STF aprova atualização do Marco Civil da Internet

Nesta quinta-feira (26), o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para declarar como inconstitucional o Artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), o qual reduzia a responsabilidade civil das plataformas digitais por conteúdos publicados pelos usuários.

A lei não passava por atualização desde 2014, e com o aumento exponencial dos usuários online, das fake news e das Inteligências Artificiais generativas, aprimorar e modernizar a lei torna-se essencial, a fim de que a internet não se torne uma “terra sem leis”, onde qualquer coisa pode ser feita, sem qualquer consequência.

A atualização do Marco Civil da Internet

Por 8 votos a 3, a Corte aprovou que as redes sociais e os provedores de aplicações podem ser responsabilizados pela postagem de conteúdos ilegais, ainda que em determinados momentos não haja ordem judicial.

Após notificações extrajudiciais, é possível que haja responsabilidade sobre conteúdos que abordem atos antidemocráticos, conteúdos de ódio, crimes contra a mulher, incentivo a discriminar pessoas por sua identidade de gênero, raça ou religião, encorajar automutilação ou suicídio, pornografia infantil, tráfico de pessoas ou terrorismo.

Para os casos de crime contra a honra, como calúnia, difamação ou injúria, permanece sendo necessária uma decisão judicial para remoção do conteúdo.

Com a nova decisão do STF, o cuidado das plataformas precisa ser um dever das empresas, tornando a moderação de conteúdos uma ação proativa, visto que agora as big techs podem ser responsabilizadas. Conforme dito pela ministra Cármen Lúcia, a internet não deve ser tratada como um território à margem da Constituição, sem nenhum zelo ou consequência pelo que se é postado.

Alexandre de Moraes também falou sobre o tema, mencionando como as redes sociais influenciam e influenciaram as últimas eleições, manipulando o eleitor em sua escolha de candidato, fazendo com que haja uma predileção de candidatos, aumentando o número de seus votos.


Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia falam sobre a necessidade da atualização do Marco da Internet (Vídeo: Reprodução/X/@slpng_giants_pt)

Impacto no ambiente digital

Antonielle Freitas, advogada do Viseu Advogados, disse que esta é uma importante acentuação na jurisprudência brasileira, sendo um avanço para proteger a dignidade humana no ambiente digital. Freitas menciona também que ao exigir que haja remoção em alguns casos, mas sem retirar a ordem judicial para crimes contra a honra, o STF demonstra equilíbrio.

A advogada frisa também a necessidade do Legislativo atuar claramente, e a necessidade das plataformas em investir em critérios objetivos, estrutura e governança jurídica.

Moraes pede investigação de juiz que soltou responsável por relógio quebrado no 8 de janeiro

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que a polícia do Supremo investigue o juiz Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro, do TJ de Minas Gerais. O juiz mandou soltar Antônio Cláudio Alves Ferreira, que foi condenado a 17 anos de prisão por envolvimento nos atos do dia 8 de janeiro.

Segundo Moraes, o juiz de Uberlândia agiu além do que estava autorizado. Ele afirmou que não houve nenhuma decisão do STF que desse ao magistrado permissão para algo além de emitir o atestado de pena do réu.

Decisão de Alexandre de Moraes

Na quinta-feira (19), o ministro Alexandre de Moraes voltou a decretar a prisão de Antônio Ferreira, acusado de destruir o antigo relógio de Balthazar Martinot no Palácio do Planalto. Na decisão, Moraes destacou que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais agiu sem ter autoridade para isso e libertou o réu antes do prazo permitido pela legislação.


Ministro Alexandre de Moraes e Antônio Cláudio Alves Ferreira, réu pelo 8/1 (Foto: Reprodução/X/@republiqueBRA)


No mandado de prisão, o ministro explicou que, apesar de o réu não ter antecedentes criminais, ele foi condenado por crimes com uso de violência e ameaça grave. Por isso, só poderia ir para o regime semiaberto após cumprir pelo menos 25% da pena — e essa decisão caberia apenas ao Supremo Tribunal Federal. “O réu é primário e foi condenado por crimes cometidos com violência e grave ameaça […]”

Alegação do Juíz de Uberlândia

Na segunda-feira (16), o Tribunal de Justiça de Minas Gerais autorizou a soltura de Antônio Ferreira. O juiz responsável avaliou que ele já tinha direito à progressão do regime fechado para o semiaberto.

