julgamento

Segundo o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, o pai não irá comparecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) no primeiro dia de julgamento que é réu, previsto para ocorrer em Brasília nesta terça-feira (02). “Ele não estará presencialmente no STF por questão de saúde. Não pode bancar um dia inteiro de julgamento”, afirmou o senador.

Não comparecimento

O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar e réu no STF por tentativa de golpe de Estado, utiliza tornozeleira eletrônica desde agosto, por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Nesta terça-feira (2) tem início o julgamento que definirá se Bolsonaro será condenado ou não pelos crimes ao qual foi cometido. A saúde do ex-presidente preocupa tanto sua família quanto sua defesa.

Flávio Bolsonaro se encontrou com o pai na tarde desta segunda-feira (01) e afirmou que ele acompanhará a sessão ao vivo de forma remota. “Ele está com um soluço que vai e volta toda hora, o que incomoda bastante. Está tomando remédios. Por conta disso, não vai presencialmente”, relatou o senador.

Saúde de Bolsonaro

De acordo com boletim médico divulgado pelo Hospital DF Star em agosto, Bolsonaro desenvolveu esofagite e gastrite, condições que causam sintomas e complicações como crises de soluço e vômitos — relatados tanto por Flávio quanto por Carlos Bolsonaro.

Acredita-se que os problemas de saúde possam pesar na decisão do ministro Alexandre de Moraes em relação ao regime de cumprimento da pena, caso o ex-presidente seja condenado.


ex Presidente Jair Messias Bolsonaro (Reprodução/Ton Molina/CNN)

Bolsonaro será julgado no STF pelo ministro Alexandre de Moraes e por outros integrantes da Primeira Turma, como Luiz Fux e Cármen Lúcia. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta crimes que, em caso de condenação, podem resultar em até 43 anos de prisão.

STF julga Bolsonaro por cinco crimes e impõe penas que podem atingir 43 anos

Ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados passam a ser julgados nesta terça-feira (2) pela Primeira Turma do STF, acusados pela PGR de integrar uma trama golpista para manter o ex-mandatário no poder.

Eles respondem por cinco crimes graves, entre eles tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa armada. Se condenados, as penas podem chegar a 43 anos de prisão, embora a legislação brasileira limite o cumprimento máximo a 40 anos.

Réus do núcleo crucial e as penas possíveis

O julgamento no Supremo Tribunal Federal envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete integrantes apontados pela PGR como parte do chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado.

Estão entre os réus:

  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; 
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.

O grupo responde por cinco crimes graves, com penas que, somadas, podem chegar a 43 anos de prisão:

  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos),
  • Tentativa de golpe de Estado (4 a 12 anos),
  • Participação em organização criminosa armada (3 a 8 anos, podendo alcançar até 17 anos em casos agravados),
  • Dano qualificado (6 meses a 3 anos)
  • Deterioração de patrimônio tombado (1 a 3 anos).

Julgamento de Bolsonaro que começa terça-feira (02/09) (Vídeo: reprodução/YouTube/G1)

Na prática, cada réu terá sua situação individual analisada pelos ministros, levando em conta o grau de envolvimento, antecedentes e circunstâncias pessoais. Caso haja condenação, o STF decidirá se as penas devem ser somadas e em que regime inicial o cumprimento será determinado, com possibilidade de recursos por parte das defesas.

Os cinco crimes em julgamento

Os crimes apontados pela PGR são:

Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, que ocorre quando se busca, com uso de violência ou grave ameaça, impedir ou restringir o funcionamento dos poderes constitucionais.

Tentativa de golpe de Estado, caracterizada pela intenção de depor, também por meio de violência ou grave ameaça, um governo legitimamente constituído. 

Participação em organização criminosa armada, que envolve a atuação em grupo estruturado, com quatro ou mais pessoas, uso de armas e divisão de tarefas voltada à prática de crimes.

Dano qualificado, quando o ato destrói ou deteriora patrimônio da União, causando prejuízo significativo. 

