STF confirma perda do mandato de Carla Zambelli

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, nesta sexta-feira (12), para confirmar a decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou a perda imediata do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), anulando a votação da Câmara que havia mantido a parlamentar no cargo.

STF forma maioria para manter cassação

A decisão foi estabelecida no plenário virtual da Primeira Turma, em que três dos cinco ministros — Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Flávio Dino — votaram a favor de confirmar a decisão previamente proferida por Moraes em caráter monocrático. Com a maioria estabelecida, o entendimento do ministro é confirmado pelo colegiado, faltando apenas o voto da ministra Cármen Lúcia para finalizar o julgamento.


Ministro Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Ton Molina)


A decisão de Moraes anulou a sessão da Câmara dos Deputados que, em outubro, havia rejeitado a perda do mandato. Para o ministro, a Casa Legislativa não poderia ter impedido a cassação, uma vez que Zambelli já se encontrava com os direitos políticos suspensos após condenações criminais no STF. Nesses casos, segundo o entendimento firmado pela Corte, a perda de mandato é consequência automática.

Entendimento do Supremo

O ponto central do voto de Moraes foi o entendimento de que a Câmara descumpriu a Constituição ao tentar preservar o mandato de uma parlamentar que já não possuía mais os direitos políticos decorrentes de uma condenação definitiva. O ministro ressaltou que, nessas situações, a Câmara tem apenas a função de declarar a perda do mandato, e não de deliberar sobre ela.

Com a confirmação pelo colegiado, fica mantida a ordem para que o presidente da Câmara dos Deputados formalize a cassação e dê posse ao suplente de Zambelli no prazo de 48 horas. A decisão também impede qualquer nova manobra regimental que possa atrasar o cumprimento.

Para o Supremo, permitir que a Câmara revertesse os efeitos de uma condenação criminal com trânsito em julgado seria uma forma de violar a separação dos poderes e relativizar decisões judiciais definitivas.

Condenações e contexto do caso

Carla Zambelli foi condenada pelo STF por participação em invasões aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), além de outros crimes envolvendo organização criminosa, falsidade ideológica e delitos informáticos. Após a condenação, a parlamentar deixou o Brasil e foi presa na Itália, após incluir falsas informações em documentos migratórios para entrar no país europeu.

A suspensão de seus direitos políticos, determinada após a confirmação da condenação, abriu espaço para que Moraes declarasse a cassação automática. Mesmo assim, a Mesa Diretora da Câmara levou o caso ao plenário, onde a maioria dos deputados votou pela permanência da parlamentar no cargo. A decisão legislativa, no entanto, foi considerada inconstitucional pelo STF.


Moraes determina perda do mandato da deputada Carla Zambelli (Vídeo: reprodução/YouTube/Itatiaia)

Repercussão política

A confirmação da cassação repercute amplamente no cenário político, especialmente entre parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. A defesa de Zambelli afirma que recorrerá às instâncias possíveis, embora o julgamento da Primeira Turma tenha caráter definitivo dentro do próprio STF.

Já no campo jurídico, especialistas observam que a decisão consolida o entendimento de que a perda de mandato após condenação criminal é um efeito automático, retirando da Câmara a possibilidade de julgar politicamente casos já decididos pela Justiça.

Próximos passos

Com a maioria formada, a Câmara deve ser formalmente comunicada ainda nesta sexta-feira ou no início da próxima semana. A posse do suplente deve ocorrer em até 48 horas após a notificação oficial. O suplente varia conforme o cálculo regional de votos do partido, mas deve ser alguém da bancada do PL em São Paulo.

Zambelli seguirá presa na Itália enquanto tramita o processo de extradição solicitado pelas autoridades brasileiras. A cassação, porém, independe de sua presença no país ou de sua eventual devolução ao Brasil.

Um caso que reabre debates institucionais

A disputa em torno do mandato de Zambelli reacende um debate que já havia aparecido em outras ocasiões: a tensão entre decisões judiciais e o papel político da Câmara dos Deputados. Para o STF, quando se trata de condenação com trânsito em julgado, não há margem para análise política por parte da Casa Legislativa. Para parte dos parlamentares, no entanto, a cassação deveria sempre passar por votação.