Na decisão, o magistrado afirmou que, como o estado não dispõe de tornozeleiras eletrônicas no momento, a libertação deveria acontecer mesmo assim. Antônio estava preso há quase um ano e meio.

“O preso não pode ser penalizado pela lentidão do Estado”, escreveu o juiz. Por isso, determinou que ele fosse solto de imediato e incluído na lista de espera para receber o equipamento eletrônico.

Google responde Moraes e diz que não pode entregar dados sobre ‘minuta do golpe’

Um dia após o prazo de 48 horas, a Google Brasil informou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que não poderá atender à solicitação de dados sobre os responsáveis pela publicação da chamada “minuta do golpe” na internet. Em manifestação enviada nesta quarta-feira (18), a empresa alegou que a requisição só se aplica a conteúdos sob sua responsabilidade.

A justificativa apresentada pela empresa é que a ordem judicial não incluiu uma URL específica de página hospedada pelo Google. Além disso, a ausência de vínculo com os serviços da empresa impossibilita a identificação do conteúdo citado. O fato de determinado material aparecer nos resultados de busca não significa que ele esteja hospedado em alguma plataforma da empresa, já que o site apenas organiza as informações disponíveis na internet.

Sem hospedagem, sem obrigação

No caso em referência, a manifestação do réu indica páginas de terceiros, que não são hospedadas pela Google: URL do site ‘O Cafezinho’ e indicação de resultados que levam à página ‘Conjur’, dentre outras”, informou a empresa na resposta.

O Google esclareceu que, em caso de informações hospedadas em sites de terceiros — como os mencionados —, o pedido deve ser direcionado aos administradores dessas páginas.

Ação penal e contexto político

Moraes decidiu pela solicitação nesta terça-feira (17), no âmbito da ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado. O pedido veio direto da defesa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, que pediu diligências complementares no caso.


“Minuta do golpe” (Reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Impresso no Palácio do Planalto e em posse de Anderson Torres, a “minuta do golpe” é um documento. O texto serviria como base jurídica para um estado de exceção, ação essa que permitiria ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manter no poder mesmo após a derrota nas eleições de 2022.

A big tech finalizou a manifestação destacando que sua ferramenta de busca não hospeda ou publica diretamente esses conteúdos, mas que, na verdade, apenas organiza e facilita o acesso a conteúdos já disponíveis na internet.

Defesa de Bolsonaro pede ao STF anulação da delação de Mauro Cid

Em julgamento, nesta segunda-feira (16), o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo acusado de trama golpista, com sua defesa, está tentando anular a delação premiada de Mauro Cid. O pedido feito ao STF tem base em uma matéria que diz que o tenente-coronel teria revelado em perfis de redes sociais informações sobre o processo. Por conta disso, o ministro Alexandre de Moraes entrou com um pedido para proteger o conteúdo divulgado, para auxiliar no tribunal.

A acusação de Bolsonaro

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro entrou com um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (16), para a anulação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. O motivo do pedido é baseado em uma matéria da revista “Veja”, que informa que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro teria passado informações, em perfis de redes sociais, sobre os termos das tratativas do acordo e feito queixas sobre os investigadores.


Mauro Cid em julgamento no STF (Foto: reprodução/EVARISTO SA/Getty Images Embed)


Os advogados de Bolsonaro defendem a ideia de que as ações de Mauro Cid são graves, pois descumprem o acordo da delação premiada, quebrando o sigilo.

“De fato, o teor das diversas mensagens expõe não só a falta de voluntariedade, mas especialmente a ausência de credibilidade da delação. Destarte, são nulos (porque ilícitos) os seus depoimentos e, também, as supostas provas dele decorrentes. Desde já, portanto, mostra-se imprescindível a rescisão e anulação do acordo de delação premiada do corréu Mauro Cid, reiterando-se aqui o pedido formulado na defesa prévia, o que desde já requer-se.”, declararam os advogados de Bolsonaro.

