Análise do STF revela: como mais de 1.400 presos do 8 de janeiro foram liberados

Em janeiro de 2023, o Brasil viveu um dos momentos mais tensos de sua história democrática recente. Os atos de vandalismo e violência em Brasília resultaram na prisão de mais de 1.400 pessoas. Agora, mais de dois anos depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou um balanço detalhado sobre o andamento dos processos, revelando que a grande maioria dos envolvidos já não está mais na cadeia.

Dos 1.406 presos em flagrante, apenas 141 permanecem detidos, e 44 estão em prisão domiciliar, incluindo figuras notáveis com tornozeleiras eletrônicas, como o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Condenações e acordos, uma análise dos casos

A distinção entre os tipos de crime foi fundamental para o destino dos investigados. Aqueles acusados de crimes considerados menos graves, como incitação ao crime e associação criminosa, tiveram a oportunidade de firmar um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Segundo dados do STF, 552 pessoas aceitaram o acordo, assumindo a culpa e comprometendo-se a cumprir sanções como prestação de serviços à comunidade e pagamento de multas de R$ 5 mil. Esse instrumento legal, aplicável a crimes com pena mínima inferior a quatro anos, permitiu que essas pessoas evitassem o prosseguimento do processo criminal.

Por outro lado, o grupo dos que cometeram crimes mais graves, como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, enfrentou um caminho diferente. Dentre os 279 condenados por esses delitos, as penas variam e chegam a até 17 anos de prisão. É desse grupo que fazem parte os 112 indivíduos que permanecem em regime fechado. Os demais, após o cumprimento de parte da pena, progrediram de regime e deixaram as penitenciárias.


Durante homenagem, Moraes comenta sobre erros e acertos das instituições após 8 de janeiro de 2023 (Vídeo: reprodução/YouTube/UOL)

Um Debate sobre Justiça e Desencarceramento

Os números revelam que, ao todo, 638 pessoas foram condenadas (359 por crimes menos graves e 279 por mais graves), enquanto 10 foram absolvidas. O STF também informou que a arrecadação com multas e prestações pecuniárias atingiu quase R$ 3 milhões, valor destinado à reparação dos danos causados. Além disso, 61 pedidos de extradição estão em andamento para trazer de volta ao país investigados que fugiram para o exterior.

O criminalista Thiago Turbay, ao analisar os dados, considera que a abordagem do STF demonstra uma política criminal de desencarceramento, que ele classifica como um “avanço civilizatório”. Para Turbay, o grande número de ANPPs representa uma forma de responsabilização compartilhada entre o Estado e o indivíduo, diferente da anistia, que apenas isenta o anistiado de suas obrigações.

A anistia, segundo o especialista, poderia enfraquecer o sistema de justiça ao desconsiderar a cooperação necessária para a reparação dos crimes. A preferência por acordos e progressão de pena, em vez do encarceramento em massa, evidencia uma tentativa de equilibrar punição e reintegração, com o objetivo de construir um modelo de justiça mais eficaz e justo.

Justiça impõe restrições a Marcos do Val por suspeita de tentativa de golpe

Senador Marcos do Val (Podemos-ES) passa a cumprir uma série de medidas judiciais após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As restrições incluem a proibição de uso de redes sociais, bloqueio de transferências via Pix e cartões de crédito, além da suspensão do porte de arma. As medidas fazem parte da investigação sobre suposta tentativa de golpe de Estado, revelada pela Polícia Federal, com base em conversas atribuídas ao parlamentar.

Redes sociais, Pix e cartões: o que o senador está proibido de fazer

O ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio das redes sociais de Marcos do Val, incluindo Instagram, Facebook e X (antigo Twitter), como forma de impedir a disseminação de informações consideradas prejudiciais à investigação.

Além disso, foi suspensa qualquer movimentação por Pix e cartões de crédito, incluindo bloqueio de valores e novas transferências.

A medida visa evitar a destruição de provas e possíveis ações de desinformação ou obstrução de Justiça. A Polícia Federal afirma que o parlamentar está envolvido em tratativas relacionadas a uma tentativa de golpe contra as instituições democráticas do país.

A decisão também inclui a suspensão imediata de porte de arma e a entrega de qualquer armamento em posse de Do Val.