Com a confirmação da perda do mandato, o Supremo reafirma sua interpretação constitucional, reforça o vínculo entre condenações criminais e inelegibilidade e estabelece mais um precedente relevante na relação entre os poderes.

Edson Fachin propõe a criação de um código de conduta para integrantes do STF

Nesta semana, o presidente do Supremo, Luiz Edson Fachin, apresentou a alguns ministros da Corte um novo código de conduta que estabelece um conjunto de regras para definir o comportamento ideal dos membros da instituição, especialmente em situações que podem gerar conflitos de interesse ou dúvidas quanto à imparcialidade.

O debate começou devido a conflitos nas últimas semanas que colocaram em questão a integridade do Congresso, do Supremo e do Executivo, quando houve trocas de acusações, gerando uma crise institucional sobre a falta de transparência pública.

O código

O código será baseado em um já existente que funciona na Alemanha, o qual consiste em quatro artigos com dezesseis itens ao todo. Ele consistirá em um conjunto de regras, como a participação em eventos públicos ou privados; limites para aceitar presentes ou benefícios que possam pôr em cheque a imparcialidade; além da restrição de viagens com patrocinadores externos ou com pessoas com interesses em processos criminais. E também, algumas orientações gerais sobre comentários públicos em entrevistas ou manifestações.

Em um dos parágrafos do código alemão, é dito: “Juízas e juízes devem se comportar, dentro e fora de suas funções, de modo a não prejudicar o prestígio do Tribunal, a dignidade do cargo e a confiança em sua independência, imparcialidade, neutralidade e integridade”. Isso visa manter a aparência de quem ocupa esses cargos importantes em um cenário de imparcialidade e confiança durante os processos jurídicos.


 

 

Proposta de Edson Fachin: (Vídeo/reprodução/X/@JornalNacional)


Códigos de ética para magistrados pelo mundo

Além do código de ética alemão, que é a base para a proposta do presidente do Supremo, Edson Fachin, há também outros códigos que podem embasar a implementação dessa conduta no Brasil, como o código de ética britânico, que é focado nos magistrados de tribunais superiores. Neste código do Reino Unido, é determinado que os juízes são proibidos de aceitarem remuneração por atividades extrajudiciais, além de haver também um artigo que especifica o que deve ser levado em conta para que um magistrado possa ou não julgar determinado caso.

Nos Estados Unidos, também houve a recente implementação de um código de ética após um escândalo que saiu nos jornais sobre uma suposta ocultação de juízes que teriam recebido presentes de empresários.

Ministros discutem possibilidade de anular decisão da Câmara sobre Zambelli

A decisão da Câmara dos Deputados de manter o mandato de Carla Zambelli (PL-SP) abriu uma disputa jurídica. À primeira vista, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmam que a medida é ilegal e pode ser anulada pela Corte, já que a deputada recebeu condenação definitiva em regime fechado.

Segundo esses ministros, a Câmara deveria apenas cumprir a determinação do Supremo, sem submeter o caso ao plenário. A princípio, eles argumentam que Zambelli não tem condições legais de exercer o mandato após a decisão final.

Pressão por revisão e possível recuo da Câmara

Por um lado, um dos ministros afirmou que a Casa deveria rever o ato para evitar novo conflito institucional. Já outro ministro reforçou que o caminho mais adequado seria um recuo formal por parte dos deputados, o que reduziria o desgaste entre os Poderes.

Ainda hoje (11), o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), pretende entrar com mandado de segurança no STF. Assim, o recurso pode abrir caminho para a anulação da votação e a retomada imediata do cumprimento da sentença.

Votação apertada e impasse constitucional

Na quarta-feira (10), o plenário rejeitou a cassação com 227 votos favoráveis, 170 contrários e 10 abstenções. Embora a maioria tenha apoiado a perda do mandato, eram necessários 257 votos. Assim, como a condenação do STF já estava transitada em julgado, a determinação previa a cassação automática.


Zambelli em audiência na Itália (Foto: reprodução/X/@g1)


Além disso, a suspensão dos direitos políticos impede Zambelli de votar ou disputar cargos durante a pena. Apesar disso, os deputados entenderam que ela poderia permanecer no cargo. Analogamente, o caso lembra o episódio de 2013, quando Natan Donadon manteve o mandato após condenação pelo STF. O impasse agora envolve a interpretação da Constituição e pode levar o tema novamente ao Supremo.