A defesa de Mauro Cid, no entanto, negou que ele tenha usado perfis para divulgar informações internas do tribunal.

A decisão do STF

Na última sexta-feira (13), o ministro do STF, Alexandre de Moraes, fez uma ordem à empresa Meta para que os conteúdos postados nos dois perfis de Instagram, supostamente utilizados por Mauro Cid, sejam preservados. Além disso, ele também pediu para que os dados para o cadastro nas contas, como e-mail e número de telefone, fossem passados.


Ministro Alexandre de Moraes em julgamento de Bolsonaro (Foto: reprodução/EVARISTO SA/Getty Images Embed)


De acordo com as normas do STF, se ficar entendido que o tenente-coronel violou os termos do acordo de colaboração, ele perderá os benefícios como delator, porém as provas serão mantidas.

Suplente de Zambelli assume vaga e lamenta ausência da deputada

O deputado Coronel Tadeu (PL-SP) tomou posse nesta segunda-feira (16) na vaga deixada por Carla Zambelli (PL-SP), que teve o mandato suspenso após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal. Em tom solene, ele reconheceu o peso da situação: “Para mim é uma honra, mas também uma tristeza muito grande estar aqui neste momento”. A deputada pediu licença de 127 dias e deixou o Brasil após ser alvo de mandado de prisão.

Zambelli entra na lista da Interpol

Condenada a 10 anos de prisão pelo STF, Zambelli passou a ser procurada internacionalmente. A ordem foi assinada pelo ministro Alexandre de Moraes e levou à inclusão do nome da parlamentar na lista vermelha da Interpol. A condenação se refere ao episódio da invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que a tornou inelegível.

Segundo o regimento da Câmara dos Deputados, quando a licença parlamentar ultrapassa 120 dias, o suplente assume de forma imediata. Nesse caso, coube ao Coronel Tadeu ocupar o cargo. “Mando um abraço aos eleitores da Carla Zambelli, que teve quase um milhão de votos”, comentou ele, reforçando que pretende representar o mesmo grupo com “respeito e responsabilidade”.


Deputada Carla Zambelli (Foto: reprodução/Evaristo SA/Getty images embed)


Cassação ainda está pendente

Apesar da condenação e da fuga, o mandato de Zambelli ainda não foi oficialmente cassado. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que a decisão será tomada pelo plenário da Casa. A expectativa é que o caso entre na pauta nos próximos dias, mas a definição pode depender de articulações políticas internas.

O afastamento de Zambelli acontece em um momento delicado para o PL e para os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Enquanto isso, Coronel Tadeu, que já foi deputado anteriormente, volta ao Congresso com a missão de manter viva a base conservadora que Zambelli ajudou a formar. O desfecho do caso ainda pode impactar diretamente o cenário político nacional.

STF forma maioria para responsabilizar redes sociais por conteúdo

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou, nesta quarta-feira (11), maioria de votos a favor da responsabilização das plataformas digitais pelo conteúdo publicado por seus usuários. A Corte ainda deve analisar em detalhes os limites e condições exatas de responsabilidade civil das empresas sobre conteúdos criminosos. E acertar as divergências apontadas em voto pelos ministros.

O Marco Civil da Internet, sancionado em 2014, prevê neutralidade de redes, segurança de dados pessoais, garantindo diversidade e liberdade de expressão. Atualmente, determina que as redes sociais têm a obrigatoriedade de remover conteúdos de caráter ofensivo após ordem judicial específica, sob pena de responsabilização. Mas esse entendimento demonstra necessidade de reinterpretação e revisão.

Debate sobre responsabilidade sem ordem judicial

O STF analisa os recursos que têm como foco a possibilidade de responsabilização das plataformas digitais, mesmo sem decisão judicial prévia, pelos discursos de ódio, fake news ou conteúdo ofensivo que cause danos a terceiros.

E também, como questão central, se as redes sociais podem ser condenadas a pagar indenização por danos morais por não retirarem do ar postagens criminosas, mesmo sem ordem prévia da Justiça. Até agora, os votos a favor foram de Dias Toffoli, Luiz Fux, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso.