Marcos do Val é alvo de operação da PF e coloca tornozeleira eletrônica (Vídeo: reprodução/YouTube/CNNBrasil)

PF afirma que senador participou de tentativa de golpe

A investigação da Polícia Federal aponta que Marcos do Val teria sido procurado pelo ex-deputado Daniel Silveira para gravar, de forma clandestina, conversas com o ministro Alexandre de Moraes, com o objetivo de produzir um falso escândalo e assim justificar a intervenção militar.

O próprio senador revelou detalhes em entrevistas e redes sociais, o que reforçou os indícios utilizados pelo STF para determinar as medidas cautelares.

Embora negue envolvimento em golpe, o senador admitiu ter participado de reuniões com Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo a PF, as declarações do parlamentar se tornaram elementos centrais da apuração.

Em nota divulgada à imprensa e reproduzida no site da CNN Brasil, o senador disse que as medidas “inviabilizam o pleno exercício do mandato parlamentar“, e destacou que “sequer é réu ou foi condenado“.

A defesa do senador argumenta que ele tem cooperado com as investigações e contesta a proporcionalidade das medidas impostas.

As medidas judiciais contra Marcos do Val refletem a gravidade dos fatos investigados e o avanço da apuração da Polícia Federal sobre tentativas de subversão democrática.

A decisão do STF busca preservar a integridade do processo e evitar interferências indevidas por parte do senador, que agora está sob monitoramento rígido da Justiça.

FBI apura golpe em que suposto comprador fingia ser cantora Lady Gaga

A pintora americana Emma Webster alega ter sido vítima de um golpe. A artista pensou ter vendido uma de suas obras para alguém que se passava pela cantora Lady Gaga. A negociação foi feita por e-mail. O suposto comprador enviou uma selfie de Gaga e pagou Webster integralmente. A transação, no entanto, parece ter sido forjada.

A negociação e venda aconteceram em 2022. Emma Webster recebeu uma mensagem de Stefani Germanotta, nome verdadeiro da cantora. No texto, a pessoa que entrou em contato dizia ser fã do trabalho da artista, além de declarar que pretendia ampliar sua coleção pessoal e incluir obras de artistas mulheres como Yayoi Kusama, Louise Bourgeois e outras. A mensagem foi enviada por um endereço de e-mail com o nome de um dos cachorros de Lady Gaga “ladyandkoji@gmail.com.”

A negociação

Na época da negociação, o trabalho de Emma estava em alta no mercado artístico, em contínuas exposições bem-sucedidas. A pintora respondeu a mensagem e ofereceu a pintura Happy Valley – uma obra de 2×3 metros com o uso de cores variadas e temática pastoral. 


A obra Happy Valley, de Emma Webster, ilustra um cenário natural onde pode-se ver o céu de tons alaranjados ao fundo (Foto: reprodução/Instagram/@greenfamilyartfoundation)


O golpista aceitou comprar a obra, pediu um desconto e enviou uma selfie. Na foto, estava Lady Gaga, de suéter cinza e óculos escuros. A pessoa ainda afirmou que uma assistente ficaria responsável pelos detalhes do pagamento e envio. A transação de US$ 55 mil foi feita e a peça foi enviada à localização indicada. Webster ainda pediu para que sua obra não fosse revendida por ao menos cinco anos. O suposto comprador respondeu que nunca faria isso.


Lady Gaga veste suéter cinza e óculos pretos em selfie (Foto: reprodução/Instagram/@ladygaga.now)


O paradeiro do quadro

Dois anos após a venda da obra, em 2024, o pai de Webster identificou a peça em uma publicação da casa de leilões Christie’s, em Hong Kong. A artista, então, contatou o empresário da cantora, Bobby Campbell, que confirmou a fraude.

Ela não usa esse e-mail e não temos ninguém com o nome citado na mensagem. Sinto muito que você tenha sido enganada”, explicou.

Webster foi atrás de mais pistas sobre o local onde o quadro foi parar. A Christie’s declarou que a obra foi enviada por um galerista chamado Matt Chung, de Hong Kong. Chung afirmou ter adquirido a peça através do consultor de arte de Los Angeles John Wolf. 

Tanto Chung quanto Wolf afirmaram não saber sobre a origem fraudulenta do quadro. Os dois também se declararam vítimas da situação. Chung propôs que Webster recebesse 30% do valor da venda da obra no leilão. A pintora recusou a oferta.