Condenações e situação jurídica de Zambelli

Como resultado, Zambelli cumpre duas penas, sendo a principal de 10 anos de prisão, fruto da invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ao lado do hacker Walter Delgatti Neto. A Primeira Turma do STF confirmou a condenação por inserir documentos falsos na base do Conselho, incluindo um suposto mandado contra o ministro Alexandre de Moraes.

A deputada também recebeu pena de 5 anos e 3 meses por perseguição armada a um eleitor de Lula em 2022. Anteriormente, a Advocacia-Geral da União (AGU) informou que o Ministério Público da Itália deu parecer favorável à extradição, reforçando a execução da sentença combinada no Brasil.

Ventania afeta voos pelo Brasil pelo segundo dia consecutivo

Os ventos fortes que atingiram São Paulo e Santa Catarina na quarta-feira (10) continuam afetando a aviação brasileira nesta quinta-feira (11) e já provocam novos atrasos e cancelamentos de voos em diferentes aeroportos do país. As rajadas ainda interferem nas operações de pousos e decolagens, levando as companhias aéreas a ajustar a programação diante das condições climáticas adversas.

Nesta quinta-feira (11), 100 voos foram cancelados em consequência da instabilidade, que segue afetando o ritmo das operações. As rajadas de vento que atingiram o sistema aéreo paulista chegaram a 98 km/h, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), e continuam provocando ajustes nos aeroportos ao longo do dia.

Por que os ventos estão tão fortes

A Defesa Civil informou que os ventos fortes registrados nas últimas horas são consequência de um ciclone extratropical formado no Sul do Brasil. O sistema avançou para outras regiões e acabou influenciando a capital paulista e a Grande São Paulo, onde as rajadas ganharam intensidade.

Segundo o órgão, fenômenos desse tipo podem provocar variações bruscas de vento, mesmo sem chuva, e manter rajadas acima da média por várias horas. A atuação do ciclone extratropical ajuda a explicar a ventania que ainda afeta o funcionamento dos aeroportos e deixa parte do estado de São Paulo sem energia elétrica devido à força dos ventos.


Detalhes da situação aérea após ventania afetar operações no país (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)


Quais aeroportos foram impactados

Em São Paulo, os aeroportos de Congonhas e Guarulhos foram os primeiros a sentir os efeitos dos ventos fortes, com reflexos imediatos nas operações de pousos e decolagens. A ventania também impactou terminais de outras capitais, ampliando o número de atrasos e cancelamentos ao longo do dia.

Além da capital paulista, aeroportos do Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Natal, Mato Grosso, Curitiba, Vitória, Maceió, Salvador, Recife, Porto Alegre e São José do Rio Preto registraram instabilidade nas operações. Em todos esses terminais, as companhias aéreas tiveram de ajustar a programação, já que a força das rajadas comprometeu a regularidade dos voos.

A expectativa é que as condições melhorem ao longo das próximas horas, mas as autoridades pedem que os passageiros acompanhem as atualizações das companhias aéreas, já que a situação ainda pode sofrer alterações por causa da ventania.

EUA retêm petroleiro e levantam dúvida sobre ato de guerra

O governo dos Estados Unidos (EUA) apreendeu nesta quinta-feira (11) um navio petroleiro venezuelano perto da costa da Venezuela, em uma operação considerada inédita pelas autoridades norte-americanas, que alegam que a embarcação estaria envolvida em uma rede internacional de comércio ilegal de petróleo.
A operação foi confirmada na última quarta-feira (10), durante um evento na Casa Branca no qual Donald Trump anunciou a apreensão. Navios venezuelanos vinham sendo monitorados pelas autoridades americanas diante da acusação de que o presidente Nicolás Maduro comandaria um cartel de tráfico de drogas. O episódio amplia a tensão entre Washington e Caracas, já que o governo venezuelano classificou a medida como uma violação de sua soberania e acusou os Estados Unidos de agir de maneira arbitrária em águas próximas ao país.