Para finalização e fixação da tese, faltam os votos dos ministros Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Cármen Lúcia.

Votos dos ministros

Dias Toffoli entendeu ser errado exigir decisão da Justiça para as redes sociais se responsabilizarem por conteúdos ofensivos publicados por usuários. Assim, considerou inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet, que protege as plataformas contra punições por postagens ilícitas.

Ele defendeu que, em casos de racismo, por exemplo, as plataformas devem agir a partir de notificação extrajudicial feita pela vítima ou seu advogado, sem necessidade de esperar a Justiça.


STF tem maioria de votos para responsabilização das redes (Reprodução/YouTube/CNNbrasil)

Luiz Fux também considerou o artigo 19 inconstitucional. O ministro defendeu que, em casos de discurso de ódio, racismo, pedofilia, violência e atos antidemocráticos, as plataformas devem remover os conteúdos criminosos após notificação extrajudicial, sob pena de responsabilização. Ele também apontou a criação de canais sigilosos para denúncias e monitoramento de conteúdo.

O presidente do STF, Luiz Roberto Barroso, fez uma distinção: para crimes contra a honra, a remoção deve ocorrer após ordem judicial. Em casos que envolvam pornografia infantil, terrorismo, tráfico de pessoas ou golpe de Estado, a ação de remoção deve acontecer sem decisão judicial, cumprindo seu dever de cuidado.


STF tem maioria de votos para responsabilização das redes (Foto: reprodução/Instagram/@uolnoticias)

Flávio Dino sugeriu responsabilização através do artigo 21 do Marco Civil, que permite a remoção com notificação extrajudicial da vítima ou seu advogado. Levantando a proibição de perfis falsos e robôs, que nesses casos cabe punição sem ordem judicial.

Cristiano Zanin, que declarou parcialmente inconstitucional o artigo 19, propôs que o artigo continue válido para provedores sem impulsionamento, mas defendendo que conteúdos criminosos devem ser removidos sem decisão judicial. Apenas se houver dúvida razoável sobre a legalidade do conteúdo, deverá haver análise para responsabilização.

Divergência

O voto divergente de André Mendonça defendeu o artigo 19 como constitucional. Para ele, a remoção de perfis só deve acontecer se forem verificados como falsos ou ilícitos. Havendo assim identificação dos usuários infratores. Não cabe responsabilização sem ordem judicial, principalmente quando o conteúdo envolve opiniões ou interpretações.

O STF deve deliberar sobre a tese final, entendendo aplicação a responsabilização e quais os critérios que usará.

Oito de janeiro: próximos passos do STF na ação penal que apura trama golpista

O Supremo Tribunal Federal concluiu a fase de interrogatórios da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2022. Os oito réus, que, conforme a Procuradoria-Geral do República (PGR), integram o “núcleo crucial” do processo que apura a tentativa de instauração do golpe, foram ouvidos. O fim da etapa aconteceu nesta terça-feira (10)

Com o encerramento da instrução processual, etapa que visa coletar provas, o caso vai para as estampas finais antes do julgamento. A expectativa é que a ação passe por análise pela Primeira Turma do STF no segundo semestre, possivelmente entre os meses de setembro e outubro.


O ex-presidente Jair Bolsonaro, que é um dos integrantes do “núcleo crucial”, responde perguntas no interrogatório (Foto: reprodução/Fellipe Sampaio/STF)

Próximas etapas

Com o fim da fase dos interrogatórios, o prazo para solicitação de novas diligências por parte das defesas e da acusação começa. Esses pedidos podem incluir medidas de investigação complementares que serão analisadas pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes.

Em seguida, começa o período das alegações finais. Essa etapa prevê o período de 15 dias para que as partes manifestem seus argumentos por escrito. As alegações finais são um resumo dos principais pontos apresentados durante o processo e trazem os requerimentos de condenação ou absolvição.

Encerradas as alegações, o processo vira pauta de julgamento da Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.