Deterioração de patrimônio tombado, aplicado em casos de destruição ou inutilização de bens protegidos por lei, ou decisão judicial.


O episódio que levaram ao julgamento de Bolsonaro (Vídeo: reprodução/Instagram/@portalg1)


Caso sejam condenados, os ministros do STF ainda avaliarão fatores como grau de participação, antecedentes e idade dos réus. Também existe a possibilidade de progressão de regime, permitindo que a pena seja reduzida conforme bom comportamento, estudo ou trabalho durante o cumprimento.

Damares Alves é autorizada a visitar Bolsonaro antes do início do julgamento

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, autorizou a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) a encontrar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda-feira (1º), entre 10h e 18h. Damares já foi ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos no governo dele.

Regras de visita e início do julgamento

No sábado (30), Moraes decidiu que a casa de Bolsonaro deveria ser vigiada e que todos os carros que saíssem do local passassem por revista. Ele ressaltou que o carro da senadora também será inspecionado após a visita.

Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto e só tem permissão para receber advogados, filhos ou visitantes autorizados pelo STF. A visita de Damares acontece um dia antes do julgamento dele e de outros sete réus na Primeira Turma do STF, acusados de suposto plano de golpe de Estado em 2022.


Matéria sobre a medida de policiamento na residência do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (Vídeo: reprodução/X/@GloboNews)

Réus e calendário

Os réus são o ex-presidente Jair Bolsonaro; Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens; Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência); Almir Garnier, almirante de esquadra e ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional); e Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa.

O julgamento terá início em 2 de setembro, terça-feira, com sessão extraordinária das 9h às 12h e sessão ordinária das 14h às 19h. Na quarta-feira, 3 de setembro, haverá sessão extraordinária das 9h às 12h. As atividades serão retomadas em 9 de setembro, terça-feira, com sessão extraordinária pela manhã, das 9h às 12h, e sessão ordinária à tarde, das 14h às 19h.

Em 10 de setembro, quarta-feira, ocorrerá outra sessão extraordinária das 9h às 12h. Já no dia 12 de setembro, sexta-feira, estão previstas duas sessões extraordinárias: das 9h às 12h e das 14h às 19h.

STF julga Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe com provas digitais, gravações e mensagens

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (2) o julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus. Todos respondem por crimes ligados à tentativa de golpe de Estado em 2022.

Logo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) reuniu gravações, mensagens e documentos que mostram como a organização criminosa atuou para fragilizar o Estado Democrático de Direito. Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, o grupo “documentou quase a totalidade” de suas ações.

Acusações e núcleo de acusados

Sendo assim, Bolsonaro e seus aliados são acusados de cinco crimes: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Entre os réus estão nomes centrais do governo anterior: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. A princípio, todos negam envolvimento em planos golpistas e afirmam que não houve ação concreta para impedir a posse do presidente Lula.


Polícia Federal tem supervisionado Jair Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/@UOL)

Provas reunidas pela PGR

As provas listadas pela PGR incluem transmissões ao vivo com ataques sem evidências às urnas, documentos internos e reuniões voltadas ao uso irregular das forças de segurança. Mensagens também indicam manipulação do relatório militar sobre o sistema eletrônico de votação.

Além disso, depoimentos e registros mostram ainda a convocação do Alto Comando do Exército para discutir medidas contra a posse de Luís Inácio Lula da Silva. O material apreendido traz minutas de decretos, mensagens estratégicas e até planos militares, como a operação “Punhal Verde Amarelo”.

Ainda mais, as imagens de destruição dos Três Poderes que ocorreu em 8 de janeiro de 2023 foram usadas como prova da deterioração do patrimônio. Órgãos como a Câmara, o Senado e o STF entregaram documentos detalhando prejuízos.

Organização criminosa e riscos atuais

Segundo a PGR, a atuação ocorreu de forma estável, hierárquica e com divisão de tarefas. Para o órgão, trata-se de uma organização criminosa consolidada dentro da estrutura do Estado, com apoio de setores militares.