Motivo da apreensão do navio

De acordo com autoridades americanas, o petroleiro foi apreendido por já constar em listas de embarcações sancionadas pelos Estados Unidos. O governo alega que o navio operava em rotas usadas para transportar petróleo venezuelano sob sanções e que poderia ter carregamentos ligados ao Irã, embora não tenham sido divulgados detalhes sobre as evidências que sustentam essas acusações.
As autoridades dos EUA afirmam ainda que a operação foi autorizada por um mandado judicial federal destinado a interromper o envio de petróleo considerado irregular. Washington também relaciona o caso a suspeitas de que redes ligadas ao governo de Nicolás Maduro participariam de atividades ilícitas, o que Caracas nega. Até agora, a Casa Branca não apresentou explicações públicas mais amplas sobre os motivos da apreensão.

Vídeo divulgado pela Casa Branca mostra a operação de apreensão do petroleiro (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)


Venezuela responde à apreensão

O governo da Venezuela condenou a apreensão do petroleiro e classificou a ação como um ato de pirataria internacional. Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que os Estados Unidos violaram a soberania do país ao interceptar uma embarcação que, segundo Caracas, navegava legitimamente em águas próximas ao território venezuelano. O governo também acusou Washington de promover uma escalada deliberada de tensão na região.

Caracas negou as acusações americanas de envolvimento em comércio ilegal de petróleo e afirmou que a operação tem motivação política. O governo de Nicolás Maduro sustentou que os Estados Unidos buscam justificar medidas punitivas contra a Venezuela e acusou a administração Trump de utilizar pretextos para atacar economicamente o país. A chancelaria venezuelana pediu apoio internacional e declarou que tomará medidas diplomáticas para contestar a apreensão.

A Casa Branca afirmou que pretende levar o navio para território americano e apreender a carga de petróleo, medida que reforça a tensão diplomática entre os dois países. A decisão indica que Washington deve manter a pressão sobre o governo de Nicolás Maduro, enquanto Caracas promete recorrer a instâncias internacionais para contestar a operação.

Lula diz a Trump que não aceita conflito na América Latina

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta quinta-feira (11) que expressou a Donald Trump sua preocupação com a escalada militar na América Latina. A princípio, Lula afirmou que a conversa ocorreu por telefone na semana passada e tratou diretamente da tensão envolvendo a Venezuela.

Ainda mais, Lula relatou que reforçou ao presidente dos Estados Unidos que a região defende estabilidade. “Nós não queremos guerra na América Latina. Nós somos uma zona de paz”, disse o presidente durante discurso em Belo Horizonte.

A tensão crescente na Venezuela

Ainda durante o relato, Lula afirmou que Trump reagiu com menção ao poderio militar norte-americano. Assim, para o presidente brasileiro, porém, o diálogo deve prevalecer. Ele disse que prefere “o poder da palavra” a qualquer demonstração bélica. Pouco antes, a fala ocorreu na abertura da Caravana Federativa, em Minas Gerais. Mais tarde, a Secretaria de Comunicação ajustou a data da ligação e informou que a conversa citada ocorreu na semana anterior.


Barricada antitanque em Caracas após tensões regionais (Foto: reprodução/Juan Barreto/AFP/Getty Images Embed)


Ao passo que a crise venezuelana domina o cenário geopolítico sul-americano, desde agosto os Estados Unidos mantêm forte presença militar no Caribe sob o argumento de combater o narcotráfico. A movimentação, no entanto, tem sido interpretada por governos da região como pressão direta sobre o regime de Nicolás Maduro. Na semana passada, Lula conversou com o presidente venezuelano e discutiu a necessidade de preservar a paz no continente.

Atuação diplomática do Brasil

Nesse ínterim, Trump declarou em novembro que os EUA podem iniciar operações terrestres para enfrentar grupos ligados ao tráfico na Venezuela. Segundo o republicano, ações navais dificultaram rotas criminosas e abriram espaço para uma nova fase militar.