O caso se tornou uma disputa legal em que Matt Chung entrou com uma ação civil em Hong Kong. Ele alega ter um contrato válido com a casa de leilões e pede restituição do quadro. A Christie’s tem a posse da obra até que a Justiça decida a quem pertence.

O caso foi reportado às autoridades estadunidenses. O advogado de Webster, Thaddeus Stauber, afirmou que o FBI está na apuração do caso.

Paulo Cunha Bueno rejeita acusação de tentar influenciar defesa de Cid

O advogado Paulo Cunha Bueno, integrante da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou não ter, em nenhum momento, tentado interferir na equipe de advogados do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A negativa foi feita após Agnes Cid, mãe de Mauro, declarar que houve pressão para trocar a defesa do filho.

Ética profissional e impedimentos legais impedem atuação

Cunha Bueno destacou dois pontos centrais para justificar sua conduta: primeiro, ele já representa Bolsonaro em outro caso, o que caracterizaria conflito de interesse se tentasse representar também Cid. Em segundo lugar, afirmou que segue os princípios éticos da advocacia, que proíbem diretamente a captação de clientes que já possuem advogado constituído.

Segundo o defensor, a troca de advogados jamais esteve em seu radar: “Jamais sugeri mudar a equipe jurídica de Cid, isso seria ilegal e antiético”, disse, enfatizando que não houve qualquer tentativa de assumir o caso do militar.


Advogado de Bolsonaro negou ter tentado obter informações sobre delação de Cid (Foto: reprodução/Instagram/@sbtnews)


“Distorções” com objetivo de manter delação

Cunha Bueno rebateu as afirmações de Agnes Cid, classificando-as como “falsas” e “propositalmente distorcidas”. Ele alegou que o conteúdo divulgado, tanto na petição quanto no depoimento por escrito da mãe, tem como único propósito resguardar os termos do acordo de colaboração premiada firmado por Mauro Cid.

Na visão do advogado, o episódio não passa de uma estratégia para manter intactos os benefícios já obtidos: “Os fatos foram interpretados de forma errônea, com o intuito claro de preservar a delação premiada dele”, acusou.

A acusação de Agnes consta em documento protocolado na Justiça, que menciona suposto contato de integrantes da defesa de Bolsonaro com familiares de Cid, pressionando por mudanças na representação jurídica do militar. A postura de Paulo Cunha Bueno, porém, busca demonstrar que tais ações são infundadas e não têm respaldo legal ou ético.

O advogado Paulo Cunha Bueno negou ao STF ter buscado informações sobre a delação de Mauro Cid.
Disse que nunca tentou assumir a defesa do militar.

Veículos jornalísticos estrangeiros divulgam interrogatório de Jair Bolsonaro no STF

Jornais estrangeiros divulgaram amplamente o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente responde ação penal pela tentativa de golpe. As publicações ocorreram nesta terça-feira (11).

A mídia internacional destacou que este foi o primeiro julgamento de um chefe de governo do Brasil acusado de tramar um golpe de Estado.

Mídias europeias

O The Guardian escreveu em seu site: “Bolsonaro nega plano de golpe, mas admite discutir ‘caminhos alternativos’ para permanecer presidente”. O jornal britânico ainda citou o pedido de desculpas de Jair Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes.


Bolsonaro durante interrogatório dos réus da ação penal (Foto: reprodução/Gustavo Moreno/STF)

Havia alguma expectativa em relação ao confronto com o juiz principal do caso, o ministro Alexandre de Moraes — ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a quem Bolsonaro já chamou de ‘idiota’ e ‘canalha’. Mas Bolsonaro pediu desculpas a Moraes e a outros dois ministros por terem afirmado em uma reunião, cuja gravação foi apresentada como prova, que teriam recebido entre US$ 30 milhões e US$ 50 milhões cada um para fraudar a eleição”, escreveu a matéria do jornal.


O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/Mateus Bonomi/Getty Images Embed)


A BBC destacou que o ex-presidente negou seu envolvimento na tentativa de golpe. A publicação britânica citou o momento em que Bolsonaro diz que a tentativa de golpe era uma “coisa abominável” e que “nunca houve a menor possibilidade” em seu governo.