Diante da proximidade do julgamento, a Polícia Federal reforçou a segurança na casa de Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar. O ex-presidente usa tornozeleira eletrônica e está sob monitoramento em tempo real.

STF julga Jair Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta semana o julgamento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete pessoas que fizeram parte do seu governo. Todos são acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022.

O processo é resultado de uma análise extensa feita pela PGR, que reuniu mais de 500 páginas para descrever a conduta de cada um dos investigados. Só a parte que trata das ações de Bolsonaro ocupa 137 páginas. O documento foi assinado pelo procurador-geral Paulo Gustavo Gonet Branco.

Entre os crimes listados estão: dano qualificado por violência ou ameaça, tentativa de acabar de forma ilegal com o Estado Democrático de Direito, deterioração de patrimônio tombado, organização criminosa armada e golpe de Estado. As penas previstas variam de um a 17 anos de prisão, de acordo com o enquadramento de cada réu.

Papel de liderança e uso da máquina pública

Para o procurador-geral, Bolsonaro atuou como líder do grupo. Ele teria aproveitado o cargo de presidente da República para espalhar desconfiança sobre as urnas eletrônicas e sobre instituições públicas.

A acusação sustenta que houve mobilização de recursos estatais para fortalecer esse discurso, o que incluía transmissões oficiais, relatórios e eventos públicos.

Principal articulador, maior beneficiário e autor dos mais graves atos executórios voltados à ruptura do Estado democrático de Direito.”

PGR

Entre os exemplos citados pela PGR estão uma live transmitida em 2021 no Palácio do Planalto e o uso irregular de estruturas de inteligência do Estado, que ficou conhecido como “Abin paralela”. A avaliação é que Bolsonaro tentava dar uma aparência técnica a um discurso sem fundamento, falando de códigos-fonte, hackers e voto impresso, para transmitir insegurança à população.

Planejamento e ataques às urnas

Segundo os investigadores, foram apreendidos documentos que indicam a orientação para repetir continuamente críticas ao sistema de votação. A estratégia seria reforçar a narrativa de fraude e criar um ambiente de contestação caso o resultado das urnas fosse desfavorável.


Julgamento de Bolsonaro e aliados no STF: veja o que esperar (Vídeo: reprodução/YouTube/MetrópolesTV)

A denúncia também cita falas do ex-presidente em 7 de setembro de 2021, em Brasília e São Paulo, em que teria intensificado ataques ao sistema eleitoral e a autoridades do Judiciário. Para a PGR, não se tratava de críticas isoladas, mas de um movimento articulado que poderia comprometer a estabilidade democrática.

Defesa e andamento do julgamento

Na fase de interrogatório, realizada em junho, Bolsonaro negou qualquer intenção de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse que nunca houve movimentação real para um golpe e classificou a denúncia como injusta.

O julgamento será conduzido na ordem estabelecida pelo STF: Alexandre de Moraes abre a votação, seguido de Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

PGR descarta medidas mais duras de monitoramento para Bolsonaro

A Procuradoria-Geral da República determinou que não são necessárias “medidas mais gravosas” no monitoramento do ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar. O órgão entende que a combinação da tornozeleira eletrônica, a vigilância externa e as restrições impostas garantem a segurança constitucional, evitando intervenções mais restritivas dentro da residência. No entanto, a PGR mantém a exigência de monitoramento integral interno por câmeras sem gravação, e defende reforço externo, diante da proximidade do julgamento no STF agendado para 2 a 12 de setembro de 2025.

Situação do monitoramento e posição da PGR

A solicitação da Polícia Federal exigia a presença permanente de agentes dentro da casa de Bolsonaro, alegando risco de falhas na tornozeleira eletrônica e possível fuga. Mas o procurador-geral, Paulo Gonet, considerou a prisão domiciliar com tornozeleira suficiente e destacou que não há “situação crítica de segurança no interior da casa”. A PGR se posicionou favoravelmente apenas ao monitoramento da vizinhança, incluindo ruas e saída do condomínio, e ao monitoramento visual remoto da área externa, sem gravação e sem presença física contínua de agentes.