Enquanto isso, o Brasil busca mediar o impasse, visto que Lula já se ofereceu para aproximar EUA e Venezuela em diferentes ocasiões. Ele defende que o respeito à soberania regional precisa orientar qualquer decisão. Pouco depois, em outubro, o presidente alertou que invasões unilaterais criariam um ambiente sem regras claras. A conversa entre Lula e Trump também abordou caminhos para cooperação envolvendo polícias e ministérios da Justiça dos países. Para o governo brasileiro, a construção de soluções conjuntas reduz riscos e fortalece a estabilidade regional.

A disputa ganhou novos contornos após Trump afirmar que Maduro ignorou um ultimato para deixar o cargo. Além disso, fontes internacionais relataram que Washington teria oferecido passagem segura à família do líder venezuelano para acelerar uma transição política. A iniciativa buscava diminuir tensões no Caribe em meio ao avanço de operações militares norte-americanas.

STF: mandato de Zambelli pode ser cassado

Na noite de quarta-feira (10), a Câmara dos Deputados votou para manter o mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP). Foram 227 votos a favor da cassação, 170 contrários e 10 abstenções — para a deputada ter o mandato cassado, eram necessários 257 votos a favor.

Zambelli foi julgada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e condenada a dez anos de prisão por envolvimento em um ataque hacker ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No ataque, foram inseridos documentos falsos no sistema do órgão, incluindo um mandado de prisão falsificado contra o ministro da Primeira Turma do STF,  Alexandre de Moraes.

Além dessa condenação, a parlamentar também foi julgada e condenada a cinco anos e três meses de prisão pelo crime de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. Esses crimes teriam ocorrido na véspera do segundo turno das eleições de 2022, quando a deputada teria perseguido uma pessoa armada em São Paulo.

Somadas, as penas ultrapassam quinze anos de prisão, mas o tempo exato dependerá de decisões judiciais futuras sobre se as penas serão concomitantes — cumprindo somente a maior, de dez anos — ou consecutivas, totalizando quinze anos, além de possíveis recursos apresentados pela defesa da deputada Carla Zambelli.

Câmara dos deputados vs STF

A decisão da Câmara de manter o mandato da deputada Carla Zambelli, que está presa e condenada com trânsito em julgado, não teria respaldo constitucional. O Supremo Tribunal Federal (STF) poderá derrubar essa decisão e cassar o mandato da deputada.

O jurista Miguel Reale Jr. afirma que cada dia fica mais evidente o conflito entre os poderes, impedindo uma ação conjunta e dificultando decisões que poderiam beneficiar o país.

Esse processo de perda de mandato de parlamentares condenados em processos penais é previsto na Constituição. Em casos recentes, por exemplo, a Primeira Turma do STF aplicou um entendimento de que a perda do mandato é automática, por ser impossível que um deputado continue no cargo enquanto cumpre pena em regime fechado.


Deputados votando sobre o mandato de Carla Zambelli que foi condenada pelo STF (Vídeo: reprodução/YouTube/Câmara dos Deputados)


Alguns exemplos são o caso da deputada Carla Zambelli e do também deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado por participação na tentativa de golpe de Estado em 2022. Ambos fugiram do Brasil após a condenação do STF. Ramagem está foragido nos Estados Unidos, e o rito para a cassação de seu mandato ainda não foi definido.

O caso de Carla Zambelli, porém, tem suas particularidades: a parlamentar está detida na Itália e aguarda uma decisão do país europeu sobre o processo de extradição.

Prisão da deputada Carla Zambelli 

Em 2023, ocorreu a invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com a inserção de documentos falsos, incluindo mandados de prisão atribuídos ao ministro da Primeira Turma do STF, Alexandre de Moraes, cometida pelo hacker Walter Delgatti Neto.

Em 2024, a Polícia Federal prendeu o hacker, que confessou que Carla Zambelli seria a responsável por encomendar a invasão.

Após as investigações, ela foi julgada em maio de 2025. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou a deputada Carla Zambelli a dez anos de prisão pelos crimes de invasão de sistemas do CNJ e falsidade ideológica. No dia 3 de junho do mesmo ano, Zambelli fugiu para a Itália, a deputada tem nacionalidade ítalo-brasileira. Em julho, a parlamentar foi presa em Roma, capital da Itália.

Durante esse período, Zambelli também foi julgada e condenada em outro processo no STF por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal, com pena de cinco anos e três meses, que também precisará ser cumprida caso a extradição ocorra.