O El País publicou que Bolsonaro se tornou réu por liderar trama golpista contra Lula. O jornal espanhol escreveu “O ex-presidente insiste, quando questionado pelo juiz Moraes, que não há levante ‘sem líder, Forças Armadas ou apoio’.”

O Le Figaro falou sobre o depoimento do ex-presidente. “O ex-líder nacional enfrenta ameaça de uma longa pena de prisão após ser acusado de participar de uma suposta conspiração para permanecer no poder”, disse a publicação.

Mídia americana

O La Nación, jornal argentino, apontou que Bolsonaro “negou que tenha havido um plano de ruptura democrática para impedir que Luiz Inácio Lula da Silva assumisse o cargo após a vitória eleitoral de 2022, embora tenha admitido ter mantido conversas com altos funcionários das Forças Armadas para analisar medidas legais contra o resultado da disputa”. 

O veículo ainda escreveu que o ex-presidente é “conhecido por expressar nostalgia pela ditadura” e “desafiou abertamente o sistema judiciário brasileiro durante seu mandato”.

Diante do juiz Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro reconheceu que discutiu alternativas ‘dentro da Constituição’ com comandantes militares, sem especificar que tipo de ações estavam sendo cogitadas”, pontuou.

A rádio pública estadunidense, NPR, avaliou a ação penal no STF como “histórica” e destacou o fato de que pela primeira vez na história do Brasil, um ex-líder de Estado passa por julgamento por tentativa de derrubar um governo.

Oito de janeiro: próximos passos do STF na ação penal que apura trama golpista

O Supremo Tribunal Federal concluiu a fase de interrogatórios da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2022. Os oito réus, que, conforme a Procuradoria-Geral do República (PGR), integram o “núcleo crucial” do processo que apura a tentativa de instauração do golpe, foram ouvidos. O fim da etapa aconteceu nesta terça-feira (10)

Com o encerramento da instrução processual, etapa que visa coletar provas, o caso vai para as estampas finais antes do julgamento. A expectativa é que a ação passe por análise pela Primeira Turma do STF no segundo semestre, possivelmente entre os meses de setembro e outubro.


O ex-presidente Jair Bolsonaro, que é um dos integrantes do “núcleo crucial”, responde perguntas no interrogatório (Foto: reprodução/Fellipe Sampaio/STF)

Próximas etapas

Com o fim da fase dos interrogatórios, o prazo para solicitação de novas diligências por parte das defesas e da acusação começa. Esses pedidos podem incluir medidas de investigação complementares que serão analisadas pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes.

Em seguida, começa o período das alegações finais. Essa etapa prevê o período de 15 dias para que as partes manifestem seus argumentos por escrito. As alegações finais são um resumo dos principais pontos apresentados durante o processo e trazem os requerimentos de condenação ou absolvição.

Encerradas as alegações, o processo vira pauta de julgamento da Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.


Supremo Tribunal Federal (Foto: reprodução/Sergio Lima/Bloomberg/Getty Images Embed)


Em caso de condenação, os ministros fixarão pena individual para cada réu. Caso sejam absolvidos, o processo será arquivado. Em ambos os cenários, um recurso dentro da própria Corte é cabível.

Os réus do “núcleo crucial”

Dentre os oito que se tornaram réus e integram o núcleo 1 estão: o ex-presidente Jair Bolsonaro; o general, ex-ministro e vice de Bolsonaro em 2022, Walter Braga Netto; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno; o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres; o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier; o general e ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira; e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.

Bolsonaro diz, em depoimento ao STF, que atos de 8 de janeiro “não configuram golpe”

Durante depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 tenham representado uma tentativa de golpe de Estado. “O 8 de janeiro preenche os requisitos para um golpe de Estado? Eu acho que não”, disse, ao ser interrogado no âmbito do inquérito que apura um plano para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022.

Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro teria liderado a articulação de um plano golpista, inclusive com a edição de uma minuta de decreto que previa estado de exceção no país.

Segundo a denúncia, o ex-presidente também teria conhecimento da chamada operação “Punhal Verde Amarelo”, que envolveria atentados contra Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Bolsonaro se diz vítima e reclama da vida pós-mandato

Em sua fala, Bolsonaro tentou se distanciar dos acontecimentos em Brasília e voltou a se colocar como alvo de perseguição. “Eu sofri muito, não tinha tempo para ir no Guarujá, andar de jet ski. Se não fosse a campanha de pix que eu fiz, eu não estaria sobrevivendo hoje em dia”, afirmou.