Contexto do julgamento e tensões jurídicas

O julgamento no STF — ação penal que acusa Bolsonaro e outros do chamado “núcleo 1” de tentativa de golpe de Estado em 2022 — está marcado para ocorrer entre 2 e 12 de setembro de 2025, com sessões iniciais já na próxima terça-feira (2), das 9h às 19h, e subsequentes ao longo da semana. A cobertura jornalística será intensa, e o contexto político eletrizado: o ministro Luís Roberto Barroso já alertou que o julgamento “traz algum grau de tensão para o país”.


Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil e réu em processo que tramita no STF (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)


Riscos apontados e atuação de Eduardo Bolsonaro

Gonet citou o risco de fuga de Bolsonaro com base em indícios como a existência de uma minuta de pedido de asilo à Argentina encontrada em seu celular, além da atuação do filho Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, em iniciativas que poderiam interferir nas punições contra o pai. Ainda assim, a PGR considerou que isso não justifica medidas mais invasivas do que as já em vigor. No momento, a decisão final sobre intensificar ou não a segurança ainda cabe ao ministro relator Alexandre de Moraes, do STF, que poderá acolher ou não o parecer da PGR.

Julgamento de Bolsonaro sobre a tentativa de golpe começa nesta terça; STF reforça segurança

O Supremo Tribunal Federal (STF) anunciou que mais de 500 jornalistas estarão presentes para acompanhar o julgamento sobre a suposta tentativa de golpe, que começa na próxima terça-feira (2). O caso, considerado um dos mais importantes do ano, deve ganhar grande repercussão política e internacional.

Entre os réus estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e antigos aliados, acusados pela Procuradoria-Geral da República de montar um esquema para tentar mantê-lo no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Todos os acusados, em interrogatórios anteriores, negaram as acusações e afirmaram que não houve plano de golpe.

Grande interesse da mídia em apurar o julgamento

O interesse pelo julgamento é alto: além da imprensa, mais de 3 mil pessoas pediram credenciais para acompanhar as sessões, que acontecerão nos dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. Enquanto 150 lugares foram liberados ao público no plenário da Segunda Turma, os jornalistas terão acesso por ordem de chegada à sala da Primeira Turma, onde o julgamento será realizado. Essa turma é composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux.

A segurança também foi reforçada em Brasília. Haverá bloqueios na Praça dos Três Poderes, varreduras com cães farejadores e presença de tropas especiais, como Bope e Comando de Operações Táticas, além de apoio da Polícia Militar e da segurança judicial dos tribunais.

O julgamento acontece em meio a um cenário político tenso. Bolsonaro cumpre prisão domiciliar acusado de pressionar instituições e ministros do STF, enquanto Lula fez duras críticas a Eduardo Bolsonaro, chamando sua atuação nos Estados Unidos de “traição à pátria”.

Trump justifica taxação como retaliação aos atos contra Bolsonaro

Nos EUA, Donald Trump, aliado de Bolsonaro, justificou a sobretaxa de 50% em produtos brasileiros como resposta ao processo, chamando-o de “caça às bruxas”. Além disso, o governo americano aplicou sanções contra Moraes e outros ministros da Corte. O presidente Lula tem repetido que a soberania do Brasil não está em discussão e que o país não abre mão dela.


Jair Bolsonaro foi a capa da revista “The Economist”, que faz uma analogia do ex-presidente com apoiadores do Trump que fizeram a invasão do Capitólio (Foto: Reprodução/X/@eixopolitico)


Nesta quinta-feira, a revista britânica The Economist, uma das mais respeitadas do mundo, trouxe em sua capa uma reportagem afirmando que o julgamento da tentativa de golpe no Brasil serve como exemplo até para os Estados Unidos. A imagem da capa mostra Jair Bolsonaro vestido como um dos extremistas que invadiram o Capitólio americano em 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores de Donald Trump tentaram impedir a posse de Joe Biden.