Post de Carla Zambelli comemorando a decisão da Câmara (Vídeo: Reprodução/Instagram/@carla.zambelli)


Para concluir, o pedido de extradição brasileiro começou a tramitar na Justiça italiana. Foi convocada uma sessão de extradição, que ocorrerá no dia 18 de dezembro de 2025, após solicitações de documentos feitas pela defesa de Zambelli. E, também, a justiça europeia requisitou informações ao STF sobre o sistema prisional brasileiro, como parte da análise do pedido de extradição.

Caso o pedido seja aceito, a deputada Carla Zambelli será entregue às autoridades brasileiras para cumprir as penas de prisão em território nacional.

Se o pedido for negado, a deputada continuará no país europeu, e a Justiça italiana poderá manter a prisão temporária ou adotar medidas alternativas, como prisão domiciliar, dependendo da avaliação do risco de fuga.

O governo brasileiro poderá então reformular o pedido de extradição, apresentando novos argumentos ou documentos. Caso seja recusado novamente, outra alternativa seria capturá-la caso ela saia do território italiano.

 

Vendaval histórico cancela 344 voos de aeroportos de São Paulo

Na noite de terça-feira (9) e no início da manhã de quarta-feira (10), a Grande São Paulo enfrentou um vendaval considerado inédito pelos meteorologistas, devido à intensidade das rajadas de vento, que chegaram a 96,3 km/h, segundo medições realizadas no Aeroporto de Congonhas — inédito por conta de não terem a presença de chuvas ou temporais.

O Aeroporto Internacional de Guarulhos e o Aeroporto de Congonhas foram os mais afetados. Ao todo, aproximadamente 344 voos foram cancelados entre a quarta-feira (10) e a manhã desta quinta-feira (11).

O caos se instalou nos terminais dos aeroportos, com filas intermináveis nos balcões das companhias aéreas e passageiros obrigados a dormir nos bancos do local. Muitos reclamavam da falta de informação e não sabiam para onde deveriam ir. Por conta das suspensões e cancelamentos, outros aeroportos do país também foram afetados e sentiram o reflexo do problema, como, por exemplo, os aeroportos do Rio de Janeiro e de Brasília.

Os ventos fortes deixaram um rastro de destruição: mais de dois milhões de imóveis ficaram sem luz, dezenas de árvores caíram, parques foram fechados, voos foram cancelados e até algumas consultas médicas precisaram ser desmarcadas na capital de São Paulo.

Vendaval no aeroporto de Congonhas 

 Na quarta-feira (10), o Aeroporto de Congonhas registrou 88 chegadas e 93 partidas suspensas. Já nesta quinta-feira (11), foram contabilizadas 31 chegadas e 15 partidas canceladas. Ao todo, os dois dias somam 277 voos cancelados somente em Congonhas. Os números foram divulgados pela Aena (“Aeropuertos Españoles y Navegación Aérea”), empresa espanhola especializada na gestão de aeroportos.  


estrago na cidade por conta de vendaval que causou grande impacto em São Paulo (Foto: Reprodução/Getty Images Embed/NurPhoto)


Na manhã desta quinta-feira (11), o Aeroporto de Congonhas voltou a funcionar para pousos e decolagens. No entanto, ainda tenta retornar à normalidade, mostrando que sofreu muitos impactos pelos efeitos do vendaval e dos ajustes na malha aérea.

A concessionária Aena, responsável pela administração do aeroporto, informou em nota à TMC (Transamérica Media Company) que os passageiros devem verificar a situação de seus voos diretamente com as companhias aéreas, pois muitas alterações ainda podem ocorrer devido ao impacto dos ventos fortes.

Estragos e locais na Grande São Paulo sem luz

 Nesta quinta-feira (11), no Aeroporto de Guarulhos, pelo menos 15 partidas e 39 chegadas foram canceladas durante a manhã. Ao todo, foram contabilizadas 61 chegadas e 56 partidas canceladas, apesar do caos registrado na quarta-feira (10) e nesta quinta-feira (11).

Em nota ao G1, a GRU Airport — concessionária responsável pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos — afirmou que a operação já está normalizada.