Supremo Tribunal Federal (Foto: reprodução/Sergio Lima/Bloomberg/Getty Images Embed)


Em caso de condenação, os ministros fixarão pena individual para cada réu. Caso sejam absolvidos, o processo será arquivado. Em ambos os cenários, um recurso dentro da própria Corte é cabível.

Os réus do “núcleo crucial”

Dentre os oito que se tornaram réus e integram o núcleo 1 estão: o ex-presidente Jair Bolsonaro; o general, ex-ministro e vice de Bolsonaro em 2022, Walter Braga Netto; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno; o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres; o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier; o general e ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira; e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.

Bolsonaro afirma que não houve tentativa de golpe de estado

Após chegar no Supremo Tribunal Federal, nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro fez um depoimento, onde se defendeu sobre as acusações de que teria organizado uma ruptura institucional, tramada após as eleições de 2022. Bolsonaro afirmou não ter havido um golpe. Ele ainda falou sobre as denúncias que sofreu, alegando que teria decretado Estado de Sítio.

O depoimento de Bolsonaro

O ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, participa do segundo dia de julgamento, organizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), onde é réu, acusado de tentar provocar um golpe de estado, após ter perdido as últimas eleições presidenciais de 2022. Ele está marcado como um dos últimos a prestar depoimento em frente do juiz do STF, Alexandre de Moraes, pela primeira vez.


Jair Bolsonaro em seu julgamento no STF (Foto: reprodução/Arthur Menescal/Getty Images Embed)


Quando o ex-presidente chegou ao tribunal, para seu julgamento, ele foi questionado sobre a tentativa de golpe. Jair respondeu que não houve golpe. Ainda em sua fala, ele também respondeu às denúncias que recebeu d Procuradoria-Geral de República (PGR) sobre uma decretação de Estado de Sítio. Bolsonaro declara que antes do secreto ser assinado, o parlamento deveria aprovar.

O julgamento

No primeiro dia do julgamento, nesta segunda-feira (9), o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid depôs durante quase quatro horas. Ele relatou sobre as intenções golpistas do antigo comandante da Marinha, Almir Garnier, dizendo que possuía questões com o antigo comandante do Exército, Freire Gomes.

O general Freire Gomes tinha ficado muito chateado, porque o almirante Garnier tinha colocado as tropas da Marinha à disposição do presidente, mas que ele só poderia fazer alguma coisa com apoio do Exército. Então, o general Freire Gomes ficou chateado de terem transferido a responsabilidade para ele.”, disse Mauro Cid.


Jair Bolsonaro em frente a Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/Arthur Menescal/Getty Images Embed)


O ex-diretor-geralda Abin, Alexandre Ramagem, também depôs na última segunda-feira. Ele se defendeu contra acusações de que a Abin teria tentado fraudar as urnas eletrônicas e disse também que a agência nunca foi usada para averiguar autoridades. Ele ainda declarou que a PF citou o sistema de geolocalização israelense First Mile, no relatório, de maneira errada, induzindo a acreditar que ele teria participado do plano de golpe de Estado.

Inelegível, Bolsonaro “convida” Moraes a ser seu vice em 2026

Durante seu depoimento no âmbito do inquérito que averigua a tentativa de golpe de estado após as eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “brincou” com o ministro Alexandre de Moraes, o convidando para ser seu vice em 2026.

Alexandre de Moraes e Bolsonaro

No momento da brincadeira, Bolsonaro falava sobre as viagens que realiza, e confirmou que irá ao Rio Grande do Norte na próxima semana, e indagou se Moraes gostaria de receber as imagens da viagem. Em resposta, o ministrou declinou quaisquer imagens sobre a viagem do ex-presidente.

Em seguida, Bolsonaro perguntou se poderia brincar com Moraes. Em tom descontraído, o ministro disse: “Eu perguntaria para os seus advogados antes”, ao que o ex-presidente o convida para ser seu vice em 2026. Moraes, mais uma vez, rejeita o “convite” de Bolsonaro, assim como havia feito com as fotos.


Momento em que Bolsonaro “brinca” com o ministro Moraes, mesmo sendo inelegível (Vídeo: Reprodução/X/@GlboNews)

Depoimento de Bolsonaro

Ao ser interrogado por Moraes, mais uma vez o ex-presidente negou ter planejado um golpe de Estado ou sequer ter utilizado força ilegalmente, considerando esta uma ideia “abominável”.