O ex-presidente respondeu às perguntas do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, e negou qualquer envolvimento direto nos atos, insistindo que não praticou ilegalidades após as eleições de 2022.


STF investiga conduta de Bolsonaro após eleições (Vídeo: reprodução/Instagram/@coicecerto2)


STF investiga conduta de Bolsonaro após eleições

A investigação do STF mira ações de Bolsonaro após o resultado das eleições de 2022. Ele nega ter atuado para impedir a posse de Lula ou ter incentivado atos antidemocráticos. A apuração segue com a expectativa de novos depoimentos e análise de provas documentais. O objetivo é esclarecer o grau de envolvimento do ex-presidente na tentativa de ruptura institucional.

O cerco judicial contra Bolsonaro se intensifica com o avanço das diligências e oitivas. A defesa segue negando qualquer tentativa de golpe e acusa o STF de perseguição política. O caso deve seguir no centro do debate político e jurídico nos próximos meses.

Ação penal contra Bolsonaro: STF ouve testemunhas e inicia interrogatórios de réus por tentativa de golpe

Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta semana a fase de depoimentos no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado articulada para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas eleições de 2022. As oitivas ocorreram na sede do tribunal, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. A ação penal contra Bolsonaro e aliados entra agora em uma nova fase, com a expectativa de que o julgamento avance ainda neste semestre.

Testemunhas detalham bastidores da tentativa de golpe e núcleo próximo a Bolsonaro é listado para depoimentos

O Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu ao longo das últimas semanas testemunhas ligadas à tentativa de golpe de Estado que, segundo as investigações, visava manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após sua derrota nas urnas.

A fase de depoimentos incluiu militares, ex-ministros e servidores públicos, e expôs detalhes de reuniões e movimentações internas no governo após o segundo turno de 2022.

Estão listados para prestar depoimento no processo o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, e outros seis integrantes considerados centrais na estrutura da suposta articulação golpista:

  • Deputado federal Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin);
  • Almir Garnier (ex-comandante da Marinha);
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
  • Augusto Heleno (ex-ministro-chefe do GSI);
  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa);
  • Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022).

— Mauro Cid durante seu depoimento em 2023 (Foto: reprodução/Evaristo Sa/Getty Images Embed)

Os depoimentos, conduzidos sob sigilo por decisão do relator Alexandre de Moraes, abordam pontos sensíveis como a minuta de decreto que previa intervenção no Judiciário, pressões sobre as Forças Armadas e tentativas de desacreditar o processo eleitoral.

A medida de sigilo gerou críticas entre aliados do ex-presidente, que apontam falta de transparência na condução da ação penal.

STF inicia interrogatórios finais com foco nos réus centrais do caso

Com a fase de testemunhas encerrada, o processo avança agora para os interrogatórios dos réus. Segundo o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal na Primeira Turma do STF, os depoimentos começam a partir das 14h com o tenente-coronel Mauro Cid — que firmou acordo de delação premiada com a Justiça. Os demais réus serão ouvidos em ordem alfabética.

As audiências foram organizadas para ocorrer ao longo de toda a semana:

  • 9/6 – começa 14h, com o delator Mauro Cid;
  • 10/6 – das 9h às 20h;
  • 11/6 – 8h às 10h;
  • 12/6 – das 9h às 13h;
  • 13/6 – das 9h às 20h.

Ao final dessa etapa, o Supremo abrirá prazo para alegações finais do Ministério Público e das defesas, antes de marcar o julgamento.


— Supremo Tribunal Federal (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)


O encerramento dos depoimentos no STF marca uma virada na ação penal contra Bolsonaro, que se aproxima de uma decisão definitiva. Com os relatos das testemunhas já registrados, o Supremo se prepara para avaliar o mérito da acusação que envolve uma das maiores crises institucionais do país desde a redemocratização.

FBI emite alerta para usuários de Android e Iphone sobre novo golpe 

O FBI emitiu um alerta para usuários de Android e Iphone recomendando não responder determinadas mensagens consideradas suspeitas. Segundo investigação, existe uma campanha ativa de golpes mediante mensagens de texto e chamadas de voz. Criminosos têm se passado por altos funcionários do governo americano, lesando as vítimas e roubando seus dados.