Post da Enel sobre os estragos do vendaval histórico que ocorreu na Grande São Paulo (Vídeo: Reprodução/Instagram/@enelbrasil)


A Grande São Paulo amanheceu nesta quinta-feira (11) com mais de dois milhões de imóveis sem energia, sendo pouco mais de um milhão somente na capital. Em resposta, a Enel, concessionária que atende a capital e outras 23 cidades da região metropolitana, informou que está atuando em diversos pontos da cidade para restabelecer o fornecimento de luz o mais rápido possível.

Além disso, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) comunicou que mais de 235 semáforos ainda estavam apagados devido à falta de energia. Desses, 20 estão desligados por falhas e 5 operando no modo amarelo piscante. Por conta da ventania, o caos foi sentido no trânsito, que apresentou lentidão e chegou a 203 km às 7h da manhã dessa quinta-feira (11).

A falta de energia também impactou o abastecimento de água em vários pontos da cidade. Todos os parques municipais permanecem fechados até que os serviços sejam totalmente restabelecidos.

Senado avança em proposta sobre jornada de 36 horas

Nesta quarta-feira (10), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou uma proposta que fixa em 36 horas semanais o limite máximo da jornada de trabalho no Brasil. A medida reacende discussões sobre qualidade de vida, produtividade, direitos trabalhistas e os impactos diretos para empregadores e trabalhadores.

Mudança histórica na legislação trabalhista

A aprovação da proposta pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado é um dos passos mais importantes na legislação trabalhista brasileira das últimas décadas. Hoje em dia, a Constituição determina um limite de 44 horas de trabalho por semana. Com a nova proposta, esse limite seria diminuído para 36 horas, o que promoveria uma mudança significativa na estrutura do tempo de trabalho no país.

A iniciativa tem como principal argumento a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, além da modernização das relações de trabalho diante de mudanças sociais, tecnológicas e produtivas. Parlamentares favoráveis defendem que a redução da jornada pode contribuir para o aumento da produtividade, diminuição do estresse e fortalecimento do convívio familiar e social.

Ainda assim, apesar da aprovação na CCJ, o texto não entra em vigor de forma imediata. Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a matéria ainda precisará passar por votação em dois turnos no plenário do Senado e, posteriormente, seguir para análise da Câmara dos Deputados.

Fim da escala 6×1 entra no centro do debate

Com a possível redução da carga horária semanal para 36 horas, a tradicional escala 6×1 — em que o trabalhador atua seis dias consecutivos para folgar apenas um — entra novamente no centro do debate nacional. Atualmente comum em setores como comércio, serviços, supermercados e call centers, esse modelo é frequentemente criticado por especialistas em saúde do trabalho.

Entidades sindicais argumentam que a escala 6×1 compromete o descanso adequado, aumenta o desgaste físico e mental e dificulta o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Para esses grupos, a redução da jornada semanal representa um avanço civilizatório.

Em contrapartida, representantes do setor empresarial apontam para possíveis desafios operacionais, principalmente em atividades que ocorrem de maneira contínua. Há preocupação de que a alteração possa elevar os gastos com contratações e reestruturação de turnos, principalmente para pequenas e médias empresas.


Senado aprova jornada de trabalho  (Vídeo: reprodução/YouTube/TV Senado)


Impactos na economia e na geração de empregos

Um dos pontos mais debatidos em torno da proposta é o impacto econômico. Defensores da redução da jornada argumentam que a medida pode estimular a geração de novos empregos, uma vez que empresas precisariam contratar mais trabalhadores para suprir a carga horária reduzida.

Além disso, estudos internacionais citados por parlamentares indicam que jornadas menores podem elevar a produtividade, reduzir afastamentos por doenças e melhorar o clima organizacional dentro das empresas. Países que testaram jornadas reduzidas registraram, em alguns casos, aumento na eficiência e maior satisfação dos trabalhadores.

Já os críticos sustentam que a redução para 36 horas pode provocar elevação nos custos de produção, afetar preços ao consumidor e pressionar a inflação. O setor produtivo pede cautela e defende que qualquer mudança seja acompanhada de debates técnicos, análises de impacto e regras de transição.