Em contrapartida, houve uma contradição em seu depoimento, pois, em seguida, Bolsonaro afirma que discutiu com representantes das Forças Armadas métodos alternativos da Constituição, como limitar os direitos civis e o decreto de GLO. A ideia apenas não seguiu adiante por ser inconstitucional e pela falta de apoio.

Houve uma negativa sobre parte de seu antigo ajudante, Mauro Cid, com a afirmação de que nunca escreveu, editou ou mesmo falou sobre qualquer minuta de decreto que pudesse ser considerado golpe.

Golpe de 8 janeiro

Em 8 de janeiro de 2023, o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos e vandalizados por bolsonaristas, eleitores de Bolsonaro que se dizem “patriotas”.


Bolsonaro chama seus apoiadores de “malucos” (Vídeo: Reprodução/X/@GloboNews)

Sobre o assunto, o ex-presidente os chamou de “malucos”, e negou qualquer tipo de envolvimento de apoio para que o ato ocorresse, não se responsabilizando pelos atos extremos de seus apoiadores, como os pedidos pela volta do AI-5 e intervenção militar.

Bolsonaro também pediu desculpas a Moraes por ter acusado sem provas o STF e seus ministros, que teriam fraudado as eleições devido propina recebida.

Mauro Cid revela que Zambelli intermediou encontro entre Bolsonaro e hacker para discutir segurança das urnas

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou nesta segunda-feira (9) que a deputada Carla Zambelli levou o hacker Walter Delgatti Neto para um encontro com Jair Bolsonaro. Segundo Cid, a reunião abordou possíveis vulnerabilidades das urnas eletrônicas e possíveis fraudes no sistema eleitoral. Este primeiro encontro aconteceu no Palácio da Alvorada.

O delator da trama golpista foi o primeiro réu a depor na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. Logo, ele revelou que o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, organizou o encontro a pedido de Bolsonaro. O ex-presidente teria orientado o general a se reunir novamente com Delgatti, desta vez no Ministério da Defesa.

Dessa forma, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro informou ainda que os integrantes do plano não identificaram nenhuma fraude nas urnas eletrônicas após as eleições de 2022. Além disso, destacou que o Partido Liberal (PL) não encontrou nenhuma irregularidade no sistema eleitoral.


Mauro Cid depõe ao STF (Vídeo: reprodução/YouTube/@STF)

Após Cid, STF ouvirá Ramagem; Bolsonaro depõe entre terça e quarta-feira

Após o depoimento de Mauro Cid, Alexandre Ramagem será o próximo a prestar esclarecimentos ao STF. Em seguida, será a vez de Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Importante lembrar que a Suprema Corte organizou os depoimentos seguindo a ordem alfabética dos réus.

Entretanto, o Supremo só deve ouvir Bolsonaro na terça-feira (10/6) ou na quarta-feira (11/6). Na semana passada, o ex-presidente afirmou que não pretende “desafiar” a Justiça. “Não vou ao STF para desafiar ninguém. Estarei lá com a verdade ao nosso lado”, declarou durante um evento do PL Mulher em Brasília.

Zambelli perde recursos e é incluída na lista da Interpol

O STF determinou, na última sexta-feira (6/6), a prisão de Carla Zambelli após rejeitar os recursos apresentados pela deputada. A decisão confirma a condenação de 10 anos de prisão pela invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsificação de documentos. Além da pena, Zambelli perderá o mandato de deputada federal e já teve seus bens bloqueados. A parlamentar deixou o Brasil antes da decisão final e, por isso, a Interpol a incluiu na lista de procurados, dificultando sua permanência no exterior.

A condenação foi reforçada pelo ministro Alexandre de Moraes, que converteu a prisão preventiva em definitiva e notificou a Câmara dos Deputados para oficializar a perda do mandato. Zambelli alega perseguição política e contesta a legalidade da decisão, mas o STF considera o caso encerrado, sem possibilidade de novos recursos.