‘Brasil dá aulas aos Estados Unidos sobre maturidade democrática’, diz The Economist

A revista britânica The Economist, um dos veículos jornalísticos mais respeitados e influentes do mundo, publicou, nesta quinta-feira (28), sua edição semanal. A capa é estampada por uma ilustração do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. No especial, o periódico enaltece os passos da democracia brasileira, em contraste à atual onda autoritária dos EUA de Donald Trump, ainda que critique supostas incongruências do Supremo e do Congresso Nacional.

Artigo compara gestão democrática brasileira e estadunidense

O artigo propõe uma avaliação sobre o combate ao autoritarismo em solo brasileiro e estadunidense, partindo do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por uma suposta tentativa de golpe, marcado para setembro deste ano.

“Imagine um país onde um presidente polarizador perdeu a corrida pela reeleição e recusou aceitar o resultado. Ele declarou a votação manipulada e usou as mídias sociais para motivar seus apoiadores a se insurgir. Eles o fizeram aos milhares, atacando prédios governamentais. Então a insurreição falhou, o ex-presidente encarou uma investigação criminal e promotores o processaram por arquitetar um golpe de Estado. Isso soa como uma fantasia da esquerda americana. Em outra gigantesca democracia do hemisfério, é uma realidade” – assim começa a reportagem especial do The Economist desta semana.


Leonardo Sakamoto, do UOL, analisa capa da The Economist desta semana (reprodução/Youtube/UOL)


Em outro momento do texto, o periódico reforça o contraste entre a autointitulada “maior democracia do mundo” com seu par latino-americano, que superou sua última ditadura em 1985.

“Os Estados Unidos está se tornando mais corrupto, protecionista e autoritário – com Donald Trump mexendo nesta semana com o Banco Central e ameaçando cidades comandadas por políticos democratas. Do outro lado, mesmo que a gestão Trump puna o Brasil por processar Bolsonaro, o país em si está determinado a proteger e fortalecer sua democracia”, escreveu o The Economist.

Opinativo expõe críticas ao STF e Congresso Nacional

Embora enalteça o regime tropical, a revista também mostra o que considera ser os desafios políticos da maior economia da América Latina.


The Economist analisa com ambivalência a instituição do Supremo Tribunal Federal, com sede na Praça dos Três Poderes, em Brasília (reprodução/Gustavo Gomes/Getty Images Embed)


“Paradoxalmente, uma tarefa chave é frear a Corte Constitucional, apesar de seu papel de guardiã da democracia brasileira. Como árbitra de uma Constituição que se prolonga por 65.000 palavras, a corte supervisiona uma gama vertiginosa de regras, direitos e obrigações, de políticas tributárias a cultura e esportes. Grupos como sindicatos e partidos políticos podem recorrer diretamente ao colegiado. Às vezes, a Justiça inicia casos por conta própria, incluindo uma investigação acerca de ameaças virtuais, algumas das quais contra a própria corte – o que faz dela a vítima, promotora e juíza. (…) Há um amplo reconhecimento de que o fato de juízes não eleitos terem tanto poder pode corroer a política, assim como salvá-la de golpes”, apontou o veículo estrangeiro, referindo-se ao Supremo Tribunal Federal.

Ele aborda ainda o desequilíbrio fiscal interno, alimentado, entre outros fatores, segundo cita, por projetos individuais de congressistas, sem efetiva necessidade no contexto nacional, que aumentam os gastos públicos e limitam o crescimento.

Frente às críticas, o periódico britânico, que, ao longo de sua trajetória, apoiou os neoliberais Donald Reagan e Margaret Tatcher, aposta na pauta reformista.

“Tensões serão, portanto, inevitáveis, mas, ao contrário de seus pares nos Estados Unidos, muitos dos políticos de grande alcance do Brasil, de todos os partidos, querem atuar conforme as regras e progredir através de reformas. Essas são as marcas registradas da maturidade política. Temporariamente, ao menos, o papel do adulto democrático do Hemisfério Ocidental se transferiu para o sul”, finalizou.