O que muda na prática para os trabalhadores

Caso a proposta seja aprovada em definitivo, a principal mudança será a redução do teto constitucional de horas trabalhadas por semana. Isso não significa que todos os trabalhadores passarão automaticamente a cumprir jornadas menores, mas estabelece um novo limite legal para contratos e acordos coletivos.

Na prática, empresas e categorias terão de se reorganizar. Jornadas poderão ser distribuídas em quatro ou cinco dias de trabalho, por exemplo, com maior flexibilidade. A tendência é de fortalecimento de modelos híbridos, turnos alternados e escalas mais humanas, especialmente em áreas que já sofrem com altos índices de adoecimento profissional.

Especialistas também apontam que a mudança pode impactar diretamente o consumo, já que trabalhadores com mais tempo livre tendem a movimentar setores como lazer, cultura, turismo e serviços.

Próximos passos no Congresso

Após a aprovação na CCJ, a proposta segue para votação no plenário do Senado, onde precisará do apoio de pelo menos três quintos dos parlamentares, em dois turnos. Se aprovada, ainda terá de passar pelo mesmo rito na Câmara dos Deputados.

O processo pode levar meses e deve ser marcado por intensos debates, audiências públicas, manifestações de sindicatos, empresários e especialistas em economia e direito do trabalho. O governo federal ainda não sinalizou oficialmente uma posição definitiva sobre o tema, mas acompanha a discussão de perto.

Um debate que vai além das horas de trabalho

Mais do que uma simples alteração numérica, a proposta de jornada máxima de 36 horas toca em questões profundas sobre o futuro do trabalho no Brasil. Em meio a transformações digitais, novas formas de contratação, avanço da inteligência artificial e mudanças no comportamento social, cresce a defesa de modelos que priorizem a saúde mental, a produtividade sustentável e a valorização do tempo de vida fora do trabalho.

Enquanto o projeto avança no Congresso, trabalhadores e empregadores observam atentos cada movimento. Se aprovada, a nova regra pode redefinir a rotina de milhões de brasileiros e marcar uma nova fase nas relações trabalhistas do país.

CCJ do Senado aprova PEC para fim de escala de trabalho 6×1

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, nesta quarta-feira (10/12), a proposta de emenda à Constituição, 148/2025, que busca reduzir a jornada de trabalho semanal, atualmente de 6×1, para 36 horas semanais e sem redução de salários, e garante ao trabalhador, no mínimo, dois dias consecutivos de descanso semanal.

A proposta de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS) e texto, relatado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), segue agora para votação no Plenário do Senado e, caso aprovada, para a Câmara dos Deputados.

PEC 148/2025

A proposta de emenda 148/2025 estabelece mudanças relacionadas ao repouso semanal remunerado, que deve ocorrer em dois dias, preferencialmente sábados e domingos. A jornada máxima é de oito horas por dia e 36 horas por semana (o modelo da constituição atual permite até 44 horas semanais), distribuídas em até cinco dias de trabalho. Essas mudanças não provocarão mudanças ou redução salarial.


Aprovação da PEC no CCJ (Vídeo: reprodução/YouTube/TV Senado)


Segundo o relator, a transição será gradativa, para que empresas e trabalhadores consigam se adaptar de maneira correta. Pela regra de transição, a carga semanal não poderá ultrapassar 40 horas a partir de 1º de janeiro do ano consecutivo à promulgação. Haverá redução anual de uma hora até chegar ao limite de 36 horas semanais.

Otto Alencar (PSD-BA), presidente da CCJ, destacou que o tema foi discutido em três audiências públicas antes de ser votado, mas, apesar da aprovação, o avanço da PEC para o Senado e Câmara dos Deputados só deve ocorrer em 2026, devido ao encerramento das atividades legislativas neste ano.

Jornada de trabalho atual

De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a jornada de trabalho máxima é de 8 horas diárias e 44 horas semanais. Vale lembrar que existe a possibilidade de revezamento, escala e outros tipos de acordo do empregador com o funcionário.

Além disso, a CLT estabelece que é obrigatório o intervalo, que não conta como horário de trabalho, para descanso ou alimentação ao empregado, com duração mínima de 1 hora e máxima de 2 horas.