Para realizar os ataques, criminosos utilizam inteligência artificial para criar mensagens que passam credibilidade, dificultando que o usuário de conta que se trata de uma fraude. Outro agravante é que os golpistas conseguiram falsificar números telefônicos de grandes empresas, fazendo com que o golpe não seja reconhecido pelas vítimas.

Como se proteger sobre possíveis fraudes?

O FBI alerta que os chamados “hackers fantasmas” representam uma ameaça séria por conta dos métodos utilizados. A proteção contra essas ameaças envolve uma série de cuidados, como manter o dispositivo sempre atualizado com as versões de segurança mais recentes, utilizar verificações de segurança disponibilizadas pelo sistema operacional. Um cuidado que os usuários devem se atentar é que instituições legítimas não realizam contato solicitando dados considerados confidenciais. 

Qualquer contato suspeito deve ser tratado com atenção para acabar não caindo em um golpe. Outro fator que pode auxiliar na segurança contra softwares maliciosos que podem comprometer a segurança de seu aparelho é realizar download de aplicativos diretamente pela loja de aplicativos oficial disponível em seu smartphone.


Matéria apresentada pelo canal Olhar Digital apresenta os riscos que a IA vem apresentando ao ser utilizada na criação de malwares. (Vídeo: Reprodução/YouTube/Olhar Digital)

O que as empresas vem fazendo para mudar esse cenário?

Empresas de tecnologia vem desenvolvendo métodos de defesa para fortalecer a segurança cibernética. O Google desenvolveu uma funcionalidade de proteção contra chamadas fraudulentas, utilizando inteligência artificial para detecção de chamadas fraudulentas em tempo real. A Microsoft vem trabalhando em atualizações para seu sistema operacional Windows, focadas especialmente em neutralizar ameaças de “Scareware”.

Moraes adverte general por contradições em depoimento no julgamento do golpe

Durante as audiências do Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira (19), o ministro Alexandre de Moraes repreendeu o general Marco Antônio Freire Gomes por declarações conflitantes prestadas à Polícia Federal e ao STF. O magistrado alertou o ex-comandante do Exército sobre a obrigação de relatar a verdade. “Ou o senhor mentiu na polícia ou está mentindo aqui no STF”, afirmou Moraes, ao identificar divergências nos relatos sobre reuniões com Jair Bolsonaro.

Versões incompatíveis

Segundo Moraes, o general havia dito à PF que participou de uma reunião em que o então presidente discutia um plano para subverter a ordem democrática, com apoio do almirante Garnier. Já no STF, Freire Gomes negou ter percebido qualquer articulação. “Não interpretei como qualquer tipo de conluio”, declarou o general, mencionando que o almirante teria apenas demonstrado respeito ao chefe do Executivo, sem aderir a qualquer iniciativa inconstitucional.

Na mesma audiência, Freire Gomes afirmou ter advertido Bolsonaro sobre as limitações legais que envolvem as Forças Armadas. “A mídia até disse que eu dei voz de prisão ao presidente, e isso não aconteceu”, disse ele. O militar alegou que sempre se posicionou de maneira firme contra qualquer movimentação antidemocrática, destacando a importância de respeitar o processo eleitoral e as instituições.


Ministro Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/Ton Molina/Bloomberg/Getty Images Embed)


Oitiva de outras testemunhas

O julgamento, conduzido por Moraes e acompanhado pelos ministros Zanin, Cármen Lúcia, Fux e Flávio Dino, ouviu outras testemunhas nesta fase da ação penal. Éder Balbino, empresário citado na denúncia, declarou não ter encontrado indícios de fraude nas eleições. Já o servidor Clebson Vieira relatou ter ficado “apavorado” ao perceber uma atuação atípica da PRF no segundo turno, o que pode ter impactado o transporte de eleitores.

A Procuradoria-Geral da República denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Braga Netto e outras 32 pessoas por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e tentativa de suprimir violentamente o Estado Democrático de Direito. Entre os acusados estão ex-integrantes do alto escalão do governo anterior, como os ex-ministros Anderson Torres e Paulo Sérgio Nogueira, e o